Arquivos comunismo - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/comunismo/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 24 May 2024 14:36:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Receita infalível para se tornar um colunista neocon de sucesso https://canalmynews.com.br/balaio-do-kotscho/receita-infalivel-para-se-tornar-um-colunista-neocon-de-sucesso/ Thu, 18 Jan 2024 17:56:41 +0000 https://localhost:8000/?p=41986 Fundamental é ser contra o governo, principalmente se for de esquerda. Nem o Vaticano deve ser poupado

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Para começar, é preciso ter diploma, qualquer um, para se diferenciar dos simples mortais. Vivemos a época dos especialistas em qualquer assunto. Não há mais lugar para genéricos autodidatas como Cláudio Abramo e Mino Carta.

Você pode ser sociólogo, filósofo, geógrafo, diplomata, médico, advogado, mas tem que ser um “ista” em qualquer área do conhecimento humano. Importante é sempre deixar claro que você não é jornalista, um ofício menor, para não ser obrigado a se ater à verdade factual e poder viajar à vontade nas tuas verdades absolutas.

Fundamental é ser contra o governo, principalmente se for de esquerda. Nem o Vaticano deve ser poupado. É preciso sempre combater o perigo “comunista”. Fazer cara de mau também ajuda, mas se permite um sorriso irônico e um balançar de cabeça vez ou outra, quando você discorda dos menos dotados de saber e inteligência.

Em qualquer plataforma, recomenda-se ser sempre contra o senso comum, duvidar da ciência, colocar minhoca na cabeça da plateia, confundir para depois explicar, criar polêmica, causar. Cancelar e humilhar quem pensa diferente também é recomendável. Gera leitura, cliques e audiência, o combustível do sucesso. É só ver o exemplo do inacreditável Javier Milei, que começou falando abobrinhas como colunista neocon de economia na TV e virou presidente da República, repetindo as mesmas ideias, que agora está colocando em prática.

O primeiro case de sucesso desta fauna foi o “filósofo” Olavo de Carvalho, que hospedou suas colunas em grandes jornais, não esqueçamos, antes de se tornar guru do nascente bolsonarismo, escola que também chegou ao poder. A ele se seguiram várias contrafações, até de jornalistas, mas quem brilhou mais foram os novos filósofos, que fazem cara de inteligência superior até para dar boa noite.

Outra dica infalível é fazer citações eruditas de autores desconhecidos para mostrar como os mortais que debatem com eles são ignorantes. Seja num programa do “mainstream” dos canais de notícias, num podcast ou no Domingão do Huck, repita sempre os mesmos bordões, não importa o assunto.

Faz parte do receituário naturalizar os autocratas mais bizarros e  os crimes contra a humanidade, levantando questões de semântica e semiótica, que ninguém vai entender, mas a plateia do papel ou da telinha achará bonito.

Ser um colunista neocon de sucesso não é para qualquer um. Tem que ter “feeling” para o negócio, pois é disso que se trata, e uma tremenda cara de pau para agradecer os aplausos. O que era um nicho de mercado nos tempos de Paulo Francis, outro precursor, virou tendência no preenchimento de vagas de novos colunistas, com preferência para os neocon.

Rubem Braga, coitado, não teria a menor chance nesse nicho.

Vida que segue.

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Pequeno Glossário Político: Anarquismo, Socialismo, Comunismo e Social-Democracia https://canalmynews.com.br/voce-colunista/pequeno-glossario-politico-anarquismo-socialismo-comunismo-e-social-democracia/ Mon, 15 Aug 2022 14:55:30 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=32998 Conheça as ideologias políticas que surgiram em resposta as democracias liberais.

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Esta é a quarta parte do meu Pequeno Glossário Político. Apesar de não ser necessária a leitura das partes anteriores para entender esta parte, sem dúvida elas darão um contexto mais amplo. Então sugiro a leitura da primeira, segunda e terceira partes.

Aqui analisaremos as ideologias políticas que surgiram em resposta as democracias liberais. Após a Revolução Gloriosa, a Independência Americana e a Revolução Francesa tivemos a propagação dos ideias de República, Democracia, Direitos Humanos Universais e do liberalismo. Mas isto também se traduziu no colonialismo, no imperialismo, no tráfico internacional de escravos, e na criação de uma enorme desigualdade econômica e social entre trabalhadores e capitalistas. Estas incoerências e desigualdades acabaram por criar uma série de movimentos contestatórios.

Provavelmente o primeiro deles é uma espécie de irmão radical do liberalismo. O anarquismo pega como base a ideia liberal de que o Estado tem a tendência de controlar e reprimir as liberdades individuais e leva para o extremo. O anarquista defende que toda hierarquia é uma forma de dominação, e por isto defende o fim das relações hierárquicas, sejam elas econômicas, sociais, religiosas ou culturais. Em especial o anarquista vê o Estado como a dominação do homem pelo homem. Em lugar das organizações hierárquicas o anarquismo propõe a autogestão, a livre associação e o trabalho comunitário. O objetivo final do anarquismo é a construção de uma sociedade libertária,  sem estado, classes econômicas, castas sociais ou outras formas de dominação.

Junto ao anarquismo surge também o socialismo. Para o socialista as desigualdades e incoerências da sociedade capitalista se deve a propriedade privada dos meios de produção. A solução para as contradições capitalistas seria a socialização dos meios de produção, ou seja, o controle comunitário destes. Importante destacar que não se trata do fim de toda e qualquer propriedade individual, mas sim a propriedade privada dos meios de produção. Em uma sociedade socialista você pode, por exemplo, ter o seu apartamento e a sua televisão, mas ninguém seria dono das indústrias que produzem estes bens materiais.

Junto ao socialismo temos também o comunismo. Durante muito tempo os dois termos foram usados quase como sinônimos, mas há algumas diferenças. O comunismo, assim como o socialismo, considera que a exploração do trabalho pelo capital é a causa das desigualdades sociais atuais. E como solução para isto propõe o fim da propriedade privada, o fim do estado, e o fim das classes econômicas. No comunismo não há propriedade privada, apenas bens coletivos. E não há governo ou classes econômicas. A sociedade obteria de cada um o que eles podem produzir, e ofereceriam para cada um o que eles necessitassem.

Estes três movimentos trabalhistas se organizam de forma relativamente colaborativa, apesar das divergências, durante o século XIX. O auge desta movimentação anarquista, socialista e comunista aconteceu no ano de 1848, com uma série de revoluções ao redor da Europa. Podemos destacar ainda a Comuna de Paris, em 1871, tida por muitos como o primeiro governo popular da história.

Mas nenhuma destas revoluções durou o suficiente para criar uma nova forma de sociedade. Isto só vem a acontecer em 1917, com a Revolução Russa. Promovida pelo Partido Comunista Soviético, a Revolução Russa muda completamente o cenário destes movimentos de trabalhadores.

O modelo construído por Lênin e seus bolcheviques acabam por sedimentar uma série de conceitos pelos quais entendemos o que é socialismo e comunismo hoje. Em especial é somente em Lênin que temos a definição do socialismo como uma etapa para se atingir o comunismo.

Na visão de Lênin o comunismo só poderia ser implantado através de uma revolução armada do trabalhador, derrubando o governo burguês. Mas para se atingir o comunismo, era necessária uma etapa de adaptação social, onde o estado socializaria os meios de produção e anularia as diferenças econômicas e trabalhistas.

Infelizmente as experiências deste socialismo real como meio de atingir o comunismo se traduziram em regimes de partido único, censura, totalitarismo, fim das liberdades civis, etc. E não poucas vezes levou a tragédias humanas do pior tipo, com prisões políticas, extermínio da oposição, desestruturação econômica, fome, miséria, etc. E nenhum país atingiu o estágio do comunismo, mesmo após décadas governados por comunistas.

Do outro lado surgiram movimentos anticomunistas. Mesmo antes da Revolução Russa, antes dos governos socialistas do bloco soviético a resistência aos comunistas foi radical e violenta. E com os horrores vindos da época da Guerra Fria se tornou cada vez mais comum confundir as ideologias libertárias ou revolucionárias com os horrores realizados pelos países do bloco socialista. Contudo nem todo anarquista, nem todo socialista e nem todo comunista defendem a revolução armada, regimes de partido único e o combate violento a toda forma de oposição.

E cabe ainda lembrarmos que horrores similares acontecem também no lado capitalista da polêmica. Em especial temos o fascismo histórico, o nazismo, os regimes militares de direita. Assim como o passado escravocrata e o presente imperialista das nossas economias de mercado. Mas este é o assunto para meu último texto deste glossário.

Contudo antes de falar do fascismo e seus irmãos políticos, preciso ainda comentar da social-democracia. Especialmente após a Segunda Guerra Mundial começa a se formar uma tentativa de terceira via, um meio termo entre o Capitalismo Liberal e o Socialismo. A ideia central é a criação de um Estado de Bem Estar Social, onde a função do estado iria além da preservação das liberdades individuais. Caberia também ao estado criar uma estrutura de suporte social com a intenção de diminuir as desigualdades. A propriedade privada seria preservada, desde que atendesse a sua função social. O capitalismo seria o sistema econômico, mas com intervenção estatal nas relações econômicas.

A Social Democracia foi implantada com relativo sucesso na Europa, em especial nos países escandinavos, mas demandando alta carga tributária e com uma sustentabilidade econômica muitas vezes instável. E mesmo assim não atendeu aos anseios daqueles que consideram a relação entre capital e trabalho como uma forma de exploração. A Social Democracia acaba sendo vista como uma forma branda de comunismo para uns, e para outros como um capitalismo com caridade e hipocrisia.

E antes que me acusem de ter esquecido deles, temos ainda um quase movimento que vem crescendo na internet recentemente: o anarco-capitalismo. Apesar do nome, o anarco-capitalismo quase nada tem de anarquismo. Defende o fim do Estado, mas acredita que as relações econômicas e mercadológicas não precisam de controle ou gestão comunitária. Bastaria um acordo de não agressão entre os indivíduos, e deixar a sociedade ser regulado pela economia. As demais formas de hierarquia e dominação que os anarquistas combatem não são problemas para o anarcocapitalista.

Neste ponto os anarcocapitalistas se assemelham aos “liberais na economia, conservadores no costume”. Pegam a parte da ideologia que lhes convém, ignorando o princípio original do anarquismo para estes e do liberalismo para aqueles.

No próximo e último texto falarei dos movimentos de características ditatoriais que ocorreram e ocorrem dentro das economias capitalistas. O fascismo, o nazismo, os regimes militares. E um pouco dos instrumentos de construção destes, como o populismo e o caudilhismo.

E peço a gentileza dos comunistas e anticomunistas a não me fuzilarem por meus erros de análise. Estou aberto a críticas e correções. Tenho certeza que devo ter cometido alguma heresia.

 

*Aniello Olinto Guimarães Greco Junior é servidor público concursado do Tribunal Superior do Trabalho, Aniello Greco passou tempo demais na universidade, sem obter diploma. Já fingiu ser jogador de xadrez, de poker, crítico de cinema, sommelier de cerveja. Sabe de quase tudo um pouco, e quase tudo mal.

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Ainda sou de esquerda https://canalmynews.com.br/voce-colunista/ainda-sou-de-esquerda/ Sat, 09 Oct 2021 16:02:33 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/ainda-sou-de-esquerda/ Atualmente, os debates em torno do posicionamento político “direita” ou “esquerda” são acompanhados da justificativa que a esquerda falhou e só nos resta a direita

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Atualmente, os debates em torno do posicionamento político “direita” ou “esquerda” são acompanhados da justificativa que a esquerda falhou e só nos resta a direita. Primeiramente, tal falha é relativa e, “segundamente”, se conformar com a direita por conta das falhas dos seus opositores é aceitar o erro, incondicionalmente. Espero me fazer entender neste breve artigo.

Quando há um embate de forças contrárias, nos contorcionismos políticos, por vezes, não ficamos do lado dos nossos naturais opositores. Não porque não concordemos com eles em determinados aspectos, mas por força de anulá-los, pensando nas passadas e futuras divergências. Há muito de emotividade em jogo, não é? Apoiá-los em determinado momento implica fortalecê-los para que em outro momento ele nos ataque. Triste contingência da convivência humana. Mas não vamos refletir aqui sob tal paradigma. Vamos pensar no plano das ideias.

Continuo sendo de esquerda - artigo Você Colunista

Dicotomizar parece ser uma postura inerente ao processo cognitivo, combinado a nossa necessidade social de se alinhar, de ser aceito em determinado grupo, animais gregários que somos. Desde sempre, neste sentido, se opuseram tradição e ruptura, clássicos e modernos, capitalistas e socialistas, conservadores e liberais; liberais e comunistas. Isto que entendemos por pós-modernidade é a consciência da necessidade do convívio dos contrários, uma simbiose, combinada ao desejo de nós localizarmos nos moldes da tradicional dicotomia. Complexo, eu sei.

O triste, prosaico, patético, nunca “demasiadamente humano”, trágico é quando a esquerda perde suas raízes utópicas e desgraçadamente se transforma em direita e, talvez, agudize as contradições da mais nefasta direita. Um abatimento profundo nas nossas mais profundas aspirações do ser, não é? Aliás, a esquerda nasceu da direita, foi uma resposta à tentativa de permanência de notórias injustiças.

Sempre houve, muito antes da Revolução Francesa – momento político em que se evidenciou o discernimento entre as duas bandeiras – dominadores e dominados. A esquerda nasceu da luta contra tal dominação e acontece destas coisas que só a dialética da realidade explica: os revolucionários liberais da Revolução Francesa mereceram, posteriormente, a adequada oposição do socialismo marxistas, em nome das contradições que surgiram.

Marx mesmo falava do herói burguês num determinado momento da história do capitalismo, no processo de defesa da utopia comunista, não é? O que eu quero dizer: burgueses foram esquerda em um momento e direita em outro. Historicamente, a humanidade, a esquerda, lutando contra o poder injusto abraçou a causa de permanência no poder e essencialmente se corrompeu.

A história dos sindicatos é bem representativa disto. Os sindicatos, resumindo aqui brutalmente o processo, nasceram da mais inominável exploração humana, durante a Revolução Industrial. Foram, pois, extremamente salutares à humanização das relações humanas, mas fecharam-se numa burocracia de poder, como todos conhecemos, e pecaram muito neste processo: perderem suas raízes históricas da luta de classes.

A utopia comunista de Marx previa três estágios, depois do esgotamento do fôlego do capitalismo: (1) a luta (revolução); (2) a ditadura do proletariado e (3) a sociedade sem classes, o comunismo. A coisa não aconteceu com ele previa.

A revolução não foi mundial como profetizou preliminarmente Marx, mas ficou restrita à extinta União Soviética e se perdeu na ditadura do proletariado, nunca alcançando o terceiro estágio, reduzindo-se, pois, a governos totalitários. Ora, a esquerda perdeu sua essência, perdeu a utopia que essencialmente a nutria, mas, desgraçada e erroneamente, tornou-se símbolo do posicionamento esquerdista, até seu justificável esfacelamento, juntamente com a simbólica derrubada do muro de Berlim.

Hoje parece que vivemos sob a hegemonia do capitalismo, mas não é bem assim, porque a utopia não morreu e as contradições das relações sociais ainda são escandalosas e suscitam um posicionamento crítico que, aliás, é meu lugar social. Pois é, ainda sou esquerda.

Trailer do filme “O Jovem Karl Marx” (Raoul Peck, 2017)/Reprodução/Redes Sociais

Quem é Dante Gatto?

Dante Gatto é doutor em Letras pela UNESP de Assis/SP e professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)

* As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews


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