Arquivos Jorge Simino Junior - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/jorge-simino-junior/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Tue, 08 Mar 2022 15:11:56 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 A história ensina, mas a direita não aprende (Será?) https://canalmynews.com.br/politica/a-historia-ensina-mas-a-direita-nao-aprende/ Tue, 07 Sep 2021 01:37:06 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/a-historia-ensina-mas-a-direita-nao-aprende/ A história da política nacional passa por sucessões de desdobramentos eleitorais que se repetem, assim como os posicionamentos da direita brasileira

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A direita brasileira tem pavor das urnas eleitorais e a história dos últimos quarenta anos é uma prova disso. Recapitulemos, de forma sucinta, obviamente, as diversas demonstrações dessa paura.

Era o ano de 1982, num 25 de janeiro é convocada uma manifestação na Praça da Sé, em São Paulo, em favor das eleições diretas para Presidência da República. Nascia o movimento das DIRETAS JÁ. Para encurtar a história e diante do temor de uma vitória de um candidato da oposição, como Ulysses Guimarães ou Brizola, o governo se desdobrou e  derrotou no Congresso a emenda constitucional que propunha a volta da eleição direta (a emenda recebeu o apelido do deputado que apresentou a proposta: Dante de Oliveira).

Negociações intensas acabam por assegurar a eleição de Tancredo Neves, que derrotou o candidato da situação, Paulo Maluf, no colégio eleitoral do Congresso. O destino, por vezes, é cruel: Tancredo venceu, mas não governou. Adoeceu e morreu antes da posse e quem assumiu foi seu vice José Sarney, quadro político notoriamente ligado à ditadura. 

O mandato de Sarney seria de 4 anos, e tendo assumido em 1985, sua sucessão ocorreria em 1988, agora através de uma eleição direta. Mas o aumento da inflação para patamares de 10% ao mês, mais diversos planos de estabilização fracassados (Cruzado, em fevereiro de 1986; Cruzado II, em novembro de 1986 e Bresser, em março de 1987) levaram à iniciativa de aumentar o mandato em mais um ano e, assim, as eleições ocorreriam somente em 1989. O medo naquele momento era a possibilidade de vitória do Brizola, que havia vencido a eleição para governador do Rio de Janeiro em 1982. E como o Congresso aprovou a extensão do mandato? Notícias da época apontaram farta distribuição de concessões de rádio e televisão aos congressistas.

Todavia, a deterioração da economia, ao longo de 1989, piorou (mesmo com o Plano Verão implementado em janeiro) e com isso o “risco” Brizola crescia. Então, de repente, não mais que de repente, surge uma “terceira via” da época: Fernando Collor, governador de Alagoas, de família com longa tradição na política. O histórico de decisões à frente do governo de Alagoas não o recomendava, mas como aparecia à frente nas pesquisas eleitorais, a direita não titubeou: o “caçador de marajás” era o seu candidato para derrotar Brizola. 

Fechadas as urnas após o primeiro turno, em 1989, surpresa: o segundo colocado era Lula com 16% dos votos, meio ponto percentual à frente de Brizola. Pânico na geral, se Brizola era um perigo, imagine um metalúrgico! E a campanha eleitoral para o segundo turno atingiu um grau de sordidez de provocar asco em répteis. Collor venceu o segundo turno e sofreu impeachment dois anos depois.

Fernando Henrique venceu as eleições no primeiro turno em 1994, derrotando Lula, amparado no sucesso, inconteste, do plano Real. Debela a inflação crônica e, assim, redistribui a renda capturada pelo chamado imposto inflacionário. Ocorre que uma parte do sucesso era a taxa de câmbio fixa, que já em 1996 se mostrava insustentável (com déficit em transações correntes beirando os 4,0% do PIB). A crise asiática em 1997 complica ainda mais a situação e só resta uma manobra para não correr o risco de uma vitória do Lula nas eleições marcadas para 1998: aprovar a emenda constitucional da reeleição.

Aqui vale um breve parêntesis. O instituto da reeleição nunca fez parte da tradição republicana brasileira. Sequer os militares ousaram romper essa tradição. Diante de dificuldades, a solução era aumentar o tempo do mandato: Médici governou por 4 anos; o mandato de Geisel foi para 5 anos e o de Figueiredo atingiu 6 anos! Fecha o parêntesis.

Apesar de contrariar a tradição histórica, a PEC da reeleição foi aprovada em 1997 (de novo, vale consultar as notícias da época) e Fernando Henrique Cardoso foi reeleito, em 1998, mais uma vez no primeiro turno. Contudo, a vitória custou caro. Os ajustes necessários para corrigir os rumos da economia soterraram a percepção que o eleitorado tinha em relação ao PSDB, que foi derrotado nas quatro disputas presidenciais seguintes. 

E assim chegamos a 2018. Antes, é claro, temos que passar por 2016 com o impeachment da Dilma, que fez um primeiro ano de governo razoável (2011), mas perpetrou um verdadeiro desastre nos três anos seguintes (2012/2013/2014). A tentativa de correção em 2015 pecava por falta de convicção e habilidade política para enfrentar um ambiente muito adverso.

Diante dessa sucessão de eventos, ao longo de quase 40 anos, é fácil identificar um padrão de atuação da direita tupinambá: 1) qualquer coisa é melhor que algo diferente dela mesmo e 2) se ganhar eleições está difícil, ganhar tempo ou apelar, literalmente, para “qualquer solução” é preferível à derrota (não importa quão errada ou ruim essa “solução” se revele posteriormente). E autocrítica, nem pensar.

À primeira vista, pode parecer que a direita se recusa a aprender as lições que a história tenta lhe ensinar. Todavia, talvez seja simplesmente oposto, ou seja, a história apenas registra aquilo que a direita sabe fazer.

Jorge Simino Junior é economista formado pela USP.

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Eleições 2022: civilização e barbárie https://canalmynews.com.br/politica/eleicoes-2022-civilizacao-e-barbarie/ Mon, 22 Mar 2021 18:58:53 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/eleicoes-2022-civilizacao-e-barbarie/ No próximo ano, os brasileiros irão às urnas não só para decidir o próximo presidente da República como também os rumos sociais e democráticos da nação

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Nas eleições presidenciais, em 2022, o embate central não será entre direita e esquerda; será sim entre civilização e barbárie.

Neste ponto o argumento poderá parecer exagerado, mas lembremos os traços básicos da barbárie, quais sejam: 1) a negação do outro pelo simples fato de ser o outro – o que na instância política significa que não existem adversários e sim inimigos; 2) o exercício cotidiano da violência e 3) a barbárie não tem limites – os exemplos históricos mostram isso.

Em 2022 os brasileiros irão às urnas para eleger o próximo presidente da República.
Em 2022 os brasileiros irão às urnas para eleger o próximo presidente da República. Foto: Marri Nogueira (Agência Senado).

Joachim Fest, no prefácio da sua biografia sobre Hitler escreveu (pagina 22 do volume I): “Ele [Hitler] e seu regime foram definidos como um choque cultural. A definição é muito fraca: Hitler perpetrou uma obra de destruição colossal, chegando ao extermínio de homens, cidades, países, além de valores, tradições e estilo de vida. Mas o seu legado de consequência mais grave consiste no horror do que o homem é capaz de fazer com outro homem”.

Aqui é adequado relembrar dois aspectos. Nos trezentos anos que precederam o surgimento do nazismo (1919), a cultura alemã produziu nomes como: Leibniz, Gauss, Euler, Hilbert, Einstein, Planck, Bach, Beethoven, Hegel, Kant, Marx, Weber, Goethe, Mann entre outros. Assim, temos a lição número um: quem produziu o melhor também pode produzir o pior. Segundo, durante muitos anos, Hitler foi tratado como uma figura “patética” e o resultado todos conhecem. Lição número dois: não se deve subestimar a barbárie.

Dentro dessa circunstância – uma disputa entre civilização e barbárie -, cabe a pergunta: qual o papel que o ex-presidente Lula deveria desempenhar na disputa eleitoral do próximo ano? Dois caminhos podem ser delineados. No primeiro, o ex-presidente se apresenta como candidato tentando atrair em torno de seu nome a maior parte das forças que se opõe à barbárie. No segundo caminho, o ex-presidente não postula uma candidatura e usa a sua incomparável capacidade de comunicação para auxiliar aquele conjunto de forças em defesa do processo civilizatório.

As forças democráticas, à direita e à esquerda, devem urgentemente mostrar que compreendem o momento político e demonstrem, de forma cabal, que o compromisso maior deve ser a derrota da barbárie.

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A vida nada fácil de Bolsonaro para 22 https://canalmynews.com.br/politica/a-vida-nada-facil-de-bolsonaro-para-22/ Fri, 19 Feb 2021 00:50:22 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/a-vida-nada-facil-de-bolsonaro-para-22/ Economia precisa de estímulo fiscal, mas nem isso garante a eleição de Bolsonaro

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Eleições 2022. Para começar vamos dividir em duas camadas: economia e política. No fim juntamos tudo.

Economia. Cenário extremamente complexo e dependente do processo de vacinação. Dado a confusão deste último, acho que o ano de 2021 está comprometido salvo uma reviravolta na organização da vacinação – evento de baixa probabilidade. A crise deixou sequelas talvez subestimadas pelo mercado. Exemplo: milhares de pequenos negócios simplesmente desapareceram. Quando houver a retomada os empregos associados a esses negócios não existem mais.

Conclusão 1: o desemprego deve continuar alto. Com um pouco de sorte para o Bolsonaro sobrará um pouco mais de impulso econômico para 2022, a magnitude deste impulso é que dará a “sensação térmica” de melhora para o cidadão comum muito mais do que o número frio – PIB cresce x% ou y%. Conclusão 2: a incerteza para a economia nos próximos 20 meses é muito grande.

Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Política. O candidato à reeleição sempre parte com uma vantagem inicial. Tem poder e tem recursos do Tesouro para tocar obras, mas aqui a situação fiscal já aponta um limitador.

Aliás, antes de adivinhar a eleição de 2022 precisa entender a eleição de 2018. O que elegeu o Bolsonaro foi a facada. No aspecto subjetivo criou sentimento de pena numa parcela do eleitorado e num aspecto objetivo evitou que fosse aos debates. Da para imaginar ele num debate com o Ciro?

Bem, voltemos a 2022 e agora com números. Para usar números redondos vamos fixar o colégio eleitoral em 150 milhões de votantes. Meu chute é que existam uns 10%, no máximo 15%, de fascistas e inocentes úteis e ignorantes, logo ele partiria com 15 a 22,5 milhões de votos. Partiria porque até entre os fanáticos existem os desiludidos – veja o caso das armas junto aos evangélicos. Então acho que pode até acontecer de ele ficar fora do segundo turno.

Agora tem o lado da oposição. Muitos nomes, zero coordenação e o ruído chamado Lula. Em existindo alguma lucidez é possível ter uma candidatura de centro-direita e outra de centro-esquerda suficientemente palatáveis para os 127,5 milhões de eleitores.

A economia precisa de estímulo fiscal, mas nem isso garante a eleição do Bolsonaro. Se gastar muito, o mercado leva a taxa de câmbio para 7 reais por dólar, a inflação salta para 5 ou 6% e a Selic vai a 8 ou 9%. Game over.

Voltando para política. Ponto principal Lula não pode ser candidato.

Ponto 2, o candidato da esquerda tem que ser um “novo rosto” que não desperte a ojeriza da classe média – que está de saco cheio do Bolsonaro.

Ponto 3, é preciso um mínimo de “aggiornamento” das propostas econômicas da esquerda. Um mínimo. A centro-direita já fez o seu – preste atenção nos artigos do Armirio Fraga falando sobre educação, saúde etc.

Por último, com 400 mil mortos na pandemia, com baixo crescimento, com desemprego, com a política externa aos pedaços, com o STF na “cola” dele, com o Centrão cobrando as “notas promissórias” e o Biden no cangote, qual seria o desempenho dele num debate na televisão?

Conclusão geral: faltam vinte meses para a eleição e NADA está decidido, nem a reeleição tampouco a vitória da oposição. Lembremos Magalhães Pinto: “política é como nuvem, você olha agora está de um jeito, você olha logo depois e está de outro jeito”.


Jorge Simino Junior

*Jorge Simino Junior é economista.

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