Mara Luquet com os detalhes em sua coluna no MyNews
O ambiente no Supremo Tribunal Federal ficou tenso ontem. O voto do ministro Luiz Fux, absolvendo os acusados de envolvimento nos ataques de 8 de janeiro de 2023, surpreendeu colegas e observadores. A mudança tão radical de percepção sobre os eventos daquele dia causou espanto e levantou dúvidas entre os demais ministros.
As teses sobre as razões por trás da decisão começaram a circular como rastilho de pólvora dentro e fora da Corte. A sensação predominante era de que havia algo muito grave em curso.
Após a sessão, Fux desceu, entrou no carro oficial e foi direto para casa. Os demais ministros seguiram o mesmo caminho, mas entre conversas reservadas trocaram impressões que convergiam para um mesmo sentimento: a decisão de Fux ultrapassava o campo jurídico e tinha um peso político inegável.
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Entre as especulações que ganharam força, duas se destacam. A primeira, a possibilidade de que Fux esteja preparando terreno para uma candidatura ao Senado em 2026. A segunda, ainda mais ousada, seria uma disputa pelo governo do Rio de Janeiro. Nos bastidores, acredita-se que uma eventual chapa com Flávio Bolsonaro para o Senado teria grande potencial eleitoral.
O clima no Supremo foi marcado por forte emoção. Em casos como esse, quando um voto polêmico rompe expectativas e cria ondas políticas, a tradição entre os ministros é de silêncio: recolhem-se a suas casas, acompanham as repercussões pela imprensa, pelas redes sociais, pelas conversas com colegas e aliados.
Ontem, esse ritual foi seguido à risca. Mas o sentimento dominante — tanto dentro do STF quanto entre interlocutores próximos é de que o catalisador do voto de Fux pode ser algo muito grave, impublicável, por enquanto.