Governador mineiro não cita Bolsonaro, mas diz que, se chegar a Brasília, irá acabar com os “abusos de Alexandre de Moraes”
Da trinca de azarões da direita que se apresenta para alcançar o Palácio do Planalto em 2026, o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, o primeiro a se anunciar com ares de oficialidade. Lançou sua candidatura em São Paulo, neste sábado, com um repertório de direita – até de extrema-direita -, e sonha em herdar os 25% a 30% de apoio que o bolsonarismo teria hoje no país. Completa a trinca Ronaldo Caiado e Ratinho Jr.
No discurso, pré-candidato do Novo lançou mão de velhos ataques ao PT: “Vamos chegar a Brasília para varrer o PT”. O último que disse isso, ou algo parecido, foi o ex-senador Jorge Bornhausen, um prócer defensor da ditadura, filiado a Arena, partido que sustentou o regime militar. Declarou há mais de duas décadas que “vamos nos ver livre dessa raça durante 30 anos”. Se referia ao PT. E não foi o que ocorreu.
Sobre o tema anos de chumbo, a propósito, Zema declarou que a existência da ditadura “é uma questão de interpretação”, numa entrevista à Folha de S. Paulo.
De volta ao seu discurso de lançamento à corrida presidencial, Zema encarnou o bolsonarismo ao atacar o “malvado preferido” desse grupo de direita, o ministro Alexandre de Moraes. Sempre com o mote escolhido pelo marketing de ‘vamos chegar a Brasília para’. E disse:
“Vamos chegar a Brasília para acabar com os abusos do Alexandre de Moraes”. O que pressupõe dizer? Anistia Jair Bolsonaro – aliás, não citado por ele na sua fala? Além de eleito presidente, projeta ter uma bancada de apoiadores no Senado para aprovar o impeachment de Moraes?
Zema entrou no palco ao som de “Que país é este?”, de Renato Russo, sucesso do Legião Urbana. Políticos têm usado canções de relevância do repertório brasileiro em suas propagandas, mas nem todos com autorização expressa dos donos do direito autoral. Até segunda ordem, claro, não se sabe se é o caso.
No último Datafolha, há duas semanas, Zema aparecia apenas em quinto lugar, com apenas 4%. Isso, considerando Bolsonaro na disputa. Em todos os cenários – sem Bolsonaro, entram os do clã da família – Michele, Flávio e Eduardo – o governador mineiro oscila do quarto ao quinto lugar.
Não parece que vai longe nessa corrida.