Haddad deve anunciar novo presidente da CVM nas próximas semanas para conter crise no órgão Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre o IOF | Foto: Diogo Zacarias/MF Sistema Financeiro

Haddad deve anunciar novo presidente da CVM nas próximas semanas para conter crise no órgão

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A cadeira vazia na CVM custa caro para um país que precisa crescer e envelhecer com dignidade

Nos corredores de Brasília, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece finalmente pronto para preencher uma lacuna perigosa: a presidência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O nome de Fernando Lunardi circula como favorito da equipe econômica. Trata-se de uma escolha técnica que tenta sobreviver em meio ao tiroteio de interesses políticos. Mas, enquanto os “caciques” disputam quem terá influência sobre o órgão, a cadeira do “xerife do mercado” permanece vazia. E, enquanto o xerife não chega, a cidade fica sem lei.

Não se trata apenas de uma disputa burocrática. A ausência de um comando estratégico na CVM há seis meses é o sintoma de uma doença maior. Há um descaso com a infraestrutura que deveria garantir a saúde financeira do brasileiro. O governo busca o equilíbrio fiscal e utiliza o orçamento da autarquia para cumprir metas. Esse expediente promove uma severa “desidratação” financeira no órgão regulador. O resultado é um juiz sem apito: sem dinheiro para concursos e sem fiscais suficientes. Em suma, “VAR” do mercado financeiro foi desligado justamente quando o jogo ficou mais rápido e violento.

Essa fragilidade institucional cobra um preço altíssimo. Pois, para um país que envelhece rapidamente, o mercado de capitais não é um cassino; é a única ferramenta capaz de transportar a riqueza do presente para o futuro. O brasileiro aprendeu a duras penas que precisa proteger seu patrimônio da inflação e buscar retornos que garantam um bem-viver na velhice. Entramos na era da “sopa de letrinhas”, LCIs, LCAs, CRIs, FII, COE, buscando refúgio e rentabilidade. Contudo, sem um regulador forte para separar o joio do trigo, essa complexidade vira fumaça.

É nesse vácuo de fiscalização que prosperam as armadilhas. A história da Petragold é um exemplo doloroso de como a falta de fronteiras claras permite que “mentiras” se instalem no sistema. Pior do que a fraude técnica é o abuso da confiança: o “queijo na ratoeira” muitas vezes é oferecido por aquele gerente ou assessor antigo, que migrou do grande banco para uma “oportunidade imperdível”, levando consigo a credibilidade construída em anos de amizade. Mesmo com alertas tímidos da CVM, o mal já estava feito.

O impacto não é uma linha vermelha num gráfico; ele tem rosto e CPF. Tem o rosto do “Seu Guilherme”, de 78 anos, que viu as economias de uma vida inteira evaporarem porque confiou em quem não devia, em um ambiente onde a vigilância falhou. Para ele, e para tantos outros trabalhadores, a perda de liquidez e a fraude não significam apenas prejuízo financeiro, mas o roubo da paz.

Portanto, a nomeação de um presidente técnico para a CVM é urgente, mas é apenas o primeiro passo. O Brasil precisa decidir se quer um mercado de capitais robusto, capaz de financiar o desenvolvimento e proteger investimentos de seus cidadãos, ou se continuará permitindo que a economia real seja refém de aventureiros. Segurança jurídica e fiscalização não são luxos; são a garantia de que o futuro que estamos poupando hoje estará lá para nos receber amanhã.

Quando o ‘xerife’ falta e a Justiça não alcança, a informação qualificada se torna sua única defesa. Para entender os bastidores desses esquemas que operam nas sombras, e longe dos olhos das autoridades, acompanhe a série “A Grande Mentira”, no Canal MyNews. Estamos seguindo o rastro do dinheiro e investigando as fraudes que ameaçam o seu patrimônio enquanto as instituições olham para o outro lado. Assista e proteja-se.

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