Diretor do TC diz que Polícia Federal deverá determinar o tamanho da operação de manipulação com suas ações

Mara Luquet — Wed, 10 Aug 2022 01:01:34 +0000

Esqueça a alta ou baixa da Bolsa, a notícia que mais tem chamado atenção no mercado financeiro é a evolução da troca de acusações entre Empiricus e TC, duas empresas de serviços financeiros, naquele que já está sendo considerado como o caso de manipulação do mercado de capitais. A relação entre as duas empresas já vinha, desde o ano passado, sendo acompanhada por investidores dado que haviam medidas judicais envolvidas. Mas, no final de julho a temperatura aumentou bastante depois que o presidente do TC, Pedro Albuquerque, chamou uma coletiva para denunciar que a Empiricus seria a responsável pelos vídeos apócrifos que estavam sendo divulgados com a graves acusações contra o TC.

O TC, que tem ações negociadas em Bolsa, acusa a Empiricus de estar por trás de uma operação para derrubar o preço desses papéis. A Empiricus nega e diz que as informações apresentadas pelo TC foram manipuladas. Por email, o diretor de RI e M&A do TC, Pedro Machado, respondeu algumas dúvidas enviadas pelo MyNews.

1- Vocês já entraram com denúncia na PF como foi dito na coletiva? E na CVM? Tem cópia da denúncia que a gente possa ler? A PF aceita denúncia anônima?

O TC comunica que foi apresentada notícia-crime à Polícia Federal e o caso será conduzido pelo delegado Érico Marques de Mello na Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), em São Paulo, para investigar a autoria dos ataques de que tem sido vítima nas últimas semanas. O pedido havia sido protocolado no dia 8 de julho, com o intuito de que fosse apurado um possível crime de manipulação de mercado, entre outros conexos. No dia 26 de julho, o TC realizou coletiva de imprensa que apresentou sérios indícios que demonstram a relação dos sócios da Empiricus, Felipe Miranda e Caio Mesquita, com a campanha difamatória que tem sido promovida contra o TC.

2- A investigação começou a partir de denúncia anônima? A PF aceita denúncia anônima?

O TC já havia iniciado o pedido de inquérito no dia 08/07, antes do recebimento das denúncias anônimas por meio da sua área de Relações com Investidores (RI), pelo canal institucional mantido pela companhia para o recebimento de qualquer informação de seus investidores e operadores do mercado.

3- O TC já teve alguma parceria com a Empiricus ou algum de seus sócios?

A Empiricus já comprou espaço de divulgação na plataforma do TC pontualmente em 2019. A relação comercial não perdurou depois disso.

4- De qual tamanho de operação estamos falando?

Está a cargo da Polícia Federal determinar o tamanho dessa operação, mas o TC acredita que podemos estar diante do maior caso de manipulação do mercado de capitais brasileiro.

5- Conhece outros casos como esse no Brasil ou no exterior?

Existem vários, sem dúvida, mas estamos focados no nosso caso.

6- Há ações do TC em carteiras de fundos?

Sim. Como consta no item 15.3 do Formulário de Referência do TC, na data de 30 de abril de 2022, o TC contava com 78 investidores institucionais. Nesta categoria estão incluídos também, mas não exclusivamente, fundos mútuos de investimento em ações, fundos de investimentos imobiliários, fundos de previdência privada e fundos de plano de benefícios.

7- Como está distribuída a participação de investidores no capital do TC?

A composição acionária do TC está disponível no site de Relações com Investidores, neste link. Somente estão especificados acionistas controladores, ou seja, com mais de 5% das ações.

8- Algumas fontes dizem que as conversas nunca existiram e que as telas apresentadas foram montadas. Esses prints foram tirados do WhatsApp Web? Ou seja, numa tela de computador?

O TC reitera que não há motivos para duvidar da veracidade do material ao qual teve acesso, recebido de forma anônima por meio do canal do RI, e que apresentou em coletiva de imprensa no último dia 26 de julho. Além das conversas que já são de conhecimento público, o TC teve acesso a dezenas de outras evidências que corroboram com a tese de que a Empiricus, por meio das atuações dos Srs. Caio Mesquita e Felipe Miranda, estaria por trás da campanha de difamação da qual o TC tem sido vítima.

9- A página mostrada por vocês não armazena mensagem. É possível dizer que foi digitado intencionalmente. Isso permite que conversas sejam criadas, segundo um especialista em TI. Como vocês têm certeza da veracidade do material que receberam?

Reforçando o que falamos anteriormente, o TC reitera que não há motivos para duvidar da veracidade do material. Além disso, a companhia teve acesso a dezenas de outros indícios que corroboram com a tese apresentada.

10- Quais serão os próximos passos do TC neste caso?

A companhia confia que as autoridades competentes, já em posse do conteúdo, seguirão com as investigações e que, em breve, os responsáveis serão identificados e punidos. Amparado por seu time jurídico, o TC reforça que seguirá colaborando para a investigação.

O post Diretor do TC diz que Polícia Federal deverá determinar o tamanho da operação de manipulação com suas ações apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

Escândalos do mercado são educativos e desafiam CVM

Mara Luquet — Mon, 01 Aug 2022 17:34:38 +0000

Investidores que não conseguem resgatar suas aplicações. Acusação de manipulação de preço de ações. Muita, mas muita, gente dizendo que é fácil e rápido ficar rico no mercado financeiro.

Talvez você se sinta um completo imbecil por não estar ganhando tanto dinheiro quanto as moças e os rapazes que aparecem nos videos cantando, dançando e fazendo cálculos mirabolantes. Será que só não é rico quem não quer?

Dois casos que vieram a público, na semana passada, parecem mostrar que não há nada de novo no mercado de capitais, apenas a tecnologia.

No primeiro caso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deu uma “stop order” (suspensão) à emissão de debêntures da PetraGold porque, entre outras coisas, viu indícios de operação fraudulenta. A proibição está lá, expressa, no comunicado da CVM. No entanto, a PetraGold continuou a vender as debêntures. Mas a CVM não proibiu?! “Sim, proibiu”, disse a PetroGold por meio de sua assessoria. “Mas, esta, na verdade, trata-se de outra operação”, tentou se justificar.

Vamos deixar claro: uma coisa é problema de liquidez, outra coisa é fraude. Renegociação com debenturistas faz parte do risco do negócio. Mas, captar recursos negociando novas debêntures para pagar, em parte, os antigos debenturistas e continuar sem recursos para pagar os novos, tentando, com isto, rolar a operação, não é simplesmente renegociação. Isso tem outro nome.

Os investidores em debêntures da PetraGold que procuraram o MyNews para contar suas histórias foram interpelados pela empresa depois que a matéria foi ao ar. “Assim fica impossível trabalhar. Se eu não conseguir fechar as operações que estou fazendo, não vou conseguir pagar. E esse vídeo e a matéria comprada podem atrapalhar. E aí sim estarei prejudicando ainda mais a todos”, dizia a mensagem de um dos sócios da PetraGold a um dos entrevistados.

Essa reação da PetraGold é, no mínimo, estranha. Antes de tudo, é preciso deixar claro que a matéria não foi “comprada” como insinua a mensagem. Na avaliação dos editores do MyNews, o caso tem relevância e, por isso, se tornou notícia útil para alertar a outros eventuais investidores sobre os riscos desta operação financeira.

Na semana passada, os debenturistas foram procurados por um advogado da empresa para negociarem os pagamentos.

Os casos que foram relatados no MyNews (veja video abaixo) são tristes, porém educativos. Como jornalista já cobri muitas “novidades” no mercado financeiro. Algumas envolviam riscos altíssimos.

Com isso, não quero dizer que, no mercado, não haja operações que possam remunerar os investidores com ganhos expressivos. Mas atenção! Não é dançando, cantando e indo atrás de dicas que você será bem-sucedido. Informação de qualidade, sim, é que deve ser perseguida.

Outro caso envolvendo o mercado financeiro veiculado pelo MyNews, na semana passada, foi a suposta operação de manipulação de ações da TC (Traders Club), empresa de serviços financeiros, pela Empiricus, que também presta serviços financeiros.

A TC acusa a Empiricus de orquestrar uma operação de difamação para pressionar para baixo o preço de suas ações. O propósito da tal difamação seria lucrar por meio de uma posição vendida em ações da TC (quando se ganha apostando na queda do preço das ações).

Coincidência ou não, acabei de ler, uma coluna na revista The Economist que faz uma analogia com o clássico livro “Reminiscência de um especulador financeiro”, de Edwin Lefèvre (Bookout, 2021). Dizia a coluna: “Não há nada de novo em Wall Street. O que acontece hoje nos mercados já aconteceu antes e acontecerá novamente. Todo extremo de ganância ou medo tem um precedente. A tecnologia muda, mas as pessoas não”. A coluna da The Economist está aqui

O post Escândalos do mercado são educativos e desafiam CVM apareceu primeiro em Canal MyNews – Jornalismo Independente.

Arquivos Empíricus - Canal MyNews – Jornalismo Independente

Diretor do TC diz que Polícia Federal deverá determinar o tamanho da operação de manipulação com suas ações

Escândalos do mercado são educativos e desafiam CVM