Foto: divulgação
Coluna do Aquiles Reis
Hoje trataremos do EP Elas, de Vânia Bastos (lançamento da MINS Música). Antes de começar, devo dizer da minha admiração por essa cantora paulista de Ourinhos cuja evolução como intérprete há muito venho acompanhando. Graças à voz privilegiada impregnada de emoção, tais atributos avivam sua condição de uma das vozes mais importantes da cena musical brasileira. Ainda sobre Vânia, é sempre bom lembrar que ela é um dos destaques do grande movimento chamado Vanguarda Paulista.
Para o seu tributo às compositoras brasileiras, Vânia selecionou “Pode Ser”, de sua filha Rita Bastos, já gravada pela própria em seu segundo CD, e que Vânia canta nos shows: “Longe de você esperar/ Que a dor acabe porque/ Outra vida vem/ Destruir o que é ruim/ O sonho acaba assim/A paixão acaba no fim (…)”. Com arranjo embalado em ritmo agitado e os instrumentos valendo-se de samples do violonista Ronaldo Rayol, Vânia Bastos se joga toda. Seja dobrando a própria voz ou em vocalises, seu canto soa menos agudo, mas afinado e emocionado como sempre.
Também escolheu a inédita “Essa Manhã”, da cantora e compositora Márcia Tauil, em parceria com Leandro Dias. Vânia dá show com seu cantar apto a aquecer o coração do ouvinte: “(…) Luz que entra pela fresta/ Festa de alegrar a alma/ Pão de alimentar o corpo/ Corpo que quer te acordar/ Me desperta eu sigo eu vou/ Buscar/ Seja em terra seja em céu/ Ou mar (…)”. A pegada rítmica é sedutora. Mais uma vez o arranjo é caprichado e respeitoso à melodia e à harmonia.
A terceira faixa do EP é da compositora Débora Maranhão. Residente no Recife, ela, que até então nunca tivera uma música sua gravada, enviou algumas para Vânia, que se decidiu por gravar “Ando tão Frágil”. Deu assim a oportunidade para Débora Maranhão mostrar o seu bom trabalho composicional para o público de Vânia, que ama a música brasileira. Aquecidos pelo arranjo pop do maestro Ronaldo Rayol e com versos nada frágeis, pelo contrário, Débora dá a Vânia o estímulo para cantá-los aconchegados em sua voz única: “Quero chorar meu amor/ Desabafar por uns minutos/ Eu ando tão frágil/ Com as notícias do mundo/ A vida como a gangorra/ Com seus altos e baixos/ Ah que mundo confuso/ Esqueceram do amor (…)”.
Mas restou um finalmente: antes mesmo de ouvi-los, quando eu soube que graças ao avanço tecnológico, e em busca de modernidade todos os instrumentos foram gravados pelo samples de Ronaldo Rayol, temi. Porém, devo reconhecer que o trabalho do maestro é digno de Vânia Bastos. E se ela e Ronaldo, corajosamente, optaram por gravar assim, apreciá-lo ou não caberá ao gosto de cada um.
Aquiles Rique Reis
Nossos protetores nunca desistem de nós.
Ficha técnica: Ronaldo Rayol: arranjos, violão, baixo e todos os outros instrumentos, valendo-se de samples; J.G. Junior: produção, gravação, mixagem e masterização; Márcia Tauil: capa; Fausto André: foto da capa.
Ouça o álbum:
https://open.spotify.com/album/6VYnrNhPNeWmvSYT0oQhD7?si=lMexFobfTYG0d2j4kZeWyg
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