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]]>Esse foi um dos aspectos destacados pelo economista Affonso Celso Pastore, presidente do Centro de Debates de Políticas Públicas, na conferência “Poupança da esperança: como criar um novo sistema de renda futura para todos”, no primeiro dia de programação do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada. Este ano, o evento é totalmente online e conta com mais de 100 palestras sobre diversos temas relacionados à previdência privada e também à gestão de fundos e à necessidade de reinventar estratégias num mundo globalizado e tecnológico.
“Numa sociedade em que a expectativa de vida é baixa, o peso que a pessoa dá ao consumo futuro e como privilegia o consumo presente é diferente se comparado aos países com a expectativa de vida mais elevada. Questões como qual é a expectativa de vida e qual é a qualidade de vida que o indivíduo espera a partir de uma certa idade passam a ser mais importantes em sociedades onde se vive mais. No plano individual é o que mais pesa sobre quanto consumir e o quanto poupar para o futuro”, considerou Pastore, durante sua palestra.
Ele ressaltou que o Brasil viveu uma transição demográfica acelerada – quando a expectativa de vida cresce e a natalidade diminui a ponto de mudar a pirâmide social etária. Segundo Pastore, a expectativa de vida ao nascer no Brasil, na década de 1970, era de 65 anos. Já em 2020, essa expectativa de vida passou para 85 anos ou mais.
“Tudo isso é consequência de duas coisas: dos mecanismos de saúde – a ciência progride, arruma remédios, cura doenças que eram incuráveis e permite mais qualidade de vida. A pessoa vive mais tempo e tem uma taxa de desconto muito melhor sobre o consome. Por isso, resolver poupar mais na juventude é a poupança da esperança, por um tipo de vida melhor mais adiante. Acumula um ativo enquanto é jovem, para quando estiver com uma ‘vintage’ mais antiga – como uma garrafa de vinho – descontar no futuro a uma taxa de juros muito baixa. Tem um retorno menor do ativo que acumulou, mas vai ter um consumo melhor no futuro”, defendeu.
Para o economista e cientista social Eduardo Giannetti a transição demográfica brasileira “é o fato mais importante da nossa geração nos moldes em que vem acontecendo. Giannetti destacou que a população brasileira praticamente triplicou num período de 45 anos.
“Houve uma explosão populacional a partir da Segunda Guerra Mundial. Simplesmente triplicamos a população em 45 anos. Demoramos, desde o “descobrimento” a 1950 para alcançar os 50 milhões de habitantes, e em 45 anos, em 1994, a população do Brasil já era de 150 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a partir dos anos 1970, a taxa de fecundidade caiu. O número médio de filhos por mulher atualmente é dois – uma queda vertiginosa”, destacou o economista, para explicar que a combinação desses dois fatores fez mudar o formato da pirâmide etária do país.
“Tínhamos uma pirâmide muito larga (com uma base jovem e infantil). À medida essas pessoas foram envelhecendo, o que era uma pirâmide virou um barril, com o estreitamento da base, o miolo grande e o pico estreito. Em alguns anos, o barril se transformará num cogumelo, com uma haste muito estreita e o topo chegando à terceira idade. Num resumo mais simples, em 2015 cerca de 12% da população brasileira tinha acima de 60 anos. Esse percentual será de 30% até o ano de 2050”, explicou Eduardo Giannetti.
Para ele, o desafio das próximas gerações será ter uma sociedade que ofereça qualidade de vida a essa população de idosos, que vai demandar mais atendimento, assistência e cuidados. Por isso, as implicações econômicas da previdência social são muito importantes.
“O desafio geracional é garantir que essa transição do ‘barril’ para o ‘cogumelo’ ocorra de uma maneira que nos permita garantir ao topo uma condição de segurança material, bem-estar e qualidade de vida. Para que a gente consiga transferir recursos dos que estão trabalhando para os que não estão trabalhando. Teremos que aumentar a produtividade do trabalho no Brasil. Os brasileiros terão que ser muito mais produtivos para criar uma renda suficiente para garantir qualidade de vida para o enorme contingente de brasileiros para o topo da pirâmide etária”, ressaltou.
Segundo Giannetti esse desafio de aumentar a produtividade passa pela escolarização da população e pelo uso de tecnologias, assim como em sociedades como o Canadá, o Reino Unido e o Japão. Outro desafio, de acordo com o economista, é que a sociedade brasileira entenda a importância de economizar para o futuro e de começar a economizar cedo.
O superintendente-geral da Associação Brasileira de Previdência Privada (Abrapp) – organizadora do congresso, Devanir Silva, defendeu que a reforma da previdência realizada no Brasil foi feita “pela metade”. Ele defendeu o modelo de capitalização previdenciário e considera que este debate foi “contaminado pelo exemplo chileno”. “Demonizamos a capitalização e esse é um dever de casa que precisamos voltar”, argumentou. Para Devanir Silva a missão de quem trabalha com a previdência privada é “oferecer renda qualificada” às pessoas.
O 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada segue até o dia 22 de outubro, totalmente online. O tema do evento este ano é “Atitude à prova de futuro #liderprotagonista”. A abertura contou com uma conferência do filósofo, educador e escritor Mário Sérgio Cortella.
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