A mobilização dos indígenas no tempo e a conquista de espaços Acampamento Terra Livre

A mobilização dos indígenas no tempo e a conquista de espaços

Reunião anual em Brasília mostra força da união desses povos, as reivindicações conjuntas e a ampliação do olhar e da cobertura jornalística 

Ocorreu na semana passada, em Brasília, nova edição do Acampamento Terra Livre, o ATL, que reuniu cerca de seis mil indígenas, de 150 povos do país, na maior assembleia desses grupos. O acampamento ocorre desde 2004 e se consolida como um espaço no calendário para as reivindicações e colocação de suas demandas, não somente a demarcação e garantia de suas terras.

Conquista de espaço indígenas

O programa Segunda Chamada, do Canal MyNews, discutiu a importância, a força dessa mobilização e cobertura jornalística do ATL. Duas jornalistas, de gerações distintas, contaram sobre essa experiência, da cobertura das questões indígenas no país, do período da ditadura até os dias de hoje.

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A jornalista Eliana Lucena, que passou por redações como “O Estado de S. Paulo” e também do “Jornal do Brasil”, fez um histórico do passado dessa cobertura, quando se enfrentava o rigor do regime militar, até o episódio de ter sido ameaçada de ter  seu nome inserido na lista do sinistro SNI (Serviço Nacional de Informações), braço da ditadura e órgão de espionagem e informação aos militares do poder.

“As sucursais dos jornais antigamente tinham mais musculatura e permitia viagens para fazer essa cobertura. Era a época do ‘Brasil Grande’, da Transamazônica. Vivíamos, imagina, com um censor dentro da redação. E chegavam as denúncias de índios isolados morrendo, estrada cortando o Parque do Xingu, mulheres indígenas com doenças venérea”, lembra Eliana Lucena.

A jornalista e a ameaça do SNI

A jornalista lembra que, ainda na década de 1970, teve contato com lideranças indígenas importantes, como os caciques Raoni e Aritana, e hoje testemunha que filhos e netos desses ancestrais estão nessa luta de seus povos. Eliana lembra como se fosse hoje da ameaça que recebeu do primeiro general a presidir a Funai, Oscar Bandeira de Melo, que ocupou esse cargo entre 1969 a 1974.

“Uma vez ele deu uma entrevista e disse: ‘Você está muito bem informada, vou mandar seu nome para o SNI’. Imagina isso, para o SNI. Virei notícia: ‘Repórter do Estadão sofre ameaça de ter seu nome no SNI”, contou a jornalista.

A jornalista Rosiene Carvalho, que atua na região amazônica pela BandNews Difusora e também pela Rádio Difusora de Manaus, cobre de perto esse tema referente aos indígenas. Ela fez a cobertura, em Brasília, do ATL, e exalta o acampamento como um momento de consolidação da luta desses povos.

“É um movimento que ocorre há 21 anos, um momento de articulação dos povos indígenas no Brasil. A mídia vem dando mais atenção, tentando compreender um pouco mais do que eles falam, do que tratam, desse espaço em busca de direito, que vem de muito tempo. Imagina, o Juruna (cacique que se elegeu deputado nos anos de 1980) não conseguia participar de reuniões na Europa, não tinha autorização do governo para isso. Veio a Constituição e diz que não precisa mais de tutela e que podem tomar suas decisões”, disse Rosiene Carvalho.

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