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VEJA EXPLICAÇÃO

O que faz um país ganhar mais medalhas que outros?

Estudos apontam que há dois principais fatores relacionados ao sucesso olímpico: o tamanho da população e a renda per capita dos países, sendo o segundo o mais determinante

por Tiago Mitraud em 07/08/24 15:14

Rebeca Andrade posa ao lado do treinador, Francisco Porath Neto | Foto: Reprodução/Instagram/@rebecarandrade

Quando buscamos explicações para o sucesso de atletas como a ginasta brasileira Rebeca Andrade, maior medalhista do país, a americana Katie Ledecky, maior nadadora da história, dona de nove ouros olímpicos, ou o sérvio Novak Djokovic, maior campeão do tênis de todos os tempos, encontramos um misto de aproveitamento de oportunidades, dedicação extraordinária e uma mentalidade vencedora. Mas o que explica desempenhos tão diferentes no quadro de medalhas entre os países desses atletas?

Enquanto os EUA mais uma vez devem liderar a disputa, com mais de uma centena de medalhas, o Brasil luta para chegar a 20 pódios, tentando uma posição mais relevante no “segundo pelotão” dos países. A Sérvia, de Djokovic, tem até agora apenas mais uma medalha além da do tenista.

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O que diversos estudos apontam é que há dois principais fatores relacionados ao sucesso olímpico: o tamanho da população e a renda per capita dos países. À primeira vista, esses fatores parecem óbvios. Afinal, um país com uma grande população tem mais chances de ter um maior número de atletas disputando diversas modalidades.

No entanto, o fator mais determinante não é a população, mas a renda per capita — a riqueza do país relativa a cada cidadão. Isso fica claro ao compararmos o bom desempenho de países como Austrália e Canadá, que têm populações menores, mas rendas significativamente mais altas, com países como Índia e Indonésia, que têm grandes populações e um mal desempenho nas Olimpíadas.

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Por mais inspiradoras que sejam as histórias e conquistas de atletas como Rebeca, para que o Brasil realmente se destaque no quadro olímpico, não podemos apenas esperar que surjam novos atletas extraordinários. Desenvolver atletas de alto rendimento em larga escala requer uma infraestrutura robusta, acesso a treinadores de excelência e que os atletas tenham renda suficiente para se dedicarem integralmente ao esporte.

Uma solução frequentemente ouvida a cada Olimpíada é que o governo deveria investir diretamente nesses fatores: construindo centros de treinamento de ponta e financiando treinadores e atletas. Mas essa abordagem costuma resultar apenas em sucessos temporários, como o que aconteceu com o Brasil na preparação para os Jogos do Rio em 2016, que gerou reflexos positivos ainda em Tóquio 2020, mas já demonstra perder força agora em Paris.

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Para evitar novos “voos de galinha” e alcançar um sucesso olímpico sustentável, a fórmula ideal é outra: precisamos nos dedicar ao enriquecimento do país e à eliminação da pobreza no Brasil. Em vez de pensarmos apenas na próxima Olimpíada, precisamos resolver nossos problemas estruturais: melhorar a produtividade, reduzir o “Custo Brasil”, criar um ambiente favorável a negócios e investimentos, diminuir a insegurança jurídica e a burocracia, e tornar o governo mais eficiente, com menor custo para os cidadãos e maior retorno à sociedade.

Mais importante do que torcer pelo surgimento de novas Rebecas, precisamos formá-las, e isso depende fundamentalmente das escolhas que fazemos para o futuro do país a cada eleição.

Para um dia vermos o Brasil no topo do quadro de medalhas, precisamos eleger políticos comprometidos com o desenvolvimento e enriquecimento do país, e não com interesses pessoais e projetos de curto prazo. Com esse esforço coletivo, um dia poderemos ver o Brasil brilhando tanto nas Olimpíadas quanto como nação.

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