Arquivos João Lazera - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/joao-lazera/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Mon, 27 Jun 2022 12:21:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Rock in Rio Lisboa: o dia dos “tios” https://canalmynews.com.br/mais/rock-in-rio-lisboa-o-dia-dos-tios/ Mon, 27 Jun 2022 12:21:04 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30857 O terceiro dia do Rock in Rio Lisboa 2022 foi marcado por uma maioria de atrações com apelo à geração que viveu seu auge da juventude nos anos 80, reunindo nomes como A-HA, UB40 Feat. Ali Campbell e Duran Duran.

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Depois de um primeiro fim de semana de muito sucesso, que reuniu mais de 150 mil pessoas em dois dias de festival, o Rock in Rio Lisboa 2022 retomou as atividades neste sábado com um desfile de grandes nomes que marcaram época nos anos 80, criando uma atmosfera mais diversa, talvez nostálgica, mas não menos empolgada.

Como o festival é também sobre a plateia, não deixava de ser curioso perceber, com certa frequência, três gerações de uma mesma família caminhando, confraternizando e cantando juntas. Um cenário auspicioso nos tempos em que vivemos, sem dúvida.

O lineup previa a abertura do Palco Mundo pelos britânicos do Bush, seguidos pelo UB40 feat. Ali Campbell, pelo A-HA e, por último, os Duran Duran.

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A-HA no Rock in Rio Lisboa. Foto: Divulgação Rock in Rio Lisboa

 

 

 

 

 

Os estranhos no ninho

Dado o contexto da escalação de sábado, a escolha da banda Bush para abrir os trabalhos no Palco Mundo soava estranha.

A banda britânica formada no começo dos anos 90, com inspirações no punk do “The Clash”, “Sex Pistols” e, mais propriamente, nas bandas grunge de Seattle que lhe são contemporâneas, como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, não tinha o mesmo apelo geracional das demais que se apresentariam na sequência.

O próprio estilo de sua obra – denominada de pós-grunge por alguns especialistas – nem sempre de forma elogiosa, é verdade, pouco tinha a ver com a atmosfera que se instalaria naquela tarde/noite.

Ignorando o lado vazio do copo, o Bush tomou de assalto a plateia, apostando na presença de palco do seu líder – o vocalista Gavin Rossdale, e no peso da guitarra de Chris Traynor, formando uma aglomeração tímida, mas engajada nas cercanias do palco.

De um modo geral, no entanto, o forte calor e a dispersão do público que, em certa medida, resvalava nas fronteiras da indiferença, comprometeram a eloquência da apresentação.

Apesar disso, por seus próprios méritos, a banda entregou um show competente, aproveitando o seu repertório como um todo. Talvez tenham cometido um erro ao apostar em várias faixas do álbum mais recente (Kingdom, 2020) e ter deixado de fora da apresentação músicas como “Swallowed”.

Mas, boa parte dos hits que alavancaram milhões de cópias vendidas (na época em que o sucesso ainda era apurado assim) foram executados – como Machinehead e Glycerine, por exemplo, além da mais recente “Bullet Holes”, que fez parte do filme “John Wick – Parabellum”.

É um fato que a banda se esforçou muito para agradar.

Gavin em mais de uma vez interagiu com o público – agradecendo as pessoas que levaram cartazes e cantaram as músicas, tomou uma cerveja do patrocinador do evento – ressaltando que os ingleses gostam de uma gelada (no calor que estava, impossível que fosse de outro jeito), e, como num último apelo para esquentar a apresentação, deixou o palco e correu em meio as pessoas enquanto Traynor segurava o show com a sua guitarra.

No fim, foi um bom show de abertura que poderia ter um efeito melhor, caso a programação subsequente fosse outra.

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No ritmo do “reggae melódico”

Passado o intervalo, subiu ao palco o UB40 – em uma formação que conta apenas com participação do vocalista Ali Campbell da banda original, para trazer para o ambiente um pouco mais de paz e amor.

O ritmo de reggae e ska, empurrado para o pop no mais das vezes, funcionou perfeitamente para o público, agora muito mais envolvido e participativo.

Ali Campbell sentiu o clima e, jogando em casa, flutuava pelo palco como se estivesse de volta aos anos 80, sendo acompanhado pela plateia com palmas e vozes, contando com a iluminação intimista das lanternas dos celulares.

O tour na vibe “De volta ao passado” se esbaldou em covers icônicos de músicas de Neil Diamond, Sonny & Cher, Al Green e Elvis Presley.

Por falar neste último –agora ainda mais em evidência, dada a iminência da estreia da película “Elvis”, a balada “Can´t Help Falling in Love” foi o momento mágico do concerto e trouxe a certeza de que o terceiro dia de festival tinha realmente começado.

A-HA atemporal

 A seguir, a banda formada pelo trio Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy, quase todos sexagenários – é importante ressaltar, entregou uma performance de altíssimo nível.

Quem esperava algo preguiçoso, meio que emulando um cover de si mesma, como parece ser a tônica de muitas bandas antigas, se surpreendeu positivamente com o show focado e visceral entregue pelo A-HA no Parque da Bela Vista. A impressão que deu é que o know how dos noruegueses e a paixão pelo ofício não envelheceram um dia sequer.

A apresentação seguiu um roteiro estudado para conquistar a plateia aos poucos, dando pílulas das faixas mais conhecidas do repertório para provocar um envolvimento crescente, marcando território com trechos que ficarão na lembrança, como quando dedicaram “Crying in the rain” às vítimas do atentado ocorrido em Oslo na noite anterior. “É um dia triste na Noruega” – disse Magne, visivelmente emocionado, para depois dar ao público uma das melhores exibições da canção.

E o ritmo seguiu alternando os vários momentos da banda, valendo o destaque para a execução de “Hunting High and Low” – iniciada de forma simples, baseada no piano e nos vocais, para irromper com a atuação completa da banda, acompanhada pelas vozes dos milhares de espectadores.

O auge se deu ao fim, com “Take On Me”, o momento mais esperado da noite. Era fácil ver as pessoas comentando e pedindo baixinho para que fosse a próxima a ser tocada. Quando soaram os primeiros sons da introdução, a sensação era de gol decisivo e o comportamento do público idem. O plano dos noruegueses – se é que existiu, de fato, deu certo. Muito certo.

duran duran rock in rio lisboa

Duran Duran no Rock in Rio Lisboa. Foto: Divulgação / Rock in Rio Lisboa

O luxo do Duran Duran

 O show mais esperado da noite, a banda britânica pop/new wave Duran Duran fez por merecer a espera e a idolatria.

Da atitude ao figurino, da escolha do repertório ao comportamento no palco, o Duran Duran deu uma aula de como desfrutar do seu imenso e aclamado acervo de 40 anos de canções, com a audácia de demonstrar que os sexagenários fizeram, fazem e continuarão fazendo boa música.

De “A View to Kill”, que fez parte do James Bond de 1985, passando por “Notorious” e “Friends of Mine”, passando por “Ordinary World” – em dedicação emocionada ao povo da Ucrânia, Simon Le Bon e sua turma brindaram o público com uma grande atuação, apesar de alguns senões na voz de Le Bon em alguns momentos mais exigentes.

Falo em atuação pois não é só do desfile de sucessos que viveu o Duran Duran, mas sim da performance magnética que nos permite compreender que nem só da perfeição técnica vive o espetáculo.

O final do show foi muito bem estruturado, com a execução de “Girls on Film” em uma versão mixada com “Acceptable in the 80´s”, de Calvin Harris e uma volta para o bis com “Save a Prayer”, pouco depois de pedir orações pela Ucrânia, e o ápice com “Rio”, fechando com chave de ouro o terceiro dia de festival.

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Rock in Rio Lisboa: Muse foi o show mais aguardado do primeiro dia https://canalmynews.com.br/mais/rock-in-rio-muse/ Sun, 19 Jun 2022 18:58:46 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30233 A espera pela banda inglesa Muse valeu cada minuto. A nova música de trabalho “Will of the people” abriu o show em tom frenético e com os integrantes mascarados.

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A abertura do Rock in Rio Lisboa 2022 reservava no lineup de seu palco principal nomes pesados da música como Liam Gallagher e Muse, mas também uma das queridinhas da cena indie, a banda americana “The National”.

Quem foi ao palco Mundo não se decepcionou.

A atmosfera do festival obedeceu a uma crescente a partir da apresentação de Liam Gallagher que, apesar de separado do irmão Noel, fez bom uso do consagrado acervo do Oasis para construir a sua apresentação, aproveitando a potência dos hits “Hello” e “Rock n’ Roll Star”, variando com músicas de sua carreira solo.

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Ainda sob sol forte, conseguiu de forma competente dosar o ânimo do público. Em certo momento, testou o carinho da plateia ao reconhecer a sua falta de intimidade com o idioma e, na sequência, prestando reverência ao público português ao mencionar seu amor pelos lusos Bernardo Silva e Ruben Dias, jogadores do seu time de coração e atual campeão inglês Manchester City, dedicatória que foi emendada com “Better Days”.

Quando sentiu a queda da empolgação da plateia, deu nova carga no arsenal do Oasis e entoou “Slide Away”, elevando a temperatura do concerto.

O auge veio com a já clássica “Wonderwall”, na qual foi acompanhado em coro pelo público presente, que o ajudou a fechar a conta com “Cigarretes & Alcohol”.

Na sequência de Gallagher, a sensação era de que a banda The National entregaria algo mais ameno naquele começo de noite, como que um bom interlúdio para o show de Muse. A entrega da banda, materializada na atuação performática de seu vocalista – Matt Berninger, e no vasto repertório, cativou o público e trouxe ainda mais gente para perto do palco.

Faixas como “I Need My Girl” e “This is the Last Time”, do album “Trouble will find me”, que são músicas profundas e intimistas, aparentemente talhadas para os teatros, funcionaram perfeitamente no festival. Era palpável a emoção multiplicada pelas milhares de vozes, que se avolumavam nas muitas vezes em que Matt descia do palco, como que para sentir aquilo mais de perto. Outro ponto alto foi quando executaram “Mr. November”, faixa do álbum “Alligator” que, ainda que mantenha a pegada romântica, tem uma atuação marcante da bateria de Bryan Devendorf ao lado do impecável vocal, dessa vez mais pronunciado, de Matt Berninger.

Sendo o menos mainstream dos shows do palco Mundo no dia da abertura, The National fez uma grande apresentação e, certamente, angariou um lugar especial no coração de quem não era tão íntimo da produção da banda.

O último e mais aguardado show era da banda inglesa Muse. E ele valeu cada minuto. Iniciado em tom frenético e com os integrantes mascarados, a nova música de trabalho “Will of the people” – que dá nome ao álbum mais recente, trouxe um peso ainda inédito no dia, entregando doses cavalares tanto de qualidade de som, quanto de presença de palco. Nem os problemas técnicos ocorridos durante a execução de “Interlude” foram capazes de diminuir o ritmo da apresentação, que manteve o sarrafo alto ao trazer riffs icônicos de “Back in Black”, do AC/DC, e de “Know your Enemy”, do Rage Against de Machine em “Hysteria”, já debaixo de chuva.

O guitarrista e vocalista Matthew Bellamy, por sinal, estava em uma grande noite. Mostrou a habilidade que lhe é peculiar e, como o capitão do time, tudo passou por ele e pela potência da sua apresentação: riffs nervosos e a voz marcante.

A escolha de repertório foi mais um ponto a favor: apostou em músicas fortes que dão um panorama da trajetória da banda como “Supermassive Black Hole”, “Madness” e “Uprising”, sabendo, cuidadosamente, enxertar referências famosas de músicas do Slipknot (“Duality”) e do Rage Against the Machine – que voltou a ser homenageado mais adiante, quando a banda executou “Stockholm Syndrome” (riffs de “Township Rebellion” e “Calm Like a Bomb”).

O fechamento do show é outro ponto alto, na medida em que parece acelerar na reta final de uma montanha-russa ao interagir com o público em “Starlight” ou com Murph, the robot em “Kill or be Killed” – mais uma faixa nova (uma pedrada, diga-se), para encerrar, de forma apoteótica, com o clássico “Knights of Cydonia”.

É difícil comparar edições e festivais sem esbarrar em escalas ou sem melindrar preferências, mas o fato é que, a julgar pela primeira noite do Rock in Rio Lisboa 2022, o festival veio para recuperar o tempo perdido e fazer história.

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