Defesa do ex-presidente argumentou ainda que é “absurda” a acusação da procurador-geral, Paulo Gonet, e desqualifica delação de Mauro Cid
Nas alegações finais apresentadas por sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro jurou inocência, pediu absolvição e chamou a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) de “absurda”. O Ministério Público pede a condenação do ex-presidente, o qualifica como chefe de uma organização criminosa e imputa a ele a responsabilidade de cinco crimes.
Como na alegação de outros réus, Bolsonaro tenta desqualificar as revelações da delação de Mauro Cid, seu ex-braço direito na Presidência da República.
“A falha na acusação é profunda. Descortina que essa narrativa sobre um decreto com prisões diversas existiu apenas na palavra não corroborada do delator, e exibe o vazio da presunção de que as minutas teriam sido alteradas pelo ex-presidente”, afirma a defesa de Bolsonaro, que, nesse caso, se refere à trama que envolvia prisão de autoridades, como de ministros do STF, e também cita as minutas do golpe, localizada em pontos diversos, como na casa do ex-ministro Anderson Torres, na mesa de um assessor de Braga Netto e foi impressa dentro do Palácio do Planalto.
Em outro trecho, os advogados do ex-presidente afirmam que em momento algum Jair Bolsonaro praticou “qualquer conduta que tivesse por finalidade impedir ou dificultar a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva”.
“Pelo contrário, sempre defendeu e reafirmou a democracia e o Estado de Direito”, diz a defesa”.
Dia ainda a defesa que Bolsonaro deve ser absolvido por “ausência de provas” e o que há na peça da PGR é uma denúncia baseada em “ilações e interpretações distorcidas”.
O ex-presidente pede a anulação da delação de Cid, diz que não assinou qualquer decreto instituindo estado de sítio e que não liderou nenhuma organização criminosa. A defesa argumenta ainda que não há qualquer prova que ligue Bolsonaro aos atos do 8 de janeiro.
Os outros réus desse núcleo principal também apresentaram suas alegações finais: general Braga Netto, pediu absolvição e suspeição do ministro Alexandre de Moraes; Alexandre Ramagem, negou que tenha levado desinformação às redes sobre atos golpistas; Anderson Torres, negou envolvimento na trama.