Ex-prefeito de SP e e ex-governador do estado paulista se dizia 'gestor', não político; já ex-presidente se definia como um 'outsider', alguém que surge como um contraponto à velha política
por Sofia Pilagallo em 12/08/24 18:41
Cientista política Deysi Cioccari participa do Segunda Chamada de sexta-feira (9) | Foto: Reprodução/MyNews
O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) ganhou espaço na política por adotar discurso antissistema, afirmou a cientista política Deysi Cioccari durante participação no Segunda Chamada de sexta-feira (9). Para ela, essa é a mesma tática usada por uma série de outros políticos, como o empresário João Doria, ex-prefeito de São Paulo e ex-governador do estado paulista, que se dizia “gestor”, não político; e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que se definia como um “outsider”, alguém que surge como um contraponto à velha política.
Segundo Deysi, o discurso antissistema ganhou força nos últimos anos, mais especificamente a partir das manifestações de 2013, em meio a um cenário de insatisfação generalizada com a situação política e econômica do país. Em paralelo, o Brasil enfrenta uma crise de credibilidade em relação às instituições, como a mídia e o sistema judiciário, o que levou parte da sociedade a consolidar esse pensamento. Jair Bolsonaro, objeto de estudo da tese de pós-doutorado da cientista política, era admirado por apoiadores pela postura afrontosa que adotava com jornalistas, ministros do STF e outras figuras públicas.
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“Quando alguém apanha demais das instituições, aquele eleitor que já tem receio em relação a essas entidades vai olhar e pensar: ‘Por que essa pessoa está apanhando tanto? Alguma coisa ela deve ter de bom”, afirma Deysi. “Isso aconteceu com Bolsonaro, e vejo muitas das coisas que aconteceram com ele se repetindo com Marçal.”
De acordo com Deysi, tanto Bolsonaro quanto Marçal falam para um segmento específico da sociedade, em sua maioria jovens. Esse público é muito fiel a essas ideias e busca por um representante. Apesar de Marçal ter uma retórica melhor que a de Bolsonaro, na opinião da cientista política, ele enfrenta o desafio de “furar a bolha” e atingir outras camadas do eleitorado, como fez o ex-presidente. Para ela, o fato de ele se posicionar como “independente” — alguém que não precisa de partido político, coligações ou aliados — pode vir a trazer problemas no futuro.
Entenda ação que tenta tirar Pablo Marçal da disputa pela prefeitura de São Paulo:
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