Defesa de bolsonaristas consagra figura do “mequetrefe”, do mensalão O advogado Matheus Mylanez atua na defesa do general Heleno e minimizou o papel do cliente na trama golpista | Foto: Gustavo Moreno/STF

Defesa de bolsonaristas consagra figura do “mequetrefe”, do mensalão

Advogados dos generais Heleno e Paulo Sergio argumentaram que seus clientes são irrelevantes na trama e que nada sabiam

A defesa dos réus do núcleo principal da tentativa de golpe no país usou uma linha muito parecida, a de minimizar o papel de cada um na trama e na tentativa de mostrá-los desimportante. Os argumentos de alguns advogados remetem a uma figura consagrada no julgamento do mensalão, a do “mequetrefe”, pessoa de nenhuma relevância, um “João ninguém”.

A expressão “mequetrefe” foi utilizada em agosto de 2012 pelo advogado Paulo Sergio Abreu, em referência à sua cliente, Geiza Dias, então secretaria na agência SMP&B, de Belo Horizonte, do publicitário Marcos Valério, figura central naquele esquema de corrupção. Abreu disse sobre Geiza no STF: ““Geiza era uma funcionária mequetrefe. “Ela era do terceiro escalão, uma batedeira de cheque”. Geiza foi inocentada.

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Essa linha de defesa, agora, foi explorada principalmente pelos advogados de Augusto Heleno (Matheus Mylanez) e do general Paulo Sérgio Nogueira (Andrew Farias). Ambos defensores trataram de dar o menor peso possível ao papel de seus clientes no episódio, rebatendo a denúncia e acusações formuladas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Mylanez chegou a exibir num telão da Primeira Turma uma matéria jornalística com o seguinte título: “O melancólico fim de Augusto Heleno”. E afirmou aos ministros na sua argumentação que Heleno “perdeu espaço no governo”  e que “cada vez menos era demandado por Jair Bolsonaro”.

“General Melancia”

Andrew Farias foi na mesma linha na defesa de Paulo Sérgio. Citou que os outros colegas da trama não falavam com ele nem com Heleno por os acharem “frouxos e melancia”. O termo “general melancia” era utilizado até por Jair Bolsonaro para se referir a oficiais que são “verde (militar) por fora e vermelho (comunista) por dentro”.

“O general Paulo Sérgio não sabia desses documentos (que previam o golpe). Estava desalinhado com o governo…E (outros generais) diziam nas conversas (com Bolsonaro): ‘coloque outro ministro da Defesa’ (no lugar de Paulo Sergio). Era para tirar o general Paulo Sergio. Por quê?”, afirmou Andrew, tentando demonstrar a irrelevância do general que defende no tribunal.

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