Arquivos Natália Scarabotto - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/natalia-scarabotto/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Wed, 17 Mar 2021 17:27:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Grupos antivacina intensificam atuação nas redes sociais https://canalmynews.com.br/mais/grupos-antivacina-intensificam-atuacao-nas-redes-sociais/ Wed, 17 Mar 2021 17:27:37 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/grupos-antivacina-intensificam-atuacao-nas-redes-sociais/ Levantamento de pesquisadores da USP mostra aumento em publicações contra os imunizantes no Facebook

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Nas redes sociais, a vacinação contra a Covid-19 é comemorada com fotos e vídeos de quem recebeu a primeira dose. Por outro lado, grupos antivacina aproveitam o momento para intensificar a publicação de conteúdo falso ou sem comprovação científica sobre os imunizantes. Especialistas alertam sobre o impacto da desinformação na campanha de vacinação no país. 

Dois dos maiores grupos antivacina no Facebook aumentaram o número de postagens em janeiro, quando começou a vacinação no país. A análise do União Pró-Vacina (UPVacina), grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), identificou 257 postagens falsas ou sem comprovação científica sobre o tema. A segunda quinzena do mês foi o pico de publicações (39,7%), período que coincide com a aprovação dos imunizantes Coronavac e Oxford pela Anvisa

O volume de publicações é duas vezes maior do que o observado em dezembro (111), quando o país ainda se preparava para vacinar. O número de conteúdo nesses dois meses também é muito superior às 87 publicações feitas entre maio e julho de 2020, quando o Brasil iniciou os testes com imunizantes contra a Covid-19. 

De acordo com o pesquisador da UPVacina João Henrique Rafael, o levantamento indica uma tendência dos grupos se tornarem mais produtivos e ativos conforme o início da vacinação. “Eles aproveitam o interesse das pessoas em saber como está a vacinação no país e no mundo para criar uma narrativa que desperte o medo da população hesitante em relação aos imunizantes”, afirma. 

Segundo análise da UPVacina, o tipo de publicação também mudou em janeiro. Cerca de 45% dos posts mais recentes desses grupos no Facebook abordam o suposto perigo das vacinas; teorias da conspiração (19%), e imagens falsas de enfermeiros fingindo aplicar as doses na população (11,7%).

“Os posts recentes vão para o discurso mais direto sobre o possível perigo das vacinas para incitar o medo na população usando casos isolados de mortes ou efeitos adversos de quem foi imunizado”, explica o pesquisador.

Em 2020, o conteúdo era mais genérico e trazia informações falsas sobre alterações no DNA humano supostamente causadas pelos imunizantes; além de teorias da conspiração envolvendo as vacinas; risco de inserção de chips em pessoas; fetos abortados e a ineficácia dos produtos. 

De acordo com Rafael, apesar do volume de postagens aumentar, o conteúdo antivacina perdeu força e engaja apenas os negacionistas mais radicais. “Os grupos antivacina não conseguem ter a narrativa preponderante que tinham antes porque não encontram respaldo na realidade. A vacinação no Brasil e no mundo está funcionando bem, com pouquíssimos relatos de reações adversas.”

Vacinação contra Covid-19 na aldeia indígena Umariaçu, próximo a Tabatinga (AM).
Vacinação contra Covid-19 na aldeia indígena Umariaçu, no Amazonas.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Segundo análise da UPVacina, apesar das atualizações da política de uso do Facebook nos últimos meses, apenas 7,6% das publicações em grupos antivacina tinham alerta de conteúdo falso. Em fevereiro, a rede social fez uma nova atualização da política de uso e o grupo mais radical saiu do ar, o que leva os pesquisadores a crer que foi suspenso. 

“Agora eles podem migrar para redes sociais em que o conteúdo seja menos moderado, como o Telegram, mas ainda é um ganho muito grande porque estão perdendo espaço nas plataformas majoritárias, perdendo relevância e capacidade de cooptar novos usuários.  Grupos antivacina continuarão existindo porque sempre existiram, mas podem perder força”, diz Rafael.

Ao MyNews, o Facebook afirmou que “removeu mais de 12 milhões de posts no mundo contendo desinformação sobre covid-19 que poderiam levar a danos às pessoas no mundo real. Alegações sobre covid-19 ou vacinas que não violam nossas políticas ainda são elegíveis à revisão por nossos parceiros de checagem de fatos, e se os conteúdos forem marcados como falsos, eles serão identificados como tal e terão seu alcance restringido.”

Especialistas alertam para o impacto de grupos antivacina

Nos últimos anos, o Brasil tem observado uma grave queda na cobertura vacinal de doenças, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha. Para ele, um dos motivos é a falta de confiança da população nos imunizantes. Com a pandemia, o especialista teme que a desinformação impacte também a campanha de vacinação de covid-19. 

“A pandemia acabou dando uma força maior para os grupos antivacina, que não eram expressivos no nosso país. Infelizmente, hoje temos uma desvalorização da ciência, a politização da vacina, polarização e desinformação nas redes sociais. Para uma pessoa que está hesitante em tomar a vacina, ouvir todos esses discursos pode convencê-la a não imunizar”, afirma Cunha.  

Akira Homma, assessor sênior científico e tecnológico de Bio-Manguinhos, tem a mesma visão sobre o tema. “Sinto muita gente desconfiando da segurança das vacinas. A vacinação é um dos meios mais importantes para evitar a propagação do vírus, junto com as outras medidas de distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel.”

O resultado do negacionismo pode afetar a todos. “A vacina não é apenas uma proteção individual, para termos a imunidade coletiva precisamos que a maior parte da população esteja protegida. Não se vacinar é uma atitude egoísta que coloca a pessoa, a família e todos em risco”, pontua Cunha.  Os especialistas afirmam ainda que as vacinas são seguras. “Apesar de terem sido desenvolvidas recentemente, todas as vacinas liberadas pela Anvisa têm eficácia e segurança baseada em critérios técnicos embasados por estudos [científicos]. Não há como ser 100% garantido, nenhuma vacina é, todas podem provocar pequenas reações adversas, que precisam ser estudadas individualmente. O que sabemos é que os benefícios da vacinação são muito maiores do que qualquer risco que possa ter”, explica Homma.

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Mulheres na política conquistam espaços e desafiam violência de gênero e racismo https://canalmynews.com.br/politica/mulheres-na-politica-conquistam-espacos-e-desafiam-violencia-de-genero-e-racismo/ Mon, 18 Jan 2021 15:41:34 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/mulheres-na-politica-conquistam-espacos-e-desafiam-violencia-de-genero-e-racismo/ Chegada das mulheres aos espaços de poder na política é marcada por uma série de desafios

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mulheres na política
Da esq. para a dir.: Elizabeth Schmidt, Olivia Santana, Joice Hasselmann e Renata Souza.
(Foto: Montagem/Divulgação)

Nos últimos anos a participação de mulheres na política brasileira ganhou força com a conquista de cargos inéditos – da Presidência da República à Prefeitura de grandes municípios – e o avanço de representantes eleitas nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional. A chegada delas aos espaços de poder, no entanto, ainda é marcada por muitos desafios.

Representantes de diferentes níveis de governo contaram ao Canal My News que enfrentam assédio, machismo, racismo e recebem pouco de apoio dos partidos.

Em dezembro de 2020, a deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) foi assediada sexualmente pelo parlamentar Fernando Cury (Cidadania), durante sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O partido afastou Cury, mas o episódio não é um caso isolado. 

Na mesma semana, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) passou por situação semelhante durante uma confraternização com colegas, após o plenário. “Senti uma mão no meu braço, ele veio por trás encostou o corpo no meu e deu um beijo no meu pescoço”, conta. “Não sabia quem era. Virei a mão no rosto dele e, como estava com anéis altos que sempre uso, o rosto dele começou a sangrar. Ele saiu envergonhado.” Ela recebeu apoio de homens e mulheres no momento, mas não quis denunciar o deputado e nem revelar sua identidade.

Dentro da política brasileira, as mulheres enfrentam violência política de gênero, seja durante a campanha eleitoral ou no exercício de seus mandatos. Elas sofrem discriminação, ataques, desigualdade nas oportunidades e até falta de apoio dos partidos. 

“É uma construção social que ignora a possibilidade de mulheres nesses espaços e tenta inviabilizar a nossa participação a partir de ameaças, opressão e intimidação, seja nas redes sociais ou no próprio plenário”, afirma Renata Souza (PSOL), deputada estadual no Rio de Janeiro. 

A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ)
A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ).
(Foto: Divulgação)

A falta de equidade de gênero da política é um problema histórico, explica Olivia Santana (PC do B), deputada estadual na Bahia. “Existe a ideia da sociedade patriarcal de que a política é para os homens. Hoje vemos muitos avanços, mas muitas ideias ainda estão no campo do simbolismo.” 

Mulheres negras e racismo

Olivia se elegeu em 2018 como a primeira deputada estadual negra na Bahia. Apesar da conquista, ela chama atenção para a falta representatividade. 

“É um absurdo eu ser a única mulher negra na Assembleia Legislativa de um dos estados mais negros do Brasil” De acordo com o IBGE, a Bahia é o segundo estado com o maior número de autodeclarados pretos ou pardos (76,3%).

O machismo e o racismo ficam evidentes no dia a dia dela na Assembleia Legislativa. “Tenho que falar mais forte e mais alto para ser escutada e acatarem o que digo. Acontece também de os homens se reunirem e decidirem sobre assuntos que me envolvem sem me consultar, e tenho que brigar para rever [a decisão]”, conta a deputada estadual. “É cansativo, muito cansativo, mas não abro mão. Fui eleita para estar ali.”

Mulheres na política: Olívia Santana, deputada estadual pelo PC do B na Bahia
Olívia Santana, deputada estadual pelo PC do B na Bahia.
(Foto: Amanda Oliveira/Divulgação)

No Rio de Janeiro, Renata Souza também é alvo por causa de gênero e cor. “Temos uma política machista, racista e classista”, diz ela. Eleita em 2018, Renata decidiu ser candidata após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), em março daquele ano, sua amiga pessoal e de quem trabalhou como chefe de gabinete. 

“O assassinato da Marielle mudou o ambiente político. As mulheres pretas e de favelas viram a necessidade de ocupar os espaços de poder, mas a violência política contra esse grupo aumento”, explica Renata. 

Pela proximidade com Marielle e por estar à frente da Comissão de Direitos Humanos no Rio, Renata é alvo de ameaças. No mês passado, a deputada do PSOL registrou queixa na delegacia após receber ameaças de morte pelas redes sociais. Ela afirmou também que já teve dados pessoais, como seu endereço residencial, expostos na internet. 

“De fato impacta meu trabalho. É um nível de gasto de energia e de impacto psicológico, eu me cuido para que isso não inviabilize a minha saúde mental. Como deputada tive que abrir mão da minha liberdade, tive que tomar diversas precauções em termos de segurança, diante da elevada política que sofro”, explica ela. 

Desafios desde a campanha eleitoral

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram eleitas 651 prefeitas, o que representa 12,1% de todos os eleitos à prefeitura do país. Nas câmaras municipais, 9.196 mulheres foram eleitas vereadoras, ocupando 16% das cadeiras. 

Pela primeira vez, Ponta Grossa (PR) elegeu uma mulher como prefeita. A Professora Elizabeth Schmidt (PSD) levou 52,38% dos votos no segundo turno, vencendo a adversária Mabel Canto (PSC). A cidade, aliás, foi a única do país a ter duas mulheres disputando o segundo turno.

Professora Elizabeth Schmidt (PSD)
Professora Elizabeth Schmidt (PSD), atual prefeita de Ponta Grossa (PR).
(Foto: Divulgação)

Agora prefeita, Schmidt tem duas décadas de carreira pública. Já foi secretária de Cultura e Turismo; comandou a pasta de Administração e Recursos Humanos; e em 2016 foi eleita a primeira vice-prefeita de Ponta Grossa, na chapa de Marcelo Rangel (PSDB). 

“Sofri muitos preconceitos por ser mulher, ser professora e por uma pessoa de mais idade. Tenho 69 anos e isso foi usado pejorativamente por adversários que me chamavam de ‘vovó’ durante a campanha”, conta. Apesar dos ataques, ela aderiu ao termo e utilizou em para se aproximar do eleitorado mais velho. “Fui eleita para mostrar que o gênero e a idade não interessam, o que interessa é a competência.”

Em 2020, pela primeira vez o número de candidatos negros, superou o de concorrentes brancos. As mulheres negras, no entanto, representaram 13% das candidaturas pretas e pardas a prefeituras e 34% das que disputaram vagas nas câmaras municipais, de acordo com o TSE. 

Em Salvador, no entanto, Olivia Santana não teve o mesmo sucesso em sua campanha à prefeitura. Em sua primeira disputa, teve apenas com 4,49% dos votos. De acordo com ela, a disputa para as mulheres, sobretudo negras, tem mais obstáculos. 

“Sempre colocam a mulher negra na figura de eleitora e pobre. “Muitas vezes as pessoas vão se identificar com você, mas não te dão o voto porque não acreditam que uma mulher negra vá conseguir. As pessoas acham que ser prefeita é demais para uma mulher negra. É muito doloroso”, diz ela. 

De assédio moral a gordofobia

Durante a campanha à prefeitura, Joice Hasselmann foi a candidata mais atacada nas redes sociais, de acordo com o levantamento MonitorA, projeto da Revista AzMina junto ao InternetLab. O projeto identificou 612 tweets com conteúdo sobre aparência física da candidata, assédio moral, sexual e intelectual, gordofobia, entre outros. 

Ela aponta grupos bolsonaristas como responsáveis pelos ataques virtuais, que começaram há mais de um ano. “Quando deixei de ser líder do governo, sabia que seria alvo do Bolsonaro, dos filhos e dessa gangue… O maior número de ataques que sofri veio de pessoas de direita, sendo que sou de direita. Não é um ataque ideológico, é por eu ser mulher”.

Joice Hasselmann, deputada federal pelo PSL-SP
Joice Hasselmann, deputada federal pelo PSL-SP.
(Foto: Divulgação)

“Sempre fui muito forte e reagia a cada ataque, mas sou um ser humano. Somatizei tanto que o meu corpo deu sinal de falência e fui para o hospital. Isso atinge a gente, seja o seu emocional ou o físico”, afirma Joice. Em fevereiro de 2020, ela passou por duas cirurgias. 

Após os ataques e os aprendizados dentro da política, a deputada trabalha pela criação do Movimento Feminino Brasileiro. Ela afirma que se trata de um grupo não partidário e sem ideologia, que pretende reunir mulheres de diferentes posicionamentos políticos para debater sobre o espaço delas na política. O lançamento deve ocorrer a partir de fevereiro, mas ainda não há uma data específica.

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