Foto: Kevin Ku (Unsplash)
Coluna da Juliana Roman no site do MyNews
A computação quântica é uma nova maneira de usar as leis da física para processar informação. Em vez de funcionar como os computadores que conhecemos hoje, que usam “bits” com valor 0 ou 1, os computadores quânticos usam unidades chamadas qubits, que podem guardar mais possibilidades ao mesmo tempo. Isso não quer dizer que serão “computadores mais rápidos” para tudo, mas eles podem resolver certos problemas de forma muito diferente — e, em alguns casos, muito mais eficiente.
Imagine um bit clássico como uma lâmpada que está só ligada ou desligada. Um qubit seria como uma lâmpada inteligente que pode estar simultaneamente em vários estados até você olhar para ela — isso é uma forma de explicar a superposição. Outra ideia importante é o emaranhamento: pense em dois pares de sapatos, um enviado para São Paulo e outro para Nova York; ao abrir o pacote e perceber que o lado esquerdo foi enviado, você imediatamente entende que o par faltante é o direito. No mundo quântico, o emaranhamento permite esse tipo de conexão, possibilitando novas lógicas aplicadas ao uso e compreensão da internet.
A primeira consequência que recebe mais atenção é a segurança. Grande parte da proteção das nossas conexões — como bancos, compras online e mensagens seguras — depende de métodos de criptografia baseados em problemas matemáticos que são difíceis para computadores comuns. Alguns algoritmos quânticos podem, no futuro, resolver esses problemas de forma muito mais rápida, o que tornaria essas proteções vulneráveis.
Quando se fala em “internet quântica” pensa-se numa rede capaz de transportar estados quânticos entre lugares — não apenas sinais clássicos (texto, vídeo). Essa rede permitiria novas modalidades de interação na rede, como comunicação com segurança baseada em propriedades físicas, computação distribuída entre máquinas quânticas e sensores
extremamente sensíveis conectados em rede. Hoje existem experiências e testes em ambientes controlados (entre cidades ou via satélites), mas uma rede global assim ainda depende de avanços técnicos importantes.
Parece um tema muito futurista, não é? Mas assim como os robôs já viraram realidade entre a gente, os passos estão largos nas pesquisas e desenvolvimento envolvendo computadores quânticos.
Os componentes quânticos são delicados: precisam de condições especiais para funcionar e são sensíveis a ruído. Construir máquinas grandes e estáveis e redes que transportem qubits por longas distâncias é um desafio de engenharia. Por isso, é provável que a adoção venha em etapas: primeiro proteção com novos tipos de criptografia; depois, aplicações e redes quânticas em setores que justificam o custo (bancos, defesa, grandes centros de pesquisa); e só então uma integração mais ampla.
A computação quântica traz duas mudanças principais para a internet: uma ameaça às formas atuais de proteger dados e uma oportunidade para criar novos serviços e redes com capacidades que hoje não existem. Nem tudo ficará obsoleto de uma vez — haverá uma transição, com tecnologias clássicas e quânticas convivendo e evoluindo. Para o público, a principal mensagem é: trata-se de uma evolução tecnológica importante, com impactos reais em segurança e infraestrutura, mas que será implementada de forma gradual e planejada.
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