O Brasil legalizou o vício e finge que não Imagem de estímulo ao jogo que está sendo enviado pelo zap das pessoas | Foto: Reprodução Jogo

O Brasil legalizou o vício e finge que não

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O Brasil legalizou o vício e finge que não. Mas basta abrir o celular para perceber que a lei vive num universo paralelo

Jogo do bicho é proibido no Brasil? Cassinos são proibidos? Jogos de azar são proibidos? A legislação brasileira continua dizendo que sim, que jogo do bicho é contravenção penal, que cassinos físicos são proibidos desde 1946, que apostas só são permitidas sob condições estritas. Mas basta abrir o celular para perceber que a lei vive num universo paralelo. O Brasil legalizou o vício e finge que não.

Hoje, num domingo qualquer, às 16h34, recebi no meu WhatsApp pessoal, não spam, não lista de transmissão, uma mensagem clara, direta e despudorada: “Eii Maria! Seu cadastro na Ponto do Bicho tá ativo. Deposite HOJE e ganhe bônus DOBRADO.” Com botão gigante de “APOSTAR AGORA”, promessa de dinheiro fácil e tom de urgência típico de golpe financeiro. Propagandas de cigarro são proibidas porque cigarros matam. E vicios em aposta? Meu nome não é Maria, não fiz cadastro algum e não sei de que forma meu número pessoal foi cair na rede desses canais.

Não estamos mais falando de joguinho escondido na porta de botequim. Estamos falando de uma indústria com robôs, marketing agressivo, campanhas de influência, promessa de dinheiro fácil, linguagem infantilizada e dirigida a qualquer um que tenha um smartphone. Inclusive adolescentes. Inclusive idosos. Inclusive você, inclusive eu. 

Como é possível que, oficialmente, o jogo do bicho continue “proibido” e, ao mesmo tempo, esteja sendo empurrado por WhatsApp como se fosse promoção relâmpago de fast food?

O Brasil legalizou clandestinamente o vício, sem preparar o país para lidar com as consequências.

As “bets” que agora estão sendo autorizadas pelo próprio governo, inclusive a da Caixa Econômica Federal, deveriam ser brutalmente taxadas, e cada centavo desse imposto direcionado à saúde pública para atender viciados e famílias destruídas pelo vício.

Porque do jeito que está, só quem aposta já está perdendo e o Estado está escolhendo ser cúmplice, não protetor.

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