Estado é laico, mas espaço público tem plaquinhas na porta

O Estado é laico, prega a Constituição. Mas não na Câmara. Ou não nos espaços destinados às lideranças partidárias. Num dos corredores destinados ao Blocos e Lideranças Partidárias (BLP) há uma sala destinada a um grupo religioso, que não guarda relação com a política em si.

A sala 131 do corredor do BLP está ocupada, desde a semana passada, pela Frente Parlamentar Evangélica (FPE), das maiores da casa, mas que não é a única. São dezenas de frentes parlamentares no Congresso Nacional. Mas é a única com espaço tão nobre.

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No mesmo corredor estão as lideranças do Governo na Câmara, as assessorias dos dois maiores partidos na Casa, PL e PT, e também lideranças do PSB e PSDB.

Aquele espaço deverá dar lugar à Bancada Cristã, cuja criação está em tramitação. O projeto que a estabelece já teve urgência aprovada no plenário, mas precisa ser votado no mérito. Mas já chegaram até a providenciar uma e a expuseram no mesmo espaço. Foram obrigados a tirar. Mas colocaram a da FPE.

A criação da Bancada Cristã, que, se aprovada, terá direito a assento na reunião de líderes e direito à orientação de votação de matéria no plenário – “como orienta a Bancada Cristã?” – incomodou alguns grupos políticos.

O PSol foi o único partido a votar contra de forma unânime. A líder, Talíria Petrone (RJ), se manifestou contra.

“Defendemos a manifestação de todas as crenças e religiões e é exatamente por isso que o Estado brasileiro é laico. Assim, ele garante a liberdade a todos, aos que creem e aos que não creem. O uso político da religião é uma ameaça à democracia e fere a igualdade entre as religiões, inclusive aquelas historicamente perseguidas, como as de matriz africana”, disse Talíria..

Um dos líderes da bancada evangélica, o deputado Eli Borges (PL-TO) defendeu o direito do grupo ter um espaço próprio, só seu.

“É a maior bancada da casa. É justo, merecido”, disse Borges.

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