Arquivos Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/por-elaine-patricia-cruz-reporter-da-agencia-brasil/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Sat, 15 Oct 2022 18:51:50 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Começa o Festival Curta de Campos do Jordão https://canalmynews.com.br/mais/comeca-o-festival-curta-de-campos-do-jordao/ Sat, 15 Oct 2022 18:51:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34282 Serão apresentados 125 curtas-metragens até 22 de outubro

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Voltando ao presencial após duas edições realizadas de forma online por causa da pandemia do novo coronavírus, tem início hoje (15) em Campos do Jordão (SP) o Festival de Curta. Em sua oitava edição, o festival idealizado pela Associação Cultural Cineclube Araucária em parceria com a Secretaria Municipal de Valorização da Cultura, vai até o dia 22 no Espaço Cultural Dr. Além, com entrada gratuita.

Nesta edição serão apresentados 125 curtas-metragens. Desse total, 47 foram feitos por mulheres.

Para a cerimônia de abertura, marcada para as 19h de hoje, será exibido o longa Todos os mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra. No encerramento, marcado para as 19h do dia 22 de outubro, será feita uma homenagem à documentarista e professora de cinema Tetê Mattos.

Além de ocorrer de forma presencial, os filmes da sessão competitiva também poderão ser assistidos online no canal do Cineclube Araucária no YouTube. Cada sessão ficará disponível por 24 horas no canal online. As cerimônias de abertura e de encerramento também poderão ser acompanhadas virtualmente, em tempo real, pelo mesmo canal.

O festival também vai promover diversas outras atividades, como lançamento de livros, oficinas e bate-papos. Essas atividades serão realizadas nas dependências do Espaço Cultural Dr. Além.

A lista dos selecionados, a programação e mais informações sobre o festival estão disponíveis no site do evento.

Edição: Aline Leal

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Atualmente 127 afegãos aguardam acolhimento no Aeroporto de Guarulhos https://canalmynews.com.br/brasil/atualmente-127-afegaos-aguardam-acolhimento-no-aeroporto-de-guarulhos/ Sat, 15 Oct 2022 01:53:17 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34266 Eles deixaram seu país em busca de oportunidades no Brasil

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É com diploma na mão e visto brasileiro que centenas de afegãos vem chegando ao país neste ano de 2022. São engenheiros, médicos, servidores, professores, profissionais de alta patente. Pessoas formadas que deixaram tudo em seu país, o Afeganistão, fugindo do poder dos radicais do Talibã, que assumiram o poder no ano passado. Muitas desembarcam no Aeroporto Internacional de Guarulhos em busca de uma oportunidade no Brasil mas, sem condições ou apoio, acabam montando um acampamento e vivendo dentro do aeroporto.

Há pelo menos 10 dias, uma engenheira química afegã fez do Terminal 2 do aeroporto sua casa. Junto com marido, filha pequena,  irmã médica e cunhado, ela fugiu do regime do Talibã, grupo religioso fundamentalista que voltou ao poder após os Estados Unidos (EUA) terem retirado suas tropas do Afeganistão, depois de 20 anos de ocupação. A reportagem da Agência Brasil conversou com ela ontem (13) no aeroporto, mas preserva seu nome por segurança. “Lá estava muito ruim. Quando o Talibã chegou, não pudemos mais ir à escola, à universidade ou ao trabalho”, contou.

“A situação no Afeganistão para as mulheres é muito ruim. É muito e muito difícil para as mulheres viverem no Afeganistão”, acrescentou sua irmã.

Ao chegar ao Brasil, elas receberam alimentos, água, biscoitos para a criança e algumas roupas. Também foram vacinadas contra sarampo, poliomielite e covid-19. Mas, agora, esperam por oportunidades para se estabelecerem por aqui. “Nós esperamos do Brasil, do governo brasileiro, poder ter nossa casa, nosso próprio trabalho e oportunidade”, disse a médica, que também pretende continuar com os estudos.

Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos.
Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos. – Rovena Rosa/Agência Brasil

O Brasil se tornou destino de muitos afegãos desde que, em setembro do ano passado, foi publicada uma portaria interministerial autorizando o visto temporário e a autorização de residência por razões humanitárias.

Os afegãos chegam ao Brasil com a esperança de conseguir um lugar para morar e um emprego. Mas ao desembarcar, nem sempre conseguem receber acolhimento. A prefeitura de Guarulhos, o governo de São Paulo e o governo federal dizem buscar alternativas para atender a essas famílias. Mas logo que entram em território brasileiro, elas acabam assistidas, principalmente, por voluntários.

Um dos que passam dias no aeroporto para ajudar os afegãos é a ativista Swany Zenobini. Desde o dia 19 de agosto, ela tem ido até o local o todos os dias. “Desde a retomada do Talibã ao poder, no Afeganistão, muitos começaram a ser perseguidos e a sofrer retaliações. Uma das formas para fugir disso é saindo do país. Como o Brasil, em setembro do ano passado, deu o visto humanitário, deu chance para essas pessoas virem para o Brasil, muitos optaram pelo nosso país”, explicou ela à reportagem da Agência Brasil.

“Neste ano, a partir de julho, começou um boom muito grande de afegãos chegando ao Brasil. A prefeitura de Guarulhos não consegue comportar todos eles. A cidade de São Paulo, que é próxima e grande, também não consegue comportar. Cidades do interior não estão preparadas para a situação, até porque a crise humanitária nunca avisa que vai acontecer. Mas a gente, minimamente, deveria estar preparado, já que o Brasil é signatário de convenções internacionais, principalmente de refugiados. Essas pessoas têm chegado ao Brasil e encontrado o chão do aeroporto como forma de acolhimento”, disse Swany.

Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos.
Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos. – Rovena Rosa/Agência Brasil

Diplomados

Em geral, contou, as pessoas que chegam ao Brasil são homens, jovens e solteiros ou famílias com crianças pequenas. “Todas as pessoas que vieram para cá aparentam ter poder aquisitivo de médio para alto. Alguns falam inglês. Muitos deles são diplomados, com faculdade, mestrado e doutorado”, afirmou.

Segundo a ativista, apesar de fornecer o visto humanitário para essas pessoas, o Brasil erra ao não oferecer atendimento ao desembarcar. “Não existe hoje um fluxo de atendimento e de acolhimento. Não existe perspectiva a longo prazo de se gerar emprego para essas pessoas. Hoje só se pensa em assistencialismo”, reclamou.

Quem também tem ajudado os afegãos no aeroporto é o jornalista e voluntário José Luiz Santiago. “Eles chegam aqui realmente esperando algo melhor como um lugar no mínimo digno para dormir, com banho diário. Mas o que ele encontra aqui é o chão. Aqui é um lugar de passagem e de ida e volta. Aqui não é moradia. O Brasil deveria ter se preparado para recebê-los”.

A Delegacia da Polícia Federal no aeroporto informou que, somente em setembro, 653 afegãos ingressaram no país. Em outubro, até ontem (13), foram 343.

Na manhã de ontem, a prefeitura de Guarulhos conseguiu encaminhar 47 afegãos para um abrigo em Morungaba, na região metropolitana de Campinas, interior paulista. Com isso, até o final da tarde de ontem, 127 afegãos permaneciam abrigados no aeroporto, informou a administração municipal.

MPF

Nesta semana, o Ministério Público Federal cobrou explicações dos governos federal e estadual e da concessionária que administra o aeroporto sobre a situação dos afegãos acampados no aeroporto. Segundo o órgão, o grupo que vive em situação precária tem aumentado nos últimos meses “à medida que novos conterrâneos desembarcam no Brasil, fugindo das violações a direitos humanos perpetradas em seu país de origem pelo regime fundamentalista do Talibã. Todos possuem visto humanitário, mas devido a dificuldades financeiras e de comunicação, muitos não têm escolha senão permanecer no terminal”, disse o MPF.

O Ministério Público Federal informou que vem conduzindo reuniões interinstitucionais nas últimas semanas, mas cobrou o governo federal que é preciso melhor coordenação e prestação de apoio material para atender as pessoas.

De acordo com o MPF, a Lei nº 13.684/2018 estabelece que cabe aos três entes federativos adotar medidas que proporcionem direitos básicos a esses refugiados, tais como proteção social, atenção à saúde e qualificação profissional.

“O governo federal, que emitiu os vistos humanitários, precisa, conforme determina a lei, coordenar os trabalhos com os demais entes federativos de modo a evitar situações tão graves como a atual onde, nesse momento, crianças e bebês afegãos estão em situação de total vulnerabilidade no saguão do aeroporto. Isso é inadmissível”, disse o procurador da República Guilherme Rocha Göpfert. Ele convocou uma nova reunião interistitucional para hoje (14) para debater soluções para esse problema.

Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos.
Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos. – Rovena Rosa/Agência Brasil

Guarulhos

A prefeitura de Guarulhos informou que seu trabalho é realizar a primeira acolhida às famílias afegãs recém-chegadas ao Brasil, oferecendo alimentação com café da manhã, almoço e jantar de todas as pessoas que ali estão, além de kits de higiene e cobertores. No entanto, informou a administração municipal, a cidade de Guarulhos não tem mais vagas disponíveis para receber essas famílias. “As demais vagas para acolhimento são gerenciadas pelo governo estadual, que já atingiu sua capacidade máxima”, informou.

“Vale ressaltar que, justamente por conta da alta demanda, Guarulhos abriu, emergencialmente, no dia 10 de agosto, a Residência Transitória para Migrantes e Refugiados, local que tem capacidade de abrigar 27 pessoas e no momento também está lotada. Na última sexta-feira (7), para acolher algumas famílias com idosos, deficientes e grávidas que estavam no aeroporto, nós abrimos mais 20 vagas de forma completamente emergencial”, informou a prefeitura de Guarulhos.

Um posto avançado de atendimento humanizado ao migrante foi montado no aeroporto para atender os refugiados. Segundo a prefeitura, entre janeiro e setembro, o posto atendeu 1.101 afegãos. Só entre os dias 1º e 10 de outubro, 142 afegãos passaram por ele.

Ministério das Relações Exteriores

O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha com atenção o aumento no número de afegãos que estão chegando desde setembro do ano passado, quando o país adotou a portaria que estabelece a concessão de visto temporário a afegãos para fins de acolhida humanitária.

O Itamaraty informou que, desde a publicação da portaria até hoje (14), já foram autorizados 6.299 vistos a afegãs e afegãos. Na maioria dos casos, ia vinda ao Brasil “foi intermediada por organizações da sociedade civil, que os recebem e promovem sua integração local”.

O restante, de acordo com o órgão, chega ao país em situação de vulnerabilidade. “Preocupado com o acolhimento dessa parcela minoritária, o Itamaraty tem mantido contatos com organismos internacionais especializados para promover ações de capacitação que possam apoiar as entidades da sociedade civil nesse desafio. O primeiro ciclo de capacitação deve ocorrer entre outubro e novembro”, informou.

Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos.
Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos. – Rovena Rosa/Agência Brasil

Ministério da Cidadania

O Ministério da Cidadania informou à reportagem que a prefeitura de Guarulhos foi contemplada com portaria expedida no dia 5 de outubro e vai receber recursos emergenciais. Segundo a pasta, R$ 240 mil foram enviados para a prefeitura, nesta semana, para atendimento a 100 imigrantes em situação de vulnerabilidade. “O repasse de recursos federais é destinado ao acolhimento provisório do público e atendimento de necessidades imediatas, promovendo atendimento socioassistencial especializado e integral, visando promover sua inclusão nas demais ofertas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e apoio ao acesso a direitos”, disse o ministério.

A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informou que o acolhimento dos afegãos é feito pela prefeitura de Guarulhos, que montou um posto avançado de atendimento humanizado ao migrante no mezanino do terminal 2 do aeroporto. “A concessionária tem contribuído no suporte à realização de procedimentos de higiene pessoal e manutenção de limpeza do espaço, além de reportar os fatos constantemente ao Ministério Público Federal”, informou a concessionária.

Secretaria de Justiça e Cidadania

A Secretaria de Justiça e Cidadania do estado de São Paulo, por sua vez, informou que é responsável pela regularização de documentos. “A pasta esclarece que o apoio à documentação aos afegãos está sendo realizado com orientação do governo de São Paulo, das prefeituras de São Paulo e Guarulhos, das Organizações da Sociedade Civil Cáritas, Missão Paz e ACNUR, que auxiliam com os pedidos junto à Polícia Federal”, informou.

Ainda segundo a secretaria, um mutirão foi realizado no dia 30 de setembro para emissão de documentos. E um novo mutirão será realizado na próxima segunda-feira (17) para regularização de documentação dos afegãos que estão em um hotel, na zona leste.

Secretaria de Desenvolvimento Social

Também procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que está investindo R$ 2,8 milhões para criar novas vagas de acolhimento aos refugiados até dezembro, sendo estruturada uma Casa de Passagem em Guarulhos. A casa será localizada próxima ao aeroporto da cidade.

Segundo a pasta, o estado de São Paulo acolheu 123 afegãos, somente neste ano, na Casa de Passagem Terra Nova, na cidade de São Paulo. No entanto, 41% dos afegãos acolhidos deixaram o acolhimento e mudaram de país, fazendo apenas uma escala no Brasil. Essas vagas foram ocupadas por outros refugiados. “As vagas de acolhimento são rotativas e o tempo de permanência varia. Eles ficam de uma semana a 18 meses, por exemplo. Essas pessoas podem permanecer nos equipamentos por tempo indeterminado até comprovarem condições de moradia autônoma”, informou.

Edição: Maria Claudia

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Massacre do Carandiru completa 30 anos https://canalmynews.com.br/brasil/massacre-do-carandiru-completa-30-anos/ Sun, 02 Oct 2022 15:31:17 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34038 Projeto na Câmara dos Deputados quer anistiar policiais envolvidos

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Há 30 anos, o sistema prisional brasileiro vivenciou o maior massacre e a maior tragédia de sua história. Na tarde do dia 2 de outubro de 1992, por volta das 14h, véspera de eleições municipais, dois detentos brigaram no Pavilhão 9, na Casa de Detenção de São Paulo, um complexo penitenciário que foi construído nos anos 1920, no bairro do Carandiru, na zona norte de São Paulo. O complexo era formado por sete pavilhões. Na época, 7.257 presos viviam no local, 2.706 deles só no Pavilhão 9, onde estavam encarcerados os réus primários, aqueles que cumpriam sua primeira pena de prisão ou que ainda aguardavam julgamento.

A briga entre os detentos logo se generalizou e se transformou em uma rebelião. Foi então que a Polícia Militar (PM) foi chamada para conter o conflito. Após a falha em uma tentativa de negociação com os presos, o comando policial decidiu entrar no local com metralhadoras, fuzis e pistolas.

Meia hora depois da entrada da PM, “as metralhadoras silenciaram”, contou o médico Drauzio Varela, em seu livro Estação Carandiru. O resultado da violenta ação policial no local, que mais tarde ficou conhecido como o Massacre do Carandiru, foi a morte de 111 detentos, sendo que 84 deles sequer tinham sido julgados e condenados por seus crimes. Nenhum policial morreu na ação.

Julgamentos

A responsabilidade pela ação policial só começou a ser julgada quase dez anos depois. Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou a operação no Carandiru, foi condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 prisioneiros do complexo penitenciário. A defesa do coronel recorreu da sentença e ela foi revertida, sendo anulada pelo Tribunal de Justiça em 2006.

Depois disso, outros cinco julgamentos, realizados por meio de Tribunais do Júri, ocorreram entre os anos de 2013 e 2014. Por ser um processo que envolvia uma grande quantidade de vítimas e uma grande quantidade de réus, o julgamento foi desmembrado em quatro partes [que correspondiam a cada um dos andares do pavilhão 9] e, ao final deles, 73 policiais foram condenados pelas 111 mortes a penas que variavam de 48 a 624 anos de prisão. Um quinto policial da Rota, que já estava preso por homicídio de travestis, teve seu caso julgado de forma separada porque sua defesa pediu que ele fosse analisado em laudo de insanidade mental e, em dezembro de 2014, ele também foi condenado.

A defesa dos policiais decidiu recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo, pedindo a anulação dos julgamentos. A alegação da defesa era de que não seria possível individualizar a conduta dos policiais, dizendo quais deles efetivamente teriam efetuado os disparos ou quais policiais teriam sido responsáveis pela morte das vítimas.

Em 2016, três desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal do Júri, responsáveis pelo recurso da defesa dos réus, decidiram anular os julgamentos anteriores entendendo que não havia elementos para mostrar quais foram os crimes cometidos por cada um dos agentes. O relator do processo defendeu que os policiais agiram em legítima defesa.

O Ministério Público recorreu da sentença. Anos depois, o processo finalmente chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). E, em agosto deste ano, o ministro Luís Roberto Barroso decidiu manter a condenação dos policiais militares.

“Na questão sobre a validade das condenações, a decisão é final, ou seja, os jurados condenaram os réus nos júris, o Tribunal de Justiça anulou, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) revalidou as condenações e o STF recentemente confirmou isso [as condenações]. Mas existem questões de pena que voltarão para o Tribunal de Justiça para serem discutidas”, explicou o promotor Márcio Friggi, em entrevista à Agência Brasil. “Isso vai gerar um novo acórdão para o tribunal, uma nova decisão. E, dessa decisão, cabem recursos”, acrescentou.

Isso significa que, apesar das condenações dos policiais terem sido mantidas pelo Supremo, eles não deverão cumprir as penas imediatamente. “De imediato, não [vão cumprir a pena]. Hoje a jurisprudência consolidada é de que só pode cumprir a pena após o trânsito em julgado, ou seja, só após todos os recursos em todas as esferas terem sido encerrados ou tiverem acabado. E ainda temos a possibilidade de recursos sobre essa questão de pena. Não temos mais a possibilidade de termos novos júris porque os júris foram confirmados. Mas podem haver recursos relacionados à pena ou à quantidade da pena”, destacou o promotor, que participou de quatro dos julgamentos relacionados ao caso.

Projeto propõe anistia

Apesar da manutenção das condenações pelo ministro Barroso, os policiais que podem jamais vir a cumprir as penas impostas. Isso por causa de um projeto de lei que tramita atualmente na Câmara dos Deputados.

De autoria do deputado Capitão Augusto (PL-SP), o projeto prevê anistia aos policiais militares envolvidos no caso. O projeto já foi aprovado na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, e agora aguarda a designação de relator para ser examinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso também seja aprovado nessa comissão, ele seguirá para votação no plenário da Casa. Se aprovado, ele ainda precisará ser votado no Senado antes de seguir para sanção do presidente da República.

Na justificativa do texto, o parlamentar argumentou que, durante uma rebelião, os policiais têm que agir de maneira proporcional “para conter a violência dos rebelados e, assim, cumprir sua missão de manter a ordem pública”. Ele ressaltou que o princípio da “individualização da pena” não é respeitado quando os episódios relacionados ao massacre são julgados e os policiais acabam condenados “somente por estarem no local do fato”.

Para o promotor, apesar de a anistia ser uma ferramenta legal e estar prevista na lei e na Constituição Federal, ela não deveria ser utilizada para esse fim. “Esse é um tipo de instrumento político e essa ferramenta não foi criada para isso [para tratar de crimes comuns]”, disse. “Anistia é lei, portanto é uma atribuição do Congresso Nacional, uma decisão política. Mas se o Tribunal do Júri é uma decisão do povo e se a própria sociedade decidiu nesse sentido, como poderiam os representantes desse povo, por meio de mandato, dizer que a sociedade que eles representam errou nesse julgamento?”, questionou o promotor.

“Tivemos um acontecimento de repercussão negativa mundialmente e o que está em julgamento é o caráter de nossa sociedade. Essa é a imagem que ficará dos brasileiros para o exterior”, lamentou Maurício Monteiro, um dos sobreviventes do massacre.

Narrativa em disputa

Na opinião de Frederico de Almeida, professor do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Laboratório de Estudos de Política e Criminologia (PolCrim), o projeto de anistia mostra que a narrativa sobre o massacre continua em disputa. Inclusive politicamente.

O professor citou que, há alguns anos, o comandante da operação policial no Carandiru, o coronel Ubiratan Guimarães (1943-2006) alcançou a suplência nas eleições para deputado utilizando o 111 como seu número nas urnas.

“Do outro lado, nós temos familiares de vítimas, organizações de direitos humanos e sobreviventes do massacre que, durante todo esse período, mantiveram uma luta por memória, por justiça, por responsabilização dos agentes de Estado. Então, isso sempre esteve em disputa e voltou a estar em disputa”, disse.

“A ausência de responsabilização e a dificuldade em se responsabilizar é uma marca dessa disputa, mas é também um sintoma, um sinal de que não só o episódio está em aberto, como também a ideia de direitos humanos”, disse Almeida.

Ele lembra que o massacre ocorreu poucos anos depois da promulgação da Constituição brasileira de 1988, que foi escrita baseada na ideia de construção de um país democrático e nos direitos humanos. “Isso mostra que essa república e essa constituição democrática baseada em direitos humanos já surgiu muito frágil”, destacou.

“E aí nós estamos falando de massacres realizados em presídios, nós estamos falando de chacinas, nós estamos falando de violência contra os povos originários, nós estamos falando de violência contra os trabalhadores rurais sem terra, nós estamos falando de uma letalidade policial cotidiana e crescente. São violências que se reproduzem, se perpetuam e que aumentam na nossa democracia. Essa é uma marca do país e é um desafio que o país não conseguiu superar”, disse o professor da Unicamp.

Agência Brasil procurou os advogados dos policiais. Um deles informou à reportagem que não está mais no processo. O outro não respondeu a nossos pedidos de manifestação.

Edição: Lílian Beraldo

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Furacão causa cancelamento de voos do Brasil para Orlando https://canalmynews.com.br/internacional/furacao-causa-cancelamento-de-voos-do-brasil-para-orlando/ Wed, 28 Sep 2022 21:11:40 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33978 Partidas marcadas para hoje e amanhã são afetadas

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Por causa da aproximação do furacão Ian nos Estados Unidos e com o consequente fechamento do aeroporto de Orlando, as companhias aéreas brasileiras Latam, Azul e Gol tiveram que cancelar voos com destino a Orlando, na Flórida.

Segundo comunicado da Latam, os voos da companhia marcados para hoje (28) e amanhã (29) foram afetados. Com isso, os passageiros que haviam adquirido passagens para os voos de hoje LA8127 – de Orlando (MCO) para São Paulo (GRU); LA2474 – de Lima (LIM) para Orlando (MCO) e LA2473 – de Orlando (MCO) para Lima (LIM) podem optar por alterar a data da passagem sem multa e sem diferença tarifária. Eles também poderão alterar a rota sem multa e com diferença tarifária ou solicitar a devolução da passagem.

Essa flexibilidade, informou a companhia, vai se estender a todos os passageiros de voos entre Orlando ou Miami e o Brasil que acontecerem entre os dias 27 e 29 de setembro.

Em todos esses casos, os passageiros vão poder optar por alterar a data de sua passagem sem multa e sem diferença tarifária ou mudar a rota sem multa e com diferença tarifária. A companhia também pede que os passageiros verifiquem o status de seu voo no site da companhia antes de irem ao aeroporto.

Aeroporto fechado

A Azul também publicou um comunicado em seu site informando que, por causa do furacão, o aeroporto de Orlando estará fechado entre hoje e amanhã. Segundo a empresa, foram cancelados os voos AD8706 (Viracopos-Orlando) e AD8707 (Orlando-Viracopos), previstos para hoje e amanhã.

Em seu site, a companhia solicita aos clientes “que possuem voos nestas datas que se atualizem através dos canais oficiais e não se direcionem ao aeroporto nestas datas”. Segundo a companhia, é possível confirmar o status do voo pelo aplicativo ou no link Minhas Reservas do site, utilizando o código de reserva. Ela também informa que os clientes impactados serão reacomodados em outros voos da empresa assim que a operação no aeroporto de Orlando for retomada.

Segundo a Azul, os clientes que tiverem seus voos cancelados terão direito à flexibilização de regras e alteração da data da viagem, com mesma origem e destino, sem cobrança de taxas.

Já a Gol informou que os voos de Brasília para Orlando previstos para ocorrer entre hoje e amanhã foram cancelados. Ela informou que, para suprir os cancelamentos, criou operações extras, que vão ocorrer nos dias 1º e 2 de outubro.

“Clientes com voo marcado para o dia 28/09 foram automaticamente transferidos para 1º/10; os do dia 29/09, alocados em 2/10. Todos os passageiros estão sendo avisados da mudança pela Gol”, informou.

Ainda segundo a Gol, o voo extra do dia 1º de outubro sairá de Brasília às 12h30, pousando em Orlando às 19h10. O voo extra de retorno, no mesmo dia, decola de Orlando às 20h30, chegando a Brasília às 5h40 do dia seguinte. Já no dia 2 de outubro, o voo adicional partirá às 12h30 de Brasília rumo à Flórida, pousando no mesmo horário, às 19h10. O voo adicional de retorno sai no mesmo dia às 20h30 de Orlando e pousa em Brasília às 5h40 do dia seguinte.

A Gol também solicita que os clientes com voos para Orlando não se dirijam ao aeroporto nesses dias de impedimento. E os passageiros que decidirem pela alteração de seus voos reprogramados para os dias 1º e 2 de outubro podem entrar em contato com a companhia por meio de seus canais oficiais, tanto para remarcação quanto para cancelamento.

A Gol informou, ainda, que os voos entre Brasília e Miami não serão afetados nos próximos dias e permanecerão inalterados.

Edição: Kleber Sampaio

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Pinacoteca abre exposição sobre a modernidade na arte norte-americana https://canalmynews.com.br/mais/pinacoteca-abre-exposicao-sobre-a-modernidade-na-arte-norte-americana/ Sat, 27 Aug 2022 22:53:04 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33359 A mostra reúne 150 obras, de 78 artistas

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No ano em que o Brasil celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário de sua Independência, a Pinacoteca de São Paulo inaugura hoje (27) uma exposição para dialogar com esses dois eventos e examinar como a ideia de modernidade foi elaborada, apresentada e discutida fora do país, especificamente nos Estados Unidos.

A exposição Pelas Ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos 1893-1976 é em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art e reúne 150 obras, de 78 artistas, entre eles, nomes muito reconhecidos da arte mundial como Andy Warhol e Edward Hopper e o fotógrafo Robert Frank. Há também a obra Wanted Poster Series #14, de Charles White (1918-1979), que pela primeira vez tem um trabalho seu exposto no país. A obra questiona os resquícios de uma mentalidade escravista a partir de um pôster do século 19, onde se ofereciam recompensas por escravizados fugidos.

“É uma exposição que a gente pensou especificamente para 2022, ano em que a gente comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna, que é um marco na história da arte brasileira, e também o Bicentenário da Independência do Brasil. Para nós é um momento em que devemos pensar que história da arte brasileira nós desejamos contar com nossa coleção e que arte e que história desejamos para o nosso país?”, disse Jochen Volz, diretor geral da Pinacoteca.

Pelas Ruas é um passeio pelas cidades norte-americanas, mostrando como essa nova concepção artística vai dialogando com a transformação dessas cidades em grandes centros urbanos e com os prédios que se erguiam cada vez mais em direção ao céu. A arte que se apresenta nessa exposição mostra as cidades cada vez mais modernas e os conflitos que vão decorrendo desse crescimento: as multidões, as migrações, as reivindicações sociais, a segregação, os olhares melancólicos de passageiros no transporte público, o entretenimento, a solidão e até mesmo os encontros.

“Há esse momento da migração e da urbanização que, se por um lado, traz muitos problemas sociais e ambientais, também traz uma cultura muito rica, tais como a criação do jazz nos Estados Unidos, da cultura rock pop, dos teatros. E tudo isso está muito presente nessa exposição”, explicou o diretor da Pinacoteca.

A curadoria é de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca; Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation.

“Essa exposição é uma reflexão sobre a modernidade nos Estados Unidos, sobre a arte no século 20 nos Estados Unidos. E ela busca paralelos entre a produção brasileira e a produção norte-americana”, disse Valéria Piccoli, em entrevista à Agência Brasil.

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