Arquivos Rodrigo Arantes - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/post_autor/rodrigo-arantes/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Tue, 20 Sep 2022 12:55:29 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 O voto inútil: por que o Brasil precisa sim de um segundo turno https://canalmynews.com.br/voce-colunista/o-voto-inutil-por-que-o-brasil-precisa-sim-de-um-segundo-turno/ Tue, 20 Sep 2022 12:55:29 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33838 Num país que acumulou tantos problemas e onde os políticos nos devem tantas explicações, o rito eleitoral é o oxigênio da democracia.

O post O voto inútil: por que o Brasil precisa sim de um segundo turno apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
A campanha de Lula está há meses trabalhando pela meta de ganhar a eleição de primeiro turno.

No começo o motivo era por causa do golpismo de Bolsonaro, que poderia fazer um ato como do Capitólio nos EUA feito pelos seguidores de Donald Trump. Mas depois do 7 de setembro e da convocação do presidente para se auto-chamar de imbrochável, o medo deste golpismo parece que murchou mas aumentou ainda mais a inquietação do PT sobre a necessidade do que chamam de voto útil. Inclusive com alguns jornalistas se exaltando em ataques diretos à pessoa de Ciro Gomes por não desistir de sua candidatura.

Vamos pensar um pouco sobre o porquê deste posicionamento e tentar entender o porquê deste direcionamento do partido?

O presidencialismo tem por princípio a concentração do poder de toda uma nação num mandato que concentra poderes quase absolutistas nas mãos de duas pessoas em semelhança às figuras de poder exercidas por monarcas desde os tempos da antiguidade. Mas para poder aproveitar totalmente esse potencial precisamos observar alguns pontos.

Primeiro, o PT é um partido original de São Paulo onde possui agora aliança com uma figura que foi o governador do Estado por 16 anos, chegando ao poder como vice de Mário Covas e se tornando o sonho de consumo dos empresários na presidência do país, sonho que tentam realizar desde 2006, onde Alckmin foi inclusive oponente de Lula num segundo turno.

Segundo, o mercado ajudou a eleger Bolsonaro para tirar o PT pensando que conseguiria depois dar conta do jeito do presidente. O que não aconteceu completamente até hoje e talvez nunca aconteça. Além disso, sua figura rendeu uma rejeição internacional que pesa sobre a vaidade de quem frequenta os círculos do topo da renda mundial. Este preço inconveniente além das pataquadas frequentes que lhes custam muito dinheiro tornou a sua presença na presidência uma dor de cabeça e um constrangimento para todos. Tanto que o famoso índice Big Mac da revista da The Economist registra que o Dólar deveria valer cerca de 4,50 se não fosse uma sombra de incertezas que vai continuar pairando sobre o Brasil enquanto tivermos um presidente que pode a qualquer momento falar qualquer tipo de loucura e isso repercutir negativamente mundialmente. Ontem mesmo o presidente esteve no enterro da rainha Elizabeth II e pra variar tentou usar o contexto como palanque causando tumultos e constrangimentos num momento de luto de uma nação que é a Mecca do capitalismo financeiro mundial…

Terceiro, o mercado está com saudade de ter um presidente executivo como Michel Temer com carta branca para soltar a caneta e cometer atrocidades, como instituir o PPI e o teto de gastos, e que não fala nada fora do script que cause qualquer sentimento de ansiedade em bancos estrangeiros sobre qual vai ser a próxima peripécia do Brasil.

E o mercado tem tudo isso com a chapa Lula-Alckmin que ainda oferece aos seus super sócios estrangeiros um botão de eject para em uma eventual necessidade que poderia surgir por exemplo de crises internacionais entre EUA ou Reino Unido com a Rússia e a China repetir o script da década passada e rebaixar novamente a economia brasileira implodindo o câmbio e rebaixando o país de patamar de desenvolvimento para quebrar as suas pernas e manter o país endividado e fornecendo commodities a preços baixos para controlar a inflação por lá.

Sem debater seus projetos para o país, dizendo na revista Time para todos os bancos de Wall Street lerem que não se deve falar seus planos antes de eleito, na verdade Lula está mandando uma mensagem cifrada ao mercado que na verdade o plano é não ter plano. O que na verdade é a filosofia econômica que Wall Street defende, e que prega que o governo não deve intervir na economia e o simples fato de ter um plano já significa que o governo irá intervir na economia.

Mas para isto ser possível a sociedade precisa aprovar seu projeto no primeiro turno para referendar este cheque em branco para a chapa Lula-Alckmin de modo que este legado político seja totalmente transferível para o presidente e seu vice com o mínimo de compromissos assumidos com a sociedade.

Mas esta estratégia pode cair por terra se a chapa não ganhar no primeiro turno e for forçada a negociar com o terceiro e quarto lugar condições para o seu apoio para assim livrar o mercado do estorvo que ele mesmo criou para si em 2018 com Bolsonaro.

E essas condições podem ser muito exigentes, como compromisso metas macroeconômicas estratégicas ou objetivas e pontuais como a reestatização da Eletrobrás como preço para livrar o mercado deste mal estar. E se por ventura Bolsonaro ganhar, Lula não poderá botar a culpa no terceiro colocado se não aceitar compromissos que sua própria base de eleitores aprovam, como mostrou recentemente um teste de internet promovido pelo Jornal O Globo. Então este terceiro lugar terá um poder muito maior do que o mercado deseja aceitar.

Num país que acumulou tantos problemas e onde os políticos nos devem tantas explicações, o rito eleitoral é o oxigênio da democracia que por meio do escrutínio público das propostas processa e seleciona as melhores ideias para nortear os rumos de um país. Assim, o verdadeiro voto inútil é o voto afoito que evita o acontecimento deste processo necessário e que referenda sem compromissos um cheque em branco para o poder executivo tocar o país como se não devesse nada a ninguém. Em 2018, Bolsonaro escapou de passar por isso com atestados médicos e em 2022 a chapa Lula-Alckmin tenta escapar usando Bolsonaro e sua rejeição mundial como combustível para o medo e um voto inconsciente do eleitorado que resulte em uma vitória no primeiro turno que sirva como um referendo.

O Brasil precisa de um segundo turno porque precisa justamente realizar este dever de casa bem feito consigo mesmo. Quem pede voto útil para acabar com o rito eleitoral mais rápido é que joga contra a democracia, por que não suporta e não tolera o seu processo inclusivo e que dentro dessa janela de tempo a sociedade tenha o direito de lhes cobrar explicações e compromissos para receber o voto que nos pedem.

Todo voto é útil e quem repete esse argumento de voto útil à exaustão agride o espírito da democracia. Está na hora do brasileiro parar de cair em lorotas como está e começar a ocupar o espaço que lhe cabe neste latifúndio. No poder não existe vácuo.

Ou como disse o revolucionário mexicano Emiliano Zapata, se não há justiça para o povo, que não haja paz para os governantes.

*Rodrigo Arantes é escritor, administrador, designer de jogos de escritório, empreendedor, entusiasta de movimentos de empreendedorismo startup e gamificação e fundador do Instituto #AJOGADA™ de Gameologia, que propõe o salto da burocracia para a ludocracia (administração baseada em jogos), pela substituição de documentos por tabuleiros colaborativos nos ambientes de trabalho e de educação.

 

*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

O post O voto inútil: por que o Brasil precisa sim de um segundo turno apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Ludocracia: um ensaio sobre as verdadeiras regras do jogo do poder https://canalmynews.com.br/voce-colunista/ludocracia-um-ensaio-sobre-as-verdadeiras-regras-do-jogo-do-poder/ Mon, 15 Aug 2022 15:01:36 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=33002 É óbvio que o povo é parte desse jogo, porém, se o povo não entende bem as regras do jogo, joga um jogo tão tendencioso quanto os jogos de um cassino com chances quase inexistentes de ganhar.  

O post Ludocracia: um ensaio sobre as verdadeiras regras do jogo do poder apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Diz a nossa constituição que todo o poder emana do povo.

Com quase 10 anos de pesquisa sobre gameologia eu diria que está quase certo, gramaticalmente, porém essa afirmação passa longe da realidade.

Todo o poder emana do Jogo. Essa sim é a verdade.

É óbvio que o povo é parte desse jogo, porém, se o povo não entende bem as regras do jogo, joga um jogo tão tendencioso quanto os jogos de um cassino com chances quase inexistentes de ganhar.

Quem entende bem isso vai dominar o jogo e foi exatamente o que fez o marketeiro de Donald Trump, Steve Bannon, aplicando a Teoria dos Jogos e o poder das redes sociais, memes e outros elementos simbólicos para criar e administrar narrativas que viabilizaram a ascensão da extrema direita mundial que colocou Bolsonaro na nossa presidência.

Deste modo, movimentando corretamente os dados sobre o povo, Steve Bannon e seus clientes da sua empresa Cambridge Analytica conseguiram pelo poder do meta-jogo fazer prevalecer a sua vontade sobre a do povo na democracia.

Nos Estados Unidos, com o sistema do voto colegiado, foi ainda mais fácil e explicativo: como os votos nos estados do interior tem mais peso dentro da contagem de colégios eleitorais, ele falou exatamente o que os estados do midwest americano queriam ouvir e conseguiu fazer sua vontade prevalecer sobre a maioria da população absoluta e das classes mais ricas e poderosas do país que moram nas costas leste e oeste. Novamente, usando o poder do meta-jogo, o jogo dentro do outro jogo, para ludibriar a democracia e usar suas regras contra a maioria do povo, exercendo o poder por maior domínio da ludocracia.

Ludo vem do latim e significa jogo, e cracia vem do grego kratos que significa poder, ou governo.

Além da experiência de Bannon que foi executivo e produtor de séries de Hollywood como Seinfeld, Trump também tem uma experiência particular com gamificação sendo dono de cassinos e criador de uma série sobre o mundo dos negócios chamada O Aprendiz, que já foi até exportada para o Brasil estrelando João Dória que foi governador de São Paulo e candidato à presidência pelo PSDB que depois desistiu.

No dito país do futebol a ludocracia é mais real do que em qualquer outro país.

Em Brasília, no Eixo Monumental, o maior de todos os monumentos é o Estádio Nacional Mané Garrincha e o mais caro estádio da Copa de 2014. Além de o segundo mais caro estádio do mundo perdendo apenas para Wembley, no Reino Unido, na época.

Enquanto o poder executivo, o legislativo e o judiciário, estão representados nos edifícios do congresso, do planalto e do STF, e o dito quarto poder se encontra representado na Torre de TV mais acima, e do outro lado da rua, o Mané Garrincha significando quem sabe o quinto poder ou quem sabe o poder zero? O poder fundacional da nossa civilização?

Me pergunto por que o Brasil e não a Inglaterra é o país do futebol, embora o inglês esteja no nome do esporte até hoje se eles só conseguiram ser campeões uma vez na história, mas globalizaram o esporte mais até do que globalizaram o império britânico.

Agora campeões mesmo eles são no jogo financeiro, por que a moeda deles, a Libra Esterlina, já chegou a valer quase R$7,94 em 2021, e está valendo R$6,29 hoje, apesar da guerra na Europa, do Brexit e da recente renúncia com escândalos sexuais do ex-primeiro ministro Boris Johnson, um dos políticos que só chegaram ao poder graças ao trabalho de Steve Bannon e sua empresa Cambridge Analytica.

Mas houve um período, entre 2009 e 2012, que a Libra esteve abaixo de R$3,00, quando inclusive, o Brasil teve um PIB nominal maior que o Reino Unido que tem um território muito menor e uma população que é menos de 1/3 da brasileira mas mesmo assim tem hoje um nível de renda per capita 3,21 x maior que a nossa em paridade de poder de compra segundo a estimativa mais recente do FMI. Tendo também um PIB (em paridade de poder de compra) maior que o brasileiro segundo o FMI. Esta diferença já foi de 2,63 x em 2010.

Ou seja, ao longo da última década e da repercussão das operações da Cambridge Analytica sobre o próprio Reino Unido e Brasil, os britânicos melhoraram 22% seu poder aquisitivo em relação ao Brasil, que piorou vertiginosamente. Entre estas repercussões estão a política do PPI adotada pela Petrobras como regra por exigência do mercado de futuros de gás e petróleo de Londres, para onde vai substancial parcela dos dividendos colossais que a Petrobras começou a pagar.

Com essa cooperação entre monarquia, bancos, bancos de dados e psicologia do jogo, os britânicos são hoje 3,21 x mais produtivos que os brasileiros que também acompanham o calendário de jogos de futebol mais lotado do mundo, onde os jogadores quase não tem tempo para descansar, algo já denunciado por alguns jornalistas do ramo. Como vimos, nem na pandemia a máquina do entretenimento esportivo poderia parar para proteção de vidas humanas.

Ainda assim, o poder do lúdico é tão fundacional que o presidente Lula fez da Copa do Mundo o vórtice do seu projeto de país bem inserido na globalização dizendo que “ninguém achava que o Brasil poderia sediar uma Copa do Mundo” mesmo quando o país já havia sim sediado a Copa nos anos 50, que perdemos para o Uruguai.

Há, quem sabe, algo simbólico de um grande estadista em levantar estádios como a identificação que os romanos tiveram com Julio Cesar e outros imperadores. Mas hoje vemos que a maioria dos estádios permanecem ociosos e já estão precisando de reformas e que não houve efetivamente nenhum projeto de desenvolvimento junto com a Copa e que tudo não passou de um carnaval fora de época com uma conta muito cara. Eu gosto de chamar este fenômeno histórico de “ludolulismo” e o país gerado desse projeto de “Neymárnia”. E não é que apenas 8 anos depois dessa experiência traumática estamos propensos a eleger mais uma vez o presidente que trouxe a Copa, que não deixou hospitais por que não se faz Copa do Mundo com hospitais segundo um outro fenômeno, após uma pandemia em que o Brasil foi o país que mais teve mortes no mundo proporcionalmente, agora está liderando as pesquisas sem que ninguém jamais lhe pergunte: vem cá Lula, como você avalia o legado da Copa? Surreal, porém nada mais que natural quando vemos o mundo pelas lentes da gameologia.
Ninguém quer lembrar da Copa e ninguém quer pensar nisso porque ninguém quer imaginar como seria a nossa vida sem o futebol. Ninguém quer perceber que uma atividade lúdica e inocente possa esconder um projeto sofisticado de poder e que nos faça mal. Mas está na nossa cara, e como cracudos seguimos consumindo por que o poder de ludibrio do lúdico permanece sempre maior.

Assim, o poder da ludocracia está além do povo por que penetra dentro da psicologia e dos instintos inconscientes das massas se aproveitando da propensão que o homem tem ao vício no jogo como tem ao vício no álcool e outras drogas. A dopamina é a droga do jogador e quando este jogador perde o controle do vício ele se transforma num ludopata. Nietzsche dizia que enquanto as psicopatologias são raras em indivíduos, nas massas, elas são a regra. Usando de elementos de game design as redes sociais viciaram uma geração inteira em aprovação e validação social e manipularam com essas máquinas e fabricação em massa de fake news a nossa política para depreciar a nossa moeda e desta forma manter a nossa posição de perdedor crônico do jogo financeiro. Jogo que é o verdadeiro talento dos britânicos, cujos banqueiros inventaram os primeiros fundos que Hedge.

O hedge funding foi a arte dos banqueiros que fez a grã-bretanha sobreviver a inúmeras crises, guerras e bloqueios de nações inimigas, se apoiando em um arquitetura equilibrada de apostas em vários mercados e segmentos para nunca sair financeiramente falido em nenhum cenário, mesmo que extremo.

Tal como um jogo de Poker, ela consiste simplesmente em tentar acumular uma carteira de ativos sinérgica e completa o suficiente para que você esteja pronto para a maioria dos cenários possíveis em torno de uma incerteza em aberto no horizonte. Os hedge funds, portanto, administram a incerteza. Mesmo que para isso seja necessário invadir e dominar países mais fracos, corromper políticos e orquestrar intervenções e golpes em países indefesos e traficar ópio para dentro de um império inimigo, pois é sempre por uma questão de garantia e sobrevivência do Reino Unido, que em última instância, tem uma rainha que tem imunidade para não responder por qualquer crime que seu serviço secreto cometa em seu pedido a pedido do sistema financeiro mundial que movimenta na City de Londres diariamente 25% da movimentação de capitais do planeta em mercados de câmbio e petróleo. Pois a maior parte do petróleo do mundo é comercializada pelos mares, e é daí que vem a tal licença para matar do 007.

Todas as outras bolsas do mundo são apenas franquias deste mesmo cassino que é o mercado de apostas cambiais que foi o segredo de sobrevivência da geograficamente limitada Grâ-bretanha e sua rainha de ouros. E não por acaso, os mesmos interessados na divisão e polarização política do Brasil são as elites de Londres e São Paulo, que se beneficiam deste negócio financeiro transnacional e que também apoiaram e ainda apoiam o Bolsonaro, não por que sejam necessariamente fascistas, xenofóbicas ou de direita. Mas por que com isso criam uma dinâmica de Good Cop e Bad Cop onde conseguem ter quase 100% de controle sobre os resultados de uma eleição.

Assim, “não importa quem vence o jogo, quem ganha sempre é a banca.” por que a banca faz hedging que é a estratégia dominante da Teoria dos Jogos. Ela aposta igualmente em todos os cavalos criando um portfólio de investimentos simétrico, estratégico e resiliente a vários tipos possíveis de cenários extremos, mantendo a classe política sob o seu controle e seus fundos protegidos de incertezas, ou se necessário, defendidos por forças estatais de defesa.

Deste modo, o Brasil é o hedge de São Paulo que é o hedge de Londres na América do Sul e somos a base que sustenta o status quo bacana britânico e pagamos royalties para Londres pelo nosso petróleo que investimos para descobrir e extrair. Mas além disso, a Petrobras está pagando dividendos duas vezes maiores que as demais petroleiras no mundo. A cada litro de gasolina que colocamos no nosso carro hoje, pagamos uma taxa cada vez maior para Londres que pagou preço de banana nas ações da companhia ao articular um impeachment promovido por pessoas que saíram às ruas com as camisas da CBF, enquanto o Rio de Janeiro recebia os jogos olímpicos. Mais uma vez ela, a Ludocracia.

Estamos sob as rédeas de Londres com a cumplicidade de São Paulo que faz hoje do país uma nova fazendona de escravidão financeira onde 4 em 5 famílias estão endividadas e São Paulo é a casa grande com pleno emprego e o resto do país, senzala, sem emprego, sem crédito e sem estrutura.

Já passamos por isso antes e superamos isso antes quando em 1930 Getúlio Vargas liderou uma rebelião dos demais estados da nação contra São Paulo e Minas e seu “Café com Leite”. Vargas colocou o país no rumo da industrialização com políticas industriais e trabalhistas, criou a indústria siderúrgica, a Petrobras e o BNDES. Um projeto de país que nem os militares ousaram desconstruir e que viu no impeachment de 2016 a sua morte e com ele o poder de compra do Real.

Sem um projeto de país atualizado estruturando o valor da nossa moeda, é improvável vermos o dólar abaixo de R$4 num eventual governo Lula, quando o mercado financeiro de Londres tem seu homem na jogada como vice-presidente. Mesmo Lula se dizendo o pai do pré-sal, é improvável que reverta sua privatização. E no cenário de um governo Lula sob ataque ou com saúde enfraquecida, numa conjuntura passando por instabilidades econômicas e políticas em atrito com a direita e com os militares, temos os ingredientes para uma bomba armada para instalar a próxima crise política e fazer o dólar ultrapassar os 6 reais num eventual governo Alkimin, garantindo mais uma década de estagnação para nós em benefício dos que entendem e sabem jogar o jogo do poder, de fato.

Pois como eu disse, todo poder emana do Jogo, e enquanto o povo não entender o jogo e jogar, será peça no jogo de outros jogadores que entendem e jogam o jogo como se suas vidas estivessem em jogo, por que eles sabem que estão. E nós, será que ainda não sabemos?

*Rodrigo Arantes é escritor, administrador, designer de jogos de escritório, empreendedor, entusiasta de movimentos de empreendedorismo startup e gamificação e fundador do Instituto #AJOGADA™ de Gameologia, que propõe o salto da burocracia para a ludocracia (administração baseada em jogos), pela substituição de documentos por tabuleiros colaborativos nos ambientes de trabalho e de educação.

O post Ludocracia: um ensaio sobre as verdadeiras regras do jogo do poder apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Novelização em loop: e se Lula sofrer um atentado como o de Shinzo Abe depois de empossado? https://canalmynews.com.br/voce-colunista/novelizacao-em-loop-e-se-lula-sofrer-um-atentado-como-o-de-shinzo-abe-depois-de-empossado/ Tue, 02 Aug 2022 12:19:59 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32423 A PF classificou Lula como "risco máximo" intensificando sua segurança. O atentado contra o político japonês Shinzo Abe nos obriga a pensar nos piores cenários.

O post Novelização em loop: e se Lula sofrer um atentado como o de Shinzo Abe depois de empossado? apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Nessa semana a PF classificou Lula como “risco máximo” intensificando sua segurança. Na história da nossa República não é raro que presidentes não consigam chegar ao fim do seu mandato. O atentado contra o político e candidato japonês Shinzo Abe, a complexidade da geopolítica do mundo em 2022 e a tragédia recente de Foz do Iguaçu nos obrigam a pensar nos piores cenários.

A Armadilha Hobbesiana é uma tática derivada da Teoria dos Jogos similar à delação premiada utilizada pela polícia para obter provas quando capturar os suspeitos de um crime. Ao usar os arquétipos do policial bom e do policial mau, se cria um jogo de forças para desestabilização psicológica dos suspeitos, levando-os a se entregar mutuamente. Mas na armadilha hobbesiana o que vemos é uma escalada armamentista onde os dois lados de um conflito começam a investir tudo o que possuem em armas e terminam economicamente falidos. E esta tática está totalmente presente nos métodos usados por Steve Bannon e seus clientes da direita conservadora para influenciar o resultado de eleições e plebiscitos por todo o mundo ao longo da década passada.

Desde 2014 no Brasil estamos assistindo uma radicalização da política nacional criando uma polarização onde de um lado temos partidos e líderes de esquerda e do outro partidos e líderes de direita. Mas com a Lava-Jato e a utilização da delação premiada temos a aplicação de fato destes estrategemas de teoria dos jogos para influenciar a política em escala nacional, criando assim uma onda de tensão sobre a classe política de modo que são reduzidos a apenas duas posições possíveis. Assim a Lava-Jato tornou-se uma operação de coordenação da vida política nacional que usando a Teoria dos Jogos conseguiu sim descortinar alguns esquemas de corrupção mas como efeito colateral acelerar a desindustrialização da economia brasileira e enfraquecendo o poder de compra da nossa moeda pelo menos pela metade.

Mas este ciclo narrativo da Lava-Jato já se esgotou e se faz necessário agora escrever uma segunda temporada da novela para continuar mantendo os polos de tensão sempre ativos e sempre capazes de capturar a atenção das pessoas desviando suas atenções dos temas que mais importam para apenas uma policialização e futebolização política no melhor estilo de Fla-Flu e Gre-nal, fazendo-as serem dominadas pelos seus instintos primitivos sem entender do que se trata o jogo maior que estão jogando.

E com as frequentes confusões entre as instituições brasileiras acerca das urnas eletrônicas, o judiciário, o exército, e os candidatos com maiores intenções de voto, estamos por um triz de vários cenários complicados de crise institucional para nos ocupar por mais alguns anos enquanto nossa moeda derrete e nossa economia patina para benefício de países mais ricos e dependentes de recursos naturais importados.

Mas de todos, o que mais me parece crível e complexo é o cenário de acontecer no Brasil algo semelhante ao que aconteceu recentemente no Japão por parte de algum “lobo solitário”. Tanto que Lula foi classificado pela Polícia Federal como “risco máximo”, devido às ameaças que sofre, tendo agora, com a candidatura oficializada, direito à segurança diária da PF para eventos de campanha e para compromissos do cotidiano.

Quando olhamos a complexidade do cenário internacional com uma guerra acontecendo no contexto da Europa e com frequentes estranhamentos entre EUA e Rússia e China e vemos o que aconteceu recentemente no Japão e as causas que o político Shinzo Abe defendia, que lutava para que o Japão desenvolvesse capacidades militares próprias e deixasse de ser um país militarmente ocupado pelos EUA. Vemos então que vivemos momentos complexos onde existem muitos interesses internacionais em jogo em torno de cada eleição que está acontecendo hoje no mundo como não acontecia desde a guerra fria.

E neste cenário internacional complexo o Brasil certamente é uma das peças chave de modo que o lado com o qual o Brasil escolher se aliar tem grandes chances de sair como vencedor no jogo da economia mundial, quando a guerra da Ucrânia e as sanções à Rússia dividem o mundo entre os blocos geopolíticos do G7 e do BRICS.

E no atual arranjo das peças do jogo eleitoral brasileiro, bastaria que um atentado como o que aconteceu no Japão acontecesse no Brasil, num contexto de tensionamento entre as instituições da democracia e as instituições militares, para obrigar o Brasil a um pivô geopolítico para fora do BRICS onde o povo seria obrigado a sair às ruas para defender um governo Alkimin (mais alinhado ao G7 porém eleito pelas urnas) para defender a democracia brasileira da sombra das investidas autoritárias dos militares brasileiros com suas frequentes manifestações políticas em atrito com o judiciário.

Em outras palavras, se deixarmos a chapa Lula-Alckmin se eleger, bastaria um tiro como o que deram em Shinzo Abe, ou alguma causa natural como a que aconteceu com Tancredo, para deflagrar um efeito dominó que poderia desmontar o patrimônio nacional, ou as instituições da República, ou os dois. E sentiríamos o efeito disso no bolso como não paramos de ver a nossa moeda se desvalorizando desde junho de 2013.

Por isso, as contradições da chapa Lula-Alkimin configuram uma fundação duvidosa para a reconstrução de um país que já passou por uma ruptura por causa de um impeachment onde o vice rasgou seu projeto de governo no primeiro dia em que assume o mandato como novo presidente, como se não tivesse sido eleito para cumprir o mesmo projeto que a presidente derrubada.

Diz uma música que “o golpe está aí” e “cai quem quer”. Uma segunda ruptura ou guinada política como a que derrubou a presidente Dilma pode ser muito pior e mais traumática que a primeira, e nos levar a consequências ainda piores. É a repetição de um erro que já cometemos e que advém de um erro óbvio: nada vai garantir que Alckmin e Lula seguiriam o mesmo projeto, assim como nada garantiu que Temer seguiria o mesmo projeto de Dilma.

Dado que no nosso país seja um presidente eleito nem sempre consegue concluir o seu mandato, chegou a hora de o eleitor rejeitar alguns arranjos eleitorais que não tem condições de entregar o que prometem, por que o nosso legislativo é um balcão de negócios onde se negocia de tudo e neste balcão o lobby dos grandes interesses e corporações sempre consegue mais atenção do que os interesses das pessoas físicas comuns. Da primeira vez que caímos num golpe podemos alegar ingenuidade, mas da segunda, é por que estamos sendo teimosos em não querer enxergar o que não queremos ver.

No mundo dos investimentos, nunca vemos um investidor experiente investir numa empresa que não apresente um projeto bastante convincente. No entanto, nas democracias, não raro o mesmo sujeito é capaz de dar o voto, algo muito mais precioso que o seu dinheiro, para um CEO para o próprio país, estado ou cidade, sem sequer saber se o candidato tem projeto ou não tem.

Precisamos votar em bons projetos e bons executivos para executá-los e bons parlamentares para fiscalizar, mas votamos aleatoriamente em tudo e deixamos as nossas vidas nas mãos dos outros mesmo por que é mais fácil, mas isso nos custa um dia a dia cada vez mais difícil, por mais 4 anos, sem reclamar.

Mas agora, as peças para criar uma tempestade institucional perfeita que nos manterá presos “em loop” nesta armadilha hobbesiana estarão colocadas caso a chapa Lula-Alkimin seja eleita e isto poderia nos levar a um imbróglio institucional atômico que pode enrolar o meio de campo da economia atrasando o país por mais um mandato ou até o final da década, pelo crime de sermos movidos pelo cérebro primitivo e que se deixa pegar por comportamentos de rebanho que quase sempre levam a multidão de sardinhas ao abate por tubarões. Já não era para termos aprendido?

 

*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

*Rodrigo Arantes é administrador, designer de jogos de escritório, empreendedor, entusiasta de movimentos de empreendedorismo startup e gamificação e fundador do Instituto #AJOGADA™ de Gameologia, que propõe o salto da burocracia para a ludocracia (administração baseada em jogos), pela substituição de documentos por tabuleiros colaborativos nos ambientes de trabalho e de educação.


Você Colunista

O Você Colunista é um espaço no qual os membros do MyNews podem publicar seus textos no site oficial do canal. Aqui trabalhamos juntos! Se ainda não é membro, conheça os benefícios e venha para o time!

 

O post Novelização em loop: e se Lula sofrer um atentado como o de Shinzo Abe depois de empossado? apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
O assessor de Trump e Bolsonaro e a matemática por trás dos conflitos globais dos nossos tempos https://canalmynews.com.br/voce-colunista/o-assessor-de-trump-e-bolsonaro-e-a-matematica-por-tras-dos-conflitos-globais-dos-nossos-tempos/ Tue, 26 Jul 2022 11:31:22 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32117 O que existiria em comum entre episódios de violência recentes como a invasão ao Capitólio nos EUA, a guerra na Ucrânia, a tragédia de Foz do Iguaçu, e essa espiral de agressividade e tensões que o planeta vem passando?

O post O assessor de Trump e Bolsonaro e a matemática por trás dos conflitos globais dos nossos tempos apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>
Essa semana Steve Bannon, o famoso assessor de Trump e Bolsonaro, foi condenado por desacato ao congresso americano em suas investigações sobre a invasão ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.

Assim, aparentemente, se fecha um capítulo na história de um mago da gamificação do marketing político que foi responsável pelas principais vitórias de uma série de pautas e figuras conservadoras que modificaram o mundo na última década de conexão em vários fatos recentes da política nacional e internacional.

Mas o que estaria por trás do poder deste marqueteiro político que já foi produtor de séries de Hollywood como Seinfeld, foi fundador da empresa de big data Cambridge Analytica e depois se tornou o principal assessor de políticos de extrema-direita com tendências xenofóbicas e belicistas?

Para entender de onde vem o poder de Bannon você vai ter que compreender um pouco um campo da matemática chamado de Teoria dos Jogos e que já foi apropriado por muitas outras ciências, como a economia e a biologia, mas também, pelos estados maiores dos governos no período da guerra fria para a formulação de suas estratégias nucleares.

A Armadilha Hobbesiana, o jogo da destruição mútua:

Armadilha Hobbesiana, também chamada de Dilema de Schelling é o nome dado à análise de uma situação em que, dentro de um contexto, jogadores se envolvem em uma espiral de medo e armamentismo que realimenta o medo podendo assim gerar resultados negativos para todos os jogadores envolvidos.

Esta é uma situação estudada na Teoria dos Jogos, que foi um campo da economia e matemática que ganhou força após a segunda guerra, justamente num contexto em que tanto o governo americano como o soviético investiam pesadas somas em armas nucleares como escudos de contenção do avanço mútuo. Foi justamente neste período que intelectuais como Thomas Schelling e John Nash pensaram modelos matemáticos capazes de simular os possíveis cenários político-militares derivados de cada decisão de Estado feita naquele período da história.

Schelling foi um homem de confiança do presidente Kennedy e esteve ao seu lado manejando o histórico episódio da crise dos mísseis. E também cunhou conceitos como o famoso “Telefone Vermelho” entre a Casa Branca e o Kremlin (e que, na verdade, não era bem um telefone) e conceitos como massa crítica e a armadilha hobbesiana.

Na Armadilha Hobbesiana os jogadores são atraídos para um cenário final de destruição mútua quando entram num processo de se armar um contra o outro. Algo que pode acontecer tanto entre superpotências como entre marido e mulher quando gastam todas suas economias com advogados e usam filhos como armas em processos de separação.

Estamos hoje enfrentando uma nova crise dos mísseis, agora entre Estados Unidos, Reino Unido, Russia e China a respeito da Ucrânia e de Taiwan. Só que não somente de mísseis físicos, mas de dados, por fluxo de informações que tem poder de causar dano aos objetivos do inimigo. Como vírus de computador, espionagem de informações críticas inimigas, ou mesmo memes de internet desenhados para causar reações psico-emocionais em segmentos demográficos específicos.

O ponto é que na Era da Informação, naturalmente, a informação se transformou em arma. De modo que os centros de poder passaram a produzir dois tipos de informação a útil e a tóxica.

útil, é a informação que serve de subsídios para boas ações. A informação tóxica, é criada para confundir e produzir ações em próprio prejuízo no inimigo.

Deste modo, a guerra nuclear evoluiu da sub-atômica para a metafísica dos jogos virtuais, capazes de submeter os recursos do inimigo contra ele próprio, invadindo as redes de comunicação dos adversários e disseminando notícias falsas e controversas para dificultar a efetividade de suas ações, e potencialmente, controlando e dirigindo suas ações totalmente aos seus interesses.

Quem esclarece bem o princípio psicomecânico por trás disso é o pioneiro da gamificação Yu Kai-Chow, que identificou gatilhos psico-emocionais para ações de um usuário que nomeou de White Hat e Black Hat, ou chapéu branco e chapéu preto, como são também nomeados os hackers que usam suas habilidades para promover causas coletivas, como a transparência em governos e hackers que usam suas habilidades para benefício próprio como roubar dinheiro.

A Natureza dos Motivadores White Hat vs Black Hat na Gamificação

Motivadores White Hat são elementos centrais de motivação que nos fazem sentir poderosos, preenchidos e satisfeitos. Podemos sentir o controle de nossas vidas e ações. Em contraste, motivadores Black Hat, nos fazem sentir obcecados, ansiosos e adictos. Muitas vezes, deixa um mau gosto na boca porque sofremos o controle de nossos próprios comportamentos.

Como vantagens de White Hat Gamification são óbvias e uma maioria das empresas que aprendem minha estrutura pensa: “Ok, precisamos fazer o White Hat!” Eles estariam quase certos, exceto que há uma fraqueza crítica da Motivação do White Hat: não cria um senso de urgência.

Por exemplo: se eu me aproximasse de você com grande entusiasmo e exclamação: “Sair e mudar o mundo hoje!” Você pode ficar muito animado com este gatilho do Core Drive 1 e pode concordar, “Sim! Eu vou sair e mudar o mundo! Mas eu primeiro vou tomar um bom café da manhã, escovar meus dentes e me preparar para o dia!” Como  você Pode ver, não há urgência com este nível de estímulo White Hat.

No entanto, se eu pego uma arma e aponto para sua cabeça, enquanto sussurro silenciosamente, “saia e mude o mundo, ou eu vou matá-lo”, você ainda provavelmente “mudará o mundo”, mas você provavelmente não vai desfrutar do seu bom café da manhã ou escovar os dentes ao serem pressionados pela minha ameaça Core Drive 8: motivação de perda e evitação.

Claro, nesse ponto você também não se sente bem em mudar o mundo. Uma vez que você puder deixar meu alcance, você provavelmente vai parar de se importar e deixar a causa nobre completamente. Ou seja, a menos que o significado épico e o chamado se regenerem a partir de dentro.

Assim, a guerra cibernética moderna passou a empregar este princípio como arma e produzir e disseminar, em massa, informações tóxicas capazes de induzir populações inteiras a tomar decisões incorretas para seus interesses e objetivos, individuais e coletivos.

O sucesso dessas táticas já foi comprovado por plebiscitos importantes como o Brexit e a eleição de Donald Trump, Bolsonaro e Zelensky.

Seu uso foi denunciado por um ex-funcionário da empresa Cambridge Analytica, empresa fundada em 2013 por Steve Bannon e que desenvolveu um sofisticado sistema de identificação e segmentação de grupos de perfis demográficos obtidos através de dados hackeados de redes sociais como o Facebook, e assim, produzir fake news com táticas black hat especialmente desenhadas para os medos e paranóias específicas delas.

Como efeito da escalada da aplicação destas táticas de guerra cibernética, cada eleição que tem acontecido em países democráticos hoje está sob a ameaça de sofrer influências externas. E sua influência não é obviamente para a eleição dos melhores políticos que concorrem ao pleito. O objetivo tático é justamente influenciar a eleição do pior político possível para desestabilizar, por dentro, o bloco adversário com a eleição de uma liderança controversa.

E com a evolução deste jogo, o mundo corre o risco de ser totalmente pego por uma “armadilha hobbesiana” planetária que pode globalizar a política do medo e do ódio no mundo sob líderes mais incompetentes e autoritários possíveis, e um estado policial.

Os únicos países imunes à este jogo são justamente os países mais fechados, e onde a internet é mais controlada e a política monopolizada por um único grupo ou partido político, como China, Russia, Irã ou Arábia Saudita

Segundo Schelling, a única forma de evitar esta espiral de medo e agressividade é criando mecanismos que restabeleçam a confiança entre as partes do conflito, como o Telefone Vermelho entre a casa branca e o Kremlin foram no período da guerra fria. Mas o que seria o Telefone Vermelho hoje, se este processo é criado de cima para baixo, entre os centros de poder e as massas?

Essa é a questão que a humanidade precisa responder correndo contra o tempo antes que essas tensões se escalem ainda mais.

Mesmo sendo o Brasil um país que comparado com o resto da América Latina não se destaca entre os que mais tem histórico de violência por razões políticas, o caso de Foz do Iguaçu, o clima de futebolização e polarização política em que entramos desde a eleição de 2013 mas que se intensificou chegando em 2018 ao assassinato da vereadora Marielle Franco, representam que o Brasil caiu, e segue preso em uma Armadilha Hobbesiana, mas agora com milhões de armas a mais circulando nas ruas e novos clubes de tiros abrindo todos os dias. E parece que se nada acontecer, não sairemos desta armadilha tão cedo, ficando à mercê dos que se beneficiam desta polarização que são Bolsonaro, Lula e os países estrangeiros dependentes de recursos naturais que se beneficiam com a desvalorização da nossa moeda.

Entre abril de 2013 e dezembro de 2021, o dólar que valia R$1,99 subiu para a faixa de R$5,50, então essa polarização já nos custou mais que 60% do nosso poder de compra que vem numa espiral de queda ao longo de todo esse período de crise política e a indústria nacional até hoje não recuperou seus níveis de produção de 2011. A cada 5 famílias brasileiras, 4 estão endividadas e a taxa de inflação e o desemprego estão acima de dois dígitos.

Em outras palavras, a Armadilha Hobbesiana é um mal que acomete o Brasil nos fazendo mais fracos e dependentes de questões externas e estamos sentindo isso no preços de tudo, fazendo o nosso tempo individual de trabalho valer menos enquanto nossa vida política estiver presa em polarizações que não aprofundam o debate de problemas e questões caras e importantes para a vida do brasileiro.

É espantoso que com tantos jornalistas, tantos economistas e tantas universidades respeitáveis no nosso país não exista mais gente falando disso, mas isso também se explica pelas próprias bolhas que a Armadilha Hobbesiana produz e que impedem a visão do todo. Mas também pelo desconhecimento geral sobre o assunto Teoria dos Jogos que no Brasil só tem na Marinha um instituto de pesquisa inteiramente dedicado ao assunto.

Também por isso precisamos de mais espaços como o MyNews capazes de funcionar como o Telefone Vermelho e capaz de furar bolhas, reconstruir confiança e mostrar para os participantes da vida política nacional em que jogo entramos.

 

*Rodrigo Arantes é administrador, designer de jogos de escritório, empreendedor, entusiasta de movimentos de empreendedorismo startup e gamificação e fundador do Instituto #AJOGADA™ de Gameologia, que propõe o salto da burocracia para a ludocracia (administração baseada em jogos), pela substituição de documentos por tabuleiros colaborativos nos ambientes de trabalho e de educação.

O post O assessor de Trump e Bolsonaro e a matemática por trás dos conflitos globais dos nossos tempos apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

]]>