Arquivos América Latina - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/america-latina/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 24 May 2024 14:55:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Mais uma eleição de mentirinha na Venezuela https://canalmynews.com.br/coluna-da-sylvia/mais-uma-eleicao-de-mentirinha-na-venezuela/ Fri, 29 Mar 2024 23:13:52 +0000 https://localhost:8000/?p=42808 Regime impede opositores de participar do pleito presidencial marcado para o próximo dia 28 de julho

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A novela já se repetiu tantas vezes, que acabou cansando a paciência de muita gente e de muitos meios de comunicação internacionais. Tanto que, nos últimos anos, deixou-se de falar desse país vizinho ao Brasil, e se impôs a narrativa de que o país tinha se “normalizado”.

Nada mais equivocado, quando olhamos os dados da macroeconomia, cada vez piores, a crise humanitária, que segue expulsando venezuelanos – segundo dados da ONU, já são 7 milhões os refugiados – prendendo ativistas e opositores, e mantendo milhares de presos políticos. 

Agora, o país volta ao cenário principal por conta das fajutas eleições que devem ocorrer no próximo dia 28 de julho.

Digo “fajutas” por que? 

Primeiro porque Nicolás Maduro está seguindo com sua estratégia de manter-se no poder, igualzinho, usando os mesmos artifícios, desde 2013.

Como é sua tática? Os abusos contra direitos humanos, a pobreza e a perseguição aumentam, as pessoas saem às ruas para protestar, há repressão violenta, o mundo se preocupa, Maduro aceita dialogar com a oposição (já houve 14 encontros, todos falidos), mente, afirma que haverá eleições livres. Depois, não faz nada do que prometeu e ganha fácil uma votação fraudulenta, que motiva novas manifestações, e assim a história se repete.

Desta vez, porém, o cenário parece um pouco mais desesperador. A crise econômica está mais grave, o país, mais isolado e, nos últimos meses, Maduro acirrou a repressão, inabilitando vários políticos de oposição e mandando prender líderes de organismos de direitos humanos, como Rocío San Miguel que, desde fevereiro deste ano, está encerrada no Helicóide – a maior prisão para presos políticos na Venezuela. 

O último acordo com a oposição, com a chancela dos EUA, foi assinado em Barbados, em outubro do ano passado. Hoje, resta pouco dele. Afinal, seus pontos principais eram os de que o regime garantiria que as próximas eleições  presidenciais fossem livres e transparente, que opositores que estavam inabilitados poderiam participar, e que não fosse Maduro aquele que escolhesse seus adversários.

Pois a ditadura parece ter rasgado esse documento. Nada dele restou. As eleições foram antecipadas de novembro para julho, para atrapalhar a oposição, os candidatos inabilitados, entre eles a escolhida pelos principais partidos opositores, María Corina Machado, continuaram se poder disputar, e Maduro escolheu seus candidatos.

Ao todo, serão 12 candidatos, mas nenhum deles pertence realmente à oposição. São meros fantoches ou opositores que se resignam ao regime em troca de favores. 

Maduro quer fixar a ideia de que Manuel Rosales seria seu grande opositor. De fato, o governador do Estado de Zulia, pertence ao partido opositor Un Nuevo Tiempo. Porém, sua postulação não foi reconhecida pela Plataforma Unitária, aliança dos principais partidos de oposição, incluído o seu. Sua inscrição, nos últimos momentos do prazo final, deu-se de modo repentino e, aparentemente, com uma ajuda do próprio regime.

Como afirmou Leopoldo López em uma entrevista à Folha de S.Paulo, no último domingo, o que está marcado para ocorrer na Venezuela, no próximo dia 28 de julho, “não pode ser considerado uma eleição, pois trata-se de uma armação de Nicolás Maduro para continuar no poder”.

De fato, com apenas 15% de apoio e mais de 80% da população contra o regime, parece que seria muito difícil que Maduro ganhasse uma eleição se ela fosse legítima. 

Pelo menos, esse último episódio serviu de “gota d’água” até para os aliados de Maduro na região, como Gustavo Petro (Colômbia) e Lula (Brasil). Ambos, diferentemente da postura de respaldo e aproximação à Maduro que vinham tomando, desta vez se posicionaram de modo crítico e se mostraram “preocupados” com o caminho tomado pelo ditador.

O que vem pela frente? Provavelmente mais uma volta no ciclo que descrevi acima. Salvo se Maduro recue por algum motivo. Ainda há tempo até 28 de julho, e até lá a crise e a fricção política devem aumentar de voltagem.

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América Latina, uma região em recessão democrática https://canalmynews.com.br/coluna-da-sylvia/america-latina-uma-regiao-em-recessao-democratica/ Wed, 16 Aug 2023 21:29:39 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=38894 A diferença, agora, parece ser que essas cifras já não nos assustam

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A América Latina vive um período de “recessão democrática”, segundo os números da prestigiada pesquisa Latinobarómetro, recém-lançados. A socióloga chilena Marta Lagos, que coordena o estudo, já vinha apontando essa tendência nas últimas pesquisas.

A diferença, agora, parece ser que essas cifras já não nos assustam, basta olhar o noticiário da região a cada semana: aumento da violência, preferências por soluções mais radicais nas eleições (como na Argentina), assassinatos de candidatos (Equador) e baixo volume de comparecimento às urnas, entre outros aspectos. O documento ainda alerta: “A democracia, muito longe de se consolidar, entrou em recessão, e vai deixando os países vulneráveis ao avanço de soluções autoritárias”, diz Lagos.

A Latinobarómetro é um instituto baseado no Chile e que realiza pesquisas anuais, in loco, em 17 países da região. Neste ano, apenas a Nicarágua ficou de fora, por não ter sido permitida a entrada dos pesquisadores no país. O estudo mostra que 48% dos latino-americanos apoiam hoje a democracia como regime político, o que marca uma diminuição de 15 pontos percentuais nos últimos dez anos.

Outras conclusões que vale a pena observar:

A indiferença dos latinomaericanos sobre que tipo de regime preferem aumentou, foi de 16% no ano passado a 28% neste ano;

A preferência por um governo autoritário ante a um democrático subiu de 13% no ano passado para 17%;

Entre os jovens, são 43% os que apoiam a democracia, já entre os mais velhos, essa cifra cresce para 55%;

Esses números explicam, por exemplo, a ascensão de Javier Milei, na Argentina. Segundo o estudo, “as sociedades latino-americanas estão insatisfeitas, desesperadas por soluções”, daí a escolha por supostos “outsiders”, que com respostas radicais e simplórias prometem resolver os graves problemas do país.

Em 2019, houve protestos em vários países por uma mudança da relação do Estado. Os manifestantes reclamavam por melhores pensões, aposentadorias e melhor educação. Esses protestos foram deixados de lado uma vez que chegou a pandemia do coronavírus. Depois, no chamado pós-pandemia, as demandas de 2019 voltaram renovadas. E esse é o ambiente político que se vive na região. As pessoas estão cansadas dos políticos já conhecidos e suas reivindicações aumentaram com o agravamento da situação econômica e a violência em muitos dos países.

Um fenômeno marcado de nossos tempos parece ser o da popularidade de líderes autoritários, como é o caso do salvadorenho Nayib Bukele, que tem mais de 70% de aprovação e é praticamente um ditador. Tendo avançado contra as instituições, com um Congresso totalmente fiel a ele, Bukele mudou a Constituição e muito provavelmente vencerá o pleito de sua reeleição. O fato de haver cartazes de apoio a Bukele em vários países da região mostra que sua estratégia autoritária é popular não apenas em El Salvador.

Quanto a presidentes democráticos que se mostraram fracos para levar seu governo adiante, se vê a reação popular para que deixem seus postos cada vez mais presentes, como ocorreu com Fernando Lugo, no Paraguai em 2012, com Dilma Rousseff, no Brasil em 2016, e com Pedro Castillo, no Peru, mais recentemente.

O estudo Latinobarómetro nos coloca diante de um espelho. De certo modo, já nos sentimos em uma situação assim. O que ele acrescenta é que os números confirmam nossas sensações e nos dão claridade e números precisos sobre o tempo em que vivemos. Na região, emerge uma geração de eleitores pouco interessados nos processos históricos de seus países, que querem transformações rápidas e querem lideranças novas de pulso firme e que os entusiasmem.

Para onde esses fenômenos levarão a região? Teremos de decifrar isso antes de que seja tarde demais.

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Pandemia causou retrocesso de 27 anos no combate à pobreza na América https://canalmynews.com.br/internacional/pandemia-causou-retrocesso-de-27-anos-no-combate-a-pobreza-na-america/ Fri, 27 Jan 2023 22:52:54 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35639 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável foram tema no Fórum Social

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Os impactos da pandemia de covid-19 na América Latina e no Caribe causaram um retrocesso de 27 anos na pobreza extrema. A informação é da representante da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross. Ela participou do debate sobre o cenário dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no contexto atual, na tarde no Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre.

A atividade foi proposta pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), que fez no evento uma reunião ordinária. Os ODS, também conhecidos como Agenda 2030, foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, para substituir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), e incluem 17 objetivos como erradicação da pobreza, igualdade de gênero, redução das desigualdades, consumo e produção responsáveis e educação de qualidade. Cada objetivo é subdividido em diversas metas.

De acordo com Gross, que participou do evento de forma on-line, o ODS 3, que trata de saúde e bem estar, está com 70% das metas avaliadas como não alcançáveis em 2030 na América Latina e Caribe, se a implementação permanecer no ritmo atual. Em avaliação feita no ano passado, 22% dessas metas apresentaram retrocesso.

“A pandemia de covid-19 nas Américas trouxe uma crise sem precedentes, que impactou os determinantes sociais da saúde, aprofundando as iniquidades. Tivemos um retrocesso de 27 anos na pobreza extrema. Hoje temos na região pessoas que não são mais pobres, e sim estão em uma situação de vulnerabilidade muito importante. E nós não temos 27 anos para recuperar esses 27 anos que perdemos. Tivemos um aumento de 8 milhões de pessoas na insegurança alimentar, em uma região que já era desigual”.

Brasil
Sobre o Brasil, Gross destacou que o país é um dos 20 nos quais 78% de todas as crianças não receberam nenhuma dose de vacina contra a covid-19.

Também no debate, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Richarlls Martins, coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento, lembrou que a Agenda 2030 faz parte da política externa do país. “ Os ODS são uma agenda integradora para melhorar a vida das pessoas, integrando os temas da agenda ambiental, social e econômica, tudo junto”, explicou ele.

Sobre a implementação do ODS 3 no Brasil, ele destaca que nenhuma meta avançou em 2022. “Nós temos o Relatório Luz, que acompanha a implementação da agenda 2030, publicado desde 2017 pela sociedade civil. Ele aponta os problemas para a implementação das metas e o último relatório, de julho de 2022, traz indígenas na capa, não à toa. Todas as metas do objetivo 3 não tiveram nenhum nível de avanço, estão todas com retrocesso, estagnada, ameaçada ou, no máximo, insuficiente”.

Outra forma de acompanhar a implementação da Agenda 2030 é pelo Índice de desenvolvimento sustentável das cidades (https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/), que apresenta em forma de mapa a situação dos municípios brasileiros. “A ferramenta traz um diagnósticos por cidade do Brasil, ajuda a localizar essa agenda, que muitas vezes parece tão distante da gente”, diz Martins.

Estava prevista na mesa a participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Mas ela precisou cancelar a vinda a Porto Alegre devido à crise com o povo Yanomami. Em vídeo enviado ao evento, ela saudou a discussão e afirmou que o Brasil está em sintonia com a implementação da Agenda 2030.

“Os desafios de reconstrução do país encontram-se conectados aos de âmbito global, tais como a superação da pandemia, ainda em curso, e a recuperação dos seus impactos sociais, econômicos, culturais. Para isso é fundamental enfrentar a questão das mudanças climáticas e a redução das desigualdades. A reconstrução nos inspira e ao mesmo tempo nos traz esperanças de, com bastante trabalho e participação coletiva, mudarem essa realidade”.

 

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Política externa de Lula buscará reconstruir pontes com sul-americanos https://canalmynews.com.br/politica/politica-externa-de-lula-buscara-reconstruir-pontes-com-sul-americanos/ Mon, 26 Dec 2022 21:24:28 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35183 Protagonismo na questão das mudanças climáticas está entre prioridades

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A política externa está entre as prioridades do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que assume o cargo no dia 1º de janeiro. Um dos desafios da pasta das Relações Exteriores, sob o comando do embaixador Mauro Vieira, será retomar o protagonismo no enfrentamento às mudanças climáticas.

O primeiro passo nesse sentido ocorreu dias depois do segundo turno das eleições, quando Lula, já como presidente eleito, foi ao Egito para participar da COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Na ocasião, Lula disse que o Brasil está “de volta” e propôs que uma nova conferência climática tenha a Amazônia como sede.

Também está na mira do novo governo o fortalecimento de mecanismos como o Mercosul e o Brics, grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A defesa de uma reforma estrutural da Organização das Nações Unidas (ONU) e a conquista de um assento no Conselho de Segurança da entidade são outros desafios da política externa.

O fortalecimento de parcerias comerciais estratégicas, como a da China, também é prioridade. O país asiático respondeu pela maior participação nas exportações brasileiras em 2021: 31,28% do total, ou US$ 87,7 bilhões.

Agenda internacional

A primeira viagem internacional de Lula, depois de tomar posse na Presidência da República, será para a Argentina, onde participará da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), no fim de janeiro. Segundo o futuro chanceler, Mauro Vieira, Lula pretende implantar uma política de reconstrução de pontes, em primeiro lugar com os vizinhos sul-americanos, restabelecendo todos os mecanismos de contato e negociação, e também com América Latina, em geral.

Estão previstas ainda para o primeiro trimestre viagens de Lula aos Estados Unidos e à China.

Logo depois da confirmação da vitória de Lula no segundo turno, o presidente chinês, Xi Jinping, enviou carta de cumprimentos ao eleito. “Recebi com satisfação carta do presidente Xi Jinping, reforçando os cumprimentos pelo resultado eleitoral, a amizade e parceria estratégica global entre nossos países e a visão de longo prazo das relações entre Brasil e China”, divulgou em mensagem no Twitter.

Em novembro, o governo dos Estados Unidos (EUA) também fez um gesto aproximação com o Brasil. Lula teve uma reunião com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, e outros representantes do governo de Joe Biden, em Brasília. No encontro, Lula foi convidado para uma visita a Washington, antes mesmo de tomar posse, o que não foi possível.

Jake Sullivan disse ao presidente eleito que Joe Biden pretende encontrá-lo pessoalmente para expressar um compromisso real e a motivação para proteger a Amazônia e falar sobre uma variedade de suportes que seu país pode dar, “não apenas técnicos, mas também financeiros”.

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Brasil: vizinhos problemáticos https://canalmynews.com.br/opiniao/brasil-vizinhos-problematicos/ Mon, 20 Jun 2022 13:30:25 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=30275 Provavelmente desde os tempos do Barão do Rio Branco o Brasil não vive um momento de tanta instabilidade nas suas fronteiras.

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Provavelmente desde os tempos do Barão do Rio Branco o Brasil não vive um momento de tanta instabilidade nas suas fronteiras. A Venezuela há anos se tornou um narco-estado, descumpriu vários acordos que havia firmado com o Brasil (entre eles o da construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o que causou prejuízos incalculáveis para a Petrobrás) e continua causando uma crise humanitária com os milhares de refugiados que utilizam o Estado de Roraima como corredor de fuga.

A Colômbia, segundo país mais importante da região, tanto em termos populacionais como de geração de riqueza, com o resultado das eleições ocorridas ontem, 19 de junho, deu uma guinada para uma esquerda bolivariana, cujos resultados impactarão negativamente a região. Qual será o verdadeiro poder e disposição que Gustravo Petro terá de desmantelar a última guerrilha ativa na Colômbia, não se sabe. O país também saiu dividido das eleições, Com metade do Congresso nas mãos da centro-direita. Mas o mais preocupante é a prometida aproximação com a Colômbia de Nicolás Maduro. Resta saber se as propaladas virtudes de Petro se imporão nessa nova relação, ou se os vícios de Maduro sairão vencedores. Nesse aspecto o histórico sul-americano não é promissor.

O Peru, com Pedro Castilho, tem um marxista-leninista (exatamente isso, em pleno século XXI essas ideologias ainda circulam e formam a opinião pública). Ele já sofreu tentativas de impeachment e de golpe, sendo que e seu próprio partido deseja reduzir o mandato para dois anos a fim de haver novas eleições no Peru em 2023. Não faz falta dizer que toda essa instabilidade num país produtor e exportador de drogas, e que tem uma enorme fronteira com o Brasil, de quase 3.000 Km (mais exatamente 2.995 km), sendo que sua maior parte é na floresta Amazônica, que isso é um problema. Os assassinatos cometidos recentemente no Vale do Javari foi a poucos quilômetros dessa problemática fronteira.

A Bolívia, sob a atual presidência de Luís Arce, ex-ministro do “cocalero” Evo Morales, sobrevive em sua tradicional instabilidade, e junto com o Peru é outro centro produtor de coca que encontra seu caminho natural de escoamento pelo Brasil. São 3.400 km de fronteira, sendo uma boa parte dela seca. Qualquer um a atravessa sem problemas.

O Paraguai continua a ser um entreposto de contrabando e mercadorias roubadas (estima-se que metade da sua frota de veículos foi roubada no Brasil – inclusive houve um tempo que a Mercedes-Benz presidencial do Paraguai tinha sido roubada de uma multinacional instalada no Brasil…). Além disso, é um conhecido “exportador” de armas e munição de grosso calibre que tem suprido as milícias urbanas bem como os narcotraficantes que atuam em território brasileiro.

Por fim a Argentina, que atualmente é ferrenha aliada do regime de Maduro e dos aiatolás do Irã, este último um estado terrorista com forte atuação na tríplice fronteira (Foz do Iguaçu).

Com esses vizinhos não faltam problemas para serem resolvidos pelo Itamaraty, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Marinha do Brasil, polícias militares dos estados fronteiriços, Ministério Público Federal e dos estados limítrofes, Força Nacional de Segurança Pública, Exército e Força Aérea, entre outras instituições. Sem uma atuação articulada e enérgica de todos esses entes o Brasil corre o risco de se tornar o que a maioria de seus vizinhos estão se tornando. Exceto, por enquanto, o Uruguai.

*Cândido Prunes é advogado, pós graduado em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo e no programa executivo de Darden – Universidade de Viriginia, é autor de “Hayek no Brasil”.

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Educação pode assumir um papel protagonista para parir resistência e alimentar esperança https://canalmynews.com.br/cecilia-leme/educacao-pode-assumir-um-papel-protagonista-para-parir-resistencia-e-alimentar-esperanca/ Sat, 20 Feb 2021 14:09:23 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/educacao-pode-assumir-um-papel-protagonista-para-parir-resistencia-e-alimentar-esperanca/ Que tipo de educação necessitamos para superar os muitos problemas que afligem nosso país?

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A partir da década de 1960, acentua-se um processo de institucionalização da violência liberal conservadora no continente latino-americano, o que provocou profundas e rápidas transformações, principalmente de caráter social, político e cultural. Esse contexto favoreceu o surgimento de práticas educativas críticas com metodologias alternativas às práticas tradicionais de educação.

Os fundamentos teóricos clássicos da pedagogia e as grandes linhas educativas existentes já não conseguiam explicar a educação latino-americana, e não ofereciam subsídios para sua transformação e adequação às novas necessidades contextuais. As múltiplas realidades e os contrastes socioeconômicos gerados por políticas autoritárias e elitistas criaram um ambiente favorável para o surgimento de um processo de reconstrução teórica e de revisão metodológica da educação. O que foi nascendo desse processo recebeu diferentes denominações, como educação popular, educação libertadora, educação inclusiva ou educação social. Sem desconsiderar a pertinência de cada termo, opto por utilizar a expressão educação social, porque considero que todo processo educativo pressupõe incidência social.

Uma constante inquietude nos debates sobre a educação social está relacionada com os lugares privilegiados para a intervenção socioeducativa.  O grande desafio é o plantio de resistência e esperança em comunidades e contextos em que as pessoas não têm acesso a condições mínimas para viver dignamente, ou que já não encontram motivos para acreditar em mudanças positivas. Falar de esperança na educação é algo muito sério. Implica construir junto com pessoas e comunidades uma ética de resistência incansável e uma desobediência civil legitimada pela possibilidade de (re)construção dos tecidos sociais rompidos. E é exatamente essa a urgência da educação social: atuar em diferentes espaços e realidades, nos quais urge reconstruir esperança e vislumbrar caminhos de resistência que conduzam às necessárias mudanças sociais, econômicas e políticas.

Por isso a educação social latino-americana tem privilegiado os locus marcados pelo abandono político, a exclusão cultural e o esquecimento social. Com relação a isso, lembro-me de uma caminhada pedagógica pelas ruas de São Paulo, quando eu trabalhava como educadora social junto a crianças em situação de rua. Naquela noite, surpreendeu-me a pergunta do Marcelo, um menino de 10 anos: “tia Cecilia, que tipo de educadora é você?” Essa pergunta me fez pensar. Claro, o Marcelo não se referia às teorias e metodologias pedagógicas que aprendemos na universidade.

Enquanto eu pensava sobre isso, o menino completou a pergunta. “Não é por nada, tia, é que aqui chegam muitos tipos de educadores. Uns querem saber tudo da nossa vida e eu não gosto disso. Eu só conto coisas da minha vida para meus amigos, as pessoas em quem confio. Chegam educadores para dar sopa quente e vão embora logo. Isso é bom, principalmente quando faz muito frio, porque a sopa nos esquenta e ajuda a dormir. Chegam educadores que querem nos obrigar a louvar a Deus, esses são muito chatos. Também chegam educadores que só querem conversar com a gente. Não dão nada, não convidam para rezar, não perguntam sobre nossa vida, só ficam com a gente e sabemos que são nossos amigos”.

As palavras daquele menino ativaram em mim um processo de busca profissional que ainda não terminou. Que tipo de educadora sou eu? Que tipo de educação necessitamos para superar os muitos problemas que afligem nosso país? Aprendi com o Marcelo que tanto a educação institucional, como a educação social, aquela que acontece fora dos espaços educativos convencionais, são práticas sociais críticas, pois levam a tomar uma posição pessoal e profissional, o que Paulo Freire denominou ato comprometido. Essa perspectiva freiriana recupera o aspecto intencionalmente político e reflexivo da educação, para que se converta em uma prática-compromisso que contribui, de fato, para uma melhor vida para a humanidade e o planeta. Com isso quero reforçar que a educação pode assumir um papel protagonista para parir resistência e alimentar esperança. Também pode ser partícipe na luta pelas tão necessárias mudanças políticas que garantam justiça social, ética administrativa e acesso equitativo aos direitos fundamentais. Isso só se alcança com acesso a uma educação de qualidade, que forme pessoas pensantes e críticas, que se neguem a eleger políticos populistas, ou a conviver com a incitação da violência e da barbárie, ou a acreditar em soluções mentirosas para problemáticas humanas e sociais complexas.

Acredito na capacidade educativa de descobrir ou inventar alternativas que silenciem o monólogo impositivo de uns poucos para que se escute a melodia de diferentes vozes que dialogam, que sorriem e que cantam. Uma educação que paralise definitivamente as mãos que golpeiam e os corpos que abusam. Uma educação que promova relações e ações para a paz, que reinvente o cotidiano, a vida, a história e a própria educação.

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Em disputa acirrada, eleições vão para segundo turno no Equador https://canalmynews.com.br/politica/eleicao-equador/ Mon, 08 Feb 2021 15:45:14 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/eleicao-equador/ Andrés Arauz, candidato da UNES, de esquerda, confirma favoritismo, mas adversário no segundo turno está indefinido

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Mais de 13 milhões de equatorianos foram às urnas neste domingo (7) para eleger o próximo presidente e vice-presidente do país, além dos 137 legisladores que irão compor a Assembleia Nacional e o Parlamento Andino – devido à fragmentação das forças políticas, não se espera que nenhum partido consiga maioria.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a necessidade de um segundo turno, mas que ainda não há definição de quem estará na disputa.

Até o momento, Andrés Arauz, candidato pela coligação ‘La Unión por la Esperanza’ (UNES), jovem economista de esquerda aliado do ex-presidente Rafael Correa, confirmou o favoritismo e liderada o pleito com cerca de 32,2%.

A disputa está em quem enfrentará Arauz no segundo turno. Yaku Pérez, presidente do movimento indígena Pachakutik, definido como centro-esquerda verde, possui 19,8% dos votos, seguido pelo ex-banqueiro da centro-direita Guillermo Lasso, da aliança Creo-Partido Social Cristão (PSC), com 19,6%.

Palácio de Carondelet, prédio presidencial em Quito, Equador.
Palácio de Carondelet, prédio presidencial em Quito, Equador. Foto: Neverhood (Domínio Público).

Como nenhum candidato obteve mais de 40% dos votos válidos e uma diferença de pelo menos dez pontos, o futuro presidente do Equador será conhecido apenas no dia 11 de abril, em segundo turno.

Uma surpresa foi Xavier Hervas, empresário candidato pela Esquerda Democrática, que obteve 16,02% dos votos. Os demais candidatos tiveram menos de 3% dos votos válidos.

Quem pode ser o próximo presidente?

ANDRÉS ARAUZ Quiteño, economista de 36 anos, se lança como candidato à presidência do Equador pela primeira vez. Durante o governo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) foi ministro da Cultura, coordenador do Conhecimento e Talento Humano, subsecretário de Planejamento do Bem Viver na Secretaria Nacional de Planejamento e Desenvolvimento. Representante do partido de esquerda Unes.

GUILLERMO LASSO Guayaquileño, 65 anos, banqueiro, é pela terceira vez candidato à presidência do país. Durante o governo do ex-presidente Jamil Mahuad (1998-2000), Lasso ocupou cargos públicos, como Governador de Guayas e Super Ministro da Economia. Foi embaixador no governo de Lucio Gutiérrez (2003-2005). Empresário, representa o movimento de centro-direita Creo-PSC.

YAKU PÉREZ GUARTAMBEL Cuencano, 50 anos, natural de Cachaipucara, também disputa o cargo executivo pela primeira vez. Pérez é doutor em Jurisprudência. Foi presidente da Confederação dos Povos da Nacionalidade Kichwa do Equador (Ecuarunari). Em 1994 foi vereador de Cuenca e em 2019 prefeito de Azuay. Defensor do meio-ambiente, representa a legenda de centro-esquerda Pachakutik.

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Fechamento de fábricas e fim da produção da Ford é sintoma do ‘custo Brasil’, diz economista https://canalmynews.com.br/economia/fechamento-de-fabricas-e-fim-da-producao-da-ford-e-sintoma-do-custo-brasil-diz-economista/ Tue, 12 Jan 2021 22:36:00 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/fechamento-de-fabricas-e-fim-da-producao-da-ford-e-sintoma-do-custo-brasil-diz-economista/ Decisão da montadora refletiria processo de desindustrialização vivido pelo Brasil

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Na última segunda-feira (11), a fabricante multinacional estadunidense de automóveis Ford anunciou o encerramento de sua produção no Brasil após 101 anos de operação em solo nacional. A decisão impacta as fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE). Mas a retirada da montadora, contudo, não é considerada uma surpresa pelo mercado.

Para a economista-chefe da empresa independente de gestão de recursos Gap Asset, Anna Reis, a saída sem aviso prévio ou explicações consolida um processo de alteração estrutural da companhia, que, há alguns anos, vinha anotando certos prejuízos na América do Sul.

“A surpresa é o tipo de informação que rege o mercado, como algo ‘fora do radar’. A Ford, no entanto, já estava há vários anos sem fazer investimentos relevantes no Brasil, registrando prejuízos na América Latina, caindo na participação de mercado”, explicou Reis em participação no Morning Call desta terça-feira (12).

Um das fábricas da Ford que serão fechadas fica em Camaçari (BA).
Fábrica da Ford em Camaçari (BA), uma das que serão fechadas com o fim da operação da montadora no Brasil.
(Foto: Divulgação)

Processo de desindustrialização?

Dividindo economistas e especialistas do setor, o fenômeno da desindustrialização voltou ao debate a partir do anúncio da Ford.

Em um comunicado oficial sobre o fechamento das fábricas, Lyle Watters, presidente da montadora na América do Sul, afirmou que a decisão foi tomada “à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

Para concessionárias, foram encaminhadas notas com informações mais detalhadas, informando que “desde a crise econômica em 2013, a Ford América do Sul acumulou perdas significativas”, demandando auxílios financeiros da matriz estadunidense, “o que não é mais sustentável”.

Reis esclareceu que em relação ao Brasil, “o processo de desindustrialização já ocorre há muitos anos.” A manifestação, segundo ela, ocorre “devido ao ‘Custo Brasil’, que envolve cargas tributárias super altas, um elevado custo trabalhista (com diversos encargos) e custos regulatórios, já que não há uma estabilidade… Isso não é uma novidade, não é algo desse governo, nem do último, nem do penúltimo.”

Nesse contexto, a competitividade industrial nacional, caracterizada também pelo Custo Unitário do Trabalho (CUT), ao relacionar o salário médio pago com a produtividade da mão de obra, elucida o desempenho fabril brasileiro, revelando interesses domésticos e internacionais quanto aos investimentos no setor.

“Pela primeira vez, estamos um pouco mais competitivos. Na época em que o câmbio estava muito valorizado, o custo de trabalho era alto, sendo caro produzir aqui. Agora, em padrões históricos, está baixo”, afirmou a economista. Pode-se dizer, então, que a surpresa – se, de fato, há alguma – foi por essa razão: “o Brasil está barato, competitivo para se produzir aqui, e a Ford fechou as portas”, completou.

Desdobramentos políticos

Quanto às projeções do setor, Reis compreende que “o mercado olha muito para frente. Em vez de se perguntar ‘como chegamos aqui?’, é mais importante questionar ‘será que o fechamento da Ford tem alguma implicação?’. Na economia teremos a perda de cerca de 6 mil empregos, o que é um problema, mas um aspecto ainda mais delicado é o impacto político.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou que a saída da montadora “é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional”.

Contudo, para Reis, “o Ministério da Economia, ao contrário do passado, é um super ministério, já que unificou várias pastas que antes eram separadas, como o Ministério da Indústria e o Ministério do Planejamento, deixando tudo sob o guarda-chuva do Paulo Guedes. Então, uma possível implicação política da saída da Ford, que pode trazer alguma preocupação para o mercado, é o impacto sobre a imagem do Guedes, que não estaria dando conta de controlar todas as questões, desmembrando, novamente, o ministério.”

Caracterizado pela base de apoio bolsonarista como detentor dos poderes econômicos – uma prova do prestígio dele junto ao presidente –, Guedes pode sofrer certa deterioração frente ao grupo: “Desmembrar o ministério pode gerar uma preocupação em torno dessa perda de poder e prestígio da pasta”, finalizou.

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