Lições amargas: o que o caso dos COEs da XP ensina ao investidor Imagem gerada por IA Investimentos

Lições amargas: o que o caso dos COEs da XP ensina ao investidor

Em meus mais de 30 anos de cobertura do mercado financeiro, a narrativa de “ganhar dinheiro fácil” com investimentos que prometem retornos inacreditáveis e estruturas complexas costuma levar a grandes decepções em algum momento. São incontáveis os exemplos, desde pirâmides financeiras descaradas até produtos de prateleira bancária ou de corretoras com alto conflito de interesse. […]

Em meus mais de 30 anos de cobertura do mercado financeiro, a narrativa de “ganhar dinheiro fácil” com investimentos que prometem retornos inacreditáveis e estruturas complexas costuma levar a grandes decepções em algum momento. São incontáveis os exemplos, desde pirâmides financeiras descaradas até produtos de prateleira bancária ou de corretoras com alto conflito de interesse. O COE se insere justamente nesse limbo da complexidade. São lições amargas.

Com a promessa de oferecer uma combinação entre a proteção de capital (característica de Renda Fixa) e a possibilidade de altos retornos (Renda Variável), uma espécie de “almoço grátis”, o COE é, na verdade, um derivativo complexo. Os investidores que sofreram as perdas de 93% provavelmente não entenderam os eventos de risco extremos (como o default ou a desvalorização drástica de um bond) que levariam ao vencimento antecipado e à perda de quase todo o principal. Foi o caso dos COEs da XP lastreados em dívidas de Braskem e Ambipar que têm vencimento antecipado e devem gerar perdas de até 93% do valor investido, de acordo com informação enviada aos seus assessores de investimentos.

O espaço reduzido para erros na era da longevidade

O erro estratégico por trás dessas perdas não é apenas financeiro, mas existencial. No século da longevidade, onde a responsabilidade pela aposentadoria recai cada vez mais sobre o indivíduo, o espaço para cometer erros e se aventurar em mercados desconhecidos correndo atrás de promessas mirabolantes se reduziu drasticamente.

Imagine o drama de alguém que tinha R$ 300 mil aplicados em um desses COEs visando a segurança da aposentadoria e, de repente, acorda com o patrimônio reduzido a menos de R$ 21 mil. A capacidade de recuperação desse capital, especialmente para quem está próximo da aposentadoria, é quase nula. 

A beleza da simplicidade e a paz de espírito

Enquanto isso, existe o investidor pacato, aquele que nunca terá histórias excitantes para contar no churrasco de fim de semana, mas que fez sua lição de casa com diligência. Ele optou por um caminho simples, conservador e transparente:

  • Aplicou em um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre)  para aproveitar o benefício fiscal (dedução de IR).
  • Escolheu um fundo com uma taxa de administração baixa (ex: 0,5% ao ano) e sem taxa de carregamento.
  • Manteve a carteira concentrada em fundos com títulos do governo, ou por meio do Tesouro Direto.

Esse investidor não busca a adrenalina. Ele busca o propósito do investimento. E, para a finalidade de reserva e aposentadoria, ele dormiu tranquilo e acordou com a certeza de que seu capital estava seguro. Não apenas seguro, mas rendendo de forma eficiente. Em um título altamente conservador, como o Tesouro Selic, ele provavelmente acumulou um retorno que este ano acumula um ganho de mais de 10% .

E para tanto ele só precisou investir na informação correta. Não precisou de dicas nem informação privilegiada.

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