Empatia, altruísmo e impulso de ajudar; é o que se trata aqui Um guia para entender, conhecer e valorizar o trabalho dos voluntários ! Foto: Divulgação

Empatia, altruísmo e impulso de ajudar; é o que se trata aqui

Conheça o Guia Prático: Como Ajudar em Situações de Desastres. Ele traz consciência. E, muitas vezes, desconforto. Porque nos obriga a sair da boa intenção e entrar no território do conhecimento

E se fosse comigo? E se fosse com você?

E se, de uma hora para outra, a água invadisse a sua casa, levasse seus documentos, separasse sua família? E se os celulares parassem de funcionar, a comida acabasse, os remédios faltassem — e tudo o que restasse fosse o desespero e a urgência de reagir? Ou, do lado de fora, se você visse tudo acontecer e não soubesse por onde começar a ajudar?

Foi com essas perguntas martelando que cheguei ao Guia Prático: Como Ajudar em Situações de Desastres. E, ao ler, percebi o quanto ainda nos falta preparo. O guia, criado por instituições com atuação concreta — VV, Ampara Animal, Hospital Moinhos de Vento e Vakinha — não traz apenas instruções. Ele traz consciência. E, muitas vezes, desconforto. Porque nos obriga a sair da boa intenção e entrar no território do conhecimento.

Quem cuida é parte essencial

Você já parou para pensar na exaustão dos voluntários? Eu, sinceramente, não. Pelo menos não com a profundidade que deveria. Sempre que falamos em tragédia, nos voltamos (com razão) para as vítimas. Mas quem está ali, tentando organizar a ajuda, enfrentando o caos, improvisando soluções e acolhendo o sofrimento alheio também adoece. O guia trata disso com seriedade. E me fez ver como o cuidado com quem cuida é parte essencial de qualquer resposta humanitária.

Outro trecho que me fez parar foi o que trata das doações desnecessárias. É duro admitir, mas muitas vezes a solidariedade sem direção acaba criando novos problemas. Pilhas de roupas fora de contexto, alimentos que não chegam a tempo, itens que nunca foram solicitados… tudo isso pode comprometer a logística, ocupar espaço e desviar recursos que deveriam estar salvando vidas. A boa vontade precisa ser informada. Caso contrário, atrapalha.

Apoio com ética e eficácia

Esses são apenas dois dos muitos pontos em que o guia nos confronta com a realidade. Ele fala sobre como agir com responsabilidade, como evitar o impulso de “fazer qualquer coisa”, como apoiar com ética e eficácia. Aborda ainda temas fundamentais como a saúde mental de quem está na linha de frente, o cuidado com os animais, a ética nas campanhas de arrecadação e até quando é melhor não intervir.

A emergência climática que enfrentamos exige um novo tipo de alfabetização: uma que nos ensine a sobreviver e a ajudar. Não é mais possível viver como se estivéssemos à margem dos desastres. Todos, em algum momento, seremos afetados — ou chamados a agir. E quando esse momento chegar, o que você vai saber fazer?

Por isso, deixo aqui um convite: baixe o guia. Leia. Com atenção. E, acima de tudo, partilhe. Leve para a escola dos seus filhos, para o condomínio onde mora, para o seu grupo de amigos. Transformar conhecimento em rede de apoio pode ser a diferença entre o caos e a resposta eficiente. Entre o desespero e a vida salva.

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