Foto: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Anistia
Projeto aprovado às pressas altera cumprimento de penas e favorece réus do 8 de janeiro; confusão no plenário teve agressões à imprensa e ordem para interromper a transmissão oficial
A Câmara dos Deputados mergulhou em uma madrugada de tensão absoluta e manobras inesperadas. Sobretudo, o resultado foi uma vitória estratégica para a ala bolsonarista. De surpresa, o deputado Hugo Motta pautou um projeto complexo sobre dosimetria de penas. Consequentemente, o texto aprovado altera o cumprimento de sentenças criminais. Dessa forma, a medida beneficia diretamente os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Assim, regimes prisionais mais brandos tornam-se possíveis, pegando até a base governista desprevenida.
A estratégia foi friamente calculada. Embora o painel eletrônico registrasse cerca de 450 presenças, o plenário estava fisicamente esvaziado. Na realidade, menos de 200 deputados estavam no local às duas da manhã. Por isso, a maioria dos votos ocorreu remotamente pelo sistema “Infoleg”. Frequentemente, eram apenas assessores operando os votos. Logo, a transparência foi sacrificada em nome da agilidade. Além disso, o debate público sobre uma matéria tão sensível restou inexistente.
O clima, então, escalou para um confronto institucional grave. Imediatamente, o deputado Glauber Braga ocupou a cadeira da presidência em um ato de protesto. Em resposta, a direção da Casa agiu com um autoritarismo inédito. Subitamente, o sinal da TV Câmara foi cortado para o público. Ainda mais grave, a segurança recebeu ordens para expulsar jornalistas e assessores do plenário. Portanto, houve agressões físicas e tumulto generalizado. O objetivo, claramente, era suprimir o registro independente dos fatos e impedir a visibilidade da crise.
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