Arquivos Marinete Veloso - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/marinete-veloso/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Tue, 07 Jun 2022 15:02:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Livro Menopausa, de Mariza Tavares, desmistifica tabus do corpo feminino https://canalmynews.com.br/marinete-veloso/livro-menopausa-de-mariza-tavares-desmistifica-tabus-do-corpo-feminino/ Mon, 23 May 2022 13:54:01 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=28606 Mariza Tavares explora o tema menopausa em seus variados aspectos, desde os ligados à saúde física e emocional, até os de ordem comportamental e de costumes.

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Viver o fim da juventude é enfrentar um luto. Mas ao invés de mirar nas perdas provenientes do envelhecimento, as mulheres devem buscar novos caminhos e ressignificá-los, de forma a encontrar equilíbrio, autoestima e autoconfiança, explica a jornalista Mariza Tavares, em seu recente livro Menopausa. Além disso, diz ela, existe também a necessidade de mais pessoas se aprofundarem neste assunto por ser um tema relevante, como mostram as estatísticas.

Segundo Mariza, haverá em 2025 cerca de 1 bilhão de mulheres no planeta entre a pré-menopausa e o pós-menopausa, o que se traduzirá por um contingente de consumidoras gastando perto de 600 bilhões de dólares em medicamentos, produtos e consultas médicas. No Brasil, a esta perspectiva de consumo soma-se o elemento longevidade: a expectativa de vida das mulheres atingiu 80 anos de idade em 2019, face aos 55 anos registrados em 1960, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Já no início de seu livro, a jornalista enumera alguns dos sintomas da menopausa, período que pode estender-se por até 10 anos: ondas de calor, suor noturno, enxaqueca, pele seca, unhas rachadas, cabelos quebradiços, ressecamento vaginal, aumento de gordura na região do abdômen, redução da libido, fadiga, insônia, ansiedade, irritabilidade e lapsos de memória são os mais perceptíveis.

Doenças cardiovasculares, reumáticas ou neurológicas, como Alzheimer, artrose e osteoporose encabeçam a lista dos males que surgem com o avanço da idade. Nas mulheres, as cardiovasculares -que inclui o Acidente Vascular Cerebral (AVC), causa frequente de óbitos masculinos – aparecem bem à frente do câncer de mama.

“O infarto é mais letal nas mulheres. As artérias femininas têm menor calibre, são mais estreitas. Ao contrário dos homens, nos quais o infarto está sempre associado a uma forte dor no peito, nas mulheres pode apresentar sintomas como náusea, queimação no estômago, cansaço ou dor nas costas”, observa Mariza.

Já a osteoporose, explica, se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea e alterações na arquitetura dos ossos. “A densidade ou massa óssea aumenta progressivamente até os 30 anos, quando os ossos são mais fortes, mas a taxa de perda óssea se acelera após a menopausa. Os ossos ficam mais porosos e menos resistentes”, observa, chamando a atenção para a ocorrência de perda de massa muscular conforme o corpo envelhece.

Para combatê-la, escreve Mariza, é preciso ingerir menos calorias e fazer exercícios físicos. “O sedentarismo alimenta a marcha lenta do metabolismo e a consequência é uma dificuldade maior para se livrar de quilos extras”, adverte, exaltando os benefícios da prática de exercícios físicos: aceleram o metabolismo e queimam o excesso de gordura, reduzem o risco de doenças cardíacas, aumentam a flexibilidade e a força muscular, além de liberarem endorfinas, melhorando a disposição e diminuindo o estresse.

Livro Menopausa de Mariza Tavares. Reprodução (Divulgação)

A exposição ao sol também é fundamental, lembra Mariza, porque apenas de 10% a 20% da vitamina D necessária ao organismo provém de dietas. Neste ponto, Mariza traz uma informação surpreendente e desconhecida pela maioria das mulheres. Segundo ela, ao contrário do que antes se supunha, o melhor sol é aquele no período das 10 às 16 horas, pois os raios de sol do começo da manhã ou do fim da tarde são fracos e não têm intensidade necessária para estimular a produção de vitamina D.

Outro ponto destacado por Mariza Tavares diz respeito ao sono. “Apenas o cérebro adormecido é capaz de limpar com eficiência os produtos residuais gerados durante a vigília ativa”, pondera, acrescentando que aspectos comportamentais e condições inadequadas correspondem a 70% dos casos de insônia. Mariza cita uma pesquisa que acompanhou 8 mil pessoas durante 25 anos, realizada no Reino Unido. O resultado mostrou que dormir menos de seis horas por noite aumenta a probabilidade de desenvolver demência perto dos 80 anos.

Com vasta experiência profissional, entre elas a de diretora-executiva da rádio CBN durante 14 anos, responsável pela criação do programa 50 Mais CBN em companhia do médico Alexandre Calache e da jornalista Mara Luquet, Mariza Tavares explora o tema menopausa em seus variados aspectos, desde os ligados à saúde física e emocional, até os de ordem comportamental e de costumes.

Os capítulos do livro são curtos, agrupados didaticamente em grandes temas como Corpo, Emoções, Relações e Sexo, entre outros, o que facilita não apenas a fluidez na leitura, mas a compreensão dos subtemas que deles derivam.

Tópicos que podem suscitar polêmicas de ordem moral ou religiosa, como masturbação e vibradores são explicados pela autora de forma natural e aberta, sem julgamentos, nem preconceitos. Sobre sexo virtual, por exemplo, revela que sua prática vem deixando de ser tabu e o conteúdo erótico on line passou a apimentar os relacionamentos.

Mariza informa, por exemplo, que o mercado de vibradores triplicou de 2019 para 2020: “Durante a pandemia, as vendas cresceram em média 10% com novos consumidores, como os millenials”. Ela sugere que a mulher deve encarar sem reservas a ajuda da indústria farmacêutica e sair do negacionismo no estilo ‘não-vou-precisar-disso’. “Quem ficar com vergonha de avaliar os produtos disponíveis nas farmácias poderá analisá-los na internet”, observa.

Sobre o Alzheimer, Mariza conta que a doença representa de 60% a 70% dos diagnósticos de casos de demência no mundo e que aproximadamente dois terços são em mulheres. Ela divulga o alerta da Conferência da Associação Internacional de Alzheimer de 2021: fatores de risco para o desenvolvimento de demências como altos índices de gordura corporal e açúcar no sangue, além do tabagismo, contribuirão com um aumento de 6,8 milhões de pacientes até 2050, quando a OMS estima que o planeta baterá a marca de 152 milhões de enfermos.

Marisa ressalta que cada pessoa tem um ritmo próprio de envelhecimento, no qual a genética desempenha papel relevante, mas não determinante. Estilo de vida, estresse e traumas emocionais, assim como doenças, interferem na idade biológica. A jornalista se insurge contra a atual ditadura do rejuvenescimento propagandeada em todas as camadas sociais. “Vivemos numa sociedade na qual o mantra é permanecer jovem a qualquer custo, o que dá à menopausa a pecha de defeito a ser ocultado e corrigido.” Para Mariza, menopausa é um estágio da vida, e não uma condição de saúde. “Não se trata de um fecho, e sim de um portal para ser transposto e degustado.”

“Menopausa”, Mariza Tavares, Editora Contexto, São Paulo, 128 páginas, R$ 39,90.

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Jamil Chade lança livro com artigos sobre início da pandemia da Covid-19 https://canalmynews.com.br/marinete-veloso/jornalista-jamil-chade-lanca-livro-com-artigos-sobre-inicio-da-pandemia-da-covid-19/ Fri, 25 Mar 2022 14:17:58 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26912 Publicação reúne artigos de Jamil Chade publicados no jornal El País e no portal UOL entre o início da pandemia da Sars-Cov-2, em março de 2020, até junho de 2021.

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Por suas dimensões físicas está quase no padrão de um livro de bolso, mas seu conteúdo abriga uma enormidade de informações densas e veementes sobre o mundo atual. Assim é Luto, que o jornalista Jamil Chade, baseado em Genebra, Suíça, lança no Brasil neste final de março.

A obra reúne seus artigos publicados entre março de 2020, início da pandemia de Sars-Cov-2 até junho de 2021, para o jornal El País e o portal UOL. Didaticamente, são apresentados na ordem cronológica dos acontecimentos, o que auxilia o leitor na reconstituição imediata daqueles turbulentos quinze meses.

As ideias de Chade, engenhosamente concisas e bem fundamentadas se traduzem em uma prosa leve e ágil, de impressionantes clareza e objetivismo. Ele domina magistralmente a linguagem e sabe empregá-la ora como provocador, ora como observador à distância, mas nunca com isenção ou alheio aos fatos. Escreve com a paixão dos que acreditam na vida, no ser humano e não se furta hora alguma de expressar sua opinião sobre o que vê à sua volta.

A proposta de Luto está estampada no subtítulo da impactante capa: reflexões sobre a reinvenção do futuro. Mas que futuro será esse, considerando-se que o livro cobre o período de quinze sombrios meses de uma pandemia que devastou o mundo? Como o próprio Chade esclarece, Luto não é um livro sobre a pandemia, mas sobre a luta de reinventar o futuro, pois não há outra opção. “Em jogo está nossa sobrevivência”, desafia, acrescentando: “Para que eu sobreviva, meu inimigo precisa ser vacinado. Para que a rica Suíça esteja segura, Uagadugu, em Burkina Fasso, precisa receber vacinas”.

“Luto. Reflexões sobre a reinvenção do futuro”, de Jamil Chade, pele Editora ContraCorrente. Foto: Reprodução

No espaço de tempo 2020 e 2021 retratado na obra, Chade vê aí “o ato fundador do século 21”, quando a era do mundo infinito e do progresso ininterrupto chegaram ao fim. “Inicia-se a era do reconhecimento da vulnerabilidade do ser humano no planeta. Consolida-se a noção de que o contrário de uma sociedade pobre não é uma sociedade rica, mas uma sociedade justa”.

Segundo ele, alguns de seus textos foram escritos como uma explosão de indignação, no calor dos eventos; outros “me atormentaram por noites até serem traduzidos ao papel”.

Muitas vezes escreve com furor, como se de suas palavras pretendesse modificar a realidade. Em fevereiro de 2021, escreveu, mais de 181 milhões de doses da vacina tinham sido distribuídas pelo mundo, mas apenas 10 países receberam o equivalente a 75% dos imunizantes, 20% desse total apenas nos Estados Unidos. “Àquela ocasião, outros 130 países ainda viviam a expectativa da primeira dose, numa fila de 2,5 bilhões de pessoas”, denuncia. Ficava claro para ele, ali, que “vida e morte não dependem apenas do avanço da ciência. Mas de quem você é e de onde, por acidente, nasceu.

Simbolicamente, o artigo que dá nome ao livro, se encontra na parte central do exemplar, intitulado “O Luto como resistência”. Neste ponto, Chade faz a seus leitores a pergunta crucial: “De que precisaremos para nos transformar em nação?”.  E ele próprio responde: “Luto como ato de resistência. Um grito de mobilização. O luto, enfim, como insurreição de consciências. Essa sim, uma homenagem real àqueles que morreram e uma chama de esperança para os que permaneceram”.

Impossível não associar o título Basta! do capítulo 14 a esta mesma palavra proferida 47 anos atrás pelo cardeal arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns que, em tom grave e contundente, no interior da Catedral da Sé no Centro de São Paulo, exigia corajosamente um Basta!  à repressão e à ditadura militar, na missa do jornalista Wladimir Herzog. E Chade associa este lancinante grito de Basta! ao momento atual da nação brasileira: “Chegamos ao limite da indecência e da imoralidade. Basta!”. Mas o governo atrelado ao poder no momento “não sabe qual o limite da indecência”.

Ao comentar o Brasil de hoje, Chade é incisivo: “A pior crise sanitária em 100 anos no Brasil poderia ter mobilizado a nação por sua sobrevivência”. Ao invés de proteger seus cidadãos, o governo atuou deliberadamente para ampliar o sofrimento de seu povo.

Jamil Chade escreve com elegância, onde cada palavra tem seu lugar estratégico na frase; não há digressões. Sabe o que vai dizer e o faz com estilo e leveza. E se permite até momentos de reflexões filosóficas, quase líricas: “A mudança e a ciência – ao lado do amor – certamente são alguns dos aspectos mais misteriosos da humanidade. ”

Padre Júlio Lancellotti, que assina o prefácio do livro, diz que as reflexões de Jamil Chade são “um libelo de luta e resistência num tempo assombrosamente difícil”. Segundo Lancellotti, escrever sobre a realidade sem desumanizar a vida é o traço característico do jornalista, que sabe transformar o luto em luta: “Jamil Chade nos ajuda a manter a coragem de lutar e sonhar, indignados, mas com esperança teimosa, que insiste em não desaparecer. ” Ou como diz Zélia Duncan na contracapa da obra: “este livro acredita no que há de humanos em nós, sem deixar de reconhecer nossos tantos descaminhos como semelhantes”.

Os fatos retratados em Luto já aconteceram, são amplamente conhecidos, mas mesmo assim surpreendem e cativam o leitor por suas revelações e sua narrativa instigante. A essência de Luto está exatamente na capacidade de conduzir o leitor por caminhos já trilhados, mas fazendo-o refletir sobre o que está por vir, como quer seu autor sobre a “reinvenção do futuro”.

“A principal divisão no mundo não é entre esquerda e direita. Nem entre religiosos e ateus. Mas entre humano e desumano. É nessa encruzilhada civilizatória que nossa geração no Brasil se encontra”. – Jamil Chade. 

“Luto. Reflexões sobre a reinvenção do futuro”, Jamil Chade, Editora ContraCorrente, São Paulo, 176 páginas, 2022, R$ 45,00.

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