Mulheres superam 50% dos aposentados e lideram despesas da previdência Foto reprodução Previdência

Mulheres superam 50% dos aposentados e lideram despesas da previdência

Mesmo sendo maioria entre os aposentados, as mulheres ainda recebem menos e enfrentam desafios únicos para garantir um envelhecimento digno, revelando uma virada histórica e um alerta sobre a desigualdade no sistema previdenciário.

Mulheres já representam mais de 50% dos aposentados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), marcando uma virada histórica. A crescente participação feminina significa que a maior parte das despesas de previdência hoje vai para elas, e essa tendência é de aumento.

  • Em 2001, as mulheres eram 44% dos aposentados do INSS.
  • Em 2023, a participação subiu para 51% dos aposentados.

O ritmo de crescimento das aposentadorias foi consistentemente maior entre as mulheres (cerca de 4% ao ano) do que entre os homens (cerca de 3% ao ano) no período de 2001 a 2023.

Apesar de serem maioria, o valor médio do benefício ainda é mais baixo para as mulheres.

O desafio da longevidade e a complexidade no setor privado

Apesar da liderança nos números, o economista e pesquisador na área de previdência, Rogério Nagamine, alerta que a Previdência é o maior desafio do século da longevidade, e que essa complexidade é acentuada para as mulheres, especialmente aquelas que atuam no setor privado.

O desafio central, segundo Nagamine, é garantir que as mulheres consigam envelhecer mantendo seu padrão de vida.

Por que a diferença no tempo de contribuição é mais justa?

Nagamine defende que há mais justificativas para haver diferença no tempo de contribuição do que na idade da aposentadoria entre homens e mulheres.

A razão principal para a menor carência (ou menor tempo de contribuição) exigida das mulheres no Regime Geral de Previdência Social (RGPS/INSS) é o reconhecimento das dificuldades impostas pela dupla jornada de trabalho e pelas interrupções de carreira.

“Uma mulher que trabalha no setor privado tende a representar um menor tempo de contribuição,” explica Rogério Nagamine.

Para o pesquisador, essa diferença é muito mais justificável no RGPS do que na previdência do setor público:

Setor Privado (RGPS/INSS): O tempo dedicado a filhos e cuidados com pais e outros familiares resulta em maior pressão e interrupções na carreira, justificando um tempo de contribuição menor para a aposentadoria.

Setor Público: Nagamine argumenta que, para as servidoras públicas, essa pressão é menor, e que “não há necessidade de diferença entre os homens no tempo de contribuição”.

A diferença no tempo de contribuição é, portanto, vista como um mecanismo mais justo para compensar as barreiras enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho ao longo da vida.

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