– Se houvesse uma crise institucional como seria resolvida?, perguntou um banqueiro de investimento ao presidente -Temos um grupo de pessoas que se reuniria para discutir de maneira racional – respondeu o presidente. -Quem seria o líder desse grupo? – quis saber o banqueiro -José Sarney – respondeu o presidente Essa conversa, que revela a […]
– Se houvesse uma crise institucional como seria resolvida?, perguntou um banqueiro de investimento ao presidente
-Temos um grupo de pessoas que se reuniria para discutir de maneira racional – respondeu o presidente.
-Quem seria o líder desse grupo? – quis saber o banqueiro
-José Sarney – respondeu o presidente
Essa conversa, que revela a fé na sabedoria e articulação da “velha guarda” política, aconteceu há mais de 20 anos entre um banqueiro de investimentos e o então ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
E, veja só, na última terça-feira, o ex-presidente José Sarney sentou-se à mesa com o ex-presidente Michel Temer no Ristorantino, um restaurante para paladares 5 estrelas nos Jardins, em São Paulo. Era o almoço de aniversário de Temer que reuniu outros políticos de vasto currículo e longa estrada, a “velha guarda”.
A rigor, podemos dizer que a mesa contava com três ex-presidentes, se considerarmos o ministro Dias Toffoli. Pois, na qualidade de então presidente do STF, ele assumiu interinamente a Presidência da República em setembro de 2018.
Presente também estava Gilberto Kassab, figura central na articulação política brasileira, que mesmo opositores sugerem: “Quando o mundo acabar, siga Kassab, porque ele sempre sabe para onde ir.”
O prato principal no cardápio? A pacificação do País.
À época da conversa com FHC, Sarney já acumulava meio século de vida pública. Hoje, sua influência é inegável, e sua voz, ainda ouvida. Para muitos desse grupo, que teve papel crucial na redemocratização do Brasil, a pacificação do país se apresenta como a provável última e grande conquista política a ser entregue por eles aos brasileiros. É um legado ambicioso.
No entanto, a análise fria do contexto atual levanta questionamentos. Alguns interlocutores apontam que, apesar da vasta experiência e da habilidade para articulações, essa turma pode não estar totalmente preparada para o cenário contemporâneo.
A política de 20 anos atrás não guarda muitos paralelos com a de hoje. As redes sociais eram incipientes. O crime organizado, outro ator com crescente influência nas eleições, engatinhava. Esses são apenas dois dos “braços” que atuarão intensamente nas próximas disputas.
A “velha guarda” traz consigo uma colaboração valiosa: por estar “aposentada” das disputas diretas, ela se posiciona “fora dessas confusões”, podendo atuar com certa imparcialidade. Ela tem experiência, sim. Mas, como bem notado:
A conversa à mesa, por mais nobre que seja, enfrenta um cenário complexo que exige mais do que apenas articulação.
Quem teria a responsabilidade de pacificar o país? Muitos argumentam que Lula fez exatamente o contrário, com sua retórica do “nós contra eles”, ecoada até mesmo por seu ministro da Fazenda. Seria uma injustiça?
O ponto crucial reside na base eleitoral: dois terços do eleitorado brasileiro têm renda familiar abaixo ou igual a três salários mínimos. Esse é um ambiente propício para o populismo de esquerda ou de direita.