Arquivos Márcio Coimbra - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/marcio-coimbra/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Tue, 08 Mar 2022 15:17:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Clima Internacional https://canalmynews.com.br/dialogos/clima-internacional/ Fri, 29 Oct 2021 21:16:55 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/clima-internacional/ Às vésperas da COP-26 em Glasgow, que reunirá lideranças para discutir metas e compromissos dos países em relação às mudanças no clima, a imagem do Brasil continua altamente deteriorada

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Meio Ambiente é tema essencial da agenda brasileira. Tem sido assim historicamente. Pioneiro em criar uma estrutura governamental para sistematizar o setor e detentor de uma das mais importantes biodiversidades do mundo, o Brasil é um player relevante nesta matéria, servindo de referência ao longo dos anos em política ambiental por diversos governos.

Internacionalmente o país se tornou interlocutor respeitado no assunto logo depois de sediar a Rio 92, conferência internacional das Nações Unidas, que recebeu dezenas de Chefes de Estado e Governo, assim como lideranças ambientais e ONGs para amplo debate sobre os rumos da questão ambiental. A partir daquele momento, o Brasil, que retomava sua democracia, adquiria legitimidade real para tratar do tema.

Termômetro mostra aumento da temperatura - mudanças no clima
De interlocutor respeitado na Rio-92 à imagem arranhada na COP-26. Como o Brasil chega a Glasglow?/Imagem: Pixabay

Fato é que a imagem internacional do Brasil dialogou de forma profícua com a questão ambiental ao longo dos anos, passando a um entrelaçamento natural. Tanto na esfera multilateral, como nas relações bilaterais, esta agenda integrou-se em nossa política externa como tema relevante e estratégico. Isto significa, em outras palavras, que a percepção internacional do Brasil passou a transitar também por este assunto.

No governo Bolsonaro houve uma inversão. O Brasil saiu da posição de player para pária na questão ambiental. Às vésperas da COP-26 em Glasgow, que reunirá lideranças de todo o mundo para discutir metas e compromissos dos países em relação às mudanças climáticas, a imagem do Brasil continua altamente deteriorada quando o assunto é meio ambiente. Foram negativas 80,7% das 114 reportagens sobre o tema publicadas sobre o país de janeiro a setembro deste ano em alguns dos mais importantes veículos das Américas.

Grande número de notícias nos primeiros nove meses do ano deu destaque a questões relativas a Amazônia e políticas do presidente Bolsonaro “que estão ativamente prejudicando a floresta tropical”. Algumas reportagens colocaram o tema ambiental em perspectiva mais ampla, na esfera das chamadas melhores práticas em governança, mas sempre em desfavor do Brasil. Isto ficou estampado em publicações como Wall Street Journal, The Economist, Libération, Toronto Star e La Nación. Muitas matérias têm especial foco em Minas Gerais, pois citam a terrível tragédia em Brumadinho, além do desastre em Mariana e a contaminação do Rio Doce.

O Brasil tem diante de si mais uma oportunidade para operar uma guinada profunda em sua imagem internacional. A conferência em Glasgow apresenta-se como instrumento para este caminho. Os governos estrangeiros pouco esperam de Bolsonaro, é verdade, mas uma política mais profissional e menos ideológica já cairia muito bem para o Brasil.

Ao dialogar de forma propositiva, existe real possibilidade de colhermos êxito. Podemos discutir a agenda climática, fortalecendo nossa posição histórica de referência no meio-ambiente e construir pontes para a discussão de uma série de assuntos estratégicos. Assim como no período pós-Rio-92, seria inteligente voltar a liderar esta agenda como o mais importante player internacional. Uma estratégia de longo prazo com benefícios políticos e sociais, além dos reflexos positivos diretos na imagem internacional do Brasil.


Quem é Márcio Coimbra?

Márcio Coimbra é presidente da Fundação Liberdade Econômica. Ex-Diretor da Apex-Brasil. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos, Espanha.


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Delírios Externos Bolsonaristas https://canalmynews.com.br/mais/delirios-externos-bolsonaristas/ Tue, 30 Mar 2021 18:38:34 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/delirios-externos-bolsonaristas/ Sem uma mudança de postura presidencial, pouco mudará e sabemos que Bolsonaro é péssimo em admitir culpas ou corrigir rumos

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A pressão sobre Ernesto Araújo foi intensa. Vinda de todos os lados, acabou abatendo o Ministro de Relações Exteriores. O golpe fatal veio do Senado Federal, mas os ataques foram diversos e a falta de habilidade nos corredores da política de Brasília certamente contribuíram para sua queda. Para além de tudo, o ponto central foi a visão limitada de mundo de seu chefe, Jair Bolsonaro, elemento essencial dos erros cometidos por nossa diplomacia.

A política externa de um país é determinada pelo Presidente da República. No Brasil, cabe ao Chanceler operar esta política, ou seja, colocar em funcionamento estratégico as orientações fornecidas pelo Planalto. Neste governo seguimos o mesmo script e na medida que Bolsonaro se perdia, nossa diplomacia sofria as consequências de seus atos. O enredo final foi dado pelos erros presidenciais diante da pandemia. 

Antes disso houve acertos por parte de nosso corpo técnico-diplomático. Ernesto conseguiu a assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, que permitiu o uso comercial do Centro de Lançamentos de Alcântara e o apoio para o ingresso do Brasil na OCDE, além da designação do Brasil como aliado preferencial extra-OTAN, abrindo nossas possibilidades de cooperação, inclusive integração das bases industriais de defesa.

Porém, na mesma medida que nossa diplomacia alcançava resultados positivos, o viés limitado de Bolsonaro fechava portas e oportunidades. Foi um erro assistir o Brasil questionar o resultado das eleições americanas, atacar a Chanceler alemã e o Presidente francês, além da sofrível intervenção presidencial no Fórum de Davos. No front interno, o capitão militarizou (como de costume) nossa agência de promoção de comércio exterior, sob controle, pelo menos formal, do Itamaraty. Engessou um dos pilares mais importantes de nossa política externa entregando o controle da agência para um Almirante sem qualquer experiência com o tema. Foram erros primários injustificáveis até para alguém de quem se espera muito pouco como Bolsonaro. 

Fato é de que nada adianta trocar o piloto, se o plano de voo segue na mesma direção. Sem uma mudança de postura presidencial, pouco mudará e sabemos que Bolsonaro é péssimo em admitir culpas ou corrigir rumos, logo os caminhos que temos pela frente são pouco auspiciosos. Nossa política externa seguirá obedecendo suas crenças, implicâncias e teorias bolsonaristas. 

Em meio a pandemia, a demora de liberação de insumos da China, as dificuldades com imunizantes da Índia e falta de interlocução com países produtores de vacinas são responsabilidade direta do negacionismo de Bolsonaro. Uma postura que não aceita questionamentos, tampouco racionalidade. Seria ingênuo achar que uma troca de ministro fará com que este quadro se altere. 

Bolsonaro opera na lógica da destruição. Jamais soube construir. Precisa de antagonistas e enfrentamentos para sobreviver. A diplomacia, conhecida pela arte do entendimento, é incompatível com esta dinâmica. Ao importar estes vícios para dentro do governo, Bolsonaro feriu pontos nevrálgicos de sua administração como meio ambiente, combate à corrupção e finalmente a política externa. Ao procurar culpados pelos insucessos do governo, é confortável apontar os canhões para os subordinados, uma prática usual do bolsonarismo. 

Os delírios de Bolsonaro levaram nosso país a viver o drama ampliado da pandemia. Enxergamos também nosso país ser duramente criticado por uma política ambiental que se distancia da racionalidade e por colocar as instituições e nossa democracia em xeque. Ao demitir Ernesto Araújo, procura terceirizar seus próprios erros. Mas em todos vemos o carimbo e as digitais do Presidente. Ele mesmo é responsável por encarnar a maior e mais efetiva oposição ao seu governo. Os erros da política externa e o enfrentamento com o Senado são produtos de sua lavra. Ao terceirizar os erros, deixa evidente mais um traço de sua Presidência: a covardia.


Quem é Marcio Coimbra

Márcio Coimbra é professor de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Foi diretor da Apex-Brasil.

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Seria inteligente o Brasil voltar a ter protagonismo internacional em relação ao meio ambiente https://canalmynews.com.br/mais/seria-inteligente-o-brasil-voltar-a-ter-protagonismo-internacional-em-relacao-ao-meio-ambiente/ Sat, 12 Dec 2020 14:46:23 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/seria-inteligente-o-brasil-voltar-a-ter-protagonismo-internacional-em-relacao-ao-meio-ambiente/ Brasil tem posição histórica de referência em meio ambiente e precisa fazer esse resgate, pensando em longo prazo

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Meio Ambiente é tema essencial na agenda brasileira. Tem sido assim historicamente. Pioneiro em criar uma estrutura governamental para sistematizar o setor e detentor de uma das mais importantes biodiversidades do mundo, o Brasil é um player relevante nesta matéria, servindo de referência ao longo dos anos em política ambiental por diversos governos.

Internacionalmente o país se tornou interlocutor respeitado no assunto logo depois de sediar a Rio 92, conferência internacional das Nações Unidas, que recebeu dezenas de chefes de Estado e de governo, assim como lideranças ambientais e ONGs para amplo debate sobre os rumos da questão ambiental. A partir daquele momento, o Brasil, que retomava sua democracia, adquiria legitimidade real para tratar do tema. 

Fato é que a imagem internacional do Brasil dialogou de forma profícua com a questão ambiental ao longo dos anos, passando a um entrelaçamento natural. Tanto na esfera multilateral, como nas relações bilaterais, a agenda ambiental integrou-se em nossa política externa como tema relevante e estratégico. Isto significa, em outras palavras, que a percepção internacional do Brasil passou a transitar também por este assunto. 

Também conhecida como Eco-92 ou Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ocorreu em junho 1992 no Rio de Janeiro.
Também conhecida como Eco-92 ou Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ocorreu em junho 1992 no Rio de Janeiro.
(Foto: Michos Tzovaras/UN)

Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos, é um político que trafega nestes dois campos. É alguém reconhecido pela habilidade internacional, com presença marcante no Comitê de Relações Exteriores durante os 36 anos em que serviu no Senado. Além disso encontrou nas matérias relacionadas com o meio ambiente uma agenda que pautou sua passagem pelo Parlamento e depois pela Casa Branca, no cargo de vice-presidente. 

Isto significa que, neste novo momento político, nossa aproximação com Washington naturalmente passará pelos assuntos ambientais. Nossa diplomacia possui habilidade de sobra para lidar com esta mudança de agenda e fazer com que a relação profícua de cooperação e parceria que se estabeleceu em outras frentes, permaneça em sintonia também nesta questão. 

Para isso, Bolsonaro precisará agir de forma prudente e sensata, trazendo a agenda ambiental para perto dos interesses internacionais do Brasil. Uma política de enfrentamento em questões ambientais pode acarretar prejuízos internacionais e uma revisão da postura brasileira torna-se essencial para evitar que o país se isole neste debate e possa abrir portas estratégicas na arena externa.

O novo governo em Washington pode incentivar o Brasil a retomar parcerias de sucesso na área de meio ambiente, uma extensão inteligente de uma parceria que já está em curso entre os dois países. Além disso, o Fundo Amazônia, financiado por Alemanha e Noruega, é apenas um dos exemplos de muitas iniciativas que podem ser resgatadas, assim como a relevância do país em fóruns como a Cúpula do Clima, reunião das Nações Unidas onde o Brasil não será ouvido este ano em razão da beligerância presidencial com o tema.

No entanto, onde muitos enxergam crise, sempre existe oportunidade. O Brasil, que aprofundou sua relação com Washington nos últimos anos, é detentor de um ativo fundamental para o governo que chega na Casa Branca. Ao negociar de forma propositiva, existe real possibilidade de colhermos excelentes resultados. Podemos discutir uma agenda ambiental, fortalecendo nossa posição histórica de referência neste tema e construir pontes para a discussão de uma série de assuntos estratégicos.

Assim como no período pós-Rio-92, seria inteligente voltar a liderar esta agenda como o mais importante player internacional em política ambiental. Uma estratégia de longo prazo com benefícios políticos e sociais, além dos reflexos positivos diretos na imagem internacional do Brasil.


Márcio Coimbra é coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. É também cientista político e mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos

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