Novos focos de atuação envolve o controle do fornecimento de combustível e da internet.
As autoridades brasileiras lidam com novas evidências preocupantes: agora é oficial, o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC) atuam juntos e expandem seus negócios para além dos estados de origem e das práticas tradicionais de lucro. Um dos novos focos de atuação envolve o controle do fornecimento de combustível e da internet.
Segundo o jornal Extra, há um pacto estratégico entre as facções, em que uma respeita o território da outra. O PCC lidera a exploração de combustíveis — desde o furto em dutos de petróleo até a venda de produto adulterado nos postos. Já os traficantes do Rio concentram forças no monopólio do serviço de internet, criando empresas em nome de “laranjas”.
Para entrar nesse mercado, o Comando Vermelho aproveita uma brecha na legislação. Pela regra atual, provedores com até cinco mil clientes ativos não precisam de outorga da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
VEJA: Rio de Janeiro, das conversas fixas ao questionamento: Qual é o verdadeiro?
“Já classificamos essas facções como máfias, e não mais como meras organizações criminosas. Elas apresentam características típicas de máfias. Reconhecer isso é essencial. A única resposta possível do Estado brasileiro é se organizar. E estamos fazendo isso”, afirmou o secretário Nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo.
Sarrubbo, aliás, confirmou o pacto entre CV e PCC e destacou a atuação estratégica das facções para gerar lucro. A lógica atual contrasta com a de 20 ou 30 anos atrás, quando o tráfico de drogas era o principal foco.
“O PCC mantém um histórico de atuação econômica estruturada. Em tese, é menos violento e tenta operar como um grande negócio. Já o CV sempre usou mais a violência, embora também explore atividades econômicas. No caso da internet, por exemplo, eles usam o terror para dominar territórios. As forças de segurança acompanham essas movimentações ao nível nacional”, analisou o secretário.
CONFIRA: Cecília Olliveira analisa o crescimento do tráfico e a falência das políticas de segurança no Rio
Por fim, Sarrubbo destacou que brechas legais facilitam a expansão das ações do CV.
“Em comunidades com 50 mil moradores, eles abrem dez empresas sem outorga. Estamos mapeando essas empresas. A maioria opera em áreas controladas pelo CV, e muitas estão em nome de parentes de criminosos ou laranjas”, concluiu.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há 890 empresas de banda larga dispensadas de outorga no estado e 820 prestadoras de banda larga fixa outorgadas. A agência informou que, sem necessidade legal da permissão, as pequenas prestadoras devem ser registradas e cumprir a lei e os regulamentos vigentes para empresas desse tipo.