Arquivos Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/por-vinicius-lisboa-reporter-da-agencia-brasil/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Sun, 06 Nov 2022 21:11:50 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Pesquisa indica espaço para avançar na adesão de adultos à vacinação https://canalmynews.com.br/brasil/adesao-de-adultos-a-vacinacao/ Sun, 06 Nov 2022 21:11:50 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34545 Foram ouvidos 9.902 adultos no Brasil e em mais oito países

O post Pesquisa indica espaço para avançar na adesão de adultos à vacinação apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>

Uma pesquisa realizada com entrevistados com mais de 50 anos de idade em nove países, incluindo o Brasil, indica que, apesar de preocupadas com a saúde, essas pessoas nem sempre buscam as vacinas disponíveis para se protegerem contra doenças imunopreveníveis.

Para o gerente médico de vacinas da farmacêutica GSK e infectologista Emersom Mesquita, não existe necessariamente uma contradição entre o número de pessoas que se preocupam em fazer check-up de rotina e a alta proporção de pessoas que negligenciam vacinas.

“Isso aponta para o fato de que ainda existe um espaço para o crescimento da importância da imunização do adulto de forma geral. É muito tentador tentar estabelecer uma causa única, mas esse problema da adesão à vacinação sem dúvida é multivariado. Um dos fatores é a percepção de risco. O adulto entende que está saudável e que mesmo que adquira aquela doença infecciosa, não vai evoluir para complicações, quando isso não necessariamente é verdade”, avalia.

O estudo foi realizado pela Kantar, em parceria com a GSK, que produz e comercializa vacinas. Foram ouvidos 9.902 adultos no Brasil, Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, França, Canadá e Japão.

Uma das conclusões que mostram a preocupação dos entrevistados com a saúde é que 81% deles declararam ter feito check-up de rotina nos últimos 5 anos. No Brasil, esse percentual foi ainda maior, e chegou a 89%.

A adesão dos entrevistados à vacina contra a covid-19 também foi considerada positiva: 88% receberam ao menos uma dose do imunizante. Contudo, quando outras vacinas são consideradas, esse número cai substancialmente.

Entre os que responderam ao questionário online nos nove países, somente 56% receberam a vacina da gripe alguma vez nos 5 anos anteriores. Vale ponderar que a pesquisa inclui pessoas com mais de 50 anos de idade, enquanto, no Brasil, a vacina contra a gripe tem como população-alvo os adultos de ao menos 60 anos de idade, entre outros grupos.

O percentual de entrevistados que tomou a vacina contra a pneumonia foi de apenas 14%, e os que se imunizaram contra a herpes zoster chega a apenas 10%. No caso do Brasil, a vacina contra a pneumonia é indicada no Programa Nacional de Imunizações para pessoas a partir dos 60 anos de idade em condições clínicas especiais, como acamados, hospitalizados ou institucionalizados. Para os demais, a vacinação pode ser obtida apenas em clínicas privadas. Já a vacina contra a herpes zoster não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e só pode ser obtida na rede particular.

A pesquisa indica ainda que os profissionais de saúde são uma peça importante na adesão à vacinação, porque 71% dos entrevistados consideram esses profissionais uma fonte-chave de informação.

Além dos 9,9 mil pacientes, a pesquisa ouviu ainda 685 profissionais de saúde nos mesmos países, e 72% deles afirmam que costumam dizer aos seus pacientes que eles estão na faixa etária recomendada para uma vacina. Além disso, 74% dos profissionais da saúde costumam dizer aos seus pacientes que, devido à idade, eles estão em risco aumentado de doenças infecciosas, mesmo que se sintam saudáveis.

Apesar disso, o estudo aponta que nem sempre essa é a melhor abordagem de comunicação. Segundo os pesquisadores, os dados sinalizam que a informação “você precisa de uma vacina porque você está envelhecendo” não motiva os pacientes, enquanto a recomendação “impulsionar o seu sistema imunológico coloca você de volta no controle” é recebida de forma mais positiva.

“Podemos ver que diferentes formas de comunicar são capazes de produzir impactos diferentes com relação à motivação do usuário para se vacinar, e isso é muito importante porque sublinha a importância das estratégias de comunicação. Uma lição importante aqui é que, além do arsenal intuitivo que os profissionais de saúde carregam sobre o tema, esse estudo e outros estudos são necessários para apontar melhores estratégias de comunicação”, disse Mesquista.

Edição: Fernando Fraga

O post Pesquisa indica espaço para avançar na adesão de adultos à vacinação apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Especialistas destacam segurança da vacinação completa contra pólio https://canalmynews.com.br/brasil/especialistas-destacam-seguranca-da-vacinacao-completa-contra-polio/ Tue, 11 Oct 2022 02:07:12 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=34198 Queda nas coberturas vacinais é motivo de preocupação

O post Especialistas destacam segurança da vacinação completa contra pólio apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>

A vacinação contra a poliomielite foi capaz de erradicar a doença de continentes inteiros, evoluiu com a chegada de tecnologias mais avançadas e já mantém a doença longe das crianças brasileiras há mais de 30 anos. Mesmo assim, a queda das coberturas vacinais têm sido motivo de preocupação de pesquisadores da área, que garantem que o esquema vacinal completo proposto pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) protege as crianças contra a paralisia infantil e praticamente anula a possibilidade de ocorrem eventos adversos graves.

No Brasil, todos os bebês devem receber a vacina inativada contra a poliomielite (VIP) aos 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade. Essa vacina é aplicada, de forma injetável, desde 2012, e seu uso trouxe mais segurança à imunização contra a pólio, porque o conteúdo da vacina é o vírus “morto”, inativado, o que afasta qualquer risco de replicação viral após a vacinação.

Já imunizadas com essas três doses, as crianças brasileiras devem receber as famosas gotinhas da vacina oral contra a poliomielite (VOP), aos 15 meses e aos 4 anos de idade, como um reforço na imunização. A praticidade da vacina também faz com que seja a usada nas campanhas de vacinação em massa, como a realizada pelo Ministério da Saúde, entre 8 de agosto e 30 de setembro.

Quando a vacina oral é administrada sem que a inativada tenha sido aplicada antes, há um risco extremamente raro de que o vírus atenuado, presente nas gotinhas, cause eventos adversos, como a própria paralisia, explica a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai. A médica lembra que casos como esse também foram erradicados no Brasil desde que o esquema de vacinação passou a contar com as três doses da vacina inativada.

“Desde que o Brasil iniciou a vacinação com as três primeiras doses [em 2012], não se viu mais nenhum caso de pólio vacinal. Antes disso, a incidência era de um caso a cada 2,450 milhões de doses aplicadas”, explica Isabela Ballalai. “O mais importante é que todas as crianças tenham tomado a VIP, porque elas vão ficar protegidas de vírus vacinal, vão ficar protegidas quando tomarem a VOP e vão ficar protegidas se a gente tiver um surto de qualquer um dos tipos de poliovírus”.

Investigação no Pará

Ao descartar que o caso de uma criança com paralisia flácida aguda no Pará possa ser de poliomielite ocasionada pelo vírus da cepa selvagem, o Ministério da Saúde indicou a possibilidade de o sintoma ter sido causado por uma vacinação indevida. “Na caderneta de vacinação da criança não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), que deve ser administrada anteriormente à VOP (das gotinhas). Em geral, a vacina poliomielite oral (VOP) é bem tolerada, e muito raramente está associada a algum evento adverso grave. Destaca-se que o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e que quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP, esse risco é praticamente nulo”, informou o ministério.

A pasta também divulgou números que comprovam a segurança do esquema vacinal contra a poliomielite. “De 1989 até 2012, de 764 milhões de doses de VOP aplicadas em crianças de todo país ocorreram somente 50 casos de pólio vacinal. A partir de 2012, com a introdução do esquema sequencial VIP/VOP, não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país”.

O caso de paralisia flácida no Pará ainda está sendo investigado pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará e pelo Ministério da Saúde, e outras hipóteses diagnósticas ainda não foram descartadas, como Síndrome de Guillain Barré. Segundo o ministério, a criança foi atendida ambulatorialmente, não chegou a ser internada e evolui bem, com recuperação da força muscular. Outro ponto que a pasta frisa é que o tipo de poliovírus detectado não tem caráter transmissível e não altera o cenário epidemiológico no território nacional, onde não há casos confirmados de poliomielite desde o ano de 1989.

Isabella Ballalai explicou que a investigação a ser realizada passa também pelo sequenciamento do poliovírus encontrado nas fezes da criança. “O fato de o vírus vacinal ter sido encontrado nas fezes de uma criança que tomou a vacina oral não significa que ela esteja com uma paralisia flácida causada pelo vírus. Para ela ter essa resposta, é preciso investigar outras causas, e identificar o sequenciamento desse vírus para saber se é o vírus daquela vacina”, afirma. “Ainda estamos esperando o sequenciamento desse vírus para dar nome e sobrenome a ele”.

A médica acrescenta que casos de paralisia causada por vírus vacinal normalmente estão associados a situações como desnutrição e imunodepressão, e que não há risco de um surto por conta da detecção do poliovírus. “Não tem nenhuma necessidade de pânico, e o que a gente tem que fazer é vacinar as crianças menores de cinco anos, colocá-las em dia com o calendário”.

Coberturas vacinais

Para o presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi, independentemente do resultado da investigação do caso no Pará, é preciso deixar claro aos pais e responsáveis por crianças que o calendário vacinal contra a poliomielite é seguro e deve ser cumprido de forma integral.

“O recado que tem que ficar para os pais é que o esquema de vacinação que o Brasil adota para poliomielite é isento de qualquer tipo de risco uma vez que seja obedecido”, afirmou Sáfadi, que ressaltou a segurança da vacina oral e seu papel na prevenção de dezenas de milhares de casos de paralisia infantil. “Mesmo na época em que a vacinação era feita apenas com essa vacina, [o vírus vacinal] era um evento muito raro, um evento que ocorria uma vez a cada 1 ou 2 milhões de crianças vacinadas. A vacina tanto é segura que contribuiu para eliminar a doença aqui no país há mais de 30 anos”.

A coordenadora do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Patrícia Boccolini, disse que a vacina oral tem uma contribuição importante para o sistema público de saúde e não deve ser temida pelos responsáveis.

“Tanto a VIP quanto a VOP têm um propósito. A VOP é importantíssima para nós, é crucial no nosso calendário”, afirma. “Aqui no Brasil, a gente pensa pelo ponto de vista de que a VOP é prática. Não precisa de nenhum profissional com tanta expertise para aplicar, porque são gotinhas. Ela também é de fácil transporte, fácil refrigeração. Ela tem inúmeras vantagens e inúmeros porquês para a gente ainda estar aplicando”.

A pesquisadora da Fiocruz pede que os pais não deixem de imunizar as crianças com todas as doses previstas no calendário do PNI, porque o Brasil se encontra em uma situação preocupante, com baixas coberturas vacinais para diversas doenças.

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta de 95% do público-alvo pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pandemia da covid-19 impactou as coberturas de diversas vacinas, e esse imunizante chegou a apenas 76,15% dos bebês. Em 2021, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. No Pará, onde foi registrada a suspeita, o percentual foi ainda menor, de 55,73%.

O problema não se limita ao Brasil, e a Organização Pan-Americana de Saúde listou o país e mais sete nações da América Latina como áreas de alto risco para a reintrodução da poliomielite.

Edição: Maria Claudia

O post Especialistas destacam segurança da vacinação completa contra pólio apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Covid-19: vacina brasileira mira variantes e facilidades logísticas https://canalmynews.com.br/brasil/covid-19-vacina-brasileira-mira-variantes-e-facilidades-logisticas/ Sat, 03 Sep 2022 19:10:07 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33470 SpiN-TEC começou a ser desenvolvida em 2020

O post Covid-19: vacina brasileira mira variantes e facilidades logísticas apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>

Oito em cada dez brasileiros já tomaram duas doses ou a dose única das vacinas contra a covid-19 e pouco mais da metade dos brasileiros já recebeu ao menos a primeira dose de reforço. Com tantas pessoas imunizadas, a mortalidade pela doença segue em queda, mas pesquisadores continuam a trabalhar para não perder a corrida contra a evolução genética do coronavírus e continuar a reforçar a imunidade da população no futuro. É o caso da equipe do CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que neste momento reúne os últimos documentos para que um projeto de vacina 100% nacional tenha os testes em humanos iniciados em 2023.

A SpiN-TEC, como é chamada a vacina mineira, começou a ser desenvolvida em 2020, quando as variantes ainda não eram preocupação. De lá pra cá, o cenário epidemiológico mudou diversas vezes, com ondas de casos provocadas pelas novas versões do SARS-CoV-2, cada vez mais transmissíveis pelas mutações associadas à proteína Spike – também chamada de proteína S-, principal arma do vírus para invadir as células humanas.

Coordenador da equipe que desenvolve a vacina, Ricardo Gazzinelli, explica que, caso os estudos comprovem a eficácia da SpiN-TEC, ela deve se juntar ao time das vacinas de segunda geração, já calibradas para prevenir um vírus que evoluiu após mais de dois anos de contágio.

“O que estão chamando de vacinas de segunda geração são vacinas que teriam um espectro de ação mais amplo”, afirma ele, que descreve que isso se dá pelo uso da proteína S do coronavírus ancestral e da variante Ômicron em uma mesma vacina, para que sejam criados anticorpos que reajam a ambas. “Essa é uma questão que as agências regulatórias vão começar a exigir a partir de uma hora. O problema é, se quando sair a vacina, já houver uma nova variante”.

A proteína S é o alvo tradicional das vacinas por dois pontos importantes: ela desperta reação imunológica e é a ferramenta de invasão das células humanas. Apesar disso, ela acumula uma grande quantidade de mutações, dificultando o trabalho dos anticorpos. Por isso, a atualização das vacinas aposta na combinação de uma nova proteína S com a proteína S ancestral na formulação das vacinas.

O pesquisador argumenta que, nesse sentido, o projeto da SpiN-TEC é interessante, por combinar as proteínas S e N do coronavírus. Diferentemente da S, a proteína N é mais estável e também desperta reação dos linfócitos T, outro mecanismo de defesa do corpo humano, o que, em tese, dará menos chance de escape às variantes atuais e futuras.

Essas questões continuam a ser importantes porque a comunidade científica ainda não consegue determinar qual será a necessidade de doses de reforço, nem para quem elas serão necessárias no futuro. Desse modo, o pesquisador acrescenta que a SpiN-TEC poderia ser produzida em parceria com institutos de pesquisa públicos, como Bio-Manguinhos e Butantan, ou com empresas privadas, e sua plataforma tecnológica apresenta facilidades logísticas.

“É uma vacina muito estável. Ela dura duas semanas na temperatura ambiente e seis meses na geladeira, o que facilita muito a distribuição. Ainda mais no Brasil, que tem uma extensão tão grande e áreas que não têm uma infraestrutura tão boa”, afirma ele. “A proteína é uma proteína recombinante produzida em bactéria, um modelo bem clássico de produção de proteína, um modelo barato. É uma infraestrutura existente no Brasil”.

Antes de chegar ao Programa Nacional de Imunizações, porém, é preciso provar que a vacina funciona. Testes realizados em animais já demonstraram capacidade de controlar a carga viral e os sintomas da covid-19, mas é preciso iniciar os testes em humanos, com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A agência tem orientado os pesquisadores em relação às suas exigências, caso tudo seja alinhado, os testes clínicos começam no início do ano que vem, podendo ser encerrados em menos de um ano.

Testar a eficácia de uma vacina que será usada como reforço em uma população já vacinada requer protocolos diferentes da testagem de uma vacina proposta como primeiro contato de uma população contra um antígeno. Gazzinelli explica que, por esse motivo, os testes clínicos da SpiN-TEC podem ser até mais rápidos que os das vacinas que precisam esperar um tempo até que uma certa quantidade de voluntários adoeça para que o grupo com placebo possa ser comparado ao vacinado.

“Ela vai ser avaliada pelos marcadores imunológicos. Se ela induzir uma resposta imune forte contra o vírus, esse vai ser um critério importante de seleção para permitir que a vacina avance. Os estudos estão sendo desenhados dessa forma, para desenhar um marcador imunológico para avaliar a eficácia”, explicou ele, que acrescentou que, nesse caso, a vacina precisará ser igual ou superior aos imunizantes que já estão no mercado.

Edição: Claudia Felczak

O post Covid-19: vacina brasileira mira variantes e facilidades logísticas apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>