Arquivos Agência Bori - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/agencia-bori/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Mon, 26 Sep 2022 12:50:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Essenciais para agricultura, insetos como borboletas e abelhas estão em declínio no Brasil, mostra levantamento https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/essenciais-para-agricultura-insetos-como-borboletas-e-abelhas-estao-em-declinio-no-brasil-mostra-levantamento/ Mon, 26 Sep 2022 12:50:20 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33927 Levantamento reúne evidências sobre biodiversidade de insetos, a partir de 45 pesquisas científicas e coleta de experiência de pesquisadores brasileiros da área.

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Nos últimos dez anos, cientistas têm mostrado uma redução importante no número ou na diversidade de insetos no mundo, mas havia pouca informação sobre esse fenômeno no Brasil. Agora não mais: um estudo de pesquisadores da Unicamp e das universidades federais de São Carlos e do Rio Grande do Sul compilou informações que mostram, de maneira inédita, as alterações na biodiversidade dos insetos — e tendência de queda na quantidade de animais terrestres como borboletas, abelhas e besouros.

Para fazer isso, os autores reuniram evidências sobre biodiversidade de insetos encontradas em 45 pesquisas científicas que tinham investigado várias ordens desses animais no Brasil. Indo além, também conseguiram informações adicionais a partir de questionários enviados a cientistas brasileiros com muita experiência de pesquisa nesses grupos.

Como resultado, apresentaram 75 tendências registradas ao longo de 11 anos, em média, para insetos aquáticos e 22 anos para insetos terrestres — e a grande maioria aponta para redução no número dos animais. O trabalho, que teve apoio da Fapesp e do CNPq, será publicado nesta terça (23) no periódico internacional Biology Letters.

Para insetos terrestres, como borboletas, formigas e abelhas — essenciais para atividades agrícolas –, uma quantidade maior de estudos indicaram tendência de declínio populacional ou perda de diversidade de espécies. Já nos grupos aquáticos, o número de indivíduos ou de espécies permaneceu estável ou, em alguns casos, até aumentou.

As diferenças encontradas nos resultados sobre insetos terrestres e aquáticos, no entanto, escrevem os autores, devem ser reavaliadas em futuros trabalhos de campo. Isso porque os levantamentos sobre insetos aquáticos podem ter sido feitos em regiões já alteradas antes da amostragem. Ou seja: sua biodiversidade pode ter sido degradada antes mesmo dos estudos começarem.

“O declínio de animais vertebrados e de plantas vêm causando preocupação há décadas em todo o mundo e também no Brasil. Com razão, tartarugas marinhas, micos-leão ou orquídeas têm mobilizado instituições, cientistas e cidadãos em sua proteção e defesa. No entanto, para manter ou recuperar ecossistemas naturais, assim como as atividades agrícolas e agroflorestais sustentáveis, os insetos são elementos-chave”, afirma o biólogo Thomas Lewinsohn, da Unicamp, coordenador do estudo. “Por isso, acompanhar de perto as mudanças em sua biodiversidade tem de ser uma máxima prioridade na ciência ambiental brasileira.”

Para os autores, são necessárias novas pesquisas de longo prazo com amostras padronizadas. Isso tem sido feito internacionalmente — e já se fala, há alguns anos, em risco de “extinção em massa” de importantes grupos de insetos.

Eles sugerem que uma proposta abrangente de amostragem e monitoramento de insetos seja associado a programas como o de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBIO), ambos do CNPq, que visam fomentar a pesquisa qualificada sobre os nossos ecossistemas e a biodiversidade que abrigam.

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Na pandemia, crianças pobres aprenderam em aulas remotas a metade do esperado https://canalmynews.com.br/brasil/na-pandemia-criancas-pobres-aprenderam-em-aulas-remotas-a-metade-do-que-seria-esperado-no-presencial/ Mon, 19 Sep 2022 19:04:46 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33827 Os índices geram uma diferença média de três meses de aprendizado entre crianças de famílias mais vulneráveis e crianças de famílias com nível socioeconômico mais alto.

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A pandemia afetou o aprendizado das crianças em ensino remoto na pré-escola, principalmente as mais pobres. A observação é de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, em estudo publicado na sexta (16), na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, que mostram o quanto a interrupção das atividades presenciais nas escolas aumentou a desigualdade de aprendizagem durante o ano de 2020.

A pesquisa, coordenada pelos pesquisadores da UFRJ e financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, aponta que crianças em situação de maior vulnerabilidade social, ou seja, que fazem parte de uma família com perfil socioeconômico mais baixo, aprenderam em média quase a metade (48%) do que seria esperado em aulas presenciais. Entre as crianças cujas famílias apresentavam perfil socioeconômico mais alto, o déficit foi menor. Elas aprenderam em média 75% do esperado, gerando uma diferença média de três meses de aprendizado entre os dois grupos de crianças. Outro dado significativo que a pesquisa mostra traz é que crianças que vivenciaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado das crianças em 2019.

Em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Segundo dados da UNESCO, mais de 190 países suspenderam o ensino presencial nas escolas. No Brasil, a maioria das escolas públicas permaneceu fechada durante quase todo o ano letivo de 2020 e reabriu lentamente em 2021.

Para compreender o efeito do ensino remoto no aprendizado das crianças no Brasil, os pesquisadores fizeram uma ampla comparação entre um grupo de crianças que cursou o segundo ano da pré-escola em 2019, com outro grupo da mesma etapa em 2020. Ambos os grupos estudavam nas mesmas escolas.

Foram observadas 671 crianças de 21 escolas da rede conveniada e privada na cidade do Rio de Janeiro. “Para chegar aos resultados, todas as crianças participaram de testes individuais, em dois momentos: no início e no final do ano letivo. Assim, foi nos permitido medir o aprendizado delas ao longo dos respectivos anos letivos – 2019 e 2020.”, explica o pesquisador Tiago Bartholo. Além das informações sobre o desenvolvimento infantil, questionários contextuais foram respondidos pelos responsáveis e professores das escolas.

Segundo Bartholo, este tipo de estudo é inédito no Brasil. “Os resultados desse estudo podem ajudar na formulação de um diagnóstico que deve ser a base para a elaboração de um plano nacional de recuperação da educação. Esse plano será mais efetivo se as defasagens nas aprendizagens forem mensuradas e a ampliação das desigualdades educacionais no país for levada em conta.”, destaca o pesquisador.

A pesquisa ainda está em andamento, com os autores coletando dados para estimar os impactos da pandemia no médio prazo, equivalente ao ano letivo de 2022. “O estudo é relevante porque coletou dados para uma faixa etária que em geral é deixada de lado nos estudos educacionais. Há pouca evidência de estudos robustos produzidos na educação infantil. Além disso, a maior parte das evidências sobre os efeitos da pandemia foram produzidas em países mais desenvolvidos.”, conclui Tiago Bartholo.

O assunto é tema do documentário Geração Covid, produzido pelo MyNews. Veja na íntegra:

 

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Desmatamento e outras atividades de impacto ambiental podem transformar a Amazônia em berço de novas doenças https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/desmatamento-e-outras-atividades-de-impacto-ambiental-podem-transformar-a-amazonia-em-berco-de-novas-doencas/ Mon, 19 Sep 2022 18:56:46 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33823 Amazônia tem grande potencial para gerar novas doenças e de ser o marco zero de nova pandemia, o que exige urgência no controle do desmatamento.

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Atividades humanas como desmatamento, uso da terra para mineração ou construção de rodovias e hidrelétricas, caça ilegal e criação de gado transformam a Amazônia em possível matriz de doenças zoonóticas emergentes. A destruição do habitat pela fragmentação da floresta e a redução da biodiversidade são distúrbios ecológicos que aumentam o risco de surgimento de novas doenças infecciosas e até mesmo pandemias. Tais observações estão em artigo publicado na revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências” nesta segunda (19) por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e colaboradores de outras instituições nacionais e internacionais.

Baseados em resultados de estudos da área ambiental, os autores realizaram uma síntese das principais associações observadas entre impactos ecológicos causados por atividades humanas e o aumento do risco de eventos de spillover, ou salto entre hospedeiros. O termo é utilizado para nomear o processo de introdução de um patógeno de uma espécie em uma nova, sendo geralmente de não-humano para humano.

Segundo o artigo, mapear e descrever os eventos que levam ao surgimento de novos patógenos humanos é essencial para atuar na prevenção de surtos, epidemias e pandemias. Fluxos migratórios, caça e comercialização de carne de animais selvagens, desmatamento e plantação de monoculturas são algumas das ações humanas que podem atuar simultaneamente, promovendo impactos ambientais que implicam no surgimento e propagação de doenças causadas por uma ampla gama de patógenos, como vírus, bactérias e protozoários.

O artigo mostra como a biodiversidade é um fator crucial para o controle de patógenos relevantes na natureza. Mesmo que por uma perspectiva ela represente abundância de agentes infecciosos ou de vetores, a biodiversidade, por si só, não é a causa do surgimento de novas doenças. Para explicar essa questão, os autores apresentam o conceito do “efeito diluição”, onde ecossistemas com alta biodiversidade diluem a densidade de hospedeiros e vetores competentes e capazes de transmitir doenças, o que minimiza o contato entre eles, além de aumentar a diversidade de predadores e competidores. Isso reduz o risco de manifestação de novas zoonoses e gera um escudo para a saúde pública.

A Amazônia ganha posição de destaque no debate por ser um local que retém alta biodiversidade e por ser alvo de intensa interferência humana. A combinação desses fatores favorece a ocorrência de eventos de salto de hospedeiro, transformando o maior bioma do país em uma potencial fonte de novas doenças zoonóticas que podem se tornar o próximo problema global de saúde pública. “Considerando o grau alarmante com o qual o Brasil está interferindo na Amazônia, não me surpreenderia o surgimento de um novo patógeno pandêmico proveniente dessa região”, comenta Joel Ellwanger, autor principal do estudo.

Considerando que o Brasil acomoda a maior parte da Floresta Amazônica em seu território, o artigo evidencia a importância da iniciativa do governo em assumir o protagonismo na criação de políticas de preservação da Amazônia. Sabe-se que esse feito não é inédito na história do país, mas tem sido negligenciado nos últimos quatro anos, o que reflete no aumento acelerado das taxas de desmatamento. Para Ellwanger, a medida mais urgente seria reduzir essas taxas, uma forma ampla de controlar questões que arriscam a biodiversidade e a saúde da população. “Controlar o desmatamento é imprescindível para mostrarmos para a comunidade internacional que o Brasil se importa de forma concreta com questões de interesse global e que o país está comprometido com o desenvolvimento sustentável. Sem isso, continuaremos colocando nossa biodiversidade e saúde em risco”, afirma.

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Alterações climáticas e exploração da Amazônia impactam conhecimento meteorológico popular em quilombo no Pará https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/alteracoes-climaticas-e-exploracao-da-amazonia-impactam-conhecimento-meteorologico-popular-em-quilombo-no-para/ Sat, 20 Aug 2022 15:30:24 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33158 Observação de padrões de clima são características da população agricultora e pescadora do quilombo Mocambo, em Ourém, no estado do Pará.

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A escalada de exploração predatória vem impactando a construção e as características da meteorologia de povos e comunidades tradicionais da Amazônia. É o que aponta estudo publicado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi – Ciências Humanas na segunda (15). A pesquisa baseia-se em entrevistas e observação participante com a população agricultora e pescadora do quilombo Mocambo, em Ourém, no estado do Pará, a fim de avaliar sua percepção sobre variabilidade e mudanças climáticas no local.

Além da indústria de mineração de seixo, o intenso fluxo de caminhões e carretas para o escoamento da produção tem gerado uma reação em cascata: a destruição de nascentes, a contaminação de igarapés e o assoreamento do rio Guamá impactam o modo de vida no território quilombola. Esses são também lugares de memória, de convívio entre humanos e não-humanos, como insetos e vegetais, cujo comportamento pode inclusive se relacionar à determinado padrão atmosférico, sendo uma referência para as observações meteorológicas.

A meteorologia popular é uma expressão da conexão dos povos de Ourém (PA) com a natureza. Ela também expressa, além de crenças religiosas, conhecimentos baseados em aspectos meteorológicos, fotometeorológicos, astronômicos, hidrológicos e pedológicos. Segundo a pesquisadora Lene da Silva Andrade, especialista em Gestão em Sistemas Agroextrativistas para Territórios de Uso Comum na Amazônia (GESAM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), mestranda no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural (PPGDS) do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e uma das autoras do estudo, esses conhecimentos, apoiados no convívio e na acurada observação do meio ecológico e atmosférico, garantiram e garantem a manutenção das diversas formas de vida e das atividades produtivas da comunidade.

“Em muitas atividades produtivas, como no caso da agricultura ou pesca de subsistência, extremamente dependentes do tempo e clima, esse ‘tempo ambiental’ (e observado) pauta muitas das atividades realizadas no decorrer da preparação da terra, plantio e colheita da mandioca, por exemplo”, afirma. Andrade também pontua que as comunidades locais são integradas por pessoas pretas, procedentes da diáspora africana, trazidas para Amazônia para o trabalho forçado, sobretudo para o duro trabalho agrícola, e tiveram que conhecer e se adaptar ao tempo e clima amazônico talvez bastante distinto de suas terras natais.

De acordo com Andrade, compreender outras formas de interpretação da dinâmica dos fenômenos atmosféricos, oriundos de pessoas pretas, cuja existência e saberes são frequentemente desconsiderados, é um passo importante para a valorização dessas comunidades. As questões climáticas, que têm um vínculo direto com os impactos ambientais antrópicos, estão no centro dos debates internacionais. Neste sentido, a diversidade de conhecimentos, sejam sistemáticos ou oriundos da tradição dos povos locais, pode representar um importante papel no gerenciamento dos efeitos do tempo e do clima, bem como na mitigação e adaptação a impactos provocados por variações e mudanças atmosféricas.

O estudo também apresenta como a meteorologia popular pode ainda inspirar e nutrir a busca por novas pesquisas. O conhecimento local é uma boa ferramenta e fonte de estudos, com grande importância também no monitoramento climático da Amazônia. No entanto, ainda há poucos dados observacionais procedentes de estações meteorológicas que abastecem a modelagem do tempo e clima na região. “Essas ausências de dados influenciam nos resultados de análises e predições desses modelos atmosféricos matemáticos. O conhecimento empírico local, mais do que validar resultados de modelos, é uma forma de análise e previsão do tempo e clima. Talvez ele necessite da devida valorização e conhecimento nos meios de pesquisa e acadêmicos para assumir o devido protagonismo, inclusive em debates que pautam essa temática”, aponta a pesquisadora.

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Região Norte tem os adolescentes com a menor altura média do Brasil https://canalmynews.com.br/brasil/regiao-norte-tem-os-adolescentes-com-a-menor-altura-media-do-brasil/ Wed, 17 Aug 2022 17:44:11 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33063 Os adolescentes da região Norte, aos 17 anos, apresentam média de 160,9 ± 0,1cm (meninas) e 173,7 ± 0,3cm (meninos).

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Adolescentes com a menor altura média do país são da região Norte. Aos 17 anos, a altura média das meninas é de 160,9 ± 0,1cm e dos meninos é de 173,7 ± 0,3cm, sendo que, majoritariamente, são alunos de escolas públicas e fazem parte da parcela mais pobre da população. A conclusão faz parte de uma das publicações do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), que envolveu pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS) e foi publicada na sexta (12) na Revista Cadernos de Saúde Pública.

Os autores fizeram uma análise de dados obtidos do ERICA, uma extensa descrição da prevalência de fatores de riscos cardiovasculares e síndrome metabólica em adolescentes de 12 a 17 anos realizada por pesquisadores de todas as regiões do Brasil. A pesquisa possibilitou associações entre a altura dos indivíduos com fatores regionais, socioeconômicos, nutricionais, educacionais e étnicos.

O trabalho que descreveu a altura de parcela representativa de adolescentes das cinco regiões do Brasil mostrou que os adolescentes da região Norte figuram a menor altura média do país, apresentando diferença em relação aos de regiões mais desenvolvidas, como Sul e Sudeste. Entre as cinco regiões, as alturas médias – dos 12 e 17 anos – variaram respectivamente de 158,6cm (Norte) a 161,6cm (Centro-Oeste) para as meninas e de 171cm (Norte) a 174,3cm (Sudeste) para os meninos.

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Avaliando fatores socioeconômicos, os pesquisadores detectaram que adolescentes com a menor estatura média são provenientes de escolas públicas, fazem parte da parcela mais pobre da população e suas mães têm escolaridade inferior. No quesito nutricional, foi identificada heterogeneidade entre os gêneros: meninos com baixo peso apresentaram a menor média de altura até os 15 anos, enquanto os com sobrepeso e obesidade eram mais altos até os 16 anos. Já as meninas com obesidade tinham altura maior até os 14 anos e, as que estavam abaixo do peso apresentavam maior estatura aos 16 e 17 anos. Um maior consumo de proteínas foi associado positivamente com uma maior altura em meninos de 16-17 anos, assim como a prática de atividade física.

Embora não tenham identificado associação direta da qualidade da dieta com a altura dos adolescentes avaliados, os autores salientam a importância do impacto desse fator específico. Segundo eles, é possível que a análise transversal dos dados e a falta de detalhamento do consumo de micronutrientes tenha impedido a identificação de uma possível relação com a estatura dos indivíduos.

Sabendo que um rápido aumento do índice de massa corporal está associado à antecipação da puberdade em meninas, a partir dos resultados desse estudo, o grupo volta suas atenções à relação e influência da obesidade com o término precoce da puberdade em adolescentes. “O nosso planejamento é avaliar isso porque na literatura ainda existe dúvida. O que queremos ver na nossa população é se a obesidade estaria associada à uma aceleração do término da puberdade em meninos e meninas’’, comenta Amanda Cheuiche, autora principal do artigo.

Os dados apresentados por uma ampla pesquisa antropométrica como essa podem gerar impactos em ações federais e políticas públicas porque denunciam novas desigualdades que existem entre as regiões do Brasil. “O nosso estudo chamou atenção para a questão dos dados ambientais que temos que ficar atentos. Uma criança deve viver num ambiente que proporcione o maior crescimento, ou seja, com maior acesso à educação, a saneamento […] Setores, segmentos e regiões não estão recebendo esse cuidado e isso está resultando na discrepância significativa na altura, que também é um marcador de saúde”, ressalta Amanda.

*Reportagem publicada na Agência Bori

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Novo modelo de rotulagem de alimentos do Brasil, que passa a valer em outubro, pode ser pouco útil para o consumidor https://canalmynews.com.br/brasil/novo-modelo-de-rotulagem-de-alimentos-do-brasil-que-passa-a-valer-em-outubro-pode-ser-pouco-util-para-o-consumidor/ Wed, 17 Aug 2022 11:53:15 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33059 A partir de outubro, produtos alimentícios ganharão novo rótulo no Brasil, com indicação de excesso de açúcares, gordura saturada e sódio.

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A partir de outubro de 2022, produtos alimentícios passam a seguir novas regras de rotulagem no Brasil. Aprovada pela Anvisa há cerca de dois anos, a norma para os rótulos traz uma série de mudanças, entre elas: a indicação de altos teores de açúcares adicionados, sódio e gordura saturada. O modelo escolhido, no entanto, pode não ser tão útil quanto outras rotulagens vigentes na América Latina. É o que concluem pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Auckland (Nova Zelândia) em estudo publicado  na “Frontiers in Nutrition”.

Para avaliar o desempenho da nova rotulagem, os cientistas fizeram um experimento piloto com 230 participantes selecionados para analisar rótulos de laticínios com o auxílio de um aplicativo para celular, no local de compra. Ao escanear um produto, eles eram levados aleatoriamente a uma entre três opções: a nova rotulagem do Brasil, o modelo vigente no México e a exposição apenas à tabela nutricional e à lista de ingredientes (grupo controle).

Fundamentalmente, os modelos brasileiro e mexicano têm duas diferenças, enquanto a opção da Anvisa mostra uma lupa com os dizeres “alto em: açúcar”, por exemplo, a versão do México exibe um octógono preto com a mensagem “excesso de açúcar”. Além disso, há diferença nos patamares de nutrientes para definir se algo está, ou não, em quantidade exagerada. O México segue uma adaptação do padrão estabelecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), enquanto o Brasil tem um padrão próprio, com valores mais permissivos.

Os resultados do experimento mostraram que ambos os modelos são mais eficazes em transmitir informações do que a ausência deles. Na comparação de cada modelo com o grupo controle em quase todos os pontos analisados a rotulagem adotada no México teve melhor performance do que a brasileira.

No quesito “suporte para decisão de compra ou não compra”, por exemplo, em uma escala de 1 a 5, o modelo mexicano teve pontuação 3,74 e a versão brasileira teve pontuação 3,10 (pontuação estatisticamente igual a do grupo controle, que foi de 3,28). A partir da rotulagem do México, os participantes também foram mais capazes de identificar produtos com alto teor de açúcar adicionado (82% contra 65% de acertos).

O modelo da Anvisa teve melhor desempenho no apoio à identificação de alimentos com alto teor de gordura saturada (93% contra 59% de acertos) — este resultado, no entanto, pode ser explicado pelo fato de que apenas um dos produtos escaneados tinha, de fato, excesso de gordura segundo o perfil brasileiro.

“O fato da nova rotulagem brasileira não ter auxiliado a decisão de compra tanto quanto o modelo mexicano, em relação ao controle, pode ter relação com o perfil nutricional do sistema”, diz Lucilene Rezende Anastácio, uma das autoras do estudo.

“Como os patamares do nosso sistema são muito permissivos, os avisos de excesso de nutrientes apareceram em apenas pouco mais de 25% das interações com os produtos.” Ela comenta ainda que outros países têm o perfil nutricional mais restritivo que o brasileiro, como o caso do Chile, do Uruguai e, em breve, da Argentina (além do México).

Apesar de suas limitações, o modelo da Anvisa teve uma vantagem em comparação ao sistema do México e considerando apenas produtos com excesso de nutrientes críticos, a nova rotulagem foi mais eficaz em reduzir a percepção de saudabilidade dos produtos. “Ao encontrar a lupa e os dizeres de ‘alto em’, os participantes perceberam que o produto poderia ser não tão saudável quanto o rótulo o fazia parecer”, analisa Alessandro Silva, que também assina o artigo.

Para os pesquisadores, o estudo é importante por trazer dados preliminares do impacto da nova rotulagem em uma situação real de compras — algo ainda inédito na literatura científica nacional. Além disso, as informações permitem aprofundar o conhecimento para aperfeiçoar a rotulagem de produtos alimentícios no Brasil.

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Estigmatizar a Monkeypox, como ocorreu com o HIV/Aids, pode atrasar o diagnóstico https://canalmynews.com.br/tecnologia/estigmatizar-a-variola-dos-macacos-como-ocorreu-com-o-hiv-aids-pode-atrasar-o-diagnostico/ Tue, 02 Aug 2022 13:05:08 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32428 A Monkeypox não é uma infecção sexualmente transmissível (IST), embora possa se espalhar por meio do contato íntimo durante as relações sexuais

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O editorial publicado na segunda (1), pela Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), traz reflexões sobre o risco de a varíola de macacos ser uma doença, no âmbito da saúde pública, estigmatizada e que reforce estereótipos homofóbicos e racistas. Assinado por Álvaro Francisco Lopes de Sousa, Anderson Reis de Sousa e Inês Fronteira, o texto alerta que a Monkeypox não é uma infecção sexualmente transmissível (IST), embora possa se espalhar por meio do contato íntimo durante as relações sexuais, quando existe erupção cutânea ativa (vermelhidão, caroço ou inchaços).

A Monkeypox é uma zoonose viral endêmica em vários países da África Central e Ocidental. Com uma incubação média entre seis e 13 dias, caracteriza-se por um período que pode ir de zero a cinco dias de febre, cefaleias, linfadenopatia, astenia e mialgias, seguido de erupções cutâneas cerca de um a três dias após o aparecimento de febre. As erupções cutâneas tendem a ser mais localizadas nas faces e extremidades, podendo ocorrer também nas mucosas orais, genitais, conjuntivas e córneas. Normalmente autolimitada, tende à resolução em duas a quatro semanas. Diante do aumento de casos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, no sábado (23) que a Monkeypox passou a ser uma nova emergência global de saúde.

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Os autores observam que o número desproporcional de casos entre a população de gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) levou a OMS a emitir recomendações voltadas exclusivamente para essa população o que, na opinião deles, particulariza e coloca a dimensão da sexualidade (posição afetivo-sexual) dessa população em destaque e em alvo de maior vigilância, mobilizando um conjunto de repercussões desvantajosas para a vida e saúde dessas pessoas.

Ancorados nos fatos históricos cronológicos das epidemias – como o ocorrido com o surgimento do HIV/aids há 40 anos – os autores questionam se o atual direcionamento da informação sobre o surto de Monkeypox para a população de HSH não poderá vir a contribuir para uma maior expressão de casos nesta população ou, por exemplo, para protelar o diagnóstico e a procura por cuidados de saúde, diante do receio da hostilização pública e/ou das violências institucionais.

“Relacionar a orientação sexual com o vírus Monkeypox não faz qualquer sentido, já que existem opções de comunicação que se podem mostrar igualmente efetivas, como, por exemplo, focar na prática de relações sexuais entre indivíduos infetados, sem categorizar sexualidades ou práticas em específicos, assumindo uma posição globalizada das ações sanitárias e de controle epidemiológico”, explica Álvaro Francisco Lopes de Sousa, editor científico da Revista Brasileira de Enfermagem.

Ainda segundo o editorial, a retórica estigmatizante pode desativar de forma rápida e profunda a resposta baseada em evidências, alimentando ciclos de medo, que afastam grupos-chaves, que possam estar em contextos sociais de vulnerabilidade. Os autores recomendam que as equipes de enfermagem se engajem no trabalho da equidade de gênero, construam abordagens terapêuticas não segregantes nem estigmatizadoras, desenvolvam instrumentos de educação sanitária para a comunidade, desenhem planos de ação e de cuidado focados no controle da transmissão, rastreamento, monitoramento e vigilância dos casos, apoiem no diagnóstico diferencial, desmistificando a associação com as IST, especialmente mediante ao aparecimento de lesões na região genital e perianal, bem como no empoderamento da população para a autogestão do risco e a diminuição das vulnerabilidades em saúde.

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Restauração de áreas desmatadas depende de ações que envolvem biodiversidade e clima https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/restauracao-de-areas-desmatadas-depende-de-acoes-que-envolvem-biodiversidade-e-clima/ Wed, 27 Jul 2022 10:58:40 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32147 Estudo foi realizado nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no Paraná, região conservada, de 300 mil hectares, com florestas, estuários, baías e ilhas

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Para recuperar a biodiversidade e os benefícios ecossistêmicos da mata tropical não basta restaurá-la. É necessário investir na conservação das florestas já existentes, inclusive para garantir o sucesso da restauração. A quantidade e a proximidade de mata antiga em relação às áreas de restauração afetam a riqueza de espécies, a biodiversidade e a capacidade de capturar o carbono da atmosfera. As conclusões são de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e estão publicadas na edição de terça (26) do Journal of Applied Ecology.

O estudo foi realizado em uma das regiões de Mata Atlântica remanescente mais importantes do Brasil, na costa sul do Paraná, em que há um programa de restauração promovido pela SPVS desde 2000. A área envolve os municípios de Antonina e Guaraqueçaba, uma região bem conservada, de 300 mil hectares, com florestas, estuários, baías e ilhas.

Os pesquisadores coletaram amostras e analisaram imagens de 65 áreas, acompanhando, desde 2010, estratégias de restauração utilizadas e outras características ambientais. Com a preocupação acerca da degradação de áreas tropicais por atividades humanas, os esforços têm se voltado à restauração, com foco inclusive na chamada Década das Nações Unidas de Restauração do Ecossistema (2021-2030). Há grandes expectativas de melhorar a subsistência das pessoas, combater as mudanças climáticas e deter o colapso da biodiversidade por meio de restauração de áreas desmatadas.

Segundo os autores, a restauração não pode ser planejada sem estar alinhada às estratégias de conservação sendo, portanto, necessário fortalecer as ações capazes de inibir o processo de degradação dos ecossistemas. Ainda segundo os autores, para promover a regeneração de matas degradadas e alcançar metas globais de biodiversidade e benefícios do ecossistema ao ser humano é essencial combater as mudanças climáticas.

Os pesquisadores buscaram entender a interação entre os esforços de restauração e conservação, verificando também as diferenças entre as estratégias natural e ativa de restauração. “A primeira é muito mais barata, orgânica, depende de processos naturais para promover a chegada de espécies. A segunda, que é o plantio de mudas, é muito mais onerosa pra quem tem de restaurar”, explica Marcia Marques, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná. O estudo mostra que, com a presença de áreas conservadas, a regeneração natural se torna uma alternativa mais econômica para ter resultado satisfatório: “Se você quiser usar só regeneração natural nessa situação é possível, porque existe um fluxo de sementes pela fauna”, relata.

A autora diz que a restauração é, muitas vezes, superestimada: “De modo geral, há, na sociedade, uma  expectativa muito grande em relação à restauração ecológica, inclusive para dar conta de absorver todo o carbono que estamos jogando na atmosfera há séculos, quando não é bem isso”. Para ela, há uma percepção de que o desmatamento poderá facilmente ser compensado pela restauração, que é vista como uma “bala de prata”, quando não é o caso: “Não é o caso de assumirmos que podemos desmatar e depois restaurar. Precisamos manter também as florestas maduras, com todas as suas funcionalidades. Restaurar é também conservar. Precisa ser aliado à conservação”, conclui a pesquisadora.

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Colonização de novas áreas da Amazônia por uma espécie de pomba pode ter relação com o avanço do desmatamento https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/colonizacao-de-novas-areas-da-amazonia-por-uma-especie-de-pomba-pode-ter-relacao-com-o-avanco-do-desmatamento/ Mon, 18 Jul 2022 15:23:27 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31696 Pesquisadores analisaram mapas de ocorrência da espécie de pomba conhecida como avoante e de desmatamento da Amazônia no período de 38 anos.

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De importância estratégica para a cadeia ecológica e de grande sensibilidade às mudanças ambientais, as aves podem ser eficazes em estudos para entender a qualidade ambiental de uma região. Uma pesquisa publicada na revista “Acta Amazonica” nesta sexta (15) alerta para uma possível relação entre a ampliação na distribuição da espécie Zenaida auriculata na Amazônia e o avanço do desmatamento. Dos 804 registros de presença da ave no bioma entre 1982 e 2020, 32,2% ocorreram em pontos onde a espécie não era encontrada anteriormente. A análise revelou a ocorrência dessa ave em áreas desmatadas, principalmente nos últimos seis anos do levantamento (2014 – 2020).

Conhecida como avoante, pomba-campestre ou pomba-orelhuda, essa ave tem uma baixa sensibilidade às mudanças ambientais e costuma viver em áreas abertas, sendo encontrada em todos os biomas brasileiros, apesar de não ser típica da Amazônia. Com fácil adaptabilidade a locais que foram modificados por ação humana, a Zenaida auriculata alimenta-se basicamente de grãos. Estudos anteriores revelam que sua presença tem sido fortemente associada a locais onde existem lavouras, mas a espécie também é recorrente em áreas urbanas.

espécie de pomba

espécie de pomba é conhecida como avoante, pomba-campestre ou pomba-orelhuda. Foto: Arthur Chapman / Flickr

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No artigo, os pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e da empresa CMData basearam-se em dados de ciência cidadã para verificar a ocorrência dessa ave na região da Amazônia brasileira. Para isso, buscaram em plataformas digitais, como WikiAves, registros da espécie entre os anos de 1982 e 2020, além dos registros dessa expansão territorial de Zenaida auriculata. Os cientistas também coletaram informações de áreas que vêm sendo desmatadas na região Norte, a fim de confrontar com os pontos de registro da espécie.

“A avoante pode se beneficiar de culturas agrícolas, como soja, milho e trigo, uma vez que sua dieta inclui esses tipos de grãos. Esta pode ser uma das razões pela qual as populações dessa ave estão se dispersando para áreas desmatadas, em grande parte sendo ocupadas por tais culturas. O desmatamento no bioma Amazônico modifica áreas florestais, transformando-as em campos abertos, semelhantes ao hábitat preferencial de Zenaida auriculata, o que contribui para o sucesso da espécie em colonizar essas novas áreas”, explica Alexandre Gabriel Franchin, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

“A Zenaida auriculata é uma espécie bem-sucedida no ambiente urbano e em paisagens agrícolas, dois cenários relacionados com o desmatamento. Isso pode explicar como ela vem expandindo sua distribuição e colonizando diferentes áreas da Amazônia, dadas as drásticas mudanças que ocorreram neste bioma. Chamamos a atenção para o fato que esses registros continuem sendo monitorados para saber se essa ave vai se estabelecer definitivamente ou não nessas áreas que têm sido desmatadas na região Norte do nosso país”, destaca Gabriel Magalhães Tavares, pesquisador que também assina o estudo.

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Software é capaz de prever safras de arroz com precisão no RS, estado com maior produção do país https://canalmynews.com.br/tecnologia/software-e-capaz-de-prever-safras-de-arroz-com-precisao-no-rs-estado-com-maior-producao-do-pais/ Tue, 12 Jul 2022 20:16:53 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31418 Ao simular a produtividade da plantação de arroz, novo modelo é capaz de prever a colheita, o que tem impacto nos preços do arroz no Brasil.

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É possível prever com boa precisão safras de arroz brasileiras utilizando o software SimulArroz, de acordo com o novo estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Crops Team e Instituto Rio Grandense do Arroz. Publicada na segunda (11) na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, a pesquisa aponta que o software pode ajudar a melhorar a técnica de previsão já realizada no Brasil.

A análise das previsões do SimulArroz foi feita com dados sobre a área plantada de arroz no Rio Grande do Sul (RS), estado onde é produzido 70% do arroz brasileiro. Por conta dessa produção, a previsão de colheita de arroz nesse estado tem impacto sobre os preços do arroz no Brasil inteiro e na América do Sul, de forma que simulações precisas são necessárias e importantes. A análise contemplou as datas de semeadura (1 a 4), número de cultivares e/ou ciclos de desenvolvimento (1 a 3) durante quatro safras (2014/2015 a 2017/2018).

Atualmente, explicam os autores, a metodologia brasileira de previsão de safra inclui análises estatísticas, níveis tecnológicos, área de produção, condições climáticas e entrevistas com agrônomos e extensionistas. A intenção é que o uso do SimulArroz some-se a atual metodologia, conforme explica Michel Rocha da Silva, co-fundador da Crops Team e autor do estudo. “Se a atual metodologia e a proposta por nós tiverem uma sinergia no resultado, isso trará uma segurança muito maior para saber se a safra está sendo acima, baixo ou dentro da média”, afirma da Silva.

Considerando que o Brasil é o maior produtor de arroz fora da Ásia e um dos mais importantes produtores de alimentos do mundo, a geração de informações precisas sobre o desenvolvimento das safras é especialmente necessária. Além disso, acrescentam os pesquisadores, o modelo de simulação SimulArroz é uma ferramenta importante para a produção de conhecimento para produtores e formulação de políticas públicas.

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Menos de 3 entre 10 paulistanos se engajam politicamente, mas ativismo digital é destaque, aponta estudo https://canalmynews.com.br/brasil/menos-de-3-entre-10-paulistanos-se-engajam-politicamente-mas-ativismo-digital-e-destaque-aponta-estudo/ Tue, 12 Jul 2022 20:10:09 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31415 15% dos entrevistados afirmam atuar na arena digital, por meio de mídias sociais, fóruns de discussão, consultas e pesquisas eletrônicas.

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Apenas 26% dos eleitores paulistanos entrevistados em estudo sobre participação política e cultura democrática afirmam participar de algum ambiente de engajamento coletivo (arena) sobre política. A boa notícia é que o movimento de ativismo digital tem gerado uma maior participação política e de engajamento tanto em influenciadores quanto em cidadãos comuns. Os resultados estão publicados na edição de segunda (11) da revista “Brazilian Political Science Review” por pesquisadores do Instituto Sivis, organização sem fins lucrativos, voltada à promoção dos valores democráticos.

Os resultados revelaram que, embora a participação política seja escassa na capital (74,03% dos entrevistados não participam de nenhuma arena política), a participação política digital foi a principal arena de participação, com mais de 15% de respostas, acontecendo por meio de engajamento político em mídias sociais, fóruns de discussão, consultas e pesquisas eletrônicas, um dado que ressalta como as tecnologias digitais são altamente relevantes para a vida política da maior cidade brasileira. A pesquisa também destacou que a arena política digital é onde se concentra a maior proporção de indivíduos que participam de apenas uma arena, com quase 50% de ativistas somente no digital.

O questionário foi aplicado em 2019 junto a 2.417 participantes que residem e votam nas diferentes zonas de São Paulo, a partir de 16 anos. O objetivo do artigo publicado foi investigar a participação digital e a cultura democrática, buscando compreender dois aspectos: 1) se essa participação digital está substituindo outras formas de engajamento nos processos democráticos e 2) se os ativistas digitais compartilham de uma cultura política específica em relação a atitudes fora da rede.  O Índice de Democracia Local (IDL) utilizado neste artigo, segundo os autores, toma como base que o nível local funciona como uma “escola de democracia” e revela o que as pessoas pensam e se preocupam em seu cotidiano, buscando encontrar soluções para os problemas coletivos. As perguntas do IDL exploraram cinco dimensões: Processo Eleitoral; Liberdades e Direitos; Funcionamento do Governo Local; Participação Política; e a Cultura Democrática.

“A ascensão da democracia digital é uma realidade inevitável, o que tem ajudado a fomentar a participação da sociedade civil na vida pública. De acordo com alguns estudos, a relação entre as novas tecnologias digitais, a participação política e a cultura democrática afeta o uso diferente dessas tecnologias pelos cidadãos. Diante disso, quisemos entender esse processo em São Paulo e assim investigar a qualidade da democracia na cidade, o que serve de referência para o restante do país” explica Diego Moraes, um dos autores da pesquisa.

Ainda de acordo com Moraes, o ambiente digital não substitui outras formas de participação. A participação digital ajuda a garantir que os espaços cibernéticos incentivem a cultura democrática e as habilidades enquanto usuários de ambientes políticos. “O digital abre uma nova arena de participação para um número significativo de indivíduos que não participariam de outra forma. A participação digital complementa outras formas de participação em processos democráticos, sendo que os ativistas digitais ‘abraçam’ a cultura democrática de forma mais significativa do que os não ativistas. Contudo, há que se ressalvar que, em comparação com os ativistas que participam de diversas arenas, os ativistas digitais apresentam atitudes e valores democráticos menos desenvolvidos”, conclui.

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18 espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/18-especies-de-aves-sao-vistas-pela-primeira-vez-em-matas-de-brejo-no-interior-de-sp/ Sat, 02 Jul 2022 13:48:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31088 Pesquisa analisou biodiversidade de aves nas matas de brejo, em Bauru (SP), no período de um ano e descobriu que diversas aves procuram esse ecossistema como um refúgio de habitat e para alimentação, principalmente em períodos secos

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Encontradas apenas em 2% do território nacional, as matas de brejo são ecossistemas ainda poucos estudados, mas que representam uma diversidade de fauna e flora muito grande. Durante um ano, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) se dedicaram a observar a diversidade de aves que habitam essas matas em Bauru, no interior de São Paulo, período no qual houve 1.718 contatos com aves, de 89 espécies diferentes, sendo que 18 espécies foram vistas apenas uma vez naquela mata. O resultado, publicado na revista do Instituto Florestal na quinta-feira (30), demonstra que estas matas servem de habitat para diferentes espécies de aves, principalmente nos períodos de seca.

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Caracterizadas por serem úmidas e encharcadas, as matas de brejo são áreas de terreno com lençol freático mais superficial ou até aflorante. Por ter um clima mais ameno, seus componentes naturais ajudam a manter a biodiversidade do lugar. Pela boa quantidade de água, esses ecossistemas são habitats de diferentes aves que procuram refúgio em tais locais. A análise da biodiversidade no local foi realizada de abril de 2018 a maio de 2019 por cientistas do Laboratório de Ornitologia da Unesp – Campus Bauru, que exploraram – por meio de observações, visitas e registros fotográficos – uma mata de brejo localizada dentro de um fragmento de Cerradão, no Jardim Botânico Municipal de Bauru, no interior do estado de São Paulo.

“Nós percebemos que os estudos que focam a diversidade de avifauna em matas de brejo ainda são escassos, por isso quisemos explorar mais esse assunto, principalmente pelo fato desta vegetação acabar sendo bem devastada no estado de São Paulo. A diversidade de aves auxilia não apenas no equilíbrio ecológico na comunidade de animais, mas também no papel que elas desempenham para fauna com a disseminação de sementes e frutos”, destaca Guilherme Cardoso, coautor do estudo.

Outro dado interessante, apontam os autores, foi a variação de espécies durante as estações do ano. Foi observado que a abundância das aves diminui nas estações chuvosas, ao contrário do que se sabia sobre o comportamento de aves no Cerradão da região. Os autores acreditam que elas acabam procurando as matas de brejo como um refúgio nos períodos mais secos do ano.

“Apesar de pequenas em quantidade em nosso país, as matas de brejo atuam como um refúgio para diversas aves em períodos mais secos que são desfavoráveis para a procura de alimento e água. São essas matas mais encharcadas de extrema importância para a manutenção da biodiversidade em escala regional de aves e outros animais, pois possuem uma grande disponibilidade de ambientes, sendo capazes de suportar uma riqueza maior do que as florestas secas. Preservar é o caminho para o equilíbrio ecológico”, destaca Cardoso.

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Forma como presídios são geridos pode ser mais letal que a Covid-19, aponta estudo https://canalmynews.com.br/tecnologia/forma-como-presidios-sao-geridos-pode-ser-mais-letal-que-a-covid-19-aponta-estudo/ Sat, 02 Jul 2022 13:39:43 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=31085 Análise da relação entre pena de prisão e mortes durante a pandemia mostra que presídios favorecem adoecimento e fatalidades. Foram observados 27 casos de pedidos de prisão domiciliar para pessoas de grupos de risco.

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Estudo de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade de São Paulo (USP) publicado na quinta (30), na revista “Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário”, apresenta uma reveladora relação entre as mortes carcerárias por doenças e o agravo das condições dos presídios durante a pandemia de Covid-19. A partir da análise de 27 casos de pedido de prisão domiciliar feitos pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo para pessoas do grupo de risco, em 2020, os estudiosos perceberam um descompasso entre a justiça criminal e a magnitude da crise sanitária. A conclusão foi que as mortes decorrem das próprias condições de funcionamento das prisões, sendo que este cenário se agravou durante a pandemia.

De acordo com os autores Fábio Mallart, pós-doutorando do Instituto de Medicina Social da UERJ e Paula Pagliari de Braud, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade de São Paulo, as prisões produzem mortes de diversas formas e não apenas de pessoas que já possuem doenças anteriores ao encarceramento. No caso da Covid-19, a prisão – superlotada e sem quaisquer condições sanitárias de atender exigências de distanciamento e higiene impostas pela pandemia – se tornou um local propício para a propagação do vírus.

Mesmo diante da crise sanitária, as condições carcerárias permaneciam insalubres, como superlotações em locais sem ventilação, úmidos e com pouca luminosidade, infiltrações, umidade, racionamento de água potável, ausência de medicamentos e de profissionais de saúde e com infestação de insetos e roedores. Isso cria, reforçam os autores, um sistema de morte que se retroalimenta e, pelo contrário de ressocializar os indivíduos, agrava os contextos de vulnerabilidade e violência.

“Há relações de continuidade entre encarceramento e morte. Isso se dá a partir de diferentes tecnologias de produção da morte, seja porque os antecedentes criminais operam como um critério de extermínio para policiais fardados ou encapuzados que atuam nas periferias urbanas, seja porque as condições nefastas das prisões contribuem para a produção e disseminação de distintas doenças, como, por exemplo, tuberculose, beribéri, entre outras”, pontuam os autores.

O artigo demonstra também como, em nome de um suposto enfrentamento da pandemia, no Rio de Janeiro, a suspensão de atendimentos médicos eletivos nos presídios e do fornecimento de medicamentos para outras enfermidades agravou as mortes decorrentes de outras enfermidades. “Com os pedidos de prisão domiciliar em mãos, pudemos analisar o processamento, as manifestações e as decisões que mantiveram essas pessoas presas, apesar de sua condição de risco de morte por Covid-19”. Além disso, a política de contenção sanitária nos presídios também impactou na produção da pesquisa, dada a dificuldade de acesso aos dados e informações referentes ao sistema penal, característica que foi reforçada em tempos pandêmicos.

“O que não imaginávamos, e esse é um ponto importante do texto, é que a maneira como a crise sanitária foi gerida pelos órgãos penitenciários pode ter sido mais letal do que o próprio vírus. Ademais, compreender a prisão, e a morte que ela produz, passa por entender a forma como o Sistema de Justiça Criminal mantém as pessoas presas”, finalizam os autores.

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Perda de vegetação e sistema de saúde precário aumentam o risco de surto de zoonoses https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/perda-de-vegetacao-e-sistema-de-saude-precario-aumentam-o-risco-de-surto-de-zoonoses/ Thu, 30 Jun 2022 11:28:31 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30969 Estudo analisou quais áreas no país estariam mais sujeitas à emergência de surtos zoonóticos. Apenas oito dos 27 estados brasileiros têm baixo risco de emergência de doenças decorrentes do contato com animais.

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Estudo publicado na quarta (29) na revista Science Advances mostra que dois terços dos estados brasileiros têm risco de médio a alto para ser o próximo palco de surto de zoonoses. Esta relação se dá, sobretudo,
em populações humanas vulneráveis que ocupam áreas mais remotas e próximas à vida selvagem. O estudo, liderado por pesquisadores do Projeto RedesDTN, do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose/CNpq), sediado na Fiocruz do Rio de Janeiro, chama atenção para o fato de que o aumento recente na vulnerabilidade ambiental e social do país pode acelerar a emergência do próximo surto.

O risco de surtos decorrentes de zoonoses é um tema que ganhou visibilidade com a ascensão em escala global da SARS-CoV-2. A ideia de olhar para animais, sobretudo os selvagens, como reservatórios
zoonóticos trouxe uma nova camada para a discussão sobre a conservação da biodiversidade: a abordagem da saúde global.

A pesquisa analisou dados de incidência de casos e mortes decorrentes de zoonoses, ocorrência de mamíferos e seus patógenos e parasitas, caça, perda de vegetação natural e cobertura verde urbana. Segundo os autores, nos países em desenvolvimento, a ocupação de áreas ambientalmente degradadas, associada à vulnerabilidade social da população, favorecem a rápida disseminação geográfica das infecções. Além disso, à medida que a ocupação humana vai avançando para as áreas naturais adentro, o contato com animais selvagens se intensifica. Isto cria condições para a emergência de doenças zoonóticas. Um exemplo é a incidência de malária e leishmaniose que está diretamente relacionada ao desmatamento.

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De acordo com os autores, o aumento das vulnerabilidades ambientais e sociais no país, somados a crises econômicas e políticas, são potenciais gatilhos para surtos. Dados do Observatório do Clima mostram que, em 2020, o desmatamento elevou em 20% a emissão de gases na Amazônia Legal na comparação com o ano anterior.

Vulnerabilidade e capacidade de resposta

Para entender quais as áreas no país estariam mais sujeitas à emergência de surtos zoonóticos, os pesquisadores fizeram um esforço inicial de compilar dados de diferentes fontes e formatos no intervalo de 2001 a 2019. Em seguida, adaptaram o protocolo europeu INFORM que considera o risco à exposição, às vulnerabilidades, as estruturas de enfrentamento a situações de risco. Em seguida, analisaram as relações de dependências entre as variáveis.

A pesquisa constatou que há uma forte correlação entre perda de vegetação, riqueza de mamíferos, isolamento do município, pouca vegetação urbana e baixa cobertura vegetal. “O curioso é que a maioria das cidades
que estão cercadas de mata nativa, têm pouca ou quase nenhuma vegetação urbana”, explica Gisele Winck, autora do estudo e pesquisadora de pós-doutorado do SinBiose. A aplicação do modelo mostrou que apenas 30% dos estados brasileiros, ou seja, oito estados, têm baixo risco de surtos de zoonoses.

Por exemplo, o Maranhão, que tem 34% do seu território coberto por floresta, é considerado de alto risco. Entretanto, o estado vizinho, Ceará, cujo bioma de prevalência é a Caatinga, tem baixo risco. Os outros sete estados de baixo risco são Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul.

Uma característica compartilhada entre estes estados é a alta conectividade entre as cidades, o que favorece a capilarização do acesso ao sistema de saúde e, portanto, o tratamento de acometidos por zoonoses. “Se a pessoa não consegue tratamento em um município, ela consegue acessar outro município rapidamente. Isto tem a ver com a capacidade de resposta à crises”, explica Winck.

Os estados amazônicos são todos considerados de médio a alto grau de risco de surto zoonótico. Isto não é uma surpresa para os cientistas, pois a grande diversidade de espécies da Amazônia naturalmente abarca também riqueza de patógenos. “A questão é que atualmente há uma sobreposição das nossas áreas com maior cobertura vegetal e biodiversidade com as áreas de maior desmatamento. Isto as torna potencialmente um risco para a emergência de surtos de zoonoses”, avalia a pesquisadora.

Outro aspecto discutido no artigo é a caça. A caça é considerada atividade ilegal no país, exceto como atividade de subsistência para comunidades tradicionais e indígenas. Ainda assim, não é incomum encontrar a comercialização de carne de caça em todas as regiões do país. Esta manipulação de carne de caça preocupa os pesquisadores, não apenas em termos de manejo das espécies, mas também de saúde coletiva.

O consumo desta carne pode representar uma porta de entrada para patógenos e parasitas desconhecidos. “É preciso discutir este tema ao invés de ignorá-lo. Talvez a regulamentação incluindo monitoramento sejam saídas para a redução dos riscos eminentes”, considera a autora. Estimativas recentes apontam que o mercado de carne de caça na Amazônia Central seja de aproximadamente 35 milhões de dólares por ano e a carne de mamíferos é a mais consumida, seguida pela de répteis e aves.

Para finalizar, os autores apontam no artigo que não há uma única saída. “O desafio atual é a colaboração intersetorial para uma gestão eficaz focada no conceito de Saúde Única (One Health), sobretudo em países mega diversos com alta vulnerabilidade social e crescente degradação ambiental, como o Brasil”.

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Carta náutica do século 19 revela perda de até 49% dos recifes em Abrolhos https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/carta-nautica-do-seculo-19-revela-perda-de-ate-49-dos-recifes-em-abrolhos/ Mon, 27 Jun 2022 11:01:38 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30800 Os pesquisadores compararam os dados sobre os tipos de habitats marinhos da época com as informações atuais sobre recifes em Abrolhos.

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A região de Abrolhos, na Bahia, perdeu 28% dos recifes desde 1861. Entre os recifes mais próximos à costa, a perda é ainda maior: 49%. É o que diz uma pesquisa inédita no Brasil, que utilizou uma carta náutica histórica para comparar as condições ambientais daquela época com os dados atuais. Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de São Paulo e Universidade de Victoria – no Canadá – mergulharam nessa história, que resultou em artigo publicado nesta sexta (24) na revista “Perspectives in Ecology and Conservation”.

A carta náutica mostra como eram os recifes da região de Abrolhos, no Sul da Bahia, antes dos grandes impactos ambientais causados pelo ser humano. “O navegador francês documentou detalhes sobre o fundo dessa parte da costa brasileira: os tipos de organismos, conchas, recifes, etc. Então, fizemos comparações das informações de 160 anos atrás com os dados modernos obtidos por satélites. Assim, detectamos perdas na extensão dos recifes”, contextualiza a bióloga Mariana Bender, docente da UFSM e coautora da pesquisa.

Essa é a região de recifes mais complexa da parte sul do Oceano Atlântico. Sobre o que causou a degradação dos recifes, os autores apontam os motivos. “Durante muitos anos, os recifes de Abrolhos foram utilizados para a extração de corais. Blocos inteiros eram removidos para uso na construção civil – substituindo tijolos – e a fim de queimar para obter calcário. Essa extração durou séculos. Há relatos desde o século XVII”, explica Mariana.

Atualmente, a região também lida com estressores que comprometem a biodiversidade, tais como a poluição, o turismo desenfreado e o aquecimento global. Por conta disso, a autora da pesquisa Carine Fogliarini, da UFSM, utilizou diversas ferramentas da Ecologia Histórica durante o doutorado para avaliar as mudanças: “Visitei museus e bibliotecas à procura de documentos que fornecessem uma perspectiva de como eram os nossos recifes no passado. A carta náutica foi um desses documentos históricos achados”, relata.

O biólogo Guilherme Longo, da UFRN, também co-autor do estudo, conclui explicando a importância de olhar para a natureza do passado para compreender como ela mudou durante os séculos: “Frequentemente, perdemos a referência do que é um ecossistema saudável ou a própria extensão dessas áreas. Por isso, este estudo é um marco importante, porque recupera uma referência do quanto já foi perdido”, explica. O pesquisador também afirma que a pesquisa permite definir objetivos mais realistas sobre como conservar os recifes. O projeto teve apoio do Instituto Serrapilheira.

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Gastos com planos de saúde superam 40% da renda de famílias com idosos https://canalmynews.com.br/economia/gastos-com-planos-de-saude-superam-40-da-renda-de-familias-com-idosos/ Fri, 24 Jun 2022 13:04:58 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30578 Risco de comprometer mais de 40% da renda domiciliar per capita com saúde é maior para pessoas mais velhas e mais pobres.

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Estudo publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública” revelou o impacto dos planos de saúde na renda domiciliar dos beneficiários. O risco de comprometer mais de 40% da renda domiciliar per capita com saúde é maior para pessoas que pagam planos de saúde, mais velhas e com menos renda, mostra a pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Os pesquisadores analisaram dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, junto a 57.920 domicílios brasileiros, realizada entre julho de 2017 e julho de 2018. Os questionários incluíram seções com perguntas sobre a obtenção de medicamentos e de serviços de saúde, com itens específicos para gastos com planos e seguros de saúde empresarias e individuais.

Ricardo Moraes, pesquisador da UFRJ e um dos autores do artigo, afirma que a insegurança financeira associada ao pagamento de planos de saúde ficou mais comum porque os aumentos das mensalidades dos planos, consistentemente acima da inflação, foram se acumulando ao longo dos anos. Isso acontece especialmente para os planos coletivos, que não têm uma regra de aumento anual, como a dos planos individuais, monitorada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

“As definições de gasto catastrófico com saúde consideram que ele acontece quando as pessoas têm que abrir mão de gastos básicos (como alimento e moradia), por um certo período de tempo, para pagar despesas com saúde. Isso pode acontecer com pessoas que têm que arcar com grandes aumentos nas mensalidades de seus planos e não podem, no momento, abrir mão desse serviço. É o caso de pessoas idosas em tratamento médico ou que consideram que há grande chance de precisar de atendimento e do acesso a esse atendimento que o plano propicia”, explica Moraes.

Ainda de acordo com o autor, atualmente os reajustes anuais têm a ver com os preços dos serviços de saúde pagos através dos planos e com a quantidade de serviços usada. Então, afirma Moraes, se os usuários de planos individuais usam mais serviços num ano que no ano anterior, as operadoras podem repassar parte do efeito desse aumento de quantidade para as mensalidades no ano seguinte.

“É importante que os formuladores de políticas públicas, o público em geral e também as empresas de planos de saúde tenham informações abrangentes sobre quem paga hoje por esse serviço, sobre como esse gasto se relaciona com a renda dessas pessoas e sobre que tipo de problema (como o gasto catastrófico) os reajustes muito altos de mensalidades podem criar”, aponta.

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Na Bahia, 6 entre 10 mulheres com câncer de colo de útero iniciam tratamento após período determinado por lei https://canalmynews.com.br/tecnologia/na-bahia-6-entre-10-mulheres-com-cancer-de-colo-de-utero-iniciam-tratamento-apos-periodo-determinado-por-lei/ Tue, 21 Jun 2022 11:37:17 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30309 Estudo feito na rede pública da Bahia revela que 65% das mulheres com câncer de colo de útero começaram o tratamento após prazo da “Lei dos 60 dias”.

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Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) revela que, na Bahia, são as mulheres com mais idade, com menos escolaridade e em estágio já avançado do câncer de colo do útero as que começam mais tarde o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, 65% de todas as mulheres no estado começam o tratamento no SUS mais de 60 dias após receber o diagnóstico, descumprindo lei federal (n.12.732/2012). O estudo, publicado na terça (21) na revista Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz, chama a atenção para uma realidade que pode ser nacional.

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Considerado o quarto câncer mais incidente em mulheres (desconsiderando o câncer de pele não melanoma), o câncer de colo de útero é a quarta causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. Também chamado de câncer cervical, ele é uma doença de evolução lenta que acomete principalmente as mulheres com mais de 25 anos. O agente de transmissão é o papilomavírus humano, o HPV. Com base em dados de 2007 a 2018 do sistema de Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do estado da Bahia, as pesquisadoras encontraram um total de 9.184 mulheres que foram diagnosticadas com o câncer cervical em algum estágio da doença. Na Bahia, maior estado da região Nordeste, o câncer de colo do útero tem sido a segunda maior taxa de incidência entre as mulheres (12,51 casos novos por 100 mil mulheres).

Os resultados apontaram que 65,1% das mulheres começaram o tratamento depois dos 60 dias após o diagnóstico. Desse total, houve aumento da chance de tratamento tardio em cerca de 30% das mulheres com idades acima de 45 anos, de 24% entre as sem nenhum nível de escolaridade e aumento de 17% entre as que apresentavam o tumor em estadiamento (estágio do diagnóstico) avançado.

“Isso revela um dado triste e preocupante demonstrando uma fragilidade da rede assistencial. As pacientes com tumor em estágio avançado deveriam acessar o tratamento com a maior brevidade possível, mas o estudo demonstrou que, ao contrário disso, estas mulheres acabam tendo mais chance de atraso no início do mesmo” ressalta uma das autoras da pesquisa, a enfermeira Dândara Silva, doutoranda do programa de Biotecnologia e Medicina Investigativa da Fiocruz da Bahia e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva da UNEB.

De acordo com a OMS, a vacinação contra o HPV, o rastreamento com o exame Papanicolau e a gestão do cuidado são medidas que, quando aplicadas estrategicamente, podem eliminar o câncer do colo do útero. Contudo, muitas dessas ações acabam não acontecendo em países com baixa renda. Estudos mostram que em cada quatro semanas de atraso entre o diagnóstico e o primeiro tratamento do câncer, ou entre a finalização de um tratamento até́ o início do próximo, pode ocorrer um aumento de 6 a 8% na chance de morte do paciente. “Embora não tivesse sido o objetivo desse estudo, é possível supor uma relação também entre acesso ao diagnóstico e o local do tratamento disponível na rede de atenção do estado, sobretudo para mulheres residentes no interior. Reiteramos que o tratamento em tempo inoportuno para o câncer do colo do útero continua sendo um problema de saúde pública da Bahia, necessitando de incremento e continuidade de medidas preventivas e intensificação do rastreamento, bem como da uma maior oferta de tratamento. Recomendamos a implementação de políticas que assegurem o tratamento precoce da doença, em cumprimento ao que já está previsto em lei”, conclui Silva.

Saiba mais sobre os novos tratamentos para o Câncer no canal MyNews:

 

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“Pequeno Dicionário” desmistifica termos polêmicos do debate político atual https://canalmynews.com.br/politica/pequeno-dicionario-desmistifica-termos-polemicos-do-debate-politico-atual/ Fri, 17 Jun 2022 12:23:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30109 Parceria entre sociedade civil e pesquisadores da UFRJ, livro explora os verbetes ideologia, ideologia de gênero, politicamente correto, marxismo cultural, cristofobia, racismo reverso e feminismo.

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O que significa “ideologia de gênero” e por que é ruim ser acusado de propagá-la? Um país com mais de 80% de cristãos pode ser “cristfóbico”? E “politicamente correto” sempre foi uma acusação? Essas são algumas perguntas que a publicação “Termos ambíguos do debate político atual: pequeno dicionário que você não sabia que existia” pretende responder. A obra antecipada pela Bori, foi produzida pelo Observatório de Sexualidade e Política (SPW, em inglês), em parceria com pesquisadores da área de linguística aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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A publicação reúne alguns termos mais frequentes no debate político brasileiro, como “patriotismo”, “ideologia” e “racismo reverso”, detalhando os percursos que fizeram com que essas expressões virassem presença quase obrigatória no vocabulário político do Brasil na última década. Elaborado ao longo de 2021, o “Pequeno Dicionário” é apresentado em duas versões, com linguagem voltada, respectivamente, para leitores com nível de escolaridade de nível superior e de ensino médio. Na adaptação da obra para os mais jovens, os autores recorreram a uma ferramenta que calcula de forma automática o grau de facilidade de leitura de um texto. Com ela, foi possível avaliar se as traduções intralinguísticas eram mesmo adequadas para leitoras e leitores de ensino médio.

O objetivo é confrontar a maneira reducionista e simplista com que esses termos foram disseminados e incorporados no vocabulário cotidiano. “Na edição jovem, todos os verbetes ficaram ainda mais curtos e descomplicados. Traduzimos o texto dentro da mesma língua, orientados por metas e públicos diferentes”, diz Janine Pimentel, líder do Núcleo de Estudos da Tradução da UFRJ e professora da Universidade.

De acordo com Sonia Corrêa, ativista e pesquisadora feminista e co-coordenadora do SPW, os termos tratados neste pequeno dicionário foram sendo sorrateiramente absorvidos pelo senso comum desde o final dos anos 1990 e hoje fazem parte do vocabulário político comum e corrente. “É como se esses bordões sempre tivessem existido. Ninguém se pergunta de onde vieram, como foram criados e a que se destinam.  Recuperar essas trajetórias foi uma de nossas motivações, porque isso é vital para saber como melhor contestá-los”, diz

Linguagem simples não significa superficialidade

A produção do “Pequeno Dicionário” envolveu resumir o conteúdo de verbetes que já eram uma síntese de muitas leituras e fontes de pesquisa e, por outro lado, aplicar os critérios de acessibilidade e adequação textual para se chegar a uma linguagem diferente da usual na academia. Independentemente disso, os autores ressaltam que linguagem simples e concisão não significam superficialidade. Segundo eles, os termos são trazidos com profundidade histórica e complexidade conceitual, porém, sem floreios e cacoetes acadêmicos que acabam deixando o texto difícil para não especialistas.

Os verbetes, afirma Sônia Corrêa, não pretendem exaurir os temas, mas oferecem uma discussão sólida, teoricamente embasada, fornecendo subsídios para seu aprofundamento. “Eles podem ser facilmente adaptados para atividades em sala de aula ou servir de roteiro inicial para podcasts, por exemplo. São verbetes que compõem um todo coeso, mas que também fazem sentido isoladamente, organizados em uma ordem que facilita o entendimento de suas conexões”, ressalta a pesquisadora

Os próximos passos do projeto são traduzir o conteúdo dos verbetes em outras linguagens e mobilizar debates populares em torno de seu conteúdo em produtos digitais, podcasts, conversas com influenciadoras e influenciadores, entre outros.

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Experiência brasileira no enfrentamento às hepatites virais traz aprendizados para lidar com novas emergências de saúde https://canalmynews.com.br/tecnologia/experiencia-brasileira-no-enfrentamento-as-hepatites-virais-traz-aprendizados-para-lidar-com-novas-emergencias-de-saude/ Fri, 17 Jun 2022 12:11:23 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30106 Com a criação do Programa Nacional de Hepatites Virais em 2002, Brasil foi pioneiro no combate a essas doenças, possibilitando acesso a medicamentos e prevenção

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O Brasil foi pioneiro no combate às hepatites virais por meio de iniciativas como a criação do Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV) em 2002, dez anos antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecê-las como problema global de saúde pública. É o que aponta relatório publicado nesta sexta (17) por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas.

O estudo foi realizado entre setembro de 2020 e fevereiro de 2022 por meio de pesquisa documental e de 34 entrevistas com informantes-chave do Ministério da Saúde, da sociedade civil, acadêmicos e de indústrias farmacêuticas.

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Andreza Davidian, pesquisadora da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV EAESP) e autora principal do relatório, explica que o programa de hepatites teve como base a experiência bem-sucedida do Programa de HIV/Aids. No escopo do PNHV, a coordenação do Ministério da Saúde viabilizou negociações com a indústria farmacêutica para ampliar o acesso a medicamentos e reduzir o custo do tratamento. Simultaneamente, a estrutura de assistência do Sistema Único de Saúde garantiu o manejo dessas doenças na atenção primária.

Um dos grandes marcos  no Brasil foi a integração das estratégias de enfrentamento das hepatites virais e IST/Aids em um mesmo departamento do Ministério da Saúde a partir de 2010 e, mais recentemente,  de outras condições crônicas e transmissíveis, como tuberculose e hanseníase. Embora as mudanças recentes tenham se apresentado como um retrocesso aos olhos de diversos setores – notadamente da sociedade civil e de gestores –, este corresponde a um processo global consoante à preconização da atenção primária como estratégia principal para promover saúde para todos, aponta o estudo. Neste sentido, o Brasil também foi pioneiro, visto que somente em 2015 as estratégias globais de enfrentamento a essas condições passaram a ser conjuntas.

Conforme a autora, a pesquisa contribui para avaliar a resposta nacional às hepatites e a novas crises de saúde pública, como a de emergência da hepatite aguda infantil de origem desconhecida notificada pelo MS em maio de 2022. “Nosso estudo sugere que existe uma ação institucionalizada no país para o enfrentamento às hepatites virais; portanto, há capacidade estatal para monitorar e responder prontamente a essa emergência de saúde. Ademais, o estudo traz informações sobre a gestão de programas complexos, que envolvem diferentes atores e níveis de gestão; assim, pode subsidiar interessados nos processos políticos da saúde pública e formas de incentivar uma oferta mais igualitária de serviços de saúde”, afirma Davidian.

O relatório também mostra que, a despeito das crises institucionais enfrentadas na última década, o Brasil pode ser exemplo no combate às hepatites virais por suas ações transversais para diagnóstico e monitoramento dos pacientes. “A experiência brasileira deve fornecer lições a países comprometidos a eliminar a hepatite C como problema de saúde pública; seja pelo roteiro de como o programa se estruturou e fortaleceu ao longo do tempo, seja pela implementação da estratégia bem-sucedida de tornar o tratamento acessível a todos”, complementa a pesquisadora.

Conheça a pesquisa brasileira que está perto da cura do HIV:

 

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Cultivo de eucalipto protege matas e contribui para preservação da biodiversidade em florestas https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/cultivo-de-eucalipto-protege-matas-e-contribui-para-preservacao-da-biodiversidade-em-florestas/ Thu, 16 Jun 2022 13:29:02 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30042 Estudo indica que o cultivo de árvores de eucalipto ao redor de fragmentos florestais pode ajudar a conservá-los. Mudança na estrutura da floresta pode reestabelecer condições e relações ecológicas, contribuindo à conservação.

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O cultivo de eucalipto ao redor de fragmentos florestais pode ajudar a preservá-los e a retardar os efeitos nocivos do efeito de borda (alteração de estrutura/composição/quantidade da espécie), indica um estudo publicado na “Revista do Instituto Florestal” da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores compararam efeitos de plantações de eucalipto, pastagem e cana-de-açúcar que circundavam áreas de fragmentos de floresta semidecidual no município de Piracicaba, no interior de São Paulo. Regiões próximas ao eucalipto apresentaram maior biodiversidade, indicando maior nível de proteção fornecido pelas árvores.

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O estudo foi realizado em dezoito fragmentos da floresta estacional semidecidual de diferentes tamanhos em Piracicaba (SP), utilizando amostragem de campo e imagens de satélite. Foi comparado o nível de degradação desses remanescentes florestais circundados por plantações de eucalipto, pastagem e cana-de-açúcar, que dominam a paisagem do interior paulista. Estas largas plantações em monocultura se assemelham a oceanos, onde estariam inseridas as ilhas de mata remanescente. As espécies na periferia destas regiões sofrem com o chamado efeito de borda: antes cercadas por outras, em um contínuo com uma estrutura florestal, agora estão expostas a diferentes condições de sol, vento e umidade, levando a uma alteração dos padrões e das relações ecológicas do ecossistema. O trabalho aponta que cultivos no entorno desses fragmentos, quando bem planejados, podem retardar tais mudanças e mesmo ajudar a preservá-los. Os autores identificaram que fragmentos circundados por eucalipto apresentaram uma redução do efeito de borda, o que resultou na maior diversidade de espécies encontradas.

A proposta foi verificar os efeitos do entorno em regiões florestais restantes após o desmatamento, comparando plantações de eucalipto, de pastagem e de cana-de-açúcar. “A ideia é que se você fizer um cinturão protetor ao redor do fragmento florestal em que haja interesse econômico, como de eucalipto, nós podemos estabelecer condições parecidas com a da floresta, diminuindo o efeito de borda. Em vez de plantações como a de soja irem até a beirada da floresta, você teria uma área que ameniza esta transição – o eucalipto é a borda agora”, afirma Ciro Abbud Righi, coautor do estudo e professor na ESALQ/USP.

A presença de árvores pode formar barreiras que ajudam a preservar integridade e proteger contra o efeito de borda, mantendo a estabilidade do ambiente e a biodiversidade. Righi explica: “A estrutura da floresta tem uma função. Quando você reestabelece a estrutura, mesmo que seja com plantas exóticas como o eucalipto, você começa a reestabelecer processos: ciclagem de nutrientes, barrar vento, barrar energia solar e facilitar o deslocamento de animais. É o ambiente que determina os seres que ali habitarão”. Assim, as árvores, dado seu porte e longa permanência, possuem papel crucial na preservação dos remanescentes e da biodiversidade, que agora se encontra separada em diversos pequenos fragmentos.

A autora principal do estudo, a gestora ambiental Mariane Martins Rodrigues, ressalta que são necessários mais estudos, já que a amostragem analisada foi específica à região analisada, mas que há indicativos claros de que, trabalhando o entorno, é possível preservar a floresta: “A melhora mais significativa foi da diversidade de espécies nos fragmentos próximos ao eucalipto, o que se deve à proteção que parece imitar a estrutura de uma floresta. Mas é necessário avançar nos estudos de sistemas florestais em larga escala, que poderiam modificar toda a relação do entorno com os remanescentes”. Assim, estes pedaços de biodiversidade poderiam ser unidos, permitindo o trânsito de insetos e outros animais responsáveis pela polinização e dispersão de sementes. “É possível pensar as áreas agrícolas de produção como fator de preservação – o que estende o potencial de intervenção com efeitos potencialmente benéficos” concluem os autores.

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Canabinóides podem ter papel essencial no tratamento de doenças neurológicas https://canalmynews.com.br/tecnologia/canabinoides-podem-ter-papel-essencial-no-tratamento-de-doencas-neurologicas/ Thu, 16 Jun 2022 13:04:10 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30035 Estudo indica que canabinóides podem ativar ou desativar vias de sinalização em células do cérebro. Descobertas podem ser importantes para a criação de novas terapias contra doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia.

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Um estudo realizado no Laboratório de Neuroproteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sugere que os canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia. Os resultados foram publicados na revista “European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences” na sexta (27) e indicam que essas substâncias podem estimular ou bloquear processos importantes para o funcionamento dos neurônios e de outras partes do sistema nervoso. Isso demonstra um potencial terapêutico dos compostos analisados para abordar quadros neurológicos e psiquiátricos.

O termo canabinóide se refere a diversos componentes que podem ser produzidos no organismo, obtidos sinteticamente ou de plantas do gênero Cannabis. A pesquisa observou o efeito de grupos distintos dessas substâncias em células do sistema nervoso central que participam do suporte aos neurônios, os oligodendrócitos. “Os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que serve como um isolante para a transmissão das correntes elétricas nos neurônios”, explica Valéria de Almeida, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. “A mielina também é importante para fornecer energia para o neurônio e mantê-lo saudável. Quando há defeitos nos oligodendrócitos, vários problemas podem ocorrer no funcionamento dos neurônios e consequentemente do cérebro”, complementa.

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Almeida conta que a ideia do estudo era verificar como esses canabinóides afetam as proteínas dos oligodendrócitos, que funcionam como guias para ativar ou desativar funções importantes no ciclo de vida dessas células. Para isso, os pesquisadores dividiram as células em grupos e expuseram cada amostra a um tipo diferente de canabinóide. O segundo passo foi analisar individualmente cada um dos grupos e comparar os resultados com células que não foram tratadas.

As diferenças no tipo e na quantidade de proteínas produzidas revelam que o tratamento com canabinóides pode alterar mecanismos fundamentais para a produção de energia celular, a formação de novas células, a migração desses componentes para outros locais do cérebro e até mesmo a morte dos mesmos.

O artigo destaca que essas descobertas abrem uma janela de possibilidades para abordar as doenças neurológicas e psiquiátricas. “Modificar a proliferação celular, o ciclo celular e a morte celular pode ser essencial para conferir neuroproteção; modular as vias de migração e diferenciação celular pode influenciar o desenvolvimento de um perfil mais saudável nas células neuronais. Além disso, mudanças no metabolismo energético podem ser investigadas pelo seu potencial de melhorar desregulações vistas em muitas desordens neurodesenvolvimentais e neurológicas”, diz o estudo publicado em inglês.

Valéria de Almeida salienta que, embora ainda seja necessário explorar esses resultados em outros modelos para desenvolver a aplicabilidade terapêutica dos canabinóides, esses dados são um avanço importante para a compreensão de mecanismos alternativos para o tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso. “Nossos resultados poderão ser utilizados por outros pesquisadores como direcionamento para procura de novos tratamentos para doenças que apresentam problemas na função de oligodendrócitos ou na mielina”, explica a pesquisadora.

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Com aquecimento dos oceanos, predadores mais famintos assumem o controle, aponta estudo https://canalmynews.com.br/meio-ambiente/com-aquecimento-dos-oceanos-predadores-mais-famintos-assumem-o-controle-aponta-estudo/ Wed, 15 Jun 2022 19:42:31 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30024 Com participação de 11 pesquisadores brasileiros, estudo publicado na Science respondeu à pergunta: o que um oceano mais quente e mais faminto significará para o resto da liga da cadeia alimentar?

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Um oceano mais quente é sinônimo de peixes mais famintos. É o que aponta um novo estudo publicado na quinta-feira (9), na revista Science, por uma grande rede global de cientistas, dentre eles onze pesquisadores brasileiros. Os autores descobriram que o impacto de predadores no Atlântico e no Pacífico é maior em temperaturas mais altas, ou seja, os mais famintos se sobrepõem em relação às demais presas. Este cenário pode transformar outras formas de vida no oceano, potencialmente quebrando o balanço que tem existido por milênios.

Este estudo internacional, com participação de 36 locais ao longo da costa Atlântica e Pacífica das Américas e liderado pelo Smithsonian e Universidade de Temple, oferece, segundo os autores, a mais ampla visão sobre a temperatura dos oceanos impactando a cadeia alimentar. O Brasil está representado por sete instituições de cinco estados (UFC, UFRN, IEAPM-RJ, UFRJ, UFABC, USP e UFPR). Esta articulação com pesquisadores brasileiros permitiu que o experimento cobrisse praticamente todo o litoral do país, que tem uma extensão continental, demonstrando o papel relevante e a forte inserção internacional da ciência marinha brasileira.

De acordo com um dos autores brasileiros, o biólogo Guilherme Longo, o trabalho evidenciou que, em águas mais quentes, o apetite voraz dos predadores deixou marcas descomunais na comunidade de presas. “Por sua vez, nas áreas mais frias, vimos que deixar a comunidade de presas expostas ou protegidas praticamente não fez diferença. O que sugere que os efeitos dos predadores tendem a ser menores em águas mais geladas”, destaca Longo, que é professor adjunto do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Os locais de estudo foram desde o Alasca no Norte até a Terra do Fogo na ponta da América do Sul. “Nós sabemos de estudos prévios no Panamá que a predação nos trópicos pode ser intensa”, disse Mark Torchin, coautor do trabalho e ecólogo marinho do Instituto de Pesquisa Tropical do Smithsonian no Panamá (STRI – Smithsonian Tropical Research Institute). “Entretanto, trabalhar com nossos colaboradores por toda a América nos permitiu testar a generalidade dessa ideia e avaliar como os efeitos da predação mudam em ambientes mais frios”, destaca.

Uma resposta, em três experimentos

Em cada local, os pesquisadores realizaram três experimentos com predadores e presas, que tinham a proposta de responder à pergunta: o que um oceano mais quente e mais faminto significará para o resto da liga da cadeia alimentar? No primeiro experimento, os pesquisadores estimaram a atividade dos predadores usando ‘squid pops’ (pequenos discos feitos de lulas secas, que lembram pequenos petiscos de cafeterias). Depois de uma hora, os pesquisadores checavam quantos squid pops tinham sido devorados. O resultado confirmou a suspeita: em locais mais quentes, a predação foi mais intensa, enquanto em locais mais frios (abaixo dos 20 °C), a predação caiu a zero.

Nos outros dois experimentos, os autores olharam para os organismos que os peixes gostam de comer, como tunicados e briozoários, para ver como os predadores podem impactar seu crescimento e abundância. Eles acompanharam o crescimento das presas em placas de plástico que ficaram submersas por três meses. Algumas placas eram cobertas por gaiolas de proteção que mantinham os predadores sem acesso, enquanto outras placas foram deixadas abertas e desprotegidas, podendo ser acessadas pelos predadores. Além disso, os pesquisadores protegeram todas as placas por dez semanas, deixando as presas crescer sem serem predadas, e então abriram as gaiolas de metade delas por duas semanas, deixando os predadores acessarem as presas livremente.

Os predadores preferiram comer organismos moles, como tunicados solitários, de forma que esse tipo de presa sofreu as maiores perdas nos trópicos em placas desprotegidas. Por outro lado, briozoários incrustantes, e que são mais resistentes por serem mineralizados, floresceram no novo espaço liberado já que os peixes nãos se importavam em comê-los. “Com a mudança na predação, algumas espécies serão vencedoras e algumas irão perder”, disse o coautor Greg Ruiz, chefe do Laboratório de Pesquisa em Invasão Marinha do SERC. “Alguns se defenderão, outros estarão vulneráveis. Mas nós não sabemos exatamente como isso vai acontecer”.

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Estudo inédito investiga o papel de células de suporte do cérebro no tratamento da depressão https://canalmynews.com.br/tecnologia/estudo-inedito-investiga-o-papel-de-celulas-de-suporte-do-cerebro-no-tratamento-da-depressao/ Wed, 15 Jun 2022 19:34:14 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30015 Pesquisadores buscam entender o papel de células chamadas oligodendrócitos no tratamento da depressão. Resultados podem contribuir para o desenvolvimento de medicamentos para pacientes que não respondem bem às opções convencionais.

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Um projeto em desenvolvimento na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) busca entender como medicamentos antidepressivos atuam nos oligodendrócitos, células de suporte do cérebro que auxiliam na sobrevivência e na atividade dos neurônios. A pesquisa, que vem sendo conduzida desde janeiro no Laboratório de Neuroproteômica (LNP) e é coordenada pelo professor Daniel Martins-de-Souza, pretende abrir novas portas para o entendimento dos transtornos depressivos e facilitar o desenvolvimento de drogas mais eficazes para esses distúrbios.

Lívia Ramos da Silva, que lidera o trabalho como parte de seu mestrado, conta que a ideia do projeto surgiu a partir da constatação de que uma parcela significativa das pesquisas sobre depressão são centradas na atuação dos neurônios nesse distúrbio. Assim, esses estudos acabam deixando de lado mecanismos importantes que podem participar do desenvolvimento desses transtornos. “Quando a gente observa os pacientes e os modelos de depressão, vemos que eles têm diversos sistemas alterados, não é somente a função dos neurônios que está alterada”, destaca a pesquisadora.

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O desafio de expandir as análises pretende complementar as informações que se tem até então sobre o desenvolvimento dessa doença. “A principal teoria que tenta explicar o funcionamento molecular da depressão é voltada para a modulação da neurotransmissão, que é a comunicação entre os neurônios. Por isso, o foco das pesquisas sobre o transtorno costuma ser levado para essas células”, destaca. “Para alguns pacientes pode ser que essa abordagem funcione, mas para uma boa parcela de pessoas não funciona. A gente precisa entender tudo o que está em volta dos neurônios para pensar uma possível nova abordagem de tratamento para esses pacientes”, acrescenta Lívia da Silva.

Para ela, um passo importante nesse novo entendimento é estudar como as células de suporte do sistema nervoso são afetadas durante os tratamentos com antidepressivos. “Para um neurônio se manter saudável, funcionando corretamente, fazendo suas sinapses, ele precisa que as células a sua volta estejam funcionando bem e desenvolvendo esse trabalho junto, coletivo”, complementa. Nesse sentido, entender melhor como os medicamentos afetam os oligodendrócitos é um foco de pesquisa bastante promissor. “Eles constroem a bainha de mielina, uma camada de proteção que proporciona um funcionamento correto da transmissão de sinais pelos neurônios”, aponta Silva.

Inicialmente, o trabalho busca analisar a ação de dois antidepressivos no cérebro: a Mirtazapina e Bupropiona. Para entender como eles impactam na sobrevivência e na atividade dos oligodendrócitos, os pesquisadores expõem essas células aos medicamentos e procuram por diferenças no funcionamento das estruturas tratadas, como mudanças na produção de proteínas ou nos mecanismos de comunicação celular. “Essas drogas atuam muito fortemente nos neurônios, mas não se sabe se os oligodendrócitos expressam os receptores necessários para receber os efeitos dos medicamentos. Se expressam, será que existe algum efeito nas vias bioquímicas dessas células?”, resume Lívia.

A pesquisadora aponta que esse estudo representa um grande avanço na compreensão dos transtornos depressivos, já que os trabalhos anteriores sobre depressão ainda não conhecem completamente o papel dos oligodendrócitos nessa doença. “A literatura já mostra que os oligodendrócitos ficam alterados durante a depressão, mas pouco se sabe sobre o que muda e por que muda”, diz. “Ainda não existem estudos que focam em oligodendrócitos e antidepressivos. O trabalho com esses antidepressivos também é inédito”, acrescenta. Dessa forma, os resultados do projeto podem colaborar para o desenvolvimento de métodos de tratamento diferenciados que podem atender pacientes que não respondem bem às medicações clássicas.

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