Embate de bilionários expõe riscos geopolíticos e conflitos de interesse e diplomata alerta que disputa entre os dois magnatas pode ter impactos globais, inclusive para o Brasil
Em entrevista a Mara Luquet no MyNews, diplomata alerta que a disputa de ego entre os dois magnatas, Elon Musk e Trump pode ter impactos globais, inclusive para o Brasil.
A recente troca pública de farpas entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e da rede social X (ex-Twitter), acendeu o alerta sobre o papel do ego e dos interesses privados na política global. A análise é do diplomata e ex-embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Barbosa, que concedeu entrevista à jornalista Mara Luquet no programa MyNews Especial.
Para Barbosa, o conflito vai além da mera troca de provocações. “São dois empresários bilionários com forte influência no governo americano. A mistura entre interesses públicos e privados nesse nível é inédita em democracias desenvolvidas como os Estados Unidos”, afirmou.
A tensão entre Trump e Musk começou após o bilionário criticar publicamente um projeto de lei orçamentária apoiado por Trump. O ex-presidente, por sua vez, rebateu com ataques pessoais. Segundo Rubens Barbosa, o embate era previsível.
“Desde o início, quando Musk foi convidado a colaborar com o governo, era evidente que a convivência não duraria. O ego dos dois é incompatível com qualquer relação estável”, disse o embaixador.
Barbosa ressaltou que tanto Trump quanto Musk enfrentam questionamentos sobre conflitos de interesse. O ex-presidente, por exemplo, teria fechado negócios privados durante viagens oficiais. Já Musk, segundo o embaixador, teve pedidos negados pelo governo americano por envolverem possíveis vantagens comerciais.
“A função pública não pode ser dissociada das funções empresariais que ambos exercem. Isso fragiliza a democracia e enfraquece a confiança nas instituições”, alertou.
Impacto no Brasil
Apesar do embate acontecer nos Estados Unidos, Barbosa acredita que o Brasil também pode sentir os efeitos, sobretudo no campo político. Musk tem contratos com o governo brasileiro para fornecimento de internet via satélite na Amazônia, além de ter se envolvido em discussões sobre regulação das big techs no país.
“Dependendo da maneira como o Supremo Tribunal Federal avançar na regulação das plataformas, esse histórico de atritos pode voltar à tona”, disse.
Ao final da entrevista, Mara Luquet perguntou qual conselho o experiente diplomata daria a Donald Trump e ao presidente Lula, diante de tantos embates públicos.
“Falem menos”, respondeu Barbosa, de forma categórica. “Na diplomacia, muitas vezes o silêncio é mais estratégico do que qualquer resposta. Essa disputa foi alimentada por ego. Se houvesse mais silêncio, nada disso teria tomado essa proporção.”
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