Os advogados dos acusados de golpe de Estado focaram em livrar os réus que defendiam, tirando qualquer responsabilidade sobre seus ombros
Nesse primeiro dia de julgamento da aceitação da denúncia dos primeiro sete acusados de tentarem implantar um golpe de Estado no país, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022, é de se ressaltar o comportamento dos acusados, e da defesa deles.
O que se viu foram os advogados tentando, evidentemente, livrar seus clientes da acusação, mas não negaram a existência de que esteve em curso um plano golpista. Nenhum deles minimizou o 8 de janeiro. O advogado do general Braga Netto, José Luiz Oliveira Lima, chegou a se solidarizar com o STF pelos ataques e que até se emociona quando faz sustentação naquela Corte.
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O advogado do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, o jurista Celso Villardi, não enfatizou que não houve uma tentativa de golpe. Ele disse que Bolsonaro não teve qualquer responsabilidade sobre o 8 de janeiro e que até repudiou aqueles atos. E que o ex-presidente não tem nenhuma relação com “fatos gravíssimos” e citou o plano “Punhal Verde Amarelo” e “Copa 22”, eventos citados pelos golpistas nas gravações captadas pelas investigações da Polícia Federal.
“Entendo a gravidade de tudo o que aconteceu no 8 de Janeiro. Mas não é possível que se queira imputar ao presidente da República e colocá-lo como líder de uma organização criminosa quando ele não participou dessa questão do 8 de Janeiro. Pelo contrário, ele a repudiou”, disse Villardi.
O advogado Maheus Milanez, que faz a defesa do general Augusto Heleno, realçou que seu cliente não participou da trama. E disse:
“As provas esquecidas pela PGR atestam o contrário: a completa ausência de material probatório de que Augusto Heleno fez alguma coisa. Quem ele conclamou? Com quem ele falou? Não há. Esteve nos acampamentos? Não esteve. Todos os elementos esquecidos apontam em sentido contrário. A conclusão que se chega é que não se tem como apontar que ele seria participante de um núcleo da organização criminosa”, afirmou Milanez no púlpito da 1ª Turma do STF.
A defesa do almirante Almir Garnier, acusado de ter sido o único comandante das três forças a aderir a tentativa de golpe, se preocupou mais em questionar a razão de os outros dois comandantes – Batista Jr (Aeronáutica) e Freire Gomes (Exército) – terem ficado de fora da denúncia. Ele foi defendido pelo ex-senador Demóstenes Torres, que atua hoje na advocacia.
“Agora vejam os senhores, então essa organização começou no dia 29 de julho de 2021 e o almirante Almir Garnier só foi inserido nessa ação no dia 11 de novembro de 2022, um ano e quatro meses depois, quando ele assinou, segundo a Procuradoria-Geral de Justiça, por ordem de Jair Bolsonaro, uma nota oficial a favor da liberdade de expressão, em conjunto com o comandante do Exército e da Aeronáutica, publicada na página oficial da Força Aérea Brasileira. Eu pergunto: se os três assinaram, por que só o almirante Garnier aderiu ao plano golpista? E os outros dois, por que os outros dois que participaram, assinaram, discutiram a nota não foram inseridos na denúncia?”