Arquivos conflito mundial - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/conflito-mundial/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Wed, 08 Jun 2022 14:45:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Principais narrativas e distorções que estão fazendo militantes de internet reproduzirem a narrativa estatal russa https://canalmynews.com.br/voce-colunista/principais-narrativas-e-distorcoes-que-estao-fazendo-militantes-de-internet-reproduzirem-a-narrativa-estatal-russa/ Thu, 24 Mar 2022 19:28:29 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26864 Há versões mal contadas sobre os fatos que estão acontecendo na Ucrânia durante a invasão russa ao país. Neste artigo, o pós-graduado em relações internacionais Walmir Estima discute sobre elas.

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“A Ucrânia é o país n30naz1sta?”

Existem células supremacistas na Ucrânia, mas isso não pode ser usado para definir a política, o regime político e muito menos o povo do país. Desde a guerra civil que começou em 2014, com a deposição do presidente pró-Rússia, chamada de novas eleições e anexação da Criméia pela Rússia (território ucraniano desde 1950), supremacistas ucranianos e anti-Rússia ganharam mais poder no país.

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A guerra civil é instigada por Vladmir Putin, presidente da Rússia, através de estratégias de polarização e a radicalização ocorre em ambos os lados. Os separatistas russos também formaram exércitos igualmente xenófobos e radicais – e armados pela própria Rússia, o segundo maior produtor de armas do mundo. O próprio Putin é um político supremacista de extrema direita. Os EUA alimentam guerras civis para intervir no Oriente, já a Rússia alimenta o caos na Ucrânia para ter razões de intervenção.

A guerra é o principal alimento das células supremacistas ucranianas e russas. São sua razão de ser. O supremacismo não define o governo ucraniano, mas o russo sim! O atual presidente da Ucrânia é um judeu eleito com 73% dos votos em 2019.

“O presidente da Ucrânia é autoritário, pois dissolveu o congresso no primeiro dia de governo?”

Quem compartilha esta falsa narrativa geralmente esquece de dizer o que significa “dissolver o congresso”. Falam como se isto significasse centralizar poderes no executivo.

Dissolver o parlamento em países com o regime político da Ucrânia significa simplesmente convocar novas eleições parlamentares. Zelensky foi eleito na onda internacional de políticos populistas “anti-sistema”. Uma de suas promessas de campanha era convocar eleições parlamentares (para dissolver o parlamento) assim que pudesse – é uma previsão constitucional – e assim o fez.

“A Rússia não teve opção para proteger o seu território, diante da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Ucrânia?”

A Rússia é a maior potência nuclear do mundo com 6 mil ogivas nucleares ativas. Poderia estar rodeado de países da Otan e nenhum deles seria irresponsável o suficiente para começar uma guerra com a Rússia a partir de qualquer fronteira – assim como não estão dando apoio militar à Ucrânia no momento.

Propaganda digital russa e suas influências. Foto: Reprodução (Walmir Estima)

O território russo está muito bem assegurado pelo seu poderio militar, independente de quem estivesse na fronteira. Putin não é uma “vítima das circunstâncias”. É sim um presidente expansionista. O que estaria em risco não seria o território russo e sim o regime ditatorial de Putin.

Ele é um ditador muito bem estabelecido, mas com a proximidade cultural entre Rússia e Ucrânia, esta se transformando numa “democracia europeia”, a legitimidade de Putin poderia começar a ser questionada na Rússia. E como neofascista que ele é, depende da guerra e do expansionismo para se mostrar como “líder forte”.Anexar a Ucrânia também é um plano antigo, porém se esta entrasse na União Européia (UE) e na Otan, seria impossível.

“Um golpe de Estado depôs o presidente Ucraniano em 2014?”

Alguns chamam de golpe, outros chamam de revolução, a questão é que teve protesto, teve violência, e o presidente foi deposto. Logo em seguida foram convocadas novas eleições.

A razão das pessoas terem ido para as ruas em 2014 foi que se abriu para a Ucrânia a possibilidade de entrar na União Europeia. O presidente era pró-Rússia e não acelerava as negociações. A maioria dos ucranianos queria entrar na União Européia e ter todos os direitos de migrar e trabalhar na Europa como todos os europeus.

“Os EUA querem controlar a Ucrânia para controlar o mercado europeu de gás natural?”

A dependência do gás russo é um “mal necessário” para a Europa. Países como a Alemanha parariam caso o abastecimento de gás da Rússia fosse interrompido. Por isso é normal que busquem variar o fornecimento, até porque a Rússia é um regime autoritário que não pensa duas vezes antes de mobilizar a dependência de seu gás para fins geopolíticos. Mas o gás natural não é um recurso renovável, para exportar gás é necessário ter reservas de gás e nenhum país tem reserva suficiente para substituir o fornecimento da Rússia.

“A Ucrânia não tem soberania porque está sendo influenciada pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pela Otan”.

Toda a controvérsia, desde 2014, começou porque os ucranianos se viram seduzidos pela possibilidade de fazer parte da União Europeia. É quase impossível ser da UE e não ser da OTAN. O atual presidente, eleito com 73% dos votos, teve como uma de suas principais pautas acelerar a entrada da Ucrânia na União Europeia. O povo ucraniano decidiu em eleições livres, com imprensa livre e oposição articulada (o que não existe na Rússia).

A Otan é expansionista sim e os EUA são imperialistas também! Mas quem decide, no fim das contas, é o povo ucraniano. Você que está aqui lendo preferiria morar em um país refém de um governo neofascista há 22 anos no poder, ou iria preferir estar no campo de influência da Europa e ter todos os direitos de um cidadão europeu? A resposta é óbvia. A soberania, no fim das contas, é do povo. O povo ucraniano quis fazer parte da UE, Putin não deixou – e isso sim é um ataque à soberania.

*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

Quem é Walmir Estima?

Estudante de jornalismo, mestrando em Comunicação e Cultura Digital na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-graduado em relações internacionais. Seu tema de pesquisa é o uso geopolítico das redes sociais.


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Admirável Mundo Novo https://canalmynews.com.br/maria-aparecida-de-aquino/admiravel-mundo-novo/ Thu, 10 Mar 2022 13:31:42 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=26333 Em seu novo artigo, professora da USP Maria Aparecida de Aquino escreve sobre obras literárias e cinematográfica que falam sobre exercício de controle do homem sobre o outro.

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Foi a recente Guerra na Ucrânia que galvaniza “corações e mentes” – para usar o título do lancinante e mais importante documentário sobre a Guerra do Vietnã (numa cronologia liberal, 1964-1975) de Peter Davis (Corações e Mentes, EUA, 1974) – que me fez relacionar três obras, duas delas de fácil associação e a última com ligação mais sutil.

Refiro-me à obra que dá título a este artigo; ao muito famoso e laureado 1984 (George Orwell. SP, Cia. das Letras, 2009) e a um filme de sucesso considerável, tendo em vista sua temática densa e seu desenvolvimento sem concessões: A Vida dos Outros (Florian Henckel Von Donnersmarck, Alemanha, 2006).

Admirável Mundo Novo foi publicado, na Inglaterra, em 1932 e se refere a um futuro distante, 2.450, ou 632 DF (depois de Ford) e traz uma visão de como seria essa sociedade e como viveriam seus habitantes. É um mundo absolutamente estruturado que almeja a felicidade para todos os seus membros, independentemente de sua posição social.

O ato de ter filhos é condenado, bem como, crenças religiosas. Os costumes do passado são considerados selvagens e renegados. Entretanto, o personagem central Bernard Marx está insatisfeito com o seu mundo, pois, vive em um reduto que é como se fosse uma reserva do passado. Bernard encontra uma mulher que vive na civilização “passada” e seu filho, Linda e John. O enredo passa a girar em torno do mundo estruturado e das impressões dos dois personagens em contato com Bernard.

Câmeras de segurança em prédio. Foto: ElasticComputeFarm (Pixabay)

1984 foi lançado na Inglaterra, em 1949 e, também, naquele momento, nos remetia a um futuro que parecia distante, o ano de 1984. Esse mundo era formado por três potências: Oceania, Eurásia e Lestásia. A ação do livro se desenrola na Oceania que possui um partido dominante, comandado por uma figura central – ninguém nunca o vê – denominado de Big Brother que vigia todos e tudo sabe.

O personagem central é Winston Smith que trabalha no “Ministério da Verdade” e cuja função é ler jornais antigos para alterá-los fazendo com que o passado esteja de acordo com o que propugna o governo do Big Brother. Winston tem como colega de trabalho, por quem é apaixonado, Júlia que detesta o governo sob o qual vivem.

O controle governamental é feito por “teletelas” instaladas em todas as casas, por microfones colocados nas ruas e “drones” que filmam tudo. O contato dos dois personagens faz com que se revoltem e sejam presos e torturados. Tem início sua epopeia que trará consequências funestas. 1984 foi um retumbante sucesso literário e de outras mídias sendo do conhecimento até de pessoas que não se interessam pelos desígnios da sociedade.

Imagem do filme A Vida Dos Outros. Foto: Reprodução (Wiedemann & Berg Film Production)

A Vida dos Outros foi lançado na Alemanha em 2006. Fez grande sucesso em muitos países, colecionando muitos prêmios, obtendo o Oscar de melhor filme estrangeiro, o César da França e o David di Donatello da Itália. Passa-se em 1984 – coincidência? – em Berlim Oriental, antes da queda do muro – 1989 – e ainda sob o rígido controle da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental. O personagem central Hauptmann Gerd Wiesler é capitão da Stasi e realiza interrogatórios com eventuais suspeitos do regime, além de dar aulas em que narra aos alunos suas técnicas de interrogatório.

Wiesler é convidado por um antigo companheiro de Stasi, Grubitz, para assistir a uma peça de teatro, onde entra em contato com o autor da mesma e com a atriz principal. Grubitz pede a Wiesler que vigie o autor da peça que é amante da atriz. O objetivo é afastá-lo da vida da atriz, vasculhando sua vida e incriminando-o. Nesse meio tempo, cai o muro e as pessoas passam a ter acesso aos arquivos guardados sobre elas. O contato com o casal e o acesso aos arquivos muda Wiesler que passa a ver com olhar crítico o mundo em que viveu e, de certo modo, ajudou a construir.

Estas três magníficas obras nos falam, fundamentalmente, do exercício de controle do homem sobre o outro homem e da impossibilidade – nesses mundos delineados – de liberdade para se fazer o que se quer, para ser o que quiser.

Esta é a realidade da Ucrânia atual. Lançada numa guerra cruel – tem sido usado o termo “sem sentido” que questiono. Que guerra tem sentido? Todas poderiam e deveriam ser evitadas –, massacrada por uma força enormemente superior e, inexplicavelmente, resistindo, atrasando, na medida de suas possibilidades, o inimigo que quer avançar com maior rapidez. Assim, tem galvanizado “corações e mentes” mundo afora que, apesar de compreender a quase impossibilidade de uma vitória, vibram e torcem a qualquer conquista sobre os agressores. É disso que se trata: de uma agressão.

A Ucrânia, desde 1991, é um país livre e independente, com direito de exercer sua autodeterminação, o que implica até em se associar livremente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se assim o seu povo o desejar. Repete a passagem bíblica da luta do nosso admirado “Davi” frente ao gigante “Golias” que só tem a força – em todas as suas dimensões – a seu favor.

Viva a Liberdade! Por uma Ucrânia livre e independente, dona de seu destino!


Quem é Maria Aparecia de Aquino?

Professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Especialista em estudos sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985).

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A grande vitória da guerra https://canalmynews.com.br/voce-colunista/a-grande-vitoria-da-guerra/ Mon, 07 Mar 2022 14:17:44 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=25493 Em uma situação de pura miséria moral que a guerra escancara, a única solução é o protagonismo racional do ser humano.

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A miséria moral talvez tenha sido a grande vitoriosa da guerra. O show de horrores descortinado nos últimos anos deixaria qualquer pessimista ou niilista orgulhoso. Sinto-me observando as previsões mais sombrias concretizado-se. O argumento  do ser humano como sujeito racional caiu por terra. Neste momento, se a razão fosse um colete à prova de balas, o sujeito que estivesse dependendo dela estaria sangrando.

O ser humano, quando colocado em teste por uma pandemia, mostrou-se negacionista. Números expressivos de pessoas demonstraram preferência à morte do que à ciência. Quando Putin surge para tomar posse de um pedaço de Terra e  bombardear civis, estrangeiros vão à Terra saqueada para falar sobre as mulheres pobres e seus sorrisos.

As mortes geradas por essas situações poderiam ter sido evitadas ou amenizadas pelo uso da razão. Veja, se a população em massa compartilhasse a crença na ciência, seguindo as instruções dos médicos e principalmente apoiado medidas sanitárias, não teríamos o número de mortes que temos hoje no país por conta da pandemia.

Se o diálogo fosse uma defesa forte e utilizado por líderes da união europeia, talvez a guerra teria sido evitada. Não acredito que a guerra tenha começado de um dia para outro como os bombardeios começaram. Faltaram líderes defendendo o diálogo e o bom senso. Faltaram líderes menos maniqueístas e com mais espírito de união.  Faltou o uso da razão.

O ser humano precisa deixar suas infantilidades de lado e se tornar protagonista diante das adversidades de nossos tempos. Ele precisa ser um protagonista racional.

Fala-se que o homem é composto pelo nada em seu miolo há suas experiências e projeções que o modelam. Talvez essa visão seja muito otimista. Talvez o homem seja um animal irracional que aprendeu a criar armas, a acumular posses e causar dor.

*As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews

Quem é Felipe Gabriel Schultze?

Bacharel em direito, licenciado em história, especialista em direito pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst) e mestrando em ciências da educação.


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