Como Marco Nanini foi parar no Conselho de Ética da Câmara O ator Marco Nanini, no Conselho de Ética da Câmara, onde foi levar seu apoio a Glauber Braga, que está com seu mandato ameaçado | Foto: Evandro Éboli/MyNews ARTISTA ENGAJADO

Como Marco Nanini foi parar no Conselho de Ética da Câmara

Ator se aproximou da bancada do PSol há alguns dias, convidou deputados para a peça “Traidor” e se ofereceu para ajudar no caso de Glauber Braga.

Uma ligação inusual para a liderança do PSol da Câmara na semana passada pegou de surpresa assessores e parlamentares do partido. O contato partiu de alguém da produção da peça “Traidor”, um monólogo protagonizado por Marco Nanini, que está em curtíssima temporada em Brasília.

A interlocutora transmitiu à chefia de gabinete do partido que o ator gostaria de convidar alguns deputados dessa bancada, que admira, para assistir a peça. Quatro parlamentares foram ver o espetáculo, escrito e dirigido por Gerald Thomas, no Teatro da Caixa.

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A peça guarda toda relação com o mundo contemporâneo e leva ao palco um personagem inquieto, com mil reflexões sobre a vida e a atualidade e que inclui nas falas e no texto as alterações nas relações humanas a partir do apego e prisão da lógica das redes sociais.

Ao final, no momento dos aplausos e do agradecimento do ator ao público, Nanini citou nominalmente os quatro deputados do PSol presentes, sem poupar adjetivos: “Hoje aqui na plateia, temos alguns de nossos melhores políticos: Chico Alencar, Tarcísio Motta, Sâmia Bonfim e Glauber Braga”. E, sob aplausos e aclamação, finalizou: “Glauber fica”.

Todos os parlamentares, com alguns assessores, foram recebidos pelo ator depois no camarim e a proximidade definitiva com o artista se estabeleceu ali. Nesta semana, sob a expectativa e tensão do julgamento de Glauber Braga no Conselho de Ética, Nanini se prontificou a ajudar e perguntou de que forma poderia fazê-lo. E se dispôs a ir à Câmara, e foi, acompanhar de perto a sessão desse colegiado, que aprovou a cassação do mandato do deputado fluminense.

Um “espectador” atento

Nanini passou quatro horas no conselho, sentado ao lado da deputada Luiza Erundina. Com uma camisa branca, o ator trazia do lado direito uma pequena peça de pano bordada com a mensagem “Glauber fica”. No lado esquerdo, um adesivo com a inscrição “Sem anistia para golpista”, um recado para os bolsonaristas.

No tempo que permaneceu no Conselho de Ética, Nanini foi um atento e interessado espectador. Dava toda atenção a quem discursava, praticamente foram só parlamentares aliados de Glauber, em defesa de seu mandato. Não o via tateando o aparelho celular. Para o ator, aquele espaço estranho e diverso mais parecia um laboratório. Parecia embevecido com o que assistia.

Nanini falou pouco com os jornalistas, estava circunscrito ao que ocorria no “palco central”. Não precisava dizer nada, observá-lo já era algo carregado de informação.

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