Não é só por Glauber, é pela decência na política Antes da sessão do Conselho de Ética, Glauber Braga foi recepcionado por um grupo de apoiadores na Câmara | Foto: Evandro Éboli/Canal MyNews CASSAÇÃO INDECOROSA

Não é só por Glauber, é pela decência na política

Doze anos depois de o país ter saído às ruas “não apenas pelos 20 centavos”, a reação a possível cassação do deputado do PSol guarda semelhança no mote: não é só por Glauber.

Em junho de 2013, o país saiu às ruas com cartazes dizendo que “não era só pelos 20 centavos”. O aumento das tarifas de ônibus foi o estopim, mas o que se seguiu foi um grito difuso, indignado, contra tudo o que simbolizava abuso de poder, desvio de verbas, conchavos políticos e um sistema que parecia operar sempre nas sombras, longe do povo.

Quase 12 anos depois, o caso da cassação do mandato do deputado Glauber Braga guarda uma estranha semelhança com aquele momento. Não é só por Glauber. É pelo que sua cassação representa: a institucionalização do silêncio, a punição da dissidência, a blindagem de um sistema que distribui bilhões sem transparência e sem freios.

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Deputado Glauber teve cassação aprovada

Glauber teve sua cassação aprovada no Conselho de Ética, oficialmente, por ter “quebrado o decoro parlamentar” ao chutar um provocador para fora dos corredores da Câmara que inclusive insultou sua mãe que morreu pouco tempo depois. Mas essa é a casca. No fundo, seu grande pecado foi outro: ter sido uma das vozes mais persistentes contra o orçamento secreto — aquele esquema bilionário de distribuição de emendas que virou o coração pulsante da atual engenharia do poder em Brasília.

E quem mais se beneficiou desse sistema? Arthur Lira. O ex-presidente da Câmara ainda comanda, mesmo sem cargo formal, um império de lealdades, favores e silêncios. Glauber desafiou essa estrutura. Falou alto. Denunciou. Apontou o dedo. E pagou por isso.

O que Glauber chutou foi o balde do orçamento secreto, um mecanismo que rouba os recursos públicos, o meu, o seu, o nosso dinheiro, sejamos de direita, de esquerda ou de quer que onde esteja nosso espectro ideológico. Glauber está zelando pelo dinheiro de todos nós e por isso, só por isso, está sendo punido. Em Brasília, isso custa caro.

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Sua cassação não é um ato isolado. É um aviso. Um recado. E deveria acender um sinal de alerta para todos que ainda acreditam que o Congresso é um espaço de representação popular, e não um clube de proteção mútua.

Assim como em 2013, não é só por Glauber. É pela democracia. Pela transparência. Pelo direito de discordar sem ser expulso. E, principalmente, pela coragem de enfrentar os donos do cofre — aqueles que, mesmo longe dos holofotes, continuam puxando as cordas.

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Assista abaixo ao Segunda Chamada sobre a cassação do mandato de Glauber Braga:

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