De uma saída com amigos para restaurante até a pergunta sem resposta: Quantos rios temos?
É quinta-feira (17), véspera de um longo feriado no Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa. Você decide, junto com mais três amigos, sair para jantar, conversar e colocar a vida em dia. Escolhemos um restaurante na zona sul e cada um saiu de sua região, rumo a Laranjeiras.
Em somente 30 minutos num veículo por aplicativo, já dá para notar diversos problemas da cidade: ruas escuras, locais desertos ou fechados, um trânsito infernal que faz a viagem demorar mais a cada esquina. Nesse tempo, conseguimos conversar sobre tudo o que aconteceu na semana.
Chegamos ao restaurante, escolhemos uma mesa. O lugar está quase vazio — parece que todo mundo ficou preso no trânsito. Damos uma olhada no cardápio, o rodízio começa a chegar, e logo surge o assunto que não sai da boca dos cariocas: “Vocês viram o preço disso?”; “Quero comprar tal coisa e não consigo”; “Preciso tentar, tá tudo caro”; “A carne que custava 50, agora é 90.”
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Nem é preciso citar nomes de políticos, governos atuais ou anteriores — o consenso é geral: o bolso do carioca sente. Talvez isso explique o restaurante vazio em pleno feriado. O Rio, como uma bolha, ainda coloca no mesmo ambiente amigos próximos de um presidente de clube de futebol. Curiosamente, ninguém ali torce para o time dele — e por isso ele passa despercebido.
Já são quase 23h, e precisamos voltar para casa. O trânsito, felizmente, já melhorou. Mas surge o maior medo do carioca: a insegurança. Não peça o carro na rua — fique no restaurante. No veículo, o motorista puxa papo sobre vários assuntos, mas tudo acaba no mesmo ponto: o medo.
“Vejo que vocês moram perto, é perigoso, né? Tem lugares em que eu não entro. Ser Uber já é complicado. Pior é moto — tem áreas nas quais o assalto é certo, e até os moradores avisam para não passar por lá.”, afirma o motorista.
São dez minutos de conversa sobre a falta de segurança. Depois, o assunto muda: “Onde vocês foram é caro?” Respondemos que saiu em conta, porque tinha rodízio e refil. “Sorte”, retruca o motorista. Na visão dele, está tudo caro demais e não adianta.
No fim das contas, o Rio de Janeiro é a cidade maravilhosa — da internet, da política e até das novelas. Mas eu me pergunto: quando terei segurança e condições financeiras de viver o Rio que me prometeram desde criança. Qual deles é o real? Ou quantos rios temos?
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