Arquivos crise humanitária - Canal MyNews – Jornalismo Independente https://canalmynews.com.br/tag/crise-humanitaria/ Nosso papel como veículo de jornalismo é ampliar o debate, dar contexto e informação de qualidade para você tomar sempre a melhor decisão. MyNews, jornalismo independente. Fri, 10 Feb 2023 13:33:11 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Mortalidade infantil Yanomami é dez vezes maior que a do país https://canalmynews.com.br/brasil/mortalidade-infantil-yanomami-e-dez-vezes-maior-que-a-do-pais/ Fri, 10 Feb 2023 13:33:11 +0000 https://canalmynews.com.br/?p=35879 Desnutrição devido à falta de recursos naturais é uma das causas

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A taxa de mortalidade de bebês no primeiro ano de vida na população yanomami atingiu 114,3 a cada mil nascimentos em 2020.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número é 10 vezes a taxa do Brasil e supera a dos países africanos Serra Leoa e República Centro-Africana, que estão entre os mais pobres do mundo e têm os maiores índices de mortalidade de crianças. Serra Leoa tinha, em 2020, taxa de mortalidade de 80,5 e a República Centro-Africana, de 77.

Segundo relatório da Missão Yanomami, divulgado pelo Ministério da Saúde, as mortes de bebês recém-nascidos representaram quase 60% dos óbitos em menores de um ano de 2018 a 2022. De acordo com o relatório, isso revela falha na atenção à gestação, ao parto e aos cuidados recebidos no nascimento. O documento indica a desnutrição como uma das principais causas de óbito de crianças. A Missão Yanomami foi realizada de 15 a 25 de janeiro.

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A doutora em nutrição e professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco Sonia Lucena explica que a desnutrição impacta severamente na imunidade das crianças.

“É muito comum na desnutrição você ter infecção respiratória aguda, às vezes pneumonia, e muitas vezes o que mata uma criança desnutrida é uma septcemia, porque o organismo dela, por não ter condições de se proteger, também perde as condições de se recuperar diante destas doenças. E o comprometimento no crescimento e no desenvolvimento normal do cérebro nesta faixa precoce da vida, ele é irrecuperável”, disse Sonia.

Dados coletados desde 2015 apontam frequência de baixo peso. Em 2021, esse índice chegou a 56,5% das crianças yanomami. Quase metade das gestantes estava abaixo do peso em 2022.

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Migração, a nova arma de Lukashenko https://canalmynews.com.br/voce-colunista/migracao-nova-arma-de-lukashenko/ Mon, 22 Nov 2021 17:48:03 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/migracao-nova-arma-de-lukashenko/ Forte tensão política e humanitária se instala na Europa desde que o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, em resposta às sanções aplicadas pelos vizinhos, decidiu utilizar um tipo diferente de munição: a migração em massa

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Não se fala muito da Bielorrússia por aqui, talvez porque as bizarrices de seu presidente não impressionem o brasileiro de 2021. Homofóbico declarado e negacionista de primeira linha, Lukashenko foi aquele presidente que indicou vodka e sauna para “matar o vírus da covid-19” e que disse ao ministro das Relações Exteriores da Alemanha, homossexual assumido, que ele devia “levar uma vida normal”.

Reeleito em 2021 sob contundentes acusações de fraude eleitoral, o homem que ficou conhecido como o último ditador da Europa respondeu aos protestos em massa da oposição com prisões, tortura e censura da imprensa.

Putin e Lukashenko - fev2020
O presidente da Rússia, Vladmir Putin, e o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, conversam – foto de fevereiro/2020/Foto: Kremlin/Fotos Públicas

Os atos de violação dos direitos humanos e do funcionamento das instituições democráticas, assim como provocações diplomáticas no espaço aéreo bielorrusso, levaram a União Europeia a impor sanções comerciais ao país, tais como o congelamento de uma ajuda de 3 bilhões de euros em projetos de desenvolvimento. Outras sanções já haviam sido imputadas pelos Estados Unidos, pelo Canadá e, recentemente, pelo Comitê Olímpico Internacional.

Nos últimos dias, Lukashenko retaliou com uma estratégia pouco usual. Ele está sendo acusado pela União Europeia e pelas Nações Unidas de ter aberto país para cerca de 2 mil imigrantes, a maioria curdos do meio-oriente, para em seguida enviá-los às florestas na fronteira com a Polônia, orquestrando uma crise humanitária que visa desestabilizar a região.

Com uma população de quase 40 milhões de pessoas, perseguidos na Síria, Turquia e Iraque, os curdos são o maior grupo étnico do mundo sem território próprio.

Em acampamentos de lona improvisados, mulheres grávidas e crianças estão entre os que atravessam noites a zero grau Celsius, na esperança de cruzar a fronteira e de reconstruírem suas vidas. Do outro lado da cerca, em estado de emergência, o governo polonês envia à região centenas de tropas, no intuito de evitar a entrada dos imigrantes.

Frente a tais movimentações, aviões bombardeiros bielorrussos sobrevoam a divisa entre os dois países. Mas o governo bielorrusso garante que tais manobras não visam vizinhos e que não passam de uma patrulha rotineira.

Após a ameaça de novas sanções por parte da União Europeia, Lukashenko cogitou, durante uma reunião ministerial, cortar a transmissão de gás que passa pelo seu território e que abastece vários países da Europa.

Enquanto no nível internacional as retaliações escalam, na Polônia, a iminência de uma entrada em massa de imigrantes jogou lenha na já raivosa fogueira da ultradireita. No Dia da Independência, 11 de novembro, milhares de pessoas se manifestaram em Varsóvia em apoio ao trabalho das tropas na fronteira.


Quem é Cristiano Bucek?

Cristiano Bucek é produtor multimídia e consultor em comunicação. Trabalha atualmente como consultor para Organização Internacional pela Migração nas Nações Unidas, em Genebra.

* As opiniões das colunas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a visão do Canal MyNews


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Ascensão do Talibã revela fracasso de uma visão ocidental em relação ao Afeganistão https://canalmynews.com.br/mais/ascensao-taliba-fracasso-visao-ocidental-afeganistao/ Fri, 20 Aug 2021 01:08:42 +0000 http://localhost/wpcanal/sem-categoria/ascensao-taliba-fracasso-visao-ocidental-afeganistao/ A ascensão do Talibã no Afeganistão é resultado do fracasso da ocupação dos Estados Unidos e pode ser comparada à Guerra do Vietnã

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A ascensão do Talibã no Afeganistão – que culminou com a tomada do poder central do país esta semana e da saída definitiva das tropas norte-americanas do país – é resultado do fracasso da ocupação dos Estados Unidos nos últimos 20 anos e pode ser comparada à Guerra do Vietnã.

Essa é a avaliação do professor e pesquisador da área de Relações Internacionais Carlos Gustavo Poggio, em entrevista ao programa Quarta Chamada, no Canal MyNews. Ele avalia que, apesar do custo político da decisão de retirar definitivamente as tropas do Afeganistão, o presidente norte-americano Joe Biden já era esperada, mas foi tomada de maneira desastrosa neste momento.

“O que a gente está vendo não é uma derrota repentina dos Estados Unidos. É uma derrota em câmera lenta há 10 anos. Faz 10 anos que os Estados Unidos falam em se retirar do Afeganistão. É uma situação muito similar à da Guerra do Vietnã. Chegou um momento na Guerra do Vietnã que a questão era como sair do Vietnã? A campanha do Nixon para a eleição era “paz com honra”. O Joe Biden tomou a decisão política de sair, que já havia sido tomada por Obama, foi negociada por Trump e executada agora pelo Biden. O problema foi a execução dessa estratégia. Essa execução foi desastrosa”, refletiu o professor Poggio, durante participação no programa Quarta Chamada, do Canal MyNews.

Segundo Poggio, apesar de 50% dos norte-americanos apoiarem o fim da ocupação ao Afeganistão, esse percentual já foi de 70%, e a forma como foi executada já repercutiu na queda de popularidade do presidente Joe Biden.

Na avaliação do professor, o que aconteceu esta semana revela também como os norte-americanos tentaram impor uma lógica ocidental e de nação a uma sociedade que é organizada através de lealdades tribais e funciona com uma lógica diferente. Nesse cenário, países como o Paquistão e a China passam a ter maior relevância do que os Estados Unidos. “É uma situação mais complexa do que a gente pensa. O Afeganistão é uma ponte entre a Ásia e o Oriente Médio. A China tem um interesse concreto no Afeganistão.

Agricultura e pecuária são a base da economia do Afeganistão/Foto: UNAMA/Freshta Dunia (07/01/2020)

Questão humanitária se coloca como central neste momento no Afeganistão

Para o professor e advogado Davi Tangerino, a resposta mais imediata que os demais países podem dar nesse momento é de cunho humanitário, recebendo os cidadãos que estão fugindo. “Internacionalmente, o reconhecimento do governo tem um papel. A China já se colocou na frente, reconhecendo esse novo governo tem um papel. Mas já usando mais um papel de criminalista, eles não fabricam essas armas lá. Existe um abastecimento, um financiamento internacional, como sempre acontece nesses conflitos. Esse é um mapa possível: quem está possibilitando materialmente o exercício dessa violência. É um tema mais delicado e envolve interesses econômicos muito importantes”, pontuou Tangerino.

Entre os problemas enfrentados pela população que tenta sair do país está a falta de documentos e passaportes – o que as impede de imigrarem para outros países. Segundo o professor Carlos Gustavo Poggio, no campo do direito internacional elas podem ser consideradas apátridas – por não poderem comprovar sua nacionalidade.

“Quem vai sofrer esse fluxo de afegãos de fato são os países vizinhos, por exemplo o Paquistão. Em seguida, os países europeus – que estão muito preocupados com uma possível onda de imigração semelhante à da crise da Síria”, explicou, recordando a onda de imigração grande que provocou problemas políticos, econômicos e de fronteiras, numa Europa que se recuperava da crise de 2008 e que, em algum sentido, ajudou a fortalecer os movimentos de xenofobia e a ascensão da extrema direita e da direita radical populista na Europa. Poggio ressaltou ainda que o Talibã que tomou definitivamente o poder no Afeganistão esta semana não é um “Talibã moderado”, mas um grupo pragmático, preocupado com a questão de governança e não há indícios de moderação. “Se não houver moderação, a questão dos refugiados deve se agravar”, concluiu.

Tangerino lembrou que no caso da Síria, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel foi muito criticada por acolher os imigrantes sírios. Com a saída de Merkel, que não concorrerá a uma recondução ao cargo, a situação dos imigrantes afegãos fica indefinida em relação à Europa, num contexto de crescimento da xenofobia.

Carlos Gustavo Poggio complementou que do ponto de vista econômico a aceitação de imigrantes é positiva para o país – num cenário de longo prazo que deve consolidar a redução demográfica da população alemã. “Angela Merkel atuou olhando o comportamento demográfico da Alemanha, que daqui a 20 anos vai ter menos habitantes que agora. Economicamente, aceitar imigrantes é uma forma de renovar a força de trabalho. Do ponto de vista econômico é [uma iniciativa] positiva do país. Porém, existe a questão cultural, de um imigrante que tem a mesma religião, fala a minha língua; e do refugiado, que fala outra língua e tem outra religião. São questões difíceis de conciliar [nesse contexto]”, analisou.

O Quarta Chamada tem apresentação de Mariliz Pereira Jorge e participação de Mara Luquet e Juliana Braga. Todas as quartas, a partir das 20h30, no Canal MyNews

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