Com o MyNews, João Vicente Goulart andou pelos arcos do Palácio do Planalto, lembrou a infância e exílio e celebrou sentença contra generais
Na manhã seguinte à condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da organização comandada por Jair Bolsonaro que tentou dar um golpe no país, o MyNews conversou com João Vicente Goulart, filho do presidente João Goulart, deposto pelos militares há 61 anos. O local escolhido para essa entrevista foram os arcos de Oscar Niemeyer na área externa do Palácio do Planalto.
João lembrou o tempo do exílio, do golpe em si, de suas memórias de criança ao lado de Jango nas dependências do Planalto e da Granja do Torto, onde família morou, mas principalmente tratou da importância dessa sentença da Primeira Turma do STF, de seu sentido histórico e do ineditismo de generais e um ex-presidente irem para a prisão por tentar implementar uma ditadura no país novamente.
A entrevista com João Vicente pode ser conferida no link abaixo e nas redes do Canal MyNews. Seguem alguns trechos da entrevista.
“Há muito esperávamos uma sentença como essa, para passar a limpo o que houve em 64, por influência também do Pentágono, do Departamento do Estado americano. Pela primeira vez a democracia conseguiu levar a julgamento militares que participaram de um golpe de Estado. Em 64, o golpe foi rápido, com armas, tanques, atos institucionais e, veja bem, foram presos aqueles que defendiam a democracia”.
“Essa comparação com 64 é inevitável. Naquele período três ministros do STF foram cassados. Hoje, um dos ministros fatiou a acusação e tratou alguns acontecimentos como se fossem um assalto a padaria, ou um domingo no parque. É um grande momento da democracia, do povo brasileiro.
“A grande diferença é que em 64 o golpe se consumou. Tinha presença da frota americana na costa brasileira. Foram cassados mandatos, pessoas foram presas, torturadas, mortas e desaparecidas. E tudo isso não foi possível ser julgado à época”.
“A ditadura chamou de subversivos, criminosos e assaltantes de bancos aqueles que lutaram pela restauração da democracia. Subversivos verdadeiros são esses que subvertem a Constituição e os do passado são é heróis. Vivemos um grande dia, um grande triunfo da democracia. Conquistamos o direito de ser soberanos, e superando novamente os americanos”.
“De alma lavada, sim, em certo ponto. Mas precisamos avançar, de outras conquistas”.
“O pai me levava nas reuniões, quantas fotos na biblioteca, eu embaixo da mesa. Ficávamos na Granja do Torto, moramos lá, mais familiar, menos vazado que o Palácio do Alvorada. E essas colunas do Niemeyer me fazer voltar no tempo, nos traz muita memória. E vamos torcer para termos aprendido a lição, que seja assimilada de vez. E viva a democracia e ditadura nunca mais”.
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