Confira a coluna de Aquiles Reis, no MyNews nesta sexta-feira (28)
Hoje trataremos do álbum de música independente Cantareira, do poeta, letrista e compositor Glauco Luz. Este é o terceiro trabalho gravado pelo pernambucano residente em Brasília. Seu primeiro CD, “Muito Tudo”, foi lançado em 2009. Já o segundo, “Refinaria”, produzido pelo baterista Di Stéffano e gravado em 2017, é um álbum duplo que conta com a participação de grandes intérpretes.
Glauco é um ótimo letrista! Suas composições trazem imagens bem sacadas e emocionam na medida certa. Com bom humor à flor da pele, sua prosódia se ajusta perfeitamente à métrica das melodias de seus parceiros. O resultado são músicas de gêneros variados, com forte influência nordestina, além de referências à música caipira e ao samba. Versos cheios de versatilidade dão vida à sua identidade musical única.
Os arranjos do álbum foram assinados por Roberto Mendes e Josué Costa. Foi Costa, inclusive, quem incentivou Glauco a gravar o disco, que inicialmente seria um trabalho simples, apenas com voz e violão. No entanto, à medida que as gravações avançavam, a riqueza dos gêneros musicais exigiu a inclusão de outros instrumentos. Assim, Glauco assumiu sua veia de “cantautor”, como ele mesmo define: “Sem pretensão, mas também sem receio.”
“Cantareira” (Glauco Luz) – A faixa-título abre o álbum com um arranjo vibrante e suingado. Acompanhado por Larissa Umayta (percussão), Josué Costa (violão) e Ademir Jr. (clarinete), Glauco canta com intensidade:
“Quero todo dia teu amor e poesia / Chuva criadeira, barulheira, ventania (…)”
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“Urbe” (Geraldo Brito e Glauco Luz) – Samba de tom crítico, interpretado com atenção ao drama urbano:
“A cidade cresce / E com ela a favela, o estresse / A cidade incha e com ela a miséria e a rixa (…)”
“Eremita Urbano” (Aurélio Melo e Glauco Luz) – Abre com Ademir Jr. (clarinete), seguido pelo acordeom de Queijinho e pelo violão e percussão de José Roberto Menezes de Morais. Glauco canta:
“Eu escrevo torto / Mesmo em linha reta / Não sou o anjo barroco / Sou muito louco / Sou quase poeta (…)”
“Fuxico” (Geraldo Brito e Glauco Luz) – Samba esperto, com letra afiada e arranjo envolvente, marcado pelo violão de Josué Costa, a percussão de Larissa Umayta e o trompete de Ademir Junior.
“Ela vive criticando / Falando que eu ando esnobando Tinoco e Tonico / Eu quando em vez, vez em quando / Me pego cantando a Vila Isabel de Noel e Vadico.”
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Cantareira é um belo álbum de Glauco Luz, que reafirma sua posição como um dos grandes letristas da nova MPB.
📀 Ouça o álbum:
🔗 Spotify – Cantareira
Aquiles Rique Reis
“Nossos protetores nunca desistem de nós.”