A superficialidade perigosa de quem diz: “melhor investir do que pagar o INSS” Foto: Free Pik

A superficialidade perigosa de quem diz: “melhor investir do que pagar o INSS”

A verdade por trás dos vídeos que dizem “fuja do INSS”.

Tenho visto por aí um certo entusiasmo,  embalado por vídeos bem editados e frases de efeito,  dizendo que “é melhor investir por conta própria do que pagar o INSS”. A justificativa costuma ser a mesma: o regime de repartição está quebrado, tem menos jovens entrando no mercado de trabalho, mais idosos se aposentando, e o sistema não vai se sustentar.

Investir ou pagar INSS

Pronto: em poucos segundos, uma das maiores conquistas sociais do Brasil vira pó. No lugar dela, entra uma planilha colorida com gráficos sobre fundos de previdência, promessas de rentabilidade e independência financeira. Quem assiste pode sair convencido de que a previdência oficial virou perda de tempo e que o melhor é aplicar tudo num fundo de investimento privado. Simples assim.

Mas não é.

É claro que o regime de repartição enfrenta desafios. A mudança demográfica é real: estamos vivendo mais e nascendo menos. Por isso mesmo, o sistema previdenciário brasileiro tem passado por reformas, como a de 2019, só para citar o exemplo mais recente, justamente para se adaptar ao novo perfil da população e garantir sua sustentabilidade.

Só que quem tenta resumir essa complexidade numa frase de TikTok ignora pontos essenciais.

O primeiro deles: a previdência oficial é obrigatória. Não se trata de uma escolha individual, trata-se de um pacto coletivo. É esse pacto que garante que o trabalhador de hoje ajude a sustentar quem já trabalhou antes. Em troca, ele terá a proteção da mesma rede no futuro.

Segundo: o INSS não é só aposentadoria. Ele cobre pensão por morte, auxílio-doença, salário-maternidade, acidente de trabalho, invalidez. Ou seja: é uma rede de proteção social, não um investimento financeiro individualizado. Confundir essas coisas é um desserviço. E é o seguro mais barato que você comprar. No mercado privado essas coberturas custam bem mais caro.

Terceiro: quando sugerem que fundos privados são “mais seguros”, esquecem de dizer que o mercado tem riscos e há episódios de quebra. Títulos da Americanas, do Banco Santos, de empresas com rating de primeira linha foram parar na carteira de fundos badalados, muitos, vendidos por bancos tradicionais. Quem perdeu, perdeu. Simples assim. Só dois exemplos, há outros.

Isso quer dizer que previdência privada não serve para nada? Claro que não. Ela é complementar. E quanto mais cedo você começar, melhor. Mas o caminho não é sair da previdência pública, é entender o papel de cada coisa.

Vale lembrar: a previdência é a principal despesa do orçamento público brasileiro. Discutir o seu futuro não é um luxo técnico: é um debate central para a economia do país. E precisa ser feito com seriedade.

O INSS é o que garante que milhões de brasileiros tenham o mínimo. É política pública de seguridade. É pacto social. E isso não cabe num Reels.

O CANAL MYNEWS ESTÁ NO PRÊMIO iBEST 2025!

Estamos concorrendo como Melhor Canal de Política da Internet — e o seu voto é fundamental para mostrar a força do jornalismo independente, crítico e sem rabo preso! 👉 VOTE AQUI! 👈

Clique neste link e seja membro do MyNews — ser inscrito é bom, mas ser membro é exclusivo!

Compartilhar:

Relacionados