Coluna da Beatriz Rey no MyNews
Nesta semana, escrevo de um dos meus lugares preferidos em Lisboa: o Cinema São Jorge, um cinema de rua que me lembra os tempos em que cultura e política se encontravam nas praças, longe dos shoppings.
Foi lá que assisti ao filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que retrata com força o horror do regime militar brasileiro (1964–1985). Um período sombrio que precisa ser recontado — e recontado sempre.
O filme avança em relação à obra Ainda Estou Aqui, vencedora do Oscar, ao mostrar como o regime militar impactou o cotidiano de uma família de classe média. Mas, mesmo assim, saí do cinema com uma inquietação: ainda não conseguimos retratar, no cinema nacional, como a ditadura afetou as periferias.
A Comissão da Verdade do Rio revela que mais de 140 mil pessoas foram removidas de favelas entre 1962 e 1974. E o historiador Lucas Pedretti reforça que, para os territórios marginalizados, a ditadura nunca acabou. O Estado, nesses lugares, continuou — e continua — violento, presente, letal.
Há um trecho marcante de uma resenha sobre o livro de Pedretti, publicada na Revista 451, que questiona o fato de termos feito uma CPI para investigar as ossadas da Vala de Perus, mas nunca termos feito o mesmo esforço para massacres como a chacina do Acari, onde jovens negros foram assassinados.
Nessa discussão, me veio à mente um texto do cientista político Tom Pepinsky, chamado O dia-a-dia do autoritarismo é chato e tolerável. Ele argumenta que, em países como a Malásia, o autoritarismo pode parecer “normal”: você trabalha, almoça, reclama da política — e nada muda. É a rotina como anestesia.
Mas eu discordo. O autoritarismo nunca é tolerável. Ele pode até parecer invisível para quem está em certos lugares sociais. Mas para quem vive nas periferias, ele sempre foi presente, duro e muitas vezes mortal — em regimes autoritários e, infelizmente, também em regimes democráticos.
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A política está no cotidiano. O autoritarismo também. Entender isso é o primeiro passo para transformar.