Eu, Pimentel e os meninos Foto Reprodução Segurança Pública

Eu, Pimentel e os meninos

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Pimentel ser reduzido, como foi, a tretas de internet, repito, é um desrespeito a ele e ao debate 

É lamentável que a complexidade de um debate crucial para o futuro do nosso país seja reduzida a um corte simplista e polarizado nas redes sociais. A longa e brilhante entrevista que Rodrigo Pimentel nos concedeu foi muito mais do que a discussão sobre a nomenclatura que uso para me referir aos jovens envolvidos com o crime. Resumi-la a esse trecho é um desrespeito à inteligência, à experiência e à importância da voz dele no debate sobre Segurança Pública. Pimentel ser reduzido como foi a tretas de internet, repito, é um desrespeito. 

Pimentel não é apenas um nome; ele é uma figura central com uma carreira notável no BOPE, que contribuiu inclusive para roteiros de sucesso como o filme Tropa de Elite. Ele é uma voz necessária, que traz para a mesa uma perspectiva aprofundada, calcada em anos de vivência e estudo sobre a complexa realidade da violência urbana e do crime organizado.

Não se deixe enganar pela bolha

Se você está “fanatizado” pelo trecho que viralizou, o meu convite é um só: ouça a entrevista completa. É a primeira vez que tenho o prazer de entrevistar Pimentel, e posso garantir que o conteúdo que ele oferece vai muito além da “treta rasa” que as redes insistem em propagar.

Conteúdo além da polêmica

Durante a entrevista, Pimentel compartilhou informações sobre:

A estrutura e o funcionamento das facções criminosas.

As falhas sistêmicas que alimentam o ciclo da violência.

Estratégias de segurança pública que precisam ir além da repressão.

O ponto alto foi a sua recomendação de livros e leituras essenciais que nos ajudam a entender a Segurança Pública de forma mais informada e menos passional. Ele nos ofereceu ferramentas intelectuais para que o cidadão possa elevar a qualidade do seu próprio debate.

Sobre os “meninos”

A polêmica que dominou o corte de rede social gira em torno do meu uso da palavra “meninos” para me referir aos criminosos jovens, enquanto Pimentel, os chama de “bandidos”.

Sim, eles são bandidos, participam de facções e cometem atrocidades. Mas, dada a pouca idade, a sua designação mais precisa é, de fato, meninos. Não são senhores, velhos, idosos ou adultos maduros. São meninos bandidos, meninos assassinos. O que torna ainda mais grave o problema. Por que os meninos estão se tornando bandidos? 

Convido você a ir além do debate nacional e ler a autobiografia de Ishmael Beah, Um Longo Caminho: Memórias de um Menino Soldado. Beah relata como se tornou um menino-soldado e assassino nas facções em Serra Leoa. Hoje, ele é um escritor premiado, ativista, cientista político e uma voz reverenciada globalmente.

A experiência de Ishmael, que já foi um “menino”, nos lembra que o crime não apaga a pouca idade e o potencial, para o bem ou para o mal, que ela encerra.

Não desperdice a oportunidade de aprender com a profundidade e a experiência de Pimentel. A Segurança Pública merece um debate de alto nível, e a entrevista completa é o lugar para encontrá-lo.

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