Foto: divulgação Polícia Federal
Polícia Federal
Episódios recentes reforçam a atualidade dessa prática, como o caso do deputado Sóstenes Cavalcante (PL), flagrado com R$ 430 mil em espécie
Dinheiro em malas, em casa e até na cueca marcam a história política recente do Brasil. Trata-se de um método recorrente e suprapartidário para ocultar recursos ilícitos. O levantamento foi mostrado no Café do MyNews no vídeo abaixo. A preferência pelo uso de dinheiro em espécie (“cash”) ocorre fundamentalmente porque, ao contrário das transações bancárias, o papel-moeda não deixa rastros digitais, impedindo que a Receita Federal ou a Polícia Federal identifiquem a origem e o destino dos valores. No entanto, o desafio logístico de armazenar e transportar grandes volumes físicos gera situações descritas como de “realismo fantástico”. A tentativa de esconder o ilícito acaba produzindo as provas mais visuais e simbólicas da corrupção no país.
Episódios recentes reforçam a atualidade dessa prática, como o caso do deputado Sóstenes Cavalcante (PL), flagrado com R$ 430 mil em espécie em seu apartamento funcional. Ao tentar justificar a quantia como fruto da venda de um imóvel, o parlamentar apresentou explicações vagas, sem comprovação documental imediata. Outro exemplo que ilustra a “certeza da impunidade” é a imagem considerada pitoresca do deputado estadual TH Joias (MDB), que chegou a posar para uma foto deitado em uma cama ao lado de pilhas de dinheiro, demonstrando total despreocupação em gerar provas contra si mesmo.
O volume físico das notas muitas vezes exige esconderijos improvisados, mas nenhum caso superou o “bunker” ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB). Em 2017, a Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões acondicionados em malas e caixas em um apartamento em Salvador, configurando a maior apreensão de dinheiro vivo da história do país. Essa cena remete a outros episódios de grande impacto visual, como o escândalo dos “Aloprados” em 2006, onde integrantes do PT foram detidos com cerca de R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra de um dossiê contra adversários políticos.
A criatividade para ocultar valores ilícitos produziu momentos anedóticos, especificamente o uso de roupas íntimas como cofre improvisado. O caso clássico ocorreu em 2005, quando um assessor do deputado José Guimarães foi preso com dólares na cueca no aeroporto, gerando repercussão nacional. Mais recentemente, a prática se repetiu com o senador Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro entre as nádegas durante uma operação policial em Roraima. Em suma, as evidências mostram que, apesar do passar dos anos, os métodos para tentar burlar a fiscalização permanecem os mesmos.
Embora as imagens dessas apreensões muitas vezes virem motivo de piada nas redes sociais. Elas retratam o desvio de dinheiro público, oriundo de impostos, que deveria financiar áreas essenciais como saúde e educação. A repetição desses flagrantes, que também incluem figuras como Rodrigo Rocha Loures correndo com uma mala de R$ 500 mil, demonstra que a circulação de dinheiro vivo continua sendo uma ferramenta central na corrupção sistêmica brasileira, atingindo políticos de esquerda, direita e centro.
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