Impunes na ditadura, militares podem ser condenados por trama golpista O STF ouve essa semana os depoimentos dos réus do núcleo mais importante da ação dos atos golpistas, onde Bolsonaro e generais estarão frente a frente com Alexandre de Moraes | Montagem: Arte/MyNews JULGAMENTO HISTÓRICO

Impunes na ditadura, militares podem ser condenados por trama golpista

Julgamento inédito se inicia amanhã, sob forte esquema de segurança, de expectativa de condenação dos réus e incógnita sobre as consequências.

O Brasil entra numa semana histórica. O julgamento que vai ocorrer no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de amanhã é inédito, cercado de apreensão, expectativa e um desfecho que aponta para a condenação, pela primeira vez, de oficiais militares e um ex-presidente da República que tramaram um golpe de Estado no país, com um rol de provas.

Os militares do golpe de 1964 saíram impunes. Salvos por uma Lei de Anistia, de 1979, e, quando vieram  revisões e algumas poucas decisões judiciais para puni-los anos depois, não os alcançavam mais. Dessa vez, o quadro que se desenha é outro.

É dada como certa as condenações de Jair Bolsonaro e alguns de seus generais, como Braga Netto, Paulo Sérgio Oliveira, Heleno e Almir Garnier. De alguns civis também, desse núcleo principal, como seu ex-ministro Anderson Torres e o deputado federal Alexandre Ramagem.

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Com eles, e todo o grupo, foram encontrados documentos – como minutas de golpe, ameaças a ministros do STF e ao presidente da República e seu vice -, declarações, como a do reconhecimento de Bolsonaro que buscou salvar sua derrota num decreto de Estado de Sítio ou algo parecido -, áudios, reuniões, o estímulo a atos como do 8 de janeiro.

Os crimes que respondem, cada um, são vários, cinco em média: tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.

Bolsonaro é o líder dessa organização criminosa, aponta o Ministério Público.

O julgamento segue até o dia 12. Que país sairá desse julgamento é uma pergunta. Mais dividido não tem como. Há um reconhecimento em pesquisas da responsabilidade do ex-presidente e seus oficiais. Os bolsonaristas estão certos da condenação e buscam atenuar prejuízos políticos.

7 de Setembro reverso

No meio do julgamento, um 7 de Setembro, domingo que vem. Em que altura estará o julgamento? Bolsonaro já condenado? 7 de Setembro, uma data cívica que o ex-presidente usou para conspirar contra o Judiciário pode ser agora um dia de desgosto para ele. E de celebração de seus opositores.

O julgamento começa amanhã, com a leitura do relatório pelo relator Alexandre de Moraes. Depois, a defesa de cada réu terá uma hora de sustentação. E, no final, a sentença de Moraes e a colheita dos votos dos outros quatro ministros da Côrte.

Dia histórico.

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