Noite de reviravoltas na Câmara: Glauber e Zambelli salvam mandatos Foto: Evandro Éboli Câmara

Noite de reviravoltas na Câmara: Glauber e Zambelli salvam mandatos

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Em recado ao poder de Lira, deputados rejeitam cassação e psolista preserva direitos políticos. Deputada do PL garante vitória com ajuda do filho e plenário esvaziado.

A Câmara dos Deputados viveu uma madrugada de reviravoltas nesta quinta-feira. De fato, o desfecho contrariou todas as expectativas iniciais de cassação. Foi uma sessão marcada por tensão e articulações de última hora. Nesse cenário, tanto o deputado Glauber Braga (PSOL) quanto a deputada Carla Zambelli (PL) conseguiram preservar seus mandatos. Glauber respondia por agressão a um militante do MBL. O resultado, contudo, foi apenas uma suspensão de seis meses, o que preserva seus direitos políticos. Por outro lado, Zambelli foi absolvida no plenário. Ela acabou se beneficiando diretamente do clima criado pela votação anterior.

A preservação do mandato de Glauber Braga foi interpretada, nos bastidores, como uma dura derrota para o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele atuou pessoalmente no caso. Lira telefonou para parlamentares e pediu a cassação do deputado do PSOL. Vale lembrar que Glauber é um de seus críticos mais ferozes e o acusa constantemente de operar o “orçamento secreto” com mão de ferro. A decisão do plenário, apoiada por uma forte mobilização da base governista e até de partes do Centrão, sinalizou um recado claro. Os deputados consideraram a cassação uma medida desproporcional para uma quebra de decoro comportamental. Portanto, optaram por impor um limite à influência de Lira.

Além da disputa política, o fator emocional também foi decisivo para a sobrevivência de Glauber. A estratégia de seus aliados envolveu estender a sessão para negociar votos. Somado a isso, houve discursos contundentes, como o do deputado Pedro Paulo (PSD). Outro ponto alto foi o apelo passional da deputada Sâmia Bomfim, esposa de Glauber, que foi às lágrimas na tribuna. O entendimento geral foi o seguinte: embora o comportamento fosse reprovável, a pena máxima seria uma injustiça. Principalmente se comparada a casos de corrupção que tramitaram na Casa sem punição severa.

Já a absolvição de Carla Zambelli ocorreu na esteira do alívio gerado pelo caso anterior. A deputada acabou “surfando na onda” da vitória de Glauber. Além disso, contou com o esvaziamento do plenário. A votação ocorreu tarde da noite e, consequentemente, teve cerca de 50 deputados a menos do que a anterior. Diante disso, a oposição pressionou o deputado Hugo Motta a encerrar a sessão rapidamente devido ao baixo quórum. Um elemento inusitado também pesou a favor de Zambelli. Seu filho, João, estava no plenário no dia de seu aniversário de 18 anos. Ele circulou entre os deputados pedindo votos pela mãe, o que gerou, inevitavelmente, um constrangimento social favorável à deputada.

Em suma, o saldo da noite deixa lideranças expostas e um alerta para o futuro. Arthur Lira e Hugo Motta saem com a imagem de articuladores enfraquecidos. Afinal, não entregaram o resultado esperado. Enquanto isso, a “festa” da direita e da esquerda mascara riscos iminentes. Tanto Zambelli quanto Eduardo Bolsonaro ainda enfrentam processos de cassação por excesso de faltas. Esses casos, todavia, podem ser decididos diretamente pela Mesa Diretora. Para mais detalhes e análises aprofundadas sobre os bastidores dessa madrugada, acompanhe a edição de hoje do Café do MyNews.

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