Alencar, relator do processo contra Monteiro no Conselho de Ética, propôs a perda do mandato do parlamentar bolsonarista por denúncias de abuso de autoridade, assédio sexual e estupro.

Às vésperas da votação do relatório no Conselho de Ética, Alencar esteve no programa Segunda Chamada e disse estar confiante na fundamentação de seu relatório. Seu prognóstico de aprovação por unanimidade, de fato, se confirmou.

No entanto, confidenciou, a mim e aos demais comentaristas do programa, que temia pela votação em plenário. “Se o caso começar a adormecer um pouco nos jornais e na mídia os vereadores muitas vezes ficam em dúvida”, disse.

Ele contou que chegou a ser questionado pelos pares se a imagem da Câmara ficaria muito manchada se a punição a ser aplicada ao caso fosse somente a suspensão do mandato do vereador.

Na verdade, a suspensão seria um prêmio. Ainda mais porque Monteiro tem pretensões de se elerger deputado federal. Uma vez suspenso dos trabalhos na Câmara, teria a agenda livre para fazer campanha.

Um policial ouvido por Alencar disse: “O caso Gabriel é uma feijoada completa”. No jargão policial isso quer dizer que tem crime para todos os lados.

Na minha vã filosofia, queria encontrar os motivos que poderiam levar um grupo de vereadores tentar acobertar Monteiro diante de tantos testemunhos e provas incriminadoras. A razão: Gabriel Monteiro é o que os políticos chamam de “puxador de voto”.

Youtuber com milhares seguidores nas redes socais, Monteiro era visto como um trunfo nas próximas eleições. Para quem nutre alguma esperança na política do Rio ou do Brasil, esta é uma verdade inconveniente.

Mas, apesar da votação histórica em plenário de todos os vereadores para a cassação do mandato de Monteiro, com a única exceção do vereador Chagas Bola do União Brasil, ainda se ouviram manifestações de apoio a Monteiro em alguns segmentos da sociedade carioca e uma avalanche de defesa em redes sociais. Algo absurdo, que nos faz menos esperançosos no futuro da nação. Afinal, que país é este que essas pessoas desejam?

O canal MyNews transmitiu a votação histórica na Câmara do Rio. Veja no vídeo abaixo.

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O relator do processo que investigou as acusações contra o Gabriel Monteiro, vereador Chico Alencar, disse que a defesa se empenhou em defender o “indefensável”. Alencar vinha advertindo que era necessário uma mobilização da sociedade para evitar que Monteiro fosse poupado, pois havia quem defendia Monteiro por ele ter grande popularidade nas redes e ser um candidato que poderia “puxar” muitos votos nas próximas eleições.

“O dever democrático foi cumprido. As violações, agressões sobretudo contra crianças eram indefensáveis”, disse o vereador Chico Alencar logo após a votação.  “A Câmara sai maior e a política com p maiúsculo fica preservada. É um comportamento perverso que não tem nada a ver com a boa prática política”, acrescentou. A entrevista completa você pode ver no vídeo abaixo.

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“A gente ainda está procurando os valores republicanos, a afirmação como sociedade, a democracia e Bolsonaro é uma síntese inesperada do que há de pior na política brasileira”. Segundo ele, o presidente representa uma derrota das forças progressistas e democráticas um retrocesso tremendo.

Retrocedemos em tudo e basta dar uma olhada em números dos mais diversos setores para constatar os enormes desafios que estão postos, do meio ambiente à educação, saúde, pesquisas etc.  Daí que fica a dúvida, como então o presidente consegue manter uma fatia do eleitorado com tantos indicadores de piora na qualidade de vida?

Bolsonaro atrai um tipo de eleitor se que sua imagem e semelhança como avaliam alguns estudiosos. Alencar conta que Renato Lessa, cientista político, criou uma expressão “Homus Bolsonaro”, para definir o tipo de eleitor que mantém seu apoio ao presidente mesmo depois de constatar que “é uma figura tosca que não convive bem com a racionalidade política, portanto não convive bem com a divergência, que não tem interesse pela formação das ideias na sociedade, que não conhece nada dos iluministas”, resume.

Bolsonaro, diz Alencar, mostra que a extrema direita cresceu. “A extrema direita perdeu o pudor, saiu do armário e hoje temos no Brasil uma extrema direita com base de massa. Com voto inclusive no meio do povo”, diz ele.

No tempo do Plínio Salgado, do Integralismo dos anos 30 do século passado, houve de fato um crescimento da extrema direita que era reflexo da ascensão do Nazismo e do Fascismo. “A extrema direita avultou aqui no Brasil, tanto que a Ação Integralista Brasileira filiou um milhão de pessoas em poucos meses. Mas depois com a queda do fascismo e nazismo na Europa ela reduziu, mas sempre existiu. Agora ela ganhou a presidência da República”, diz.

Mas ele chama atenção para o fato de que hoje Bolsonaro está se tornando disfuncional até para a elite econômica que o apoiou porque o Brasil piorou em todos os aspectos.

A íntegra da entrevista você pode ver no vídeo abaixo da série MyNews Eleições

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