Advogado tenta esvaziar peso político de Heleno no suposto complô golpista e transforma irrelevância em pilar da tese jurídica.
No plenário do STF, a defesa do general Augusto Heleno apostou numa estratégia inusitada. O advogado Milanez abriu sua fala tentando desconstruir o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, antes de mergulhar no mérito da acusação. Em seguida, explorou de forma enfática a tese de que seu cliente seria apenas um “mequetrefe” nessa história, alguém absolutamente irrelevante diante da acusação de participação em um suposto complô golpista. A linha de argumentação busca convencer os ministros de que Heleno não tinha poder de decisão nem qualquer papel central nos acontecimentos investigados.
Para sustentar essa narrativa, Milanez anunciou que exibirá 107 slides durante sua sustentação oral. O objetivo é reforçar a distância política e pessoal que Heleno teria mantido de Jair Bolsonaro. Entre os materiais preparados, estão reportagens da imprensa que destacam a perda de protagonismo do general nos últimos anos, como a matéria intitulada “O melancólico fim de Augusto Heleno”, que evidencia seu afastamento gradual do núcleo duro bolsonarista.
A aposta da defesa é clara: transformar a irrelevância em argumento jurídico. Ao retratar Heleno como um personagem esvaziado de poder e influência, Milanez tenta convencer o STF de que não há elementos que justifiquem a condenação. A sustentação, recheada de críticas ao relator, citações da imprensa e ironias calculadas, busca construir a imagem de um general deslocado, sem voz e sem força dentro do tabuleiro político.
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