Erika Hilton (PSol-SP) anuncia que irá acionar Trump nas Nações Unidas e Duda Salabert (PDT-MG) exige respeito à sua identidade de gênero, reconhecida pelo Estado brasileiro
As duas primeiras deputadas federais brasileiras trans do Congresso Nacional estão enfrentando a intolerância do governo de Donald Trump. Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (PSol-SP) estão recebendo visto dos Estados Unidos com a identificação do gênero masculino. Uma norma baixada pelo governo Trump reconhece apenas os gêneros masculino e feminino.
Em novo visto americano, Erika foi identificada como do gênero masculino e anunciou que irá acionar o governo de Trump na Justiça, tanto nas Nações Unidas como na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Para a parlamentar, se trata de um desrespeito a seus registros civis e um claro caso de transfobia.
“Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos Estados Unidos faz algumas semanas. Não me surpreende também o nível do ódio e a fixação dessa gente com pessoas trans. Afinal, os documentos que apresentei são retificados, e sou registrada como mulher inclusive na certidão de nascimento”, postou Erika Hilton nas suas redes sociais.
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No final da tarde, Duda Salabert relatou episódio semelhante. A deputada mineira revelou que foi informada pelo governo Trump que seu visto de entrada naquele país virá com a inscrição do gênero masculino. A parlamentar contou que há quinze dias foi convidada por uma organização internacional para um curso sobre desenvolvimento em primeira infância e detalhou o caso.
“Com o visto vencido, minha assessoria iniciou o processo de renovação junto ao consulado americano. Para minha surpresa, e revolta, fui informada de que meu novo visto viria com a marcação de gênero como MASCULINO, com a ‘justificativa’ de que é de conhecimento público no Brasil que sou uma pessoa trans. Ou seja, minha identidade de gênero, reconhecida legalmente pelo Estado brasileiro, seria simplesmente ignorada. Desde então, temos tentado resolver o caso por vias diplomáticas, exigindo nada além do óbvio: respeito. Respeito à minha identidade, respeito aos meus documentos oficiais — incluindo minha certidão de nascimento, que está no FEMININO”, postou Duda Salabert.