O brado de Bolsonaro: “Anistia ou Morte Política” Foto: reprodução redes sociais

O brado de Bolsonaro: “Anistia ou Morte Política”

Bolsonaro fez do 7 de Setembro uma conspiração; hoje, é de véspera de sentença Nesta semana, o STF pode condená-lo por tentativa de golpe.

Em 1822, Dom Pedro I gritou “Independência ou Morte!”. Dois séculos depois, Jair Bolsonaro ensaia a sua versão: “Anistia ou Morte Política!”. É o velho truque do personalismo: transformar feriado nacional em festa de causa própria.

No bicentenário da Independência, em 2022, vimos isso com todas as cores da bandeira. Já no desfile oficial Brasília a festa virou comício: Bolsonaro atacou adversários, pediu votos e fez do 7 de Setembro o lançamento não oficial da sua campanha, repetiu ameaças e pediu votos. Não havia mais fronteira entre Estado e candidato, entre a data histórica e a conveniência pessoal. O 7 de Setembro de 2022 não foi do Brasil, foi de Bolsonaro.

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A mídia internacional repercutiu fortemente o espetáculo bolsonarista e o que era para ser a celebração dos 200 anos da independência virou palanque do então presidente.

Agora, em 2025, a cena se repete com outra pauta: ele convoca brasileiros para irem às ruas pedir sua anistia. A independência que deveria ser de todos virou dependência de um só. E o Brasil, que precisava de sossego e união, segue rachado, com cada lado tocando bumbo como torcida organizada em clássico de futebol.

Naquele mesmo 7 de setembro de 2022, Bolsonaro chegou a declarar em seu palanque que a bandeira brasileira jamais seria vermelha. Pois, no primeiro 7 de Setembro do novo mandato de Lula, no ano seguinte, a primeira-dama subiu à tribuna vestida de vermelho. Coincidência? Provocação? Ou palanque? O fato é que o debate político deixou de ser debate e virou briga de bar.

No 7 de Setembro de 2022, bolsonaristas pregam o golpe, com Bolsonaro no poder ! Foto: Evandro Éboli

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Enquanto isso, a economia vai bem, obrigada. Mas não se anime muito: é como viajar num ônibus executivo. Poltrona reclinável, ar-condicionado gelado, serviço de bordo caprichado… só que o motorista olha para o painel e a luz da reserva já acendeu.

E quando o combustível acaba, não é o passageiro da primeira fileira que sofre. As primeiras vítimas são sempre as mais vulneráveis: é o corte na política pública, é o atraso no programa social, é o risco de desmontar a rede que ampara quem mais precisa. A conta do improviso populista nunca chega para os de cima, mas sempre para os de baixo.

Se o tanque secar em pleno ano eleitoral, sabemos como a história costuma terminar: populismo turbo. Bolsonaro já mostrou como se faz, metendo a mão no caixa e distribuindo benesses a rodo para segurar voto. E alguém aí acha que o atual governo não pode cair na mesma tentação? Basta lembrar: gasolina cara, urna chegando… é a receita para repetir o prato.

O 7 de Setembro, que nasceu como símbolo de independência, hoje virou temporada de dependência: de narrativas, de salvadores de ocasião, de atalhos mágicos. O Brasil continua preso à lógica do “ou eu, ou o caos”. Só que, se o ônibus parar na estrada, não tem Dom Pedro, nem Bolsonaro, nem Lula que empurre até o posto mais próximo.

Tratores do agronegócio, setor aliado de Bolsonaro, estiveram no desfile do último 7 de Setembro do então presidente, em 2022 | Foto: Evandro Éboli

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